Grissom deu um passo pra frente, mas logo parou. Estreitou os olhos.

- PARA! – gritou para Sara. Ele não suportaria ouvir os gritos de Cath, aquele grito aterrorizante. Sara parou no meio do pescoço. Cath começou a agonizar, a tossir, seus olhos marejando, ansiando por uma ajuda, qualquer que fosse, mas no fundo, bem lá no fundo ela sabia, sentia que a morte era a solução.

A dor que era cortante parou e a única coisa que ela sentia era uma quentura na garganta e uma leve dificuldade de respirar. Seus olhos brilhavam.

Grissom não conseguia se movimentar, não conseguia se mexer. Sara havia parado afinal.

- Isso esta meio sem graça, não acha? – Sara começava a fazer um leve esforço para manter a loura de pé – Você não vai morrer agora! – sussurrou pra Cath que parecia estar se engasgando.

- A deixe de fora! – pediu Grissom – Ela já perdeu muito sangue. Ela precisa de um médico.

- Você me traiu! – ela gritou, tentando suportar o peso da loura.

- Você esta louca!

- Isso não é loucura – ela gritou - Você sabe que ela não tem chances. Que esta morrendo lentamente...

Grissom avançou tão rápido que se Sara não fosse tão atenta não o teria visto. Mas a morena foi muito mais rápida rasgando a garganta da loura num segundo.

- Acabou! - Sara sorriu ao soltar a loura que caiu com um fio de vida no chão.

Grissom sentiu um aperto no peito ao ver o que Sara fez, ele se abaixou abraçando Cath que estava totalmente ensanguentada. Sara se olhou e olhou para o chão vendo tudo em um vermelho vivo, até bonito para seus olhos.

- Achei que seria mais emocionante! – ela sussurrou.

Cath olhou para Grissom de uma maneira que o fez acreditar que ela não estava sentindo dor, que ela estava bem e que o amava. Lágrimas saíram de seus olhos e o pouco de energia que ela ainda tinha usou para fechar os olhos e dar um leve sorriso a uma expressão tão serena. Grissom beijou seus lábios. Beijo de sangue.

- Chega! Ela se foi. – Sara revirou os olhos. Rodopiou a faca em sua mão vendo que ainda brilhava com o sangue que escorria – Nunca me sujei tanto. – ela murmurou vendo sua blusa suja, seus braços, suas mãos – Vamos. Estamos a sós e felizes. – ela sorriu sem tirar os olhos da lâmina reluzente.

Grissom abraçou a mulher morta, sem vida, que parecia dormir em seus braços. Ignorando Sara.

Ele e Sara nunca foram uma dupla, Grissom compreendia isso, Seriais Killers nunca tinham um companheiro, eles sempre trabalham sozinhos e Sara fazia tudo aquilo sozinha. Grissom só deixava as coisas mais fáceis.

- Cath! – ele sussurrou, Ele queria gritar, queria chorar, mas não o fez porque era isso que Sara queria, queria ver a dor nele, mas ele não o faria na frente dela.

Seu desespero foi tão grande que a raiva subiu de forma que virou ódio instantaneamente e nesse segundo um desejo de sangue tomou-lhe por inteiro.

Num salto ele ficou de pé e foi pra cima de Sara que tinha um olhar convidativo, que ansiava por essa atitude.

Os dois só não caíram no chão por conta da parede fria atrás de Sara, mas a pancada foi tão forte que por alguns segundos ela perdeu o fôlego. Grissom tentou pegar a faca que estava na mão dela, mas parecia impossível. Ela o empurrou voltando a respirar, tossiu algumas vezes e quando olhou pra frente viu a imagem de Grissom a olha-la de forma demoníaca, selvagem, chamando-a para a briga.

Sara estava pronta para o ataque, estava decidida do que iria fazer, iria mata-lo, sem pena e rapidamente. E Grissom também mantinha sua posição de ataque, a faca que estava na mão de Sara era sua inimiga covarde.

- Você me traiu. – ela repetiu e Grissom pode ver nos olhos abrasadores dela o quanto ela o amava.

- Você enlouqueceu! – ele afirmou.

- Era o nosso plano! Nosso! Estávamos juntos nessa. Eu e você! Era o nosso plano. – a morena trincou os dentes – Você ficaria com ela enquanto eu lhe maltratava e depois, quando tivéssemos certeza de que ninguém desconfiaria da gente então voltaria ser eu e você e pararíamos com isso... você só tinha que descobrir tudo sobre ela – Sara se calou por alguns segundos, mas logo continuou – Claro, no começo deu certo, mas depois de um tempo as coisas começaram a mudar. – ela franziu a testa – Começamos juntos e terminaremos juntos.

- Isso é obsessão! – seu rosto se suavizou.

- Não é por causa do amor que sinto por você ou o sexo, mas é a amizade, a promessa. Fizemos um pacto.

No mesmo segundo Grissom relaxou o corpo e fez um gesto de rendição com as mãos.

- Desculpa! – ele sussurrou – Acho que fiquei obcecado por Cath. Desculpa. – ele balançou a cabeça – Realmente foi errado o que fiz. Estamos juntos nessa, é verdade.

Sara achou estranho, mas confiava nele, sempre confiou.

- Você sabe que sempre fui assim. – ele sorriu – Desculpa. Sara, você sabe também que eu te amo. Então que tal a gente largar tudo e ir embora. Fugir daqui? Antes que a policia chegue.

- Só nós dois? – ela perguntou.

- Claro! Vamos... – ele ergueu a mão a chamando.

Mesmo confiando muito nele, Sara pensava em não ir, mas deu um passo à diante, não querendo. Grissom também deu alguns passos em direção a Sara até sua mão alcançar a mão vazia dela e gentilmente abraça-la deixando seus corpos bem próximos, misturando o calor, sangue e tudo o mais. Eles se olhavam nos olhos. Grissom prendia os dela.

- Eu te amo! – ela sussurrou.

- Eu sei. – sua voz se perdeu quando seus lábios encontraram os dela de forma gentil, sem urgência, sem pressa.