A Vida Da Miss Invisible escrita por BelovedCherry


Capítulo 4
Não sei porque me continuo a importar tanto...


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!!! O próximo cap já está pronto, só tenho que o passar para o pc porque o escrevi no meu caderno. Vemos-nos lá em baixo! o.~



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Acordo de manhã com o som de passos pesados que sobem as escadas até ao meu quarto. O que é que se passa agora?! Sento-me na cama e ao olhar em redor vejo o bola de pêlos deitado ao lado da cama com algo na boca.

- Ei! O que é que tens aí? Dá, dá cá à dona! – digo enquanto me aproximo devagar para não o assustar.

Mas parece não resultar porque ele começa a correr pelo quarto com o tal objecto na boca enquanto salta de um lado para o outro como que se me desafiasse. Os passos nas escadas tornam-se mais constantes e são seguidos de gritos como:

- Adriana Mendes! Acho bem que pares de pular em cima da cama e desças para ir para a escola! Já não és nenhuma criança...

- E sabes muito bem que não tenho tempo... – murmuro sarcástica imitando a voz da minha mãe.

Ao ver que o cão tinha parado para ouvir os gritos e lamentos da minha mãe atiro-me para cima dele, prendendo-o entre as pernas para tentar retirar-lhe da boca o que quer que fosse. Eu puxo aquilo com as duas mãos mas o bicho é teimoso, e como tem mais força que eu, acaba por sair de baixo das minhas pernas fazendo-me cair no chão desequilibrada.

Enquanto observo o animal de cabeça para baixo (na verdade eu é que estou a ver ao contrário mas não interessa) quase a rir das minhas figuras tristes consigo notar o que é que ele tem na boca.

- Dá-me já isso Leo! Seu cão teimoso e babado! – grito voltando a atacar o despertador que ele tem na boca.

- Adriana Mendes! Já te avisei!

Desta vez os passos estão mais próximos e no momento em que a minha mãe ia abrir a porta eu consigo empurrar o cão para debaixo da minha cama e tirar-lhe o despertador da boca.

-Quieto! Fica ai! – sussurro firme para o bicho que esconde a cabeça entre as patas como se tivesse medo que eu me zangasse a sério.

Ainda salto para cima da cama com o despertador atrás das costas e um falso sorriso de animação no rosto. No segundo seguinte já a Dona Ana estava à porta com uma cara ensonada e chateada, não zangada mas chateada.

Olhou para mim fixamente durante dez segundo e depois só disse:

- Tu, lá em baixo, 5 minutos!

E saiu batendo a porta com pouca força.

- Mas mãe... – peço. Sei bem que ela não está a brincar quanto aos 5 minutos.

- Nem mas nem meio mas! – oiço a sua voz dizer acompanhada do som de passos a descer as escadas.

Suspiro frustrada e corro pelo quarto para me arrumar.

Acho que hoje é o meu dia de azar. Primeiro acordo tarde porque o meu cão estava a roer o despertador. Vou tomar banho, a água estava fria. Quando termino o duche visto a primeira coisa que vejo, mas com a pressa acabo por rasgar um pouco as costuras da minha longa camisola azulão e sou obrigada a vestir uma blusa vermelha mais curta e com decote em V (não me lembro de ter comprado isto!!! O.O). Depois de conseguir fazer o Leo ficar quieto e prende-lo aos pés da cama, desço para tomar o pequeno almoço. Mas isto teve um lado bom e um mau. Qual deles querem ouvir primeiro? O mau? Bem, o lado mau foi que eu tropecei nos próprios pés e cai nos últimos três degraus. Agora o lado bom! Cai no chão quando os cinco minutos acabaram! Yupi... sarcasmo, conhecem?

- Já estás pronta? – pergunta a minha mãe vinda de não sei onde com uma pasta castanha debaixo do braço e uma chávena de café na mão.

- Sim... – digo já de pé.

Quando me endireito ela fica a olhar para mim com um pequeno sorriso no rosto.

- Ainda bem que gostaste da camisola que te comprei! Já estou farta de ter ver com aquelas coisas compridas e grossas de lã! – diz já dando meia volta em direção à porta. – Vou embora agora. Beijos!

E sai sem dizer mais nada.

Dirijo-me à cozinha onde uma fatia de bolo de chocolate e um copo de sumo me esperam. Sento-me para começar a comer sozinha. Provavelmente a Olga foi acordar a minha irmã, o que, posso admitir, não é tarefa fácil.

Dizem que mães solteiras, mães sozinhas, viuvas ou separadas se dedicam muito mais aos seus filhos mas isso não é verdade. Pelo menos no meu mundo, na minha vida não é, nunca foi e acho que nunca será assim.

A minha mãe é a típica mulher de negócios tão ocupada quem nem tem tempo para desejar bom dia à filha. Mas fiquei bastante admirada hoje por não ter pedido à Olga para me acordar! Deve ser por causa... daquela coisa que aconteceu neste dia, uns anos atrás. Mas não quero pensar nisso agora.

Às vezes gosto de pensar que a minha mãe gosta verdadeiramente de mim. Não é gostar como ela mostra para as amigas sempre que jantamos fora, em grandes festas de trabalho, e que para sua infelicidade, nos tem que trazer atrás. É aquele gostar real, em que a mãe seria capaz de dar a sua vida pela filha, aquele gostar em que a mãe conhece melhor a filha do que a ela própria, aquele gostar em que, mesmo com o mundo contra, a mãe faria o que achava que faria a filha feliz. Não digo que ela não goste de mim! Não, pelo contrário, mas... tenho a sensação que não é verdadeiro. Parece que falta algo para nos unir. Mas ao contrário do que é preciso para que ela se torne a melhor mãe do mundo, parece que algo nos afasta cada vez mais, fazendo com que ela me tente moldar, brinca comigo como se fosse uma marioneta à qual pode decidir gostos, sentimentos, frases e destino. Ele sente que me controla e o pior de tudo? Eu deixo sem reclamar! É como que se me faltassem forças para dizer NÃO!

- Bom dia... – oiço uma voz sonolenta vinda da porta.

Ao olhar nessa direção vejo a baixinha rabugenta a quem eu chamo irmã, ou Gabi, com o cabelo loiro todo despenteado e o pijama com a cara de um ursinho, todo desarrumado. A cara dela não está muito boa... Será que está tudo bem?

Logo atrás dela aparece Olga. Eu costumo dizer que sou filha da empregada, só na brincadeira, mas a verdade é que ela me conhece mais do que a minha própria mãe. É uma mulher de meia idade, por volta dos trinta e tais, mas com um bonito cabelo ruivo, liso e curto, olhos castanhos bem escuros e brilhantes e uma pele levemente bronzeada. Ela é bem bonita, não sei como ainda está solteira com esta idade. “Os homens não prestam!” lembro de ela me ter dito uma vez enquanto lágrimas caiam dos seus olhos depois de um encontro mal acabado, “São todos iguais! Querem sempre acabar a noite da mesma maneira!” reclamava chorosa enquanto se abraçava a mim como se fosse uma adolescente em crise.

- O que é que a Gabi tem? Ela não parece muito bem... – pergunto chegando mais perto da minha irmã para de seguida a pegar no colo.

A loirinha abraça-se a mim como se eu fosse um ursinho de peluche igual ao que ela tem na camisola do pijama. Noto que está a transpirar, as suas bochechas estão vermelhas, o seu corpo quente, as pálpebras pesadas de sono. Ela deita a cabeça no meu ombro e volto a sentar-me onde estava.

- Gabi...? – chamo-a baixinho.

- Hum...? – reclama.

- Estás bem maninha?

- Acho que não muito... – murmura enquanto se aconchega ainda mais no meu colo.

Ouço-a tossir algumas vezes à medida que se encolhia ainda mais no meu colo.

Olho para Olga e a ruiva caminha até mim e retira a pequena dos meus braços.

- Ela vai ficar bem. Não se preocupe menina. Pode ir para a escola descansada que eu trato dela. É melhor a sua irmã não ir hoje à escola – diz-me.

Eu concordo com um aceno de cabeça e a mulher volta para o quarto da minha irmã com a baixinha ao colo. Ainda oiço a ruiva dizer, num tom de ralhete doce, enquanto subia as escadas:

– São as consequências de dançar à chuva não é?! Eu avisei mas a menina Gabriela não me quis ouvir!

Sorrio um pouco. Além de serem as minhas únicas amigas... chego a pensar que, a Olga e a Gabi, serão também a minha única família...

***

Vou a pé para a escola. Nunca gostei de me exibir ou de chamar as atenções, e podem ter a certeza! Com o carro que a minha mãe disponibilizou para vir para a escola, juntamente com o Maurício, o chofer, atrairia imensos olhares curiosos.

Apesar de todas as acusações que tenho a fazer à minha mãe, chego a pensar que às vezes, ela até tem certa razão. Vejam agora por exemplo! Está um lindíssimo dia de primavera, bem morno e confortável, mas acho que não pensaria assim se viesse com aquele camisolão azul. Pode ser que o dia não seja tão azarento assim...

Nesse momento recebo um jato de água em cima.

Os meus óculos ficam completamente molhados, a minha roupa ensopada, o meu cabelo (mesmo apanhado num rabo de cavalo) começa a pingar e a minha mochila, felizmente, não recebeu grandes danos por ser impermeável.

- Quem foi o idiota que... – murmuro.

Mais à frente vejo um BMW preto parar aos portões da escola.

Um grande grupo de estudantes, em especial rapazes, ficou ali perto dos portões para ver melhor o carro e quem dele saia.

Passados uns segundos a porta do carro é aberta pelo motorista que estica a mão para ajudar, quem quer que fosse, a sair. Apesar de já saber de quem se trata fico ali à espera, apenas a assistir um pouco mais longe. De dentro do carro sai uma garota de cabelos caramelo com vários outros tons naturais que caiem sobre os seus ombros, os seus olhos são verdes escuros e profundos, a sua é pele clara e veste uma saia justa que acentua bem o seu corpo, juntamente com uma camisola cor-de-rosa com um grande decote.

Os meus olhos enchem-se de raiva ao ver aquela figura ali e caminho a passos largos até ao portão da escola enquanto resmungo coisas sem sentido. O meu lindo e perfeito objetivo de passar despercebida é arruinado quando, ao virar para entrar dentro do átrio escolar, ouço uma voz sinica gritar:

- Desculpa se te encharquei Mendes!

Não ouço mais nada para além de risos e frases soltas. Agora já nem via o mundo ao meu redor. Os meus olhos começaram a deixar cair lágrimas enquanto corria para dentro do edifício.

- Não sei porque me continuo a importar e a chorar tanto... talvez o “bebé chorona” tenha uma razão no fundo... – falo sozinha depois de me trancar num dos cubículos da casa de banho enquanto escorregava pela porta até me sentar no chão abraçada aos joelhos. 


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Notas finais do capítulo

Já tenho bastantes ideias!!! Vai haver bastante confusão e sentimentos novos a partir do próximo cap!!! ^^ Espero que gostem e peço que não deixem de comentar! Quanto mais vcs gostarem da fic mais motivada fico e pro isso preciso de opiniões! ^^
Bjokas no kokoro flores do campo!