Muro Da Vergonha escrita por PhoenixOfWind


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Então... Esse é um oneshot que eu fiz depois de eu, minha turma e minha professora de geopolítica terem discutido sobre os chamados "muros da vergonha". Um deles está localizado na fronteira do México com os EUA.

Aproveitem!



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México encarava aquele muro alto e acinzentado que separava sua casa da de Estados Unidos da América, ou Alfred F. Jones, como era o nome humano da personificação do país. Mas aquele muro não estava apenas demarcando a fronteira norte mexicana. Ele e os inúmeros guardas que patrulhavam a área noite e dia, armados e com expressões duras em suas faces, eram apenas uma amarga recordação da incapacibilidade de México de alcançar o nível do vizinho. De manter seu povo seguro e protegido, apesar do amor incondicional que ela tinha por todos, dos mais idosos aos que nasciam naquele exato instante... Palavras ácidas penderam na ponta da língua da mexicana, enquanto o vento seco daquele lugar árido e semi-desértico fazia seus cabelos castanho-escuros balançarem, revoltos, no ar noturno.

Lágrimas queimavam seus olhos, porém México era orgulhosa demais para deixá-las cair. Na distância, uma família mexicana de aparência miserável conversava com um homem suspeito e visivelmente perigoso. Um "coyote". Um suspiro escapou dos lábios vermelhos da nação, exprimindo seu desgosto e infelicidade. Mais uma família a abandonava, escapando-lhe, lenta mas definitivamente, pelos dedos esguios. México sabia que talvez nunca mais os veria. Nunca mais... A mexicana havia lutado em várias guerras e sofrido os mais diversos tipos de ferimento, alguns dos quais a descrição levaria um humano comum à insanidade, mas ela sabia que este nunca sararia por completo. Era uma ferida eternamente aberta no seu peito, pulsando, vermelha e dolorida, à qualquer menção de sua existência.

O silêncio pareceu, de repente, mais pesado. Nuvens escuras cobriram por alguns momentos a lua, envolvendo tudo e todos numa temporária escuridão. Agonizantes minutos passaram, sem nenhum som além do barulho do vento, até que o satélite ressurgiu no céu, tentando, com sua luz, amenizar um pouco da dor de México. Mas ela sabia. Mesmo longe, ela conseguia ouvir. Choros. Gemidos. Gritos de dor. Vozes falando em inglês. Espanhol. Algumas eram tão deformadas que nem poderiam ser chamadas de vozes. "Uivos" seria uma palavra mais adequada. A bela mexicana soltou a respiração que, sem notar, prendia faz algum tempo. Doía demais até mesmo para pensar no assunto.

Um sorriso torto e irônico refulgiu em seu rosto por alguns instantes antes de desaparecer por completo. Usando toda força de vontade que ainda lhe restava, México começou a andar na direção oposta ao muro, querendo tirá-lo de seus pensamentos e de sua visão. Mas ela sabia que nunca conseguiria esquecê-lo, mesmo que algum dia ele rachasse, quebrasse e caísse ao chão. Aquela parede alta e cinzenta assombraria seus sonhos para sempre... A forma física de toda dor do povo mexicano, da dor da própria México. Seu muro da vergonha...


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Notas finais do capítulo

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