Nocturna - Fic Interativa - escrita por Elora
Notas iniciais do capítulo
Olá,novamente.
Desculpa por ter excluído o capítulo,não sei o que aconteceu para ele não aparecer para vocês.
Beijos!
Eu estava perdida.
Mas, tudo parecia fazer sentido. O ruído longínquo das ondas no banco de areia, a serenata dos grilos solitários no jardim, o mensageiro do vento dando vida a música da natureza e as batidas ritmadas do seu coração; formando um som uníssono me despertando para a vida. Eu estava adormecida durante todo este tempo e ele me trouxe a vida, mostrou-me a beleza de viver, cruzar barreiras para alcançar a plenitude, porque vale a pena viver quando tudo parecia radiante e pintado de multicores.
Isso não é real.
É um sonho?
– Você quer ficar comigo!
Ele exclamou surpreso.
Jeremy.
A sua voz rouca provocou uma onda escaldante avançar lentamente, se aventurando tranquila em toda parte dentro de mim, a minha sensatez foi sendo engolida pela a sua presença. O ar escapou numa bufada solitária, o meu coração já conhecia os efeitos colaterais de estar frente a frente a ele, peguei-me pensando em fugir. Entretanto, já era tarde demais; as minhas pernas estavam soldadas no chão frio.
O seu semblante exprimia uma expressão terna, quase angelical; os seus músculos adornados na camisa preta, os cabelos desgrenhados fluindo na badalada da brisa celestial e o sorriso formando um arco convidadito e sensual. – Como demônio pode ter um sorriso de arcanjo? – pensei. Uma pergunta que nunca teria resposta.Entretanto,não importava.
A tentação de provar de seus lábios macios era uma substância alucinógena, que sempre me fazia ansiar por mais; como uma página recém-formada entregue pelo momento, eu tinha a oportunidade de escrever a história. A nossa história.
A tinta sofrera mutações e tornaram-se as nossas palavras ditas em cômodo à meia luz e as linhas um conjunto dos nossos atos, que levou-nos até aqui; como se tudo fosse apenas um teste para provarmos para nós mesmos, que tínhamos que ficar juntos no final de tudo. Ou melhor, no começo de tudo.
O meu coração quer o que ele quer.
Um filme caseiro enevoado desencadeou entre os meus pensamentos, a sala antiquada afundada no caos,os objetos destroçados, os restos de ossos plastificados humanos espalhados e livros arremessados em todas as trajetórias. A sensação do beijo arrebatador cruzou a minha visão, o toque abrasador, o sabor exótico com um punhado de hortelã e a fome voraz de consumir cada fragmento de mim.
Eu o odeio.
Eu queria tanto odia-lo.
Por me fazer refém de seus encantos, eu me sentia uma marionete de seus artefatos convidativos, eu estava afundando em mim mesma. O sentimento destrutivo me consumia aos poucos, torturando-me com cada detalhe. Eu precisava ir.Eu precisava esquecê-lo.
Um aglomerado de memórias saltou entre os devaneios, as imagens desfocadas mergulhadas numa nevoa esbranquiçada e opaca e um emaranhado de vozes difusas entre as cenas. Eu sobrevoava a lembrança vendo a mim mesma, num plano distante.
– Você quer saber como foi o final da Carmely? – perguntou ele, num tom dissimulado e gélido.
Ele me tomou pelos cabelos e me arrastava com uma expressão raivosa, puxou o meu rosto minguado e disse: – Eu cortei a garganta dela. Em seguida, eu estava flutuando em águas nebulosas misteriosas, a dor latejante quando cortou a minha garganta estava desfalecendo.
***
– Eu sei que você está acordada – uma voz masculina atravessou os meus ouvidos.Eu fui descoberta.
Abri os olhos.
O rosto de Viktor estava próximo ao meu.
– Obrigada por me acordar – eu falei, num tom irônico. Espantei as cenas embaralhadas dentro da minha cabeça, as ilusões e os pensamentos estava me pregando uma peça absurda. Porém, o desejo de abandona-las fez o meu coração apertar.
– De nada.
Revirei os olhos.
– Há quanto tempo eu fiquei apagada? – perguntei. Eu não reconheci o recinto, que me encontrava. O apanhador de sonhos pendurado no teto baixo, a cor rosa das paredes estreitas cobertas por figuras de desenhos animados da Disney, a luminária repleta de peixinhos, as cortinas rendadas num tom pastel e o nome Ally escrito numa placa de fotografias.
– Por onde eu começo: você ficou louca?Você deveria ficar com o Neon, não tentar bancar a Mulher Maravilha – ele interrogou, os seus olhos fundidos numa tonalidade escuro assustador. – Se queria cometer suicídio, você poderia ter se jogado na frente de um carro – ele acrescentou.
– Eu não estou louca, nem estou pretendendo cometer suicídio – eu respondi, secamente. – O que me acertou? – perguntei intrigada.
– Isso não importa.
A sombra cruzou o seu rosto por um perpetuo.
– É claro que importa – eu gritei.
Ele exalou um suspiro melancólico.
– Há alguns anos atrás, um lobisomem ficou apaixonado por uma garota – ele continuou, sem fitar os meus olhos. – Ela não era como as outras, ela era especial. Ela era um anjo.
– Isso só pode ser brincadeira – disse,a minha voz sádica soou ácida aos meus ouvidos. – Só falta dizer que eles se apaixonaram e tiveram uma filha – acrescei.
– Foi isso que aconteceu – ele completou. Viktor parecia estar diferente, a exaustão impressa nos olhos. – O nome dela é Allyson – ele indicou para a plaquinha com o nome escrito.
– Eu gosto de ser chamada de Ally – falou alguém. Uma garotinha de olhos esverdeados, a pele pálida como a nuvem, com cabelos acobreados e sardas no nariz estava do outro lado da cama pequena.Não tinha notado a sua presença até agora,ela estava escondida na sombra.Ela correu e sentou-se no colo do Viktor.
– Olá, Ally.
Eu disse cordial.
– Desculpa ter machucado você – ele disse encarando o vestido rosa com flores azuis. – Eu estava com medo – ela relevou, num tom tímido.
– Não precisa pedir desculpas, eu também estava com medo – eu sussurrei, como um segredo.
– Por que você não volta para a sala e faça companhia para os rapazes – ele sugeriu para a filha, a sua voz delicada, me surpreendeu. Principalmente, porque não sabia que Viktor poderia ser educado e carinhoso, com qualquer ser vivo. Ela desceu saltitante do seu colo e saiu porta a fora.
– Tem certeza que ela é a sua filha? – eu brinquei. – Porque ela é muito bonita e doce – soltei uma risada, que fez o ferimento escorrer uma dor languida dentro de mim. Apalpei o meu corpo em busco do curativo e o encontrei na lateral do meu corpo.
– Obrigada por sua ajuda – ele falou, as palavras agradecidas ficaram suspensas entre nós por um segundo.
– Tudo bem.
– Alguém quer te ver.
O sorriso dissimulado que brotou em sua boca, soprou a “deixa” dentro de mim, o meu coração titubeou com as suas palavras, o nervosismo apoderou o meu sistema nervoso e a batida despreocupada na porta, provocou-me um sobressalto.
O meu coração quer o que ele quer.
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