Sam ainda estava acordado quando os primeiros raios de sol começaram a invadir o quarto.  Era mais um dia que começava, graças a Deus. A quinta-feira haveria de ser melhor que o dia anterior...

O menino estava cansado. As 10h tinham prova de história. Ele ponderou se deveria se esforçar para assistir a aula de geografia que começava às 8h. Dean dormia apoiado sobre seu corpo e parecia melhor, mas nem que quisesse teria coragem de acordá-lo... E foi assim que Sam decidiu que mataria a primeira aula do dia e conseguiu cochilar um pouco.

Horas mais tarde Dean acordou, sem querer despertando Sam também.

- Já são 9:30! – Sam exclamou exasperando quando olhou o relógio. – Temos prova as 10h, Dean!

Dean bocejou como se a prova de história fosse a menor de suas preocupações. Estava decidido a não fazê-la. Talvez fosse melhor mesmo ele descansar mais para se recuperar.

- Eu digo a professora que você está passando mal, Dean. Depois você faz a segunda chamada...

Apressado, Sam se vestiu e despediu-se de Dean prometendo voltar mais tarde, depois das aulas. Um tempo sozinho poderia fazer bem ao louro. Sam aguardava com ansiedade o momento em que ele percebesse que não estava de fato morrendo. 

Apesar de bastante cansado, Sam fez boa prova e passou um dia razoavelmente tranquilo ao lado de seus amigos Castiel e Oliver. Contou a eles sobre a atitude covarde de John Campbell de não comparecer a escola. Foi bom desabafar com eles.

Por volta das 16h, após a última aula do dia, Sam foi até o quarto de Dean. Quando o louro abriu a porta, Sam notou como estava pálido. Pelo menos não estava mais chorando sem parar...

- Dean, você está passando bem? Estou te achando pálido... – O moreno então perguntou.

- Estou bem... – Dean respondeu com voz suave, como de costume.

Sam notou que ele estava ainda de pijamas.

- Você ficou trancado no quarto o dia todo? – perguntou espantado.

- Sim, fiquei por aqui mesmo...

- E comeu o que?

- Biscoito...

- Dean, você tem que comer... – Sam se preocupou. Dean realmente não estava sabendo se cuidar. Assim ia acabar ficando doente de verdade.

Dean não parecia a vontade de sair de seu “ninho”. Por algum motivo estava receoso em sair do quarto, como se o mundo lá fora fosse hostil e perigoso.

Sam o “obrigou” a tomar um banho e trocar de roupa para jantarem juntos. Comida de verdade!

- Vamos lá, Dean. Sair um pouco desse quarto abafado vai te fazer bem...

O moreno precisou praticamente puxar o louro para fora do quarto.

Estava um dia bonito. Quando viu o lindo entardecer cor-de-rosa e um par de borboletas amarelas voejando pelo jardim, Dean pareceu se alegrar um pouco. Sam percebeu um sorriso discreto, porém sincero, nascer em seus lábios, e ficou satisfeito com a perspectiva de logo poder vê-lo feliz de novo.

- Hey, bichinhas!

O olhar de Sam se encontrou com o de Clark. Estava acompanhado de Donald, um menino que havia recentemente entrado na escola e já se unira à gangue do chute.

- Onde os veadinhos estão indo? Transar em alguma moita?

- Não é da sua conta. – Sam respondeu mau humorado.

Dean ignorou-os por completo. Donald olhou para eles com ar de deboche.

- Quem são essas bichas que eu ainda não conheço? Posso chutá-los? – perguntou o garoto, já doido para mostrar toda a fama de valentão que trazia da antiga escola.

- O mais alto se chama Sam, e ele é o veado mais veadinho da escola inteira – respondeu Clark, fazendo cara de nojo.

- E o louro de nariz empinado?

- É o Dean, o segundo mais gay – Clark disse rindo – Mas ele consegue ser mais insuportável até que o Sam...

Sam foi ficando enfurecido. O menino notou que Dean prestava atenção nas borboletas sem se abalar nem um pouco com a conversa dos colegas babacas. Como Dean podia se manter tão calmo?

Clark prosseguiu com os insultos, possivelmente irritado com a indiferença de Dean.

- Você acredita que ele é tão insuportável, mas tão insuportável, que nem o próprio pai gosta dele? A família abandonou ele aqui, todo mundo sabe disso...

Sam notou o olhar de Dean tornar-se triste e pesado. Logo agora que estava conseguindo se recuperar o imbecil do Clark vinha falar sobre o pai dele? O moreno não se conteve, jogou-se contra Clark e pôs-se a socá-lo com ódio.

- Sam, não faça isso! – Dean pediu assustado, mas Sam não conseguiu controlar toda a sua fúria. Socou Clark com tanto gosto que até Donald acovardou-se e saiu correndo dali. Pouco tempo depois voltou com o diretor.

- Parem já com isso! – Berrou Mark Shephard vigorosamente.

Clark estava com o nariz sangrando e protegia o rosto com as mãos enquanto Sam o atacava. O menino só parou com a agressão quando ouviu a voz do diretor.

- Esse troglodita me atacou! – gritou Clark enquanto tentava limpar o sangue que escorria.

- Sr. Kent, o Sr. está sempre arranjando confusão, tenho certeza que o Sr. Winchester não foi o único culpado nessa briga – respondeu o diretor secamente sem demonstrar nenhuma simpatia pelo seu machucado.

Sam deu um sorrisinho de lado.

- Sr. Winchester, não tem graça nenhuma. Os dois vão cumprir detenção amanhã. Estejam na minha sala as 8h sem atraso. E não se metam mais em confusão, ou a punição será mais severa. Já não é a primeira vez que vejo os dois brigando.

Dizendo isso Dr. Sheppard se retirou com expressão severa. Dean aproveitou para puxar Sam pelo braço e afastá-lo dos outros dois meninos.

- Sammy, você não pode sair atacando as pessoas assim... – aconselhou Dean, preocupado.

- Eu não tenho sangue de barata! – Sam respondeu um pouco mau humorado. Por causa do imbecil do Clark teria que cumprir detenção na sexta-feira.

Ainda abalados com o acontecido, os meninos jantaram com pressa e voltaram logo para o quarto de Dean. Sam pretendia ficar por lá por umas duas horas apenas. Quando estava quase se despedindo para ir dormir em seu quarto, Sam notou que Dean estava com febre de novo. A tosse também parecia ter voltado com força total.

- Acho melhor dormir aqui com você essa noite também... – Sam então disse, preocupado com o amigo.

Dean não concordou. Sam estava muito cansado e precisava acordar cedo no dia seguinte.

- Pode deixar que eu vou ficar bem, Sammy. Vai dormir no seu quarto que é melhor. Eu vou te atrapalhar tossindo o tempo todo.

Sam ainda insistiu um pouco para ficar, mas acabou sendo convencido. Ele provavelmente não aguentaria mais uma noite sem dormir. Quando o moreno já estava se despedindo, foi surpreendido por um pedido de Dean.

- Sammy, tenta sair da detenção antes das 16h... Assim ainda teremos tempo de ir até a praia...

- Ir até a praia?

- É... Amanhã é sexta-feira, lembra?

Sam não lembrava... Tinha esquecido completamente que havia prometido ir ver as estrelas com Dean naquele dia. Ficou impressionado com a insistência do louro.

Eu vou deixar tudo arrumado para a gente descer assim que você estiver liberado... - Dean acrescentou.

Sam concordou pois não queria discutir com seu amado novamente por causa disso. Depois pensaria no que fazer.

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Mark Sheppard passou uma lista de exercícios complicados de matemática para Sam e Clark resolverem. Apesar de insatisfeito com o castigo, Sam não pôde deixar de festejar o fato de que era bem melhor em matemática que o maldito Clark Kent. Aquele desgraçado iria penar muito mais que ele, e esse pensamento o fez feliz. Sentaram-se longe um do outro e evitaram trocar olhares, ambos se concentrando em terminar as tarefas o mais depressa possível.

Foram liberados rapidamente para o almoço, e fora isso permaneceram na sala o tempo todo. Por volta das 14h Clark levantou-se triunfante. Olhou para Sam de maneira esnobe e entregou os exercícios feitos para o diretor. Sam, que ainda estava empacado com duas ou três questões, irritou-se.

Dr. Sheppard deu uma olhada, apontou vários erros e mandou Clark sentar-se de novo para corrigi-los. Ponto para Sam, que festejou em pensamento. O menino conseguiu finalizar seus exercícios antes que Clark pudesse corrigir os dele. Já ia se levantar para entregá-los ao diretor quando lembrou-se da praia. Olhou no relógio: eram 15h. Estava um frio de matar, e Dean com tosse e febre. Parecia uma ideia horrorosa passarem a noite ao relento...

Sam suspirou, ajeitou-se na cadeira e deixou o tempo passar. Engoliu o orgulho quando viu Clark entregar o trabalho primeiro que ele e sorrir vitorioso. “Que se dane”, pensou Sam. Preferia ficar ali mais um pouco. Só assim teria um álibi perfeito para evitar a praia por mais uma noite.

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Desculpa, Dean... O Dr. Shappard pegou pesado, só consegui terminar os exercícios agora...

Sam sentiu-se um pouco culpado por mentir para o seu amor. Dean parecia extremamente decepcionado. Estava com uma bolsa arrumada com água, suco e lanches, prontinho para descer e apreciar as estrelas. Já estava escurecendo, entretanto.

Ahh, Sammy... Tudo bem. - suspirou o louro – não foi culpa sua...

Sam assustou-se com o ataque de tosse que se seguiu. Dean quase perdeu o fôlego.

Dean... Essa sua tosse piorou? - Ele exclamou surpreso. Esperava que louro estivesse melhor.

Dean assentiu. 

“Se o Dean não melhorar até amanhã eu o arrasto para a enfermaria...” - pensou o moreno. Lancharam as guloseimas que Dean tinha comprado para levar a praia e foram dormir cedo. Dean ainda insistiu para que Sam fosse dormir tranquilo em seu quarto, mas dessa vez o moreno não concordou. Ficaria acordado a noite toda se fosse necessário, mas iria cuidar para que Dean melhorasse logo de uma vez.

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