Eu acordei sobre ele com a claridade do sol batendo no meu rosto e percebi que ele estava me olhando. Dei um breve sorriso e ele passou a mão em meu rosto também sorrido. Tudo estava perfeito. Nós nos levantamos e fomos comer um pouco. Enquanto eu fazia o café, ele preparava  a omelete. Quando terminamos de comer, eu saí correndo para me trocar. Me arrumei bem rápido. Quando já estava saindo senti uma leve pressão sobre o meu braço me fazendo voltar.

- Por que você fez isso? – Olhei para ele confusa.

- Você não pode sair.

- Como?

- Você não viu o que passamos ontem? Ele pode voltar e te atacar.

- Eu tenho que ir para faculdade, não posso ficar faltando assim.

- Não tem importância o principal é sua segurança, que por sinal estará em perigo se você sai por aquela porta.

- Souma você tem noção que se seu perder esse semestre eu vou perder a minha bolsa de estudos? E sabe o quanto eu lutei para conseguir ela? – Disse indignada.

- Eu imagino, mas não posso deixar você ir. É para o seu bem.

- Se eu perder a minha vaga na faculdade eu vou enlouquecer – Bati o pé.

- Tudo bem. Mas ficarei de olho em você. Não posso te perder – Finalizei o dando um beijo.

- Que bom que acredita em mim.

A sensação de ser vigiada 24h por dia é muito estranha, mas a sensação de ter uma pessoa, principalmente a que você ama, te protegendo é maravilhosa. Bom, é a sim que me sinto. O carinho que o Souma está tendo comigo está me fazendo muito bem.  A minha rotina mudou bastante, mas foi preciso.

Eu já estava saindo da faculdade quando lembrei que por um instante senti uma sensação estanha que me fez ficar pensativa e nem prestar atenção no que o professor falava, mas preferi não me importar e segui em frente, então fui lanchar na cantina da faculdade.

POV. Souma

Eu já estou me acostumando com essa rotina que eu há muito tempo não tinha, para ser mais preciso desde quando meu pai morreu. Eu não tinha há muito tempo esse convívio de ter uma família que eu estou tendo agora. Eu estou muito feliz e quero ficar assim para sempre.

Estava tranquilo olhando algumas fotos da Alice no mural do quarto quando escutei a campainha tocar. Sai correndo para ver se era a pizza que tinha chegado, mas me surpreendi quando vi alguns rostos familiares, estes eram de Kouga, Yuna e Ryuho. Confesso que fiquei bem surpreso com o aparecimento deles.  Fiquei paralisado sem saber o que eu fazia, e eles também não se pronunciaram de imediato, então ficamos nos encarado por um tempo até que o Kouga falou algo.

-Ei, não vai nos convidar para entrar? – Sinalizou.

- Ah! Sim, entrem – Abri melhor a porta para eles entrarem.

- Nossa Souma nós ficamos preocupados e viemos ver como você estava - Disse me abraçando, depois o Ryuho me cumprimentou e a Yuna me abraçou também.

- O Kouga queria muito te ver. Você não deu noticias depois que o Diretor te mandou em missão. – Yuna disse se aproximando mais do Kouga.

- Mas não tem tanto tempo assim. Tem?

- Já se passaram 6 meses.

-O que? Como? – Senti um desespero enorme crescer em mim.

- Sim – Disse o Ryuho.

- É impossível. Não se passou tanto tempo assim.

- Souma você pode não ter percebido, mas 6 meses já se passaram e sem noticias suas. Todos em Palaestra pensaram que você tinha morrido, e por isso estamos aqui.

- Viemos ver se você estava vivo ou morto. – Disse Kouga.

- Por Kami você esta vivo e muito bem. – Falou Ryuho.

Eu não percebi o tempo passar. Eu estava tão feliz ao lado da Alice que nem percebi que já tinha se passado 6 meses, e o pior é que eu esqueci completamente da minha missão. Eu não sabia se eu flava a verdade ou se tentava me desviar dela, mas a minha única alternativa foi encara-la de frente.

- Eu não sei o que dizer.

- Não precisa dizer nada. Está tudo bem – Disse Kouga sentando ao meu lado no sofá – O importante é saber que você está vivo.

-Kouga, eu estou me sentindo mal com essa situação. Deixei vocês todos preocupados comigo e eu aqui levando tudo numa boa com a Alice...

- Alice? Que Alice, Souma? Quem é essa? – Me pegaram de jeito.

-Err, a Alice foi quem me encontrou desmaiado e me salvou – Tentei disfarçar a vergonha.

- Aham, sei.... – Kouga disse se aproximando de mim - Pode falar. Vocês dois estão juntos.

- É,....a gente ta namorando – Virei um pouco o rosto e acho que fiquei um pouco vermelho.

- Ta de brincadeira?! O Souma, namorando?! Não acredito. – Falou Yuna pasma com a notícia.

- Eu quero conhecer a felizarda – Kouga falou mexendo as mãos em sinal de ansiedade.

- Vocês vão conhecer, até porque ela deve está chegando da faculdade.

- Ela faz faculdade? – Ryuho falou dando um impulso, indo um pouco em minha direção, e parecia está curioso.

- Sim.

- E de que ela faz? – Ele se aproximou mais.

- Ela faz medicina.

- Então ela é médica – Yuna disse se sentando ao lado de Kouga.

- Bom, ela está se preparando para ser.

Depois de um tempo que eu percebi que o Kouga e a Yuna estavam de mãos dadas, e claro, não perdi a oportunidade de fazer a pergunta.

- E vocês dois, finalmente se resolveram? – Direcionei meu olhar para as duas mãos juntas, enquanto Ryuho dava uma breve rizada atrás de mim.

O Kouga tentou fugir, mas se entregou ficando vermelho e dando um sorrisinho que não me enganou. A Yuna por sinal foi bem mais discreta do que ele em relação a isso.

- É, a gente meio que se resolveu – Ele olhou para a Yuna.

- Estamos namorando – Yuna disse expressando grande felicidade.

Senti que o Ryuho se sentiu deslocado com o assunto. Ele se afastou e ficou quieto por um bom tempo enquanto eu e o Kouga e a Yuna tagarelávamos na sala. Por um momento percebi que ele estava olhando para as fotos da Alice na cômoda da sala, e confesso que aquilo me intrigou um pouco, mas deixei de lado. Depois de mais um tempo falando besteiras e falando de coisas que aconteceram nesses últimos 6 meses, o assunto ficou sério fazendo com que o Ryuho entrasse na conversa.

- Souma o tempo em que você ficou longe, aconteceu muitas coisas e posso dizer que logo uma batalha virá. É melhor todos nós ficarmos preparados para o pior.

- Eu imagino.

- Algumas pessoas em Palaestra acham que algumas coisas estão sendo escondidas de nós, cavaleiros de bronze – Yuna falou fazendo uma cara de preocupação.

- As suspeitas estão aumentando cada vez mais. Porém o grande problema é: quando que vão fala tudo o que está acontecendo para nós?

Então depois de um tempo sem falar Ryuho se pronunciou.

- Eu acho que você deveria ir conosco para Palaestra. Você aqui só vai piorar as coisas.

- Mas eu não posso ir. Não posso deixar a Alice – Afirmei.

- Sei que gosta dela, mas o Ryuho tem razão. Você precisa ir conosco para Palaestra.

Eu estava em uma corda bamba. Não sabia o que eu fazia. Eu não podia deixar a Alice de jeito nenhum, porém eu tinha que cumprir com o meu dever como cavaleiro de Athena, independente de qualquer coisa. Mas eu não sabia qual seria a ração da Alice quando escutasse tudo isso, principalmente com a possibilidade de eu ir para batalha e nunca mais voltar. E o pior de tudo, é que eu nem imaginava que eu iria saber da reação da Alice mais depressa do que eu pensava.

- O que Souma, você vai embora?

Ela estava ali, bem atrás de mim escutando tudo aquilo que estávamos conversando, pasma com a notícia.