Filho Da Caçada escrita por BlindBandit


Capítulo 7
Capítulo 7- Dormindo Fora.




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Eu passei o resto da tarde com Luke. Todos os outros campistas voltaram para sua atividade normalmente, e as caçadoras foram para o chalé de Artemis, o meu chalé, para descansar. Mas eu estava com a cabeça quente e o sangue fervendo, decidi dar uma volta, foi quando encontrei Luke nos campos de morango.

- Eai cara, dia difícil não é? – ele me disse. Luke tinha abandonado o boné do capitão America, mas ainda usava suas camisetas de quadrinhos.  

- Nem me fale – eu disse colocando a mão nos bolsos.

- Se e fosse você, tomava cuidado com Melanie – ele disse.- Ela é o que pode se chamar de ... encrenqueira.

- Eu já notei.

- Tenha certeza de que Thalia esteja junto quando Melanie decidir conversar com você.

- O que há com essa garota? – eu perguntei. – Quero dizer, ela foi a única a cumprimentar os campistas cheia de entusiasmo, enquanto as outras ficaram olhando torto.

- Thalia viveu no acampamento durante muitos anos, tudo bem, como uma arvore, mas ela sente que esse lugar é parte dela. E não deixa que as caçadoras ofenda os campistas de maneira alguma, e alem do mais, acho que ela sentiu uma certa simpatia por você, já que Melanie sentiu tanta aversão... elas não são muito as melhores amigas no mundo.

- Já deu para imaginar – eu disse sorrindo, com a imagem de Thalia dando uma surra em Melanie.

Depois disso eu fui até os alvos. Havia um garoto lá. Ele tinha tinha a pele bronzeada e cabelos loiros, como se tivesse saído de um pôster de algum filme para adolescentes histéricas. Ele mirava o alvo com precisão, e não errava nenhum.  Um filho de Apolo.

Eu fui até ele sem me pronunciar, e comecei a atirar flechas.

- Ouvi dizer que as caçadoras chegaram – ele disse – Foi muito ruim?

- Você não estava la? – eu perguntei.

- Não, mas me contaram que você enfrentou Melanie, - ele disse – fiquei impressionado, não é todo mundo que tem coragem de enfrentar aquela garota... ela me assusta.

Não pude deixar de rir.

- Ela me assusta também. Foi um breve momento de valentia, se me pedissem para repitir a dose, eu acho que negaria.

Ele riu. 

- Agora você soa como alguém normal.  – ele disse disparando mais uma flecha, depois abaixando seu arco. – Chase Turnner – ele estendeu a mão.

- Drake Steve – eu disse, apertando sua mão.

- Tenho que ir agora- disse o modelo californiano – Você deveria fazer o mesmo, logo dará o toque de recolher.

E foi isso que eu fiz. Eu comecei a andar até o chalé de Artemis, mas me lembrei que ele estaria entupido de garotas raivosas, e minha irmãzinha nada simpática, então dei meia volta e foi até a cidade.

Bati duas vezes na porta da casa verde clara.

Uma mulher abriu a porta. Eu não tinha visto Annabeth de perto até então. Ela era angela mais velha, só que com olhos cinzas, que me faziam ter calafrios.

- Oh, Drake, bem vindo! – ela me recebeu com um enorme sorriso. – Entre, estávamos esperando por você.

- Com sua licença, senhora Jackson – eu disse, usando toda a boa educação que meu pai havia me dado.

- Por favor, me chame de Annabeth.

Eu assenti.

A casa era muito aconchegante, Percy e Sam assistiam televisão no sofá, Sam tinha um garotinho sentado no seu colo, ele não devia ter mais de dois anos.

- Você nunca me disse que tinha um irmão – eu disse me aproximando.

- Você nunca perguntou – ela sorriu. Esse aqui é Jake.

O garotinho me encarou curioso, curioso demais para alguém com tão pouca idade, ele parecia me analisar com seus olhos cinzentos. Eu baguncei os cabelos negros dele, e ele começou a rir.

- Parece que ele gosta de você – percy disse sorrindo. – Sinta-se privilegiado, Jake é um bebe muito desconfiado.

Eu sorri.

- Eu também tenho uma irmãzinha – eu disse. – O nome dela é Willow. Ela tem seis anos.

- Você teve noticias dela depois que chegou no acampamento? – Sam perguntou.

- Não – eu disse.

- Oh, pelos deuses, Luke é mesmo um sátiro incompetente. Venha Drake. – ela me disse puxando pela mão.

- Onde estamos indo?  - perguntei.

- Mandar uma mensagem de Iris – ela deu de ombros, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

Ela me conduziu para um jardim, onde uma fonte gorjetava, nós nos aproximamos.

Pegue uma – ela disse me estendendo uma mão cheia de umas moedas esquisitas.

Eu peguei.

Agora jogue na fonte, e diga com quem você quer falar.

E assim eu fiz.

A água na fonte tremeu, e a imagem de Willow apareceu. Ela tinha os cabelos loiros presos na mesmas tranças de sempre, ela usava um pijama com cavalinhos desenhados, e quando me viu, seus olhos azuis se arregalaram.

- Drake! – Ela exclamou contente, e correu em direção da projeção.

- Ei princesinha, não faça isso, vai atrapalhar nossa ligação.

Ela assentiu.

- Estou com saudades – ela disse.

- Eu também – eu disse, sentindo minha voz ficar um pouco chorosa, eu ignorei. – Olha, eu não tenho muito tempo, só estou aqui para avisar que eu estou bem, estou em um lugar seguro, com muitos amigos.

- O menino bode está com você? – ela perguntou seria.

- Sim, Luke está comigo.  – eu respondi. – Como vão as coisas por ai.

- Chatas sem você – ela disse, e eu me obriguei  a sorrir.

- O que o papai disse a respeito da minha partida. – perguntei.

Ela pareceu pensar um pouco, depois disse : - Ele disse que sua mãe lhe contou que quando chegasse a hora você teria que partir. Eu sei que ele Sabe mais alguma coisa, mas não quer me contar – ela disse fazendo biquinho.

- Diga para ele que eu estou bem, mas só quando Charlotte não estiver por perto. E diga a ele que tudo bem, ele pode te contar tudo, diga que você é uma criança especial. Mas vocês precisam manter segredo. Será so nosso segredo, tudo bem Willow?

- Como o segredo do carvalho – ela disse se referindo a uma das nossas antigas memórias de infância.

- Sim, igualzinho. – concordei. – Tenho que ir agora, meu tempo acabou.

- Eu te amo Drake – ela disse aproximando a mãozinha da projeção.

- Também te amo – sussurrei de volta e a imagem sumiu.

Voltei a realidade, Sam me olhava emocionada.

- Ela chamou Luke de menino bode? – Sam perguntou.

- Sim, Luke disse que Willow pode ver através da nevoa. – eu comentei.

- Poucas pessoas mortais podem, ela é realmente especial. – Ah, e quem é Charlotte?

- Minha madrasta – respondi dando de ombros. – Ela não é do tipo que adora o filho de um relacionamento com uma deusa.

- Te entendo – Annabeth comentou quando entramos. Ela sorria para mim, de uma maneira que alguém que compreende totalmente minha situação faria. – Meninos, venham, está na mesa!

- eeeh, comida! – Percy disse, levantando o pequeno Jake no ar, e o fazendo gargalhar.

Eu me senti dentro de uma família, completa, pela primeira vez.

Depois que jantamos, eu decidi tomar um banho. Percy havia colocado minhas coisas no quarto de hospedes, era de frente para o quarto de Samanta e ao lado do quarto de Jake.

Depois de finalmente me sentir limpo, e um pouco menos preocupado com as caçadoras querendo minha cabeça a premio, decidi vestir uma calça de moletom verde, e uma blusa branca. Eu estava sentado na cama, passando o dedo distraidamente no meu colar, quando ouvi alguém chamando.

- Psiu – Samanta disse, da porta de seu quarto. – Venha cá.

Eu me levantei e fui até seu quarto. O lugar era todo branco, com espelhinhos na parede, luzinhas penduradas e uma grande estante cheia de livros. E algumas fotografias.

- O que? – eu perguntei sorrindo.

- Nada – ela deu de ombros. –Na verdade, so queria conversar.

Eu sorri para ela, e caminhei até uma fotografia na parede.

Eu reconheci Sam, ela estava sentada no primeiro plano da foto, sorrindo. Jake estava sentado em suas pernas, ele devia ter cerca de dez meses na foto. Percy e Annabeth também estavam lá, Percy tinha os braços em volta de sua esposa. Ao lado dele, havia um sátiro, Ele usava um gorro do estilo Bob Marley, e uma camisa listrada. Uma mulher verde, uma ninfa, o beijava na bochecha, ele tinha uma latinha de coca cola na mão, parcialmente mordida. Nalu estava sentada ao lado de Sam, havia um casal atrás dela, Um homem loiro, com olhos azuis, e uma mulher morena, com uma pena trançada no cabelo. Ela também era linda. Luca também estava lá, atrás dele, estava um homem de cabelos rebeldes e blusa suja de graxa, e ao seu lado, uma mulher morena, com os cabelos escuros, e grandes olhos dourados, como joias. Havia também um homem que eu não conhecia. Ele usava uma jaqueta de motoqueiro, e uma blusa de caveira. Sua pele era pálida e ele tinha olheiras, mas estranhamente ele ostentava um sorriso muito natural, como se aquele fosse o dia mais feliz de uma vida muito sofrida. Ele estava abraçado com uma mulher um pouco baixinha, de pele clara e olhos castanhos marcantes. Uma garota estava sentada ao lado de Luca, e fazia chifrinhos no garoto, ela tinha longos cabelos escuros como a noite e lisos, seus olhos eram negros, sua pele pálida. Muito parecida com o pai.

- Minha família – Sam disse – Um pouco bagunçada, muito fora do comum, mas ainda é minha famlia.

Havia outra foto do lado, nela Sam devia ter cerca de seis anos, ela estava abraçada com Nalu, e com a outra garota. Luca aparecia de intruso na foto, com a língua de fora.

- Quem é essa? – eu perguntei apontando para a menina pálida.

- Bianca – ela respondeu com a voz fraca. – A ultima vez que eu a vi foi a quase dois anos, no natal que tiramos a outra fotografia. Ela tem viajado muito com o pai dela...

- Quem é o pai dela? – perguntei.

- Nico di Angelo, filho de Hades – ela sorriu. – Meio assustador não é? Papai disse que ele costumava ser bem sombrio, até conhecer Andressa, uma meio sangue filha de Atenas. Ela o ajudou muito, e ele ficou bem melhor.

Eu sorri, mas eu ainda estava um pouco distante.

- Está preocupado não é? – ela disse, e eu assenti, suspirando.

- Um pouco.

-  Eu também – ela adimitiu. Mas talvez toda essa tensão se dissipe até amanha.

- Espero que sim – eu disse. – Vou dormir um pouco agora.

-  Boa noite. Ela disse sorrindo.

- Boa noite.

Naquela noite, eu tive um sonho muito esquisito.

Eu sonhei que estava em uma caverna. O lugar era úmido, e abafado, o  ar lembrava algo sufocante, como um respiração muito próxima. Talvez fosse isso, porque quando eu me virei, havia uma enorme urso atrás de mim. E não era um enorme urso qualquer, era um enorme uso do tamanho de uma van.

Eu tentei gritar, mas eu não encontrei minha voz. A enorme besta passou por mim, como se eu não tivesse ali. Mas mesmo assim eu segurei minha respiração até ele sumir de vista. Quando eu abri os olhos, pude finalmente ver ao meu redor.

A caverna era parcialmente iluminada, mas não parecia ter alguma saída para o exterior. Havia uma mulher, encolhida no canto. Ela vestia farrapos, e tinha as mãos acorrentadas, assim como os pés. Seus joelhos estavam esfolados e ela tinha a cabeça baixa, os longos cabelos castanho- avermelhados lhe caiam pela face. De repente ela levantou o rosto, e me fitou com olhos castanhos, e verdes, salpicados de dourado, e um sorriso emocionado se formou em seus lábios. Uma única lágrima, cristalina como um diamente, escorreu por sua pele de mármore. E ela disse como em um sussurro.

- Filho – ela disse, antes do sonho se dissolver em nevoa.

Eu acordei suando, meu coração batia rápido e eu respirava pesadamente. Demorei alguns minutos para me acalmar e entender que tudo fora apenas um sonho.

Mas era real de mais.

Aquela era minha mãe. Eu sabia, e ela podia estar em perigo.

Decidi tomar mais um banho, depois de limpo, desci as escadas, encontrei Annabeth e o pequeno Jake sentados na mesa.

- Ah, que bom, você acordou – ela disse me sorrindo simpática, mas alguma coisa em seus olhos me deixavam apreensivo, como se ao mesmo tempo que falava comigo, ela analisava todas as maneiras de me emboscar caso eu fizesse algum movimento brusco.

- Onde está Samanta? – eu tomei cuidado para dizer o nome inteiro de Sam,  não queria parecer do tipo, muito intimo da filha dela.

- Ah, ela saiu a algum tempo, ficou com pena de te acordar depois de tudo o que aconteceu ontem. A essa hora, ela deve estar a caminho da aula de canoagem.

- Muito obrigada senhora Jackson – eu disse.

- Já disse, me chame de Annabeth.

- Tudo bem, então, obrigada... Annabeth.

Então eu corri até o lago.

Todos os campistas que participariam dessa aula já estavam lá. Eles formavam pares para entrar nas canoas. Eu vi Sam e Nalu entrando no lago. Luca estava parado, parecia confuso, procurando por alguém. Eu me aproximei dele.

- Procurando um parceiro? – eu disse sorrindo.

- Ah cara, que bom que você apareceu! Venha, vamos remar um pouco.

Eu assenti e pegamos a ultima canoa ainda em terra.

A um ponto da atividade, Luca parou de remar. Ele se tinha o olhar perdido em uma canoa ao longe, onde Nalu e Sam haviam parado de remar e jogavam água uma na outra.

Eu dei uma risadinha, e ele me olhou um pouco envergonhado.

- Relaxa cara, eu te entendo.

Ele suspirou, aliviado.

- Ela é linda, não é? Ele disse com olhos sonhadores. – Aqueles olhos azuis, aquela pele morena! Ah cara, Nalu me deixa louco! Você deve me entender mesmo, pela maneira que você olha para Sam.

- E...Eu? Olhar para a Sam? Não cara, magina, você está vendo coisas! – eu tentei argumentar, me enrolando nas palavras.

- Não minta pra mim – ele disse sorrindo, seus olhos dourados me examinavam. 

Eu suspirei.

- Ta bem, ta bem, talvez eu esteja um pouquinho afim dela – eu disse me sentindo aliviado por falar isso para alguém. 

Podemos sair em um encontro conjunto – ele disse sorrindo. – Claro, se sobrevivermos ao caça bandeira dessa noite.

- O que há de diferente no caça bandeira de hoje? – eu perguntei sorrindo. Eu tinha ido bem nos anteriores.

- Cara, caçadoras. Elas jogam quando estão aqui. Campistas contra caçadoras.

Eu engoli seco, imaginando Melanie trazendo minha cabeça como troféu, ao invés da bandeira.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado!



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