Filho Da Caçada escrita por BlindBandit


Capítulo 5
Capítulo 5 - O chalé de Artemis.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/366007/chapter/5

Depois de alguns minutos, os murmúrios sobre mim pararam, mas eu ainda estava vermelho e inqueto. Parte por que eu me sentia estranhamente exibido, como se eu tivesse um terrível segredo que fosse revelado a todos. O que, era mais ou menos por ai.

Até onde eu tinha conhecimento, Artemis é a Deusa da caça, filha de Zeus. E eu, como todos aqui, era filho de algum deus. Eu simplesmente não entendia o por que de minha revelação fosse tão preocupante.

Eu estava sentado, fitando o chão. Luca e Nalu haviam recomeçado uma conversa descontraída ao meu lado, mas Samanta parecia distraída. Ela então colocou as mãos no meu ombro.

- Vamos dar uma volta – ela disse, então eu a segui para fora da fogueira.

Caminhamos em silencio por algum tempo, ambos absortos em pensamentos. Caminhamos até os chalés, Paramos a frente do chalé de numero oito, o chalé de Artemis. Ele era grande, bem maior que vários outros chalés, eu não entendi bem o porque, já que me parecia que eu não tinha nenhum irmão. Quando eu o vi na luz do dia, ele parecia comum e sem graça, mas a noite, ele era iluminado por uma tocha prateada, e projeções e pinturas de animais e cenas de caça dançavam por suas paredes de pedra e madeira.

- Devemos entrar? – eu perguntei um pouco duvidoso.

- Você primeiro – ela disse com um sorriso encorajador.

Então eu abri a porta do chalé.

O cheiro que me atingiu era de madeira, aquele cheiro familiar, que me lembrava casa. Era muito bem decorado, tinha uma grande lareira ao fundo, onde o fogo crepitava timidamente. Algumas poltronas de couro se estendiam pela sala principal, assim como tapetes de pele, de grandes ursos. Algumas cabeças de veado estavam penduradas na parede, com seus grandes chifres. Aqueles animais deviam ser gigantescos quando vivos. A luz do lugar era quente, aconchegante. Fazia você ter vontade de deitar em um daqueles imensos tapetes e dormir por horas.

- Lugar legal em – eu comentei – parece meio grande para uma Deusa que não tem muitos filhos.

Samanta me olhou, seus olhos tinham uma expressão de pesar, como se alguém tivesse morrido, como se ela sentisse pena de mim.

Ela suspirou

- Vamos terminar de conhecer seu chalé, depois temos que conversar.

Eu assenti e subimos as escadas de madeira. Eu sentia que alguma coisa estava muito errada.

Haviam muitos quartos no andar de cima. Eu não estava brincando. Um extenso corredor se entendia no andar de cima, com pelo menos seis quartos de cada lado. A casa um deles que eu passavam tinham pelo menos quatro ou cinco camas. Eles eram muito bem decorados, com arcos e flechas na parede, e aquele mesmo aconchego da sala de estar. Chegamos ao final do corredor, havia um quarto com uma única cama de casal, king size, uma suíte com banheira e uma televisa de 50 polegadas, eu joguei minha mochila nessa cama.

- Parece que eu achei meu quarto – eu disse sorrindo.

- Aham – disse Sam, ela parecia distraída. – Drake, vamos lá para baixo, precisamos conversar.

Eu assenti e desci as escadas atrás de Sam. O que seria  tão importante a ponto de deixa-la tão distraída?

Nós nos sentamos em um dos tapetes, de frente para a lareira. Ela me analisou com os grandes olhos verde-agua, e depois suspirou.

- Drake, tem algumas coisas que você precisa saber. O motivo de todos os cochichos hoje na fogueira.

- Finalmente alguém esta me contando alguma coisa, porque dês de que cheguei as coisas parecem meio super-secretas.

Sam sorriu.

- Bom, como eu estava dizendo, Deuses terem filhos com mortais, é muito normal, você deve ter notado pela quantidade de campistas por aqui. Algumas deusas, como por exemplo Atenas, são deusas Donzelas, Deusas que fizeram um voto de castidade.... Atemis é uma delas.

Minha cabeça girava, eu não podia ter entendido direito.

- Você quer dizer que a minha mãe... é virgem? – eu disse com uma voz estrangulada, o que fez Sam cair na gargalhada.

- Mais ou menos por ai.

- Mas, eu não entendo.. .você disse que Atenas também é uma deusa virgem, então como tinham tantos filhos de Atena pelo acampamento? ... como EU existo?

- Essa é a parte complicada. Os filhos de Atenas, pelo o que sei, são gerados por algum tipo de intelecto, sem contato físico, ou alguma coisa do gênero... Eu nunca ouvi falar do modo de concepção dos filhos de Artemis, mas deve ser algo parecido.

Eu não pude deixar de imaginar o que meu pai e minha mãe haviam feito para que eu fosse parar dentro do ventre de uma Deusa.

- O que poucos sabem – Sam continuou – É que Artemis tem sim filhos... na verdade, filhas. Sempre filhas. E elas se juntam as caçadoras, e vivem como imortais. Nunca Drake, na historia dos Deuses, se ouviu falar de Artemis dar a luz a um homem. Esse deve ter sido o motivo de você ser criado pelo seu pai, uma vez que homens não são muito bem vindos nas caçadoras.

Otimo, então para resumir, minha mãe era a manda chuva divina de clube da luluzinha para meninas marrentas e ferozes, sem contar o fortemente armadas e imortais, que matavam qualquer “ bolinha “ que aparecesse nas redondezas.

- Essas tais caçadoras, elas sabem da minha existência? – perguntei

- Espero que não. Mas elas visitam o acampamento de vez em quando, então logo saberão.

- Ah, agora eu entendo porque tantos quartos nesse chalé – eu disse sorrindo.

Sam não pode deixar de sorrir.

- É incrível você estar descontraído e rindo uma hora dessas, eu estaria em pânico.

- Ei, relaxa, eu já quebrei varias regras so pelo fato de existir, então, como algo pior pode acontecer? – ela sorriu

- É, tem razão, não pode.

Ficamos conversando por mais horas, até que Sam se levantou repentinamente, com os olhos arregalados.

- Oh céus, o toque de recolher! – ela exclamou, seus cabelos loiros pulando como molas quando ela corria de um lado para o outro. – Ah céus, estou muito encrencada.

- Qual o problema? – eu perguntei. – Você pode sair de fininho entrar no seu chalé, aposto que ninguém vai notar.

- Tenho dois grandes problemas que me impedem de fazer isso: Um, depois do toque de recolher, as harpias estão autorizadas a caças qualquer campista que avistarem.

Outro arrepio correu por minha espinha.

- Qual o segundo problema? – perguntei, temendo a resposta.

- Eu não moro em um chalé.

- Como assim não mora em um chalé? Quero dizer, todos os meio-sangues moram no chalé de seus pais, não é?

- Bem, é mas....

- Seu pai não te reclamou? – perguntei constrangido.

- Não é isso... eu bem, não sou filha de nenhum Deus.

- Como isso é possível? Pensei que pessoas normais nem poderiam ver o acampamento.

- Bom, meus dois pais são semi deuses, eles vivem na cidade, eu cresci no acampamento, a verdade, é que eu nunca sai daqui.

- Quem são seus pais? – eu perguntei.

Ela suspirou.

- Annabeth Chase e Percy Jackson.

- O que?! – eu exclamei. – Você é filha dele? do cara foda que todo mundo fala?

- é, eu sei, incrível!  - ela disse com ironia.

- Não! Isso deve ser uma droga. – eu disse. – Imagine quantas expectativas as pessoas tem sobre você!

- Nossa, finalmente conheci alguém que vê as coisas pelo meu lado, sem gritar algo como ISSO É MUITO IRADO – ela riu. – Não que eu não goste dos meus pais, muito pelo contrario, eu amo eles mais do que tudo, eles são os melhores comigo, mas as vezes eu gostaria que eles fossem m pouco mais... normais. Meu pai é Percy Jackson, filho de Poseidon, grandes habilidades, já cumpriu duas grandes profecias.... juntamente da minha grande e brilhante mãe, a arquiteta, a filha de Atena que recuperou Palas Athenas,  e reconstruiu o olimpo... entre muitas outras coisas.

“ As pessoas esperam que eu seja tão boa quanto eles... mas eu sou tão normal quanto qualquer outro campista, talvez até um pouco menos, já que eu não tenho poderes muito definidos”

- Não se preocupe, pelo visto, as pessoas vão esperar de mim grandes coisas, ou grandes catástrofes – eu disse rindo para ela, Sam me olhou com um sorriso nos lábios e os olhos um pouco marejados. – Podemos enfrentar essa juntos, e quem sabe, não fazemos grandes coisas também? Aposto que seus pais não planejavam serem tão conhecidos quando fizeram essas coisas.... fizeram em suas aventuras.

- E nós podemos ter nossas próprias aventuras, certo?

-Certo – eu concordei, batendo minha mão na dela. Os olhos de Samanta brilhavam de espectativa, e eu se senti vivo de saber que eu havia colocado a luz de volta em seus olhos. De repente, eu senti que tinha uma amiga. Uma amiga de verdade, alguem que eu poderia contar, alguém que eu nunca tinha tido na minha vida.

- Você pode passar a noite aqui – eu convidei. – Amanha cedo você sai, ninguém vai notar que passou a noite fora.

- Assim espero – ela disse  - Se não você vai ter que enfrentar um interrogatório do meu pai,ele é do tipo ciumento, ainda mais porque eu lembro muito a minha mãe. Menos meus olhos – ela disse tocando a própria face. – Minha lembrança mais antigas é de minha mãe, me segurando no colo e falando “ Ela tem seus olhos, cabeça de alga”

Isso me fez dar gargalhadas, e Sam logo se juntou a mim.

Era tarde da noite, provavelmente de madrugada, era aquela hora da noite em que tudo era silencio e escuridão, mas não dentro do chalé de Artemis, ao não, la o nosso chalé era cheio de risadas e luzes aconchegantes. Eu e Sam estávamos sentados no tapete de urso, reencostados nos trilhões de travesseiros que havíamos recolhido de todos os quartos, e com cobertas sob as pernas, estávamos contando historias de família.

- Minha vó tentou matar meu pai, pelo menos dez vezes. – ela disse sorrindo – quero ver achar uma historia pior que essa.

- Sua avó? Tipo, senhorinha de cadeira de roda com uma bengala? – eu disse rindo, imaginando a cena de uma senhora batendo com a bengala na cabeça de Percy Jackson até ele ficar desacordado.

- Não, avó do tipo Deusa grega Atenas – ela disse.

- Oh – de repente minha piada perdeu a graça. – Você ganhou, presentear a madrasta com um rato morto não é pareô para a vovó assassina!

Eu não sei a que ponto nós adormecemos, mas eu acordei de manha com grandes olhos verde me espiando, os cabelos loiros de Sam estavam bagunçados, e ela rapidamente os prendeu em um coque.

- Você baba enquanto dorme – ela disse sorrindo.

Eu limpei o rosto antes de sairmos do chalé, era cedo, e ninguém estava acordado, andamos silenciosamente até a cidade, segurando o riso, das lembranças da noite passada. E por parecermos crianças aprontando alguma.

A cidade era linda, era a miniatura de uma cidade grega, mas muito bem decorada, planejada, costruida. Assumi que esse também era um dos projetos da mãe de Sam.

Eu a deixei na porta da casa dela, uma casa de cor verde claro. Ela me deu um beijo na bochecha antes de entrar correndo pela porta como uma criança levada. Eu caminhei de volta para meu chalé andando nas nuvens, com a mão no lugar onde ela depositara seu beijo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Filho Da Caçada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.