Burlesque escrita por Gabi Ramos


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo o/

People, obrigada pelos comentários que deixaram no Prólogo, espero que gostem do primeiro capítulo

Obs. Bárbara Armstrong é uma versão mais legal da Pati Cullen ♥



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It was the wicked and wild wind / Era o vento malévolo e selvagem

Blew down the doors to let me in / Derrubou as portas para me deixar entrar

Shattered windows and the sound of drums / Janelas estilhaçadas e o som de tambores

People couldn't believe what I'd become / O povo não podia acreditar no que eu havia me tornado

*

Bella respirou fundo e se arrastou pelo chão tentando se afastar da poça de sangue que se formava ao seu lado, ela se sentou e olhou suas mãos tremulas e tingidas pelo vermelho pungente, o liquido parecia estar em toda parte, ele escorria em sua pele e criava um caminho de aflição onde lhe tocava. 

A garota respirou fundo e finalmente levantou-se, observou o corpo de onde o sangue originara, de imediato se arrependeu. Kim tinha os olhos esbugalhados e desfocados, provavelmente pela surpresa de fitar quem disparou em sua direção. Ela era jovem e cheia de sonhos e sua sentença foi ser uma boa amiga.

Uma lágrima teimosa escorreu pelo rosto de Bella, lágrima essa que ela tratou de limpar, seus dedos mancharam sua bochecha com sangue e de repente ela parecia extremamente perdida. Mancando ela caminhou rumo à porta que a levaria ao corredor, como se virar as costas pra melhor amiga morta pudesse mudar ou aliviar algo.

Bella abriu a primeira porta do corredor e lançou-se dentro do banheiro, deixou que seu corpo fosse novamente de encontro ao chão e permitiu que suas lágrimas caíssem livremente. Num rompante ela voltou a limpar o rosto com as costas das mãos e ao se dar conta novamente do sangue ela correu rumo a pia, lavou as bochechas e se livrou de todo o sangue que existia ali, passou a esfregar violentamente suas mãos e braços. O sangue saiu da sua pele sem grandes dificuldades, mas ela não estava interessada somente em se livrar do sangue, insistia em manter a pele sob a água corrente e tirar a sujeira que enxergava ali.

 Tentativa inútil já que o tipo de sujeira que Bella procurava não sairia tão facilmente.

A porta se abriu abruptamente e Bella ergueu seus olhos para ver o recém-chegado através do espelho, ela prendeu a respiração ao observar o sorriso frio do homem que havia chegado.

- Meus parabéns. – disse o homem enquanto aumentava o sorriso e se aproximava.

Bella voltou sua atenção para seus braços e a água corrente, continuou concentrada na tarefa de livrar-se da sujeira e controlar as lágrimas. Depois de decorrido um tempo, onde Bella insistia em esfregar sua pele, o homem um pouco exasperado a puxou com força e lhe lançou contra o chão.

- Quando eu lhe der os parabéns quero que agradeça. – ele disse enquanto se colocava sobre a garota, cada uma de suas pernas em um lado do corpo dela.

Ele aproximou seus rostos e disse:

- Está me entendo?

A garota o observou, confusa, e começou a se debater sob ele.

“Eu preciso lutar” Bella pensou.

O homem parecia se divertir ao assistir o desespero da menina, ele gargalhou jogando a cabeça pra trás.

- NÃO! – Bella gritou enquanto despertava de seu sono e sentava em sua cama com a respiração ofegante. Ela não suportava a ideia de reviver aqueles momentos através de seus sonhos e eles passaram a assombrá-la com mais frequência nos últimos tempos.

Já fazia tanto tempo...

 Mas poderiam se passar séculos e Bella seria afetada da mesma forma. É engraçado a importância dos momentos em nossas vidas, Bella sempre se perguntou se são as pessoas que fazem os momentos ou os momentos que fazem as pessoas, moldando-as a fim de adaptá-las a eles, nos mudando e nos direcionando a diferentes caminhos.

Refletir sobre o passado fazia com a garota pensasse na importância das suas escolhas, se mudaria algo e se conseguisse realizar a mudança se ela tornaria sua vida melhor, se partiria seu coração de uma maneira diferente ou se outra pessoa teria o coração partido.

Contudo, será que ela realmente faria algo diferente? Realmente escolheria outro caminho? Acredito que ela mudaria uma única coisa, um único momento, para resgatar a única pessoa que sempre quis de volta. Ambas eram vitimas das circunstancias, mas é claro, Bella não pensava dessa forma.

Bella se levantou soltando um suspiro e saiu do quarto, se arrastando pelo corredor com o peso do mundo nas costas. Ela era uma diva na maior parte do tempo, mas quando tinha esses pesadelos, quando não conseguia evitar certas lembranças se tornava uma perfeita mártir e só duas coisas poderiam fazer com que seu estado de espírito voltasse ao habitual, dançar e cozinhar.

Bella se manteve ocupada durante a hora seguinte e ao terminar a ultima panqueca estava visivelmente melhor, ainda abatida, mas ainda assim melhor. Ela pôs a mesa enquanto cantarolava uma música qualquer do The Fratellis e se perguntava se sua amiga havia passado a noite em casa.

Ela aparecia pra socorrê-la quando ouvia seus gritos pela manhã...

Bella se jogou sobre a cadeira e começou a se servir, ignorando a ausência de Bárbara, ela provavelmente passou a noite ensaiando ou seduzindo sua mais recente obsessão.

- Noite ruim? – Barbara disse, surgindo do nada e assustando Bella, fazendo com que a mesma lhe lançasse um olhar irritado.

- Não foi das melhores. – Bella disse um pouco pesarosa.

- Ouvi seus gritos. – Barbara disse cautelosa – Foi o mesmo pesadelo da outra noite? Você parecia lamentar e implorar da mesma forma.

Barbara disse a ultima parte em voz baixa, quase inaudível, não sabia do que se tratava os sonhos da amiga, mas tinha plena consciência de que estava ligados ao seu passado sombrio que ambas optaram por ignorar. Barbara Armstrong tinha seus próprios fantasmas que vez ou outra voltavam a lhe atormentar, sabia que não era fácil aturá-los e por esse motivo jamais pressionava a amiga para que lhe contasse alem do que considerava suportável.

- Foi. – Bella respondeu em um sussurro.

- Eu também tive alguns problemas, desculpe por não poder ajudar. – Barbara lamentou.

Ela baixou seu olhar e manteve sua mente trabalhando em uma forma de parecer indiferente, não queria pensar nas emoções que o sonho lhe despertara, não queria se entregar as lembranças. Bella suspirou levemente e levantou a cabeça como se nada tivesse acontecido.

- Enfim... não vou ensaiar essa tarde, preciso que aguente os chiliques do pessoal. Seja a bitchzilla no meu lugar.

Bárbara revirou os olhos, de fato era essa a forma como todos chamavam Bella pelas costas e ambas sabiam que ela adorava o apelido que deveria ser ofensivo.

- Gatinha, eu nasci pra ser rica e famosa, sou uma diva por natureza. Ser uma bitchzilla está no meu sangue. – Barbara disse sorrindo e jogando o cabelo.

 - Idiota. – Bella disse gargalhando.

Elas passaram os minutos seguintes rindo e implicando uma com a outra, Bella parou um momento pra contemplá-la.

Um dos motivos de Bella amar tanto Barbara era o fato de que ela não a empurrava contra seus limites e fazia de tudo para que ela se sentisse melhor, sem fazer perguntas ou exigir nada em troca. Barbara era o tipo de pessoa que tinha sido feita pra amar incondicionalmente e Bella sempre lhe foi grata por ter sido escolhida pra receber um pouco desse amor.

Era uma das poucas pessoas que a faziam sentir como se nada realmente importasse, uma das poucas que a tiravam da sua realidade. Mas da mesma forma que a amiga a resgatava, a realidade que a cercava se estabelecia de forma cruel e roubava de volta.

Como que apanhada pelos problemas Bella se forçou a seguir os planos que fizera para o dia os momentos passaram feito um borrão e mais rápido do que poderia imaginar já estava em seu destino.

Se alguém observasse a elegante mulher entrando no cemitério jamais imaginaria que por trás do elegante terno, o cabelo impecável, o chamativo batom vermelho e o enorme buquê da mesma cor, se escondia uma menininha assustada, com o coração palpitante e a respiração presa em uma tentativa bem sucedida de conter as lágrimas.

Ela seguiu por seu caminho costumeiro e se aproximou do único túmulo que visitava deixando sobre ele suas costumeiras rosas vermelhas.

- Por que se dá ao trabalho de todo ano vir até aqui?

Ela ouviu a voz conhecida e sentiu que seu choro ficaria cada vez mais longe de continuar contido.

- Porque ela é importante. – Bella respondeu com a voz já embargada.

O silencio que se seguiu foi esmagador, ela desejava desesperadamente que ele dissesse alguma coisa, qualquer que fosse. Ela se virou ligeiramente e saltou levemente pra trás ao se dar conta de que silenciosamente ele se aproximara, o rapaz ostentava um sorriso cínico e um olhar travesso.

 Como se qualquer espaço entre eles fosse incomodo, ele se aproximou ainda mais e levou seus lábios próximos da orelha de Bella.

- Ela parecia importante no momento que puxou o gatilho? – ele sussurrou e logo em seguida deixou o local.


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Notas finais do capítulo

Me dê um pouquinho de atenção aqui. É rápido e prometo não irá se arrepender...

Eu enviei um capitulo bônus para as leitoras que comentaram no prólogo e pretendo continuar isso, trata-se de momentos que não serão muito bem explorados na fic - como o passado da Bella por exemplo.

É uma forma que encontrei para agradecer os comentários.

Espero que tenham gostado do capitulo.

Beijos ♥



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