–Fala sério, garotas! Isso foi a coisa mais incrível que vocês já viram, não é? –disse Sirius, quando Lily, Dorcas e Lene chegaram perto deles, dando uma voltinha e exibindo seu traje.

–Isso foi ideia sua?! –perguntaram as três juntas, desconfiadas.

–É claro...

–Que não! –interveio Remus, lançando um olhar torto para o amigo. –Isso foi ideia minha, é claro. Quem mais faria uma coisa tão civilizada assim?

–Muita modéstia a sua, Remus. –disse Lily, revirando os olhos. –Você ficou lindo nessa roupa, James! –elogiou logo depois, fazendo o namorado chegar mais perto.

–Vamos, pessoas. A noite está acabando. Que tal dançar mais um pouco? –convidou Dorcas, já puxando Remus e Lene para a pista, seguidos pelos outros.

Em meio tanta animação era meio improvável perceber que dois jovens não estavam ali, mas que estavam, na verdade, correndo pelos jardins de Hogwarts, passando despercebidos. James guiava a ruiva até o lago, abraçando-a pelas costas. Eles se sentaram na grande árvore em que sempre se sentavam e observaram o luar. James encarou Lily por um momento e se perguntou como uma pessoa pode ter mudado tanto. Aquela não podia ser a mesma ruiva com quem teve tantas brigas nos primeiros anos. A partir do quarto, ele apenas a irritava para ter um motivo para falar com ela e vê-la histérica, na época nem sequer lhe passava o motivo de ter tanto prazer em ver uma garota com raiva. Mas no quinto ano tudo clareou. James a chamava para sair e percebeu o quanto ela diferente. E então ele mudou. Mudou porque sabia que seu jeito a irritava, que com aquele seu jeito arrogante não iria conseguir nada com Lily, nunca iria conquistá-la. Agora ela estava ali, parada ao seu lado. E ele estava prestes a fazer a maior loucura de amor de sua vida.

Lily franziu o cenho e olhou curiosa para James.

–Por que está me encarando? –indagou, corando um pouco. –E por que me trouxe aqui?

James sorriu e se deitou na grama, colocando as mãos sob a cabeça. Arqueou uma sobrancelha para a ruiva, convidando-a a fazer o mesmo. Ela sorri, mas olha para o vestido. James a puxa pela cintura e a fez se deitar sobre ele.

–Você é linda. –disse James, acariciando a bochecha rosada da garota. –Apaixonável. Uma mulher incrível. Especial. E eu me pergunto como eu posso merecer uma pessoa tão... tão Lily Evans.

A ruiva franziu o cenho novamente, corada, e se apoiou no peito do namorado. Antes que pudesse falar alguma coisa, James pediu para que ela se levantasse. Lily fez o que ele pediu e logo depois o moreno também estava levantado, remexendo os bolsos.

–Sabe, Lily? Nosso futuro é totalmente indefinido. Amanhã sairemos por aqueles portões e não voltaremos para aqui como estudantes. Estaremos nos virando por conta própria. E, como eu disse, tudo isso será indefinido... e completamente novo. –James achou o que procurava nos bolsos e se ajoelhou.

–Ja..James, que você está fazendo, idiota? –indagou Lily, arregalando os olhos e levando as mãos à boca, olhando para os lados. –Levanta, Potter!

–Mas se o nosso futuro é indefinido, que tal definirmos ao menos uma coisa? –ele abriu a caixinha que trazia em mãos. Um lindo anel brilhou a luz da lua. –Quer casar comigo, Lily Evans?

Lily, por sua vez, fixou os olhos no anel e engoliu em seco. Tirou as mãos que tampavam a boca e tocou levemente o objeto. Sentiu as mesmas sensações de quando tocava seu colar de lírio. Fortes emoções. Recordações de tudo que a levaram àquele momento. Levantou um pouco o olhar e encontrou o de James. Ela soube que por trás de todas aquelas palavras, o namorado estava em pânico por sua resposta. Lily suspirou.

–Nós... nós somos tão jovens, James. –disse com a voz trêmula.

–Sim, temos apenas 18 anos. Somos maiores. Não estou dizendo que devemos nos casar agora. Só não... só não quero que mais alguém chegue e roube tudo o que posso ter com você.

–Se levante, James. –pediu Lily, fechando os olhos, mas pôde ouvir James fazer o que lhe pedira. Ela abriu os olhos. –Ninguém irá me roubar de você. –a ruiva envolveu seus braços no pescoço do namorado e colocou a cabeça em seu ombro. –Porque eu aceito. Eu aceito, James. –ela voltou a encarar o namorado, pois este ficou parado por um momento, pensou que ele não havia escutado suas palavras, mas James retirou gentilmente a mão direita de Lily de seu pescoço e colocou o anel brilhante em seu anelar.

–É ISSO AI, GARANHÃO! –gritou uma voz quando James beijou Lily. Eles se separaram e olharam para a porta do castelo. Lá estava Sirius, com os braços levantados em forma de comemoração. James revirou os olhos, mas deixou escapar um sorriso junto ao da ruiva.

O casal entrelaçou as mãos e caminharam até onde Sirius estava.

–Você tem algum tipo de sensor “vou estragar o clima”, Almofadinhas? –perguntou James, irônico.

–Como se sente, futura Srta. Potter? –Sirius fez uma reverência exagerada para a ruiva, que riu.

–Além do sensor, você tem audição de cacho... –ia dizendo James, mas se interrompeu. –Ah, deixa pra lá.

Sirius riu e passou um braço pelo ombro de James e outro pelo o de Lily.

–Bem, agora é a hora do discurso. Vocês não acreditariam que a Dorquinhas quem vai discursar. Enfim, eu fui procurar os dois pombinhos e... –lançou um olhar malicioso para os dois. – não consegui evitar escutar.

–Ahh, a Dorcas vai discursar? Merlin! Não quero nem ouvir o que ela vai falar. –disse Lily, sorrindo de leve e olhando de relance para seu mais novo anel.

Chegaram ao Salão e não passaram despercebidos pelos outros alunos. Todos os acompanharam com o olhar até se sentarem a uma mesa, pois Dumbledore já estava lá na frente, com a música parada e dando algum tipo de discurso. Os olhos de Minerva faiscaram na direção do trio.

–... Como eu ia dizendo a vocês: orgulho-me de ter tido alunos tão experientes a cada ano que se passa. Temo dizer, mas a vida lá fora não está fácil. Há muitos caminhos a decidir. –Dumbledore soltou um longo suspiro. –Tenho poucas palavras a mais para dizer: muito cuidado, muita disciplina... e que façam da sabedoria de vocês uma grande arma para o que é certo. Bem, não serei eu a julgar isso. Cada um faz da coisa o que realmente acha certo. Quando passarem por aqueles portões em direção ao seu destino, estejam cientes do grande poder da magia. Agora peço para que nossa subdiretora diga a vocês o que pensa. Minerva, por favor. –o diretor foi para o lado e deu um passo para trás, deixando Minerva ao centro.

–Faço das palavras de Alvo as minhas. –a voz da subdiretora estava carregada de emoção. –Acompanhei o desenvolvimento de vocês durante esses sete anos. Oh Merlin, isso não é fácil. A cada ano que se passa, consigo enxergar um brilho próprio em cada estudante meu. Por isso eu digo: isso não é um adeus. Estive aqui em cada prova, em cada desafio enfrentado. Então não podemos dizer simplesmente “tchau” e sim um “até logo”. E, como Alvo disse, terão caminhos a escolher, porém saiba que Hogwarts sempre ajudará a quem a ela recorrer. –ela sorriu, deixando de lado a expressão severa. –Enfim, todos sabiam que eu iria escolher um de vocês para discursar. E agora, se por gentileza, Dorcas Meadowes suba aqui.

Os olhares se voltaram para Dorcas, que engoliu em seco e se levantou devagar, olhou para os amigos e, com as mãos trêmulas, pegou um papel do terno de Remus, que sorriu, encorajando-a. A loira subiu os degraus que iam até onde Minerva estava e recebeu um abraço da subdiretora. Ela se virou para os alunos, suando frio. Pigarreou e largou seu papel.

–Ahn, bem, no começo eu realmente pensei que não era a pessoa adequada para discursar. Não sei por que a Prof.ª Minerva me escolheu, mas aqui estou eu e não poderia falhar. –ela entrelaçou as mãos, como se fizesse uma prece. - Tentei fazer de tudo para que minhas palavras marcassem. Mas... quem sou eu comparada às outras pessoas daqui? –sorriu de lado. –Além de tudo os Marotos ganharam a noite, não foi? –ela olhou para o quarteto. –Porém o que importa é que eu estou aqui para, ao menos, tentar representar vocês. –Dorcas mudou o peso de um pé para o outro. –Acho que todos aqui ficaram felizes ao receberem sua carta de Hogwarts. Quantas vezes eu mesma ouvi sobre esse castelo? E eu passei sete anos aqui. E com certeza será os sete melhores anos da minha vida, apesar dos altos e baixos. Fiz amizades verdadeiras que sei que irei levar para além dos portões. É difícil acreditar que estarei dando um “até logo” para Hogwarts. Aprendi tanta coisa aqui e cresci aqui. Quando desembarcar do Expresso, acho que estarei tirando um peso de minhas costas. Não um peso ruim. Mas finalmente me sentirei “completa” de magia e mais pronta do que nunca.

“É, gente, isso foi o melhor que consegui fazer” a loira olhou, sorrindo para os estudantes. “Irei levar a magia deste lugar até meu último suspiro.” Arqueou um pouco as sobrancelhas e logo as pessoas se levantaram para aplaudir. Dorcas vacilou um pouco ao descer os degraus, mas conseguiu chegar até a mesa onde estavam seus amigos e desabar em uma cadeira.

–Isso foi ótimo. –disse Remus, tocando o ombro dela.

–Isso foi péssimo e difícil. –retorquiu Dorcas, servindo-se de hidromel.

–Pode parando. Se você sabia que estava ruim porque falou tudo aquilo? –Lene levou as mãos à cintura, olhando brava para amiga. –Talvez ache que foi um horror, mas o que foi feita já está feito. –ela pegou no braço da amiga, convencendo-a a levantar e abraçou. –Você realmente me representou. –disse com a voz abafada. Dorcas sorriu e voltou a se sentar.

–Ei, o que vocês tanto conversam? –perguntou Remus, se virando para Sirius, Lily e James.

Sirius sorriu e chegou mais perto de Remus, cochichando a novidade para ele, que olhou para James e levantou o polegar, sorrindo de orelha a orelha.

–Gente, cansei! –exclamou Peter, de repente. –Vou subir. Falando nisso nem arrumei minha mala e nós vamos embora amanhã.

–Certas coisas nunca vão mudar. –disse Sirius, teatralmente.