Be Your Hero escrita por fanstalk, Mrs Warner


Capítulo 38
Tudo Tem Um Fim, Ou Deveria Ter


Notas iniciais do capítulo

Oi oiii!!

Acho que hoje é um dia especial, depois de quase 8 anos de escrita, Be Your Hero finalmente está tendo um final, um último capítulo.

Eu não quero ter que fazer um discurso aqui nas notas iniciais, então vou deixar para as notas finais. Esse não é para ser um capítulo emotivo, é só para ser o encerramento de algo.

Aproveitem a leitura!!

LEIAM AS NOTAS FINAIS!!


Música do capítulo: Radioactive - Imagine Dragons



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P.O.V. Piper

 

Quando eu chego na sala, Annabeth está amarrada à uma cadeira, a boca amordaçada e ela parece suar de raiva, seus olhos, no entanto, estão mais cristalinos do que me lembrava, cristalinos no sentido de que o cinza tempestuoso habitual de suas íris agora estavam um azul tão claro que quase se confundia com o branco do olho.

Era bizarro vê-la assim, parecia até outra pessoa, uma pessoa bem pior do que a que tinha me chamado de incapaz na última vez que nos vimos. E talvez uma muito mais sanguinária se os boatos de que foi ela quem matou Quíron estiverem realmente certos.

Eu sei porquê meus amigos disseram que eu deveria assumir daqui, é porque precisamos saber o máximo de detalhes possíveis sobre o plano de Circe ou porquê a maldição está mais forte, qualquer mínimo detalhe que possa ser útil para montar esse quebra-cabeças. E eu vou ter que usar meu poder para isso, manipulando a minha melhor amiga.

Querendo ou não, eu ainda vejo o charme como uma manipulação, e usá-lo em Annabeth parece tão errado que passo mais tempo tirando sua mordaça do que deveria, e eu também não sei como começar a conversa, se vou direto ao ponto ou se mantenho sutil, perguntando de como anda sua saúde antes de perguntar porque Circe é pirada da cabeça. 

"Oi." Eu digo quando já estou mais afastada de Annie. Seja lá como essa conversa correr, não vou inventar mentiras, já basta estar tendo que manipular ela com meu poder. 

"Piper," ela fala com desgosto e isso me fere profundamente, "Pelo visto é aqui que os traidores se escondem."

"Infelizmente, esse foi o único lugar que sobrou depois que destruíram o acampamento... Você sabe que sua mãe vai te matar quando descobrir que fez parte disso, né?"

"Ela não vai fazer nada, ela e os outros deuses vêm menosprezando a vida de semideusas há tempo demais para se importar com algo tão minúsculo agora."

"E eu aposto que foi Circe quem te disse isso, não é?"

"Eu sou inteligente, ela não precisava dizer isso para que eu percebesse."

"Mas foi ela quem te disse esse discurso." apontei.

"Foi." ela disse meio à contra gosto, "Quando vocês traíram ela, alguém tinha que ficar para apoiá-la."

"Alguém tinha que ficar para ser a escrava dela, você quis dizer."

"Ela nunca faria isso!" Annabeth gritou de volta.

"E por que não seria? Ela te deu alguma prova de que você era mais que um peão para ela?"

Annabeth fez silêncio.

"Vamos lá, Annie, você é o peão dela ou não?"

"Eu não vou te contar, eu não sou burra, sei que você está usando seu poder ridículo comigo."

"Mas eu não estou usando meus poderes... Ainda." falei, e então comecei a usar o charme com ela: "Mas você quer me contar o voto de confiança que Circe te deu, Annabeth."

Ela permanece em silêncio, e diferente da outra vez, ela parece querer segurar a própria língua com as mãos para que a resposta não escape de sua boca.

"Vamos lá, Annie, me conte porquê você é tão importante para Circe." Coloco tanto poder em cada palavra da frase que eu mesma fico tentada a falar os votos de confiança que Circe me deu quando eu ainda estava sob seus feitiços, a sensação me faz me sentir mal, eu estava mesmo manipulando Annabeth para que ela me contasse seus segredos.

"Circe me fez a líder de suas tropas, potencializou meus poderes de estratégia com seus feitiços e criou uma ligação empática entre nós duas." 

"Uma ligação empática?"

"Sim." Annabeth diz quase cerrando os dentes.

Eu permaneço em choque. Se há uma ligação empática, ela e Circe podem conversar mentalmente, Circe pode estar vendo tudo o que está acontecendo agora, mas segundo o que Percy e os outros acham, pode haver algo mais, por isso tento buscar por mais pistas sobre o que é esse feitiço que Annabeth acredita ser uma ligação empática.

"E você fala com Circe, se comunica com ela pela mente? Ela vê o que você vê?

"Nos comunicamos pelo cristal de sangue, ela diz não gostar de conversas em sua mente."

"Claro que não, Circe não deixaria que entrassem na mente dela, mas você deixaria que ela entrasse na sua, não é?"

"Sim."

"Ao ponto de ligarem suas almas, mesmo que isso pudesse custar sua vida."

"Sim."

"Annabeth, você matou Quíron?" eu falo por fim, eu já estava sem perguntas, e aquela era uma das poucas que continuava a martelar em minha cabeça.

"Sim."

"Mas por qual motivo?"

"Circe disse que eu deveria fazer, para desestabilizar vocês, e mesmo que tenha me machucado um pouco, meu corpo fez a ação no automático."

"Como assim no automático?"

"Minha mente ficou turva e eu lembro vagamente de eu esfaquear Quíron pelas costas várias vezes, lembro de sons abafados, é como se a lembrança estivesse acontecendo no fundo da minha mente, e então, quando minha mente ficou clara de novo, eu estava cheia de sangue em cima de um Quíron em pedaços."

"Ok, descanse um pouco." eu digo lhe dando alguns goles de água antes que comece a dormir profundamente.

 

[...]

 

"Essa ideia parece horrível!" Eu suspiro quando percebo que já estamos perto do acampamento e do exército de Circe.

"Isso é porque vocês decidiram escutar a ideia louca do Leo," Reyna resmunga, "eu acho incrível como não morremos antes, é só olhar para o Leo e ver que ele é doido de pedra, passa mais tempo colecionando graxa importada do que realmente falando com as pessoas."

"E você se apaixonou por tudo isso, dulzura." ele responde sorrindo.

"Eu sei, não sei onde estava com a cabeça."

"Com a cabeça eu não sei, mas na hora você estava com a boca colada na dele, Rey." tento não rir quando aponto isso e ela faz uma careta para esconder seu sorriso.

"Isso prova como eu não estava sã para seguir esse garoto," ela bufa, "E outra, como que esse plano vai dar certo, hein? Tem tantas variáveis que eu fico até com medo de dar mais um passo."

"Você poderia confiar um pouco mais nos meus plano, mi Reyna." Leo fala, "Tudo bem que eu fiz pouco gás do sono, mas é o suficiente para a gente entrar no acampamento, e outra, a gente sabe atuar, é só fingir que se rende para que a batalha pare, aí eles vão achar que venceram e a gente dá um pedala Robinho neles."

"Quando você repete isso, eu fico com mais vontade ainda de ser só um pesadelo que eu estou tendo."

"Pô, Reyna, mas daí você confia em mim, né?!" Exclamei, "Eu sei que o meu charme não é lá tão forte, mas vai dar para pelo menos parar o feitiço enquanto ganhamos tempo."

"Ganhar tempo para quê? Para vencer a batalha? A gente tem umas 10 pessoas prontas para lutar e eles têm umas 10 mil. Olha a diferença!"

"Seu pessimismo vai acabar matando a gente um dia, a gente tem que pensar positivo para atrair as coisas boas." Leo falou.

"Oh, sim, vamos atrair energias boas, porque isso realmente existe." Reyna debocha.

"E desde que tu nasceu, tu estava sabendo que era uma semideusa com poderes e que o acampamento de férias era só disfarce para um acampamento de semideuses, né?" eu disse.

"Touché."

Assim que Reyna termina de falar, Leo para do nada, fazendo com que eu e Reyna nos batêssemos contra ele pela falta de aviso.

"Ali." ele fala baixo apontando para o acampamento inimigo, "Todo mundo sabe os códigos, né? E os codinomes? Eu sou valdelícia, Reyna é icekiss e a Piper é flautinha de bambu."

"Não." eu e Reyna falamos ao mesmo tempo, porque Leo vem tentando implementar essa ideia de espião há um tempão e parece ainda mais ridículo quando ele fala em voz alta. 

"Táááá."

Descemos o morro até o acampamento inimigo nos escondendo através da mata, intercalando em quem ia liderando o caminho. Com o mapa que Leo conseguiu desenhar a partir das confissões de Luke, nós seguimos até perto da maio área com tendas rivais e tiramos dos nossos bolsos as bombas de gás do sono que Leo fez para nós. 

As bombas lembram bolas de gude, e tentamos fazer com que rolassem para dentro do maior número de tendas possíveis, quando acabamos essa parte, Leo aperta um botão e podemos ver a fumaça saindo e barulhos de bocejos antes de o completo silêncio reinar. 

Eu, Leo e Reyna colocamos máscaras e entramos no acampamento seguindo até a tenda onde Annabeth diz ter se alojado, a tenda do comandante do exército.

A energia do local é tão pesada que quase acho que uma das bolas de gude foi parar ali, tem um grande espaço, mas poucas entradas de luz, há mais mapas táticos e papéis espalhados do que eu havia pensado também.

"Annabeth tinha falado que tem um cristal de sangue que Circe usa para se comunicar com ela." eu falo apontando o que precisamos achar ali.

"Um cristal de sangue é um cristal vermelho?" Leo pergunta, e eu sei quando olho para Reyna que ambas sabemos do que se trata.

"O cristal de sangue é um cristal em forma de prisma que dê para furar o dedo até sangrar." ela explica. "Circe tem milhares deles na sua ilha particular."

"E onde Annabeth guardaria isso?" me questiono, "Aqui está tão escuro que dificilmente vamos achar o-"

"EITA CACILDA E SUA FILHA!" Leo grita de repente e eu paro de olhar entre os papéis para ver o que aconteceu.

"O que foi?" Reyna pergunta.

"Alguma coisa perfurou meu cu!" Leo exclama e aponta para perto de um baú encoberto, "Eu fui sentar ali rapidinho para amarrar meu cadarço e foi só eu encostar que esse baú tentou me molestar!"

Eu e Reyna corremos até o baú empurrando Leo para fora do caminho e tirando a capa que está sobre ele, o tecido está sujo e isso automaticamente faz com que uma nuvem de areia ameace interditar a tenda. Demora um pouco para conseguirmos ver o que achamos, mas assim que a nuvem passa, Reyna segura o cristal em sua mão.

"É isso mesmo," e então ela estende para que eu pegue, "Pipes, é com você."

Eu pego o cristal de sangue e o sinto quente e formigando de tanta magia presente, penso em furar meu dedo e ver se consigo falar com Circe até que ela fique do nosso lado por tempo suficiente, mas Reyna para o caminho do meu dedo antes que eu consiga pressioná-lo com força o suficiente.

"O que foi?" pergunto confusa.

"Você vai mesmo furar seu dedo e tentar enrolar a Circe?"

"Você tem outra ideia? Por que esse era o plano, né?"

"Mas esse plano é tão fajuto!" Ela exclama, "Sério, você está segurando esse prisma como se ele tivesse queimando os seus dedos, e as filhas de Hécate falaram que se isso acontecesse, isso significaria que ela estaria poderosa demais para cair só no seu charme."

"A gente não tem escolha!"

"Ah, mas a gente tem sim, o Valdez aqui estava tão concentrado nas bolinhas de gude que dá sono que nem considerou juntar o seu poder com o de Hécate para manipular a névoa e-"

"Mas eu pensei nisso!" Leo fala ofendido.

"Pensou?" Eu e Reyna perguntamos ao mesmo tempo, e então Reyna continua: "Se você pensou nisso, então por que não adicionou isso no seu plano?"

Leo fica em silêncio, mexendo nas molas barulhentas de seu casaco, e encara o chão tão culpado que sinto o olhar de Reyna o matando.

"O que você fez?"

"Nada!" ele responde.

"Nada?"

Ele fica em silêncio, e antes que eu possa impedir Reyna, ela lhe dá uma chave de xota que o imobiliza no chão com a respiração trancada. 

"Você tem 10 segundos para me dizer o que você fez antes de eu te dar um mata-leão de verdade." Reyna ameaçou.

"Eu falo! Eu falo!" ele se rende, "É que Hécate deu um cartão ilimitado para a gente como um sinal de aliança e eu realmente consegui estourar o cartão ilimitado, daí ela vai me fazer pagar e eu vou ficar com tanta dívida que o Serasa vai ter que transferir a dívida até chegar nos meus tataranetos."

"ISSO É SÉRIO, VALDEZ?! A PIPER ESTÁ BRINCANDO DE O CHÃO É LAVA COM O PRISMA AMALDIÇOADO DA CIRCE E VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO COM O SERASA VINDO ATRÁS DE VOCÊ E DOS SEUS TATARANETOS?!"

"Mas, Reyna, são os nossos tataranetos, dulzura!"

"E até lá a inflação vai estar tão alta que uma dívida a mais ou a menos não vai fazer diferença, vamos, chama logo a Hécate!"

"Sai de cima de mim primeiro, o que você tem de bonita, tem de pesada!" ele resmungou.

"Quer ver eu te fazer morrer antes mesmo dessa missão terminar?!"

"Ok, ok, eu chamo Hécate!"

Leo tira uma chave prateada de seu bolso com uma logomarca de meia lua, ele leva a chave até que a pouca luz que tinha a tenda estivesse em contato com o metal, ele move a chave de forma que a logomarca de meia lua seja reproduzida no pano da tenda.

"Ἑκάτη, Ἑκατός Hekatos." ele diz, e automaticamente meu cérebro me dá a tradução: Hécate, a que opera à distância.

Um vento passa contra o pano da tenda onde a meia lua se encontra, e dali começa a tremeluzir até que um clarão comece a sair dela.

"Fechem os olhos, ela provavelmente ainda está em sua forma divina!" Leo avisa e eu me encolho fechando os olhos e dando as costas para a luz forte. Um calor se rompe no cômodo e eu fico tentada a virar, mas sei que talvez ainda não seja a hora.

"Pode se virar, Piper McLean." uma voz aveludada e feminina me avisa, e quando meu olhar segue a voz, vejo uma mulher na casa dos 30 anos com cabelo escuro e espetado, prateados e com uma jaqueta de couro com duas tochas costuradas. 

"Milady," Leo fala se curvando para Hécate, "É um prazer estar em sua presença novamente, vossa divindade."

Hécate torce o nariz.

"Não estou tão certa disso, menino Valdez, eu já vi minha fatura do cartão, e juro que poderia ter te feito em pedacinhos naquele momento, mas me foquei na importância dessa missão." ela diz, "E temos que ser rápidos, a cada momento que passa, Circe se torna mais forte e eu sei do que meus filhos podem ser capazes."

"Hécate," a chamo, "Temos quase certeza de que há uma magia muito forte de Circe aqui, algo envolvendo mais do que um pacto de sangue, mas não temos certeza se estamos certos."

"Me passe o cristal de sangue," ela pede, e quando finalmente segura o objeto, ela ri quase orgulhosa, "É uma conexão de alma sim, mas algo muito maior do que imaginam, é como um roteador de Wi-Fi, isso faz com que o poder dela se estenda do Mar de Monstros até aqui, é por isso que os exércitos que enviou estão imparáveis."

"E o que sugere fazer, milady?" Reyna questiona.

"Uma conexão de alma nesse nível só pode ser cortada por quem o criou, se querem ter uma chance, é necessário que convençamos Circe a cortar essa conexão por tempo suficiente para que eu consiga trazê-la para cá e para que o exército de vocês capture o exército dela. Ela só irá parar quando não houver mais alternativas."

"E como faremos isso, milady?" eu pergunto.

"Me dê sua mão, Piper McLean." E quando nossas mãos se unem, eu posso sentir a eletricidade de nossos poderes se combinando, o sussurro de sua voz me lembrando que o charme não é uma maldição, e sim uma bênção, que aqueles que me fizerem acreditar do contrário tinham apenas inveja do que eu estava destinada a alcançar.

Eu sinto meu corpo ficando leve, a minha visão se juntando a de Hécate e eu sei o que precisa ser feito. Meus dedos percorrem o prisma de cristal e eu pressiono a sua ponta até que gotas gordas de sangue derretam por seus lados. Eu a chamo em pensamento e não demora para que a imagem dela apareça reproduzida no pano. 

Antes que ela possa falar algo, eu pisco os olhos, a junção de meus poderes com o de Hécate faz com que esse mínimo gesto esculpa a névoa de modo que eu sei que está sendo transmitida para o outro lado da chamada. 

"Você ainda não veio." Eu digo, "Você disse que iria vir."

"Piper McLean, eu não me lembro de-"

"Toque a minha mão, venha." e há tanta magia no que eu falo, tanta manobras de névoa que é em questão de segundos até que Circe atravesse a transmissão de cristal e esteja em carne e osso do meu lado. "Liberte todos de sua submissão involuntária, liberte o exército."

Circe parece querer lutar contra o poder das minhas palavras, é quando Hécate aperta minha mão com um pouco mais de força e eu ouço nossas vocês gritarem um: agora!

Tudo o que acontece depois é um borrão, há tanta magia em minha visão que eu me sinto zonza, eu posso estar me sobrecarregando, ou deveria ter me sobrecarregado, de algo forma Hécate me mantém firme. Enquanto todos ao meu redor buscam prender o exército, eu me mantenho na tenda com Circe, conversando e usando o charme, sugando tudo o que posso sobre o feitiço de alma e como cortá-lo.

Demora até que eu consiga fazer com que ela me conte tudo e que eu consiga entender como cortar a maldição: eu preciso prender sua alma num jarro feito por Hécate. E mais, o que eu preciso fazer para aprisionar sua alma. 

"Durma." eu mando com o charme e, naquele ponto, meu poder está tão denso que ela fecha os olhos e ronca imediatamente.

Eu busco por uma faca e me obrigo a conseguir cortar a carne de seu pulso até que eu consiga encontrar a pérola da alma, o processo me faz passar mal diversas vezes, Hécate precisa me auxiliar, ela não pode se envolver nisso ainda mais diretamente, e quando finalmente consigo colocar a pérola da alma dentro do jarro, posso sentir a força de Circe se extinguir rapidamente. Agora a única fonte de poder ali era a que emanava das minhas mãos e das de Hécate unidas. 

"Conseguimos." suspiro por fim, prestes a desmaiar em seus pés. 

"Quase, Piper McLean, preciso que mantenha o corte aberto para que eu possa tirar os poderes dela e o selar dentro do jarro."

É difícil, porque meus braços parecem gelatinas, e eu não posso desunir nossas mãos até tudo estar acabado. Meus ouvidos ficam zumbindo enquanto tento manter minha força e eu posso ver a forma como o dedo de Hécate enfiado na carne de Circe brilha enquanto ela fala em um grego mais antigo do que sou programada para entender, quando ela retira o dedo, há um fio de cabelo encoberto de sangue que é jogado dentro do jarro onde a pérola da alma está alojada. 

"Σφράγισε αυτό το πιθάρι όπως σφράγισες την ψυχή σου, ο δρόμος κλείνει, ανακαλείσαι." ela diz fechando o jarro de barro.

Lacre esse jarro como lacrou a alma, o caminho está fechado, você foi revogada.

"Acabou?" Pergunto, "Esse é o fim."

"Tudo tem um fim, Piper McLean, ou ao menos deveria ter."

"É o meu fim?" pergunto, pois estou mole e fraca demais, minha língua parece pesada e eu já não consigo manter meus olhos abertos. Estou morrendo.

"É o fim de sua missão." Hécate diz, e depois sinto o calor de sua forma divina ressoando em mim, facilitando para que eu tivesse alguns minutos a mais de vida, porém quando caio no sono, sei que não vai ser mais possível acordar.

 

[...]

 

A minha cabeça gira quando eu consigo abrir os olhos, a minha boca tem gosto de biscoitos de chocolate, o mesmo sabor dos biscoitos que comi quando conheci Annabeth e Reyna.

"Oh, meus deuses, ela finalmente está acordando!" ouço a voz de Annabeth falando longe e quando finalmente consigo abrir os olhos, ela e Reyna me cercam com lágrimas nos olhos.

"Vocês também morreram?" minha voz rouca pergunta baixo.

"Não, mas a gente estava em te matar se você morresse de verdade!" Reyna diz, "Eu não acredito que você quase se esgotou usando demais seus poderes, McLean."

"Era o que tinha que ser feito, Hécate-" e então uma coisa mais importante passa pela minha cabeça, "Funcionou? A missão deu certo?"

Annabeth e Reyna riem.

"Sim," Annie diz, "Circe está sem poderes e foi mandada para o Tártaro, para que pudesse fazer provações pela eternidade como uma punição."

"Isso, e todo mundo que estava no feitiço de submissão foi perdoado, e graças a um acordo feito entre Annabeth e Hécate, Quíron foi ressuscitado e trazido para o acampamento, ele entendeu completamente a situação. Tudo está bem."

"Todo mundo está bem." Annie me impede de fazer mais perguntas, ela sorri e então morde o lábio inferior prestes a chorar. "Me desculpa, a última vez que a gente se viu eu disse que você era incapaz de ser uma heroína, que você era inútil para a guerra e muito mais. Eu fui uma péssima amiga, eu até cheguei a cogitar te matar para deixar que Circe vencesse."

"Annie, foi o feitiço, nada disso é sua culpa."

"É sim, foi muito mais do que o feitiço, eu quis acreditar nas palavras de Circe, ela me prometeu tanto poder e-" ela começa a chorar, Annie é obrigada a parar de falar por uns segundos até que possa continuar, "Me desculpa, me desculpa mesmo!"

"Você está desculpada desde o início!" eu digo, "Somos as três mosqueteiras, não é?"

"Sempre!" Annie confirma.

"E falando em três mosqueteiras... Vocês sabiam que ainda dá tempo de participar do Olimpo Games?" Reyna pergunta.

É, realmente, tudo tem um fim, ou deveria ter, e apesar de a missão ter finalmente acabado, eu sabia que o verão não podia terminar sem que a gente ganhasse o Olimpo Games, e isso me fez sorrir.

 


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Notas finais do capítulo

E esse é o fim.

Eu gostaria de agradecer a todo mundo que acompanhou até aqui, independente se esteve aqui desde que o primeiro capítulo foi postado, se acompanhou anos depois ou se só está tendo a oportunidade de ler depois que a história foi concluída. Se você chegou até aqui, muito obrigado por ler!

Eu sei que a Jess provavelmente gostaria de estar aqui agradecendo (e ela está!), ela que criou tudo isso aqui desde o começo e merece todos os créditos por isso, as piadas dela me fizeram rir desde o dia 1 e a maneira como ela escreve me inspirou todos os dias em todos os capítulos que eu postei aqui. Jess, você é incrível demais e eu sou TÃO GRATA de ser sua amiga que vc nem pode imaginar.

Eu não sei o que vem depois de Be Your Hero, mas espero que vocês se animem em acompanhar. E mais: teremos um epílogo, e eu pretendo postá-lo em algumas horas :)

Por favor, deixem um comentário sobre os melhores momentos de vocês nessa história e digam qual o próximo plot que vcs gostariam de ler!

Xx

Laísm em um novo ciclo.



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