Meu olhar passava pelas paredes e pelo teto. A luz amarelada das velas não era o suficiente para iluminar tudo ali, mas era suficiente para permitir que eu visse centenas de desenhos cobrindo o castelo internamente. 

- É incrível! - disse maravilhada. 

Jeremy continuava do meu lado com a mesma reação que tive. Observei-o andar enquanto olhava as paredes. 

- Donna, venha aqui. - quase sussurrou como se ninguém mais pudesse ouvi-lo ali. 

Caminhei em sua direção e fiquei petrificada com o que vi. 

Jeremy olhou pra mim e depois para o desenho. 

- É você. Não me disse que conhecia Bruice... 

- Mas eu não conhecia... - estava tão espantada quanto Jeremy. 

Na imagem, a garota, que aparentemente era eu, estava em pé. Vestia um vestido de renda rosa, tinha uma coroa de pequenas flores brancas nos cabelos negros que pareciam ter movimento por causa do vento. Nos lábios, o batom vermelho marcava seu sorriso e seu olhar estava voltado para baixo. 

Passei a mão na pintura, como se não a entendesse. E de fato não entendia. 

- É recente. Ainda está molhada. - mostrei minha mão suja de tinta para Jeremy. 

- Mas como Bruice te pintaria sem te conhecer? - voltou no assunto. 

- Eu não sei. Realmente não sei... - disse virando as costas e andando em busca de mais desenhos. 

- Donna... - virei para Jeremy. A luz das velas iluminava seu rosto. Um meio sorriso se formou e ele desviou o olhar. - A obra é linda. Você é linda. - voltou a me olhar. - Fico feliz por você ser real. - voltou a olhar para a obra, enquanto ria.

Não deixei de rir, mas verdade meu coração havia disparado. 

- Obrigada Jeremy. - sorri.

Os segundos seguintes foram de puro silêncio. 

Voltei a olhar para a parede. Jeremy se juntou a mim, ficando do meu lado. Sentia seu braço tocar no meu. O castelo era frio, mas eu me sentia queimar por dentro. 

Parei em frente a uma pintura e olhei para Jeremy, que no mesmo momento colocou a mão na testa. 

- Ok, já não estou entendendo mais nada. Primeiro você, agora eu? 

Observávamos o desenho de um rapaz idêntico ao Jeremy. Os mesmos cabelos negros, os mesmos olhos negros, o mesmo sorriso torto e a mesma barba por fazer. Igualmente bonito e atraente. 

- É algum tipo de brincadeira? - perguntei olhando pra cima, esperando que alguém aparecesse rindo de nossa cara. 

- Só queria entender tudo isso... 

*

Ficamos sentados por algum tempo, apenas olhando aquelas paredes. Não tínhamos necessidade de falar. Tudo aquilo falava por nós e o que a gente não entendia, ficava por aquilo mesmo. 

Levantei da antiga poltrona e acendi as outras velas. Logo a sala de entrada estava toda iluminada. 

Andei em direção a uma porta e logo percebi que estava na cozinha. 

- Jeremy! - gritei e logo ele apareceu atrás de mim.

- Achou algo? - perguntou preocupado. 

- Quer beber algo? - disse mostrando uma garrafa de vinho, o que fez ele rir. 

Pegou a garrafa da minha mão e piscou pra mim.

- Deixa que eu abro. 

*

Havíamos ligado a lareira na sala e sentado em um tapete macio. Estava com a cabeça apoiada no sofá e Jeremy olhava o fogo. 

- Esses imagens me deixaram confusa. 

- A mim também... acho que deveríamos procurar algo que nos ajude a descobrir sobre elas. 

- Temos a noite toda. - disse olhando para Jeremy. - E se não for o suficiente?

- Temos a noite de amanhã também. - disse rindo. 

Fiquei a observar o fogo, mas percebi pelo canto do olho que Jeremy me olhava. Olhei para ele. Dessa vez ninguém desviou o olhar, nem mesmo mudou de assunto. Ao contrário, Jeremy inclinou seu corpo para perto do meu. 

Jeremy me olhava como na noite do baile. Não sabia se era o efeito do álcool ou o calor do seu corpo que me deixou tonta, mas só sei que senti arrepios quando seu rosto chegou perto do meu. 

Senti sua respiração ficar sincronizada com a minha e fechei meus olhos deixando com que Jeremy me beijasse. Senti o toque leve dos seus lábios no meu. 

Passei a mão em volta do seu pescoço trazendo-o para mais perto. Logo estávamos envolvidos em um beijo quente e excitante. 

Sentia a mão de Jeremy passar pelas minhas costas. Me deitou no tapete e começou a beijar meu pescoço. Cada pelo do meu corpo se arrepiava com seu corpo e eu soube que Jeremy não era qualquer um. Jeremy era o rapaz da tela. Talvez eu fosse louca, mas eu tinha sido destinada a encontrá-lo. 

Levantei minhas mãos enquanto ele tirava meu vestido e tirei sua camisa e suas calças. Agora éramos só nós dois. 

Passei minhas unhas com força em suas costas enquanto recebia mordidas no lábio. 

E assim ficamos. 

Não importava as pinturas, nem o fato de estar no século errado. Tudo o que importava era o toque de Jeremy que me fazia pensar que não existia nada mais incrível no mundo.