O Castelo Dos Meninos escrita por Lady Padackles


Capítulo 12
Capítulo 12




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Capítulo 12

Dean e Sam chegaram a escola de manhã bem cedo. Avistaram apenas o jardineiro, Seu Vicente, andando a esmo, e correram em direção oposta para não serem vistos. Despediram-se rapidamente quando chegaram a porta do quarto de Dean, e Sam seguiu em direção ao seu.

Assim que chegou, Sam tomou um banho demorado. Sua cabeça fervilhava com tudo o que vivenciara desde a tarde do dia anterior. Era uma sensação estranha, uma mistura de sentimentos bons e ruins, e alguns até inéditos para o menino. Sentiu angústia ao se lembrar da briga e da doença hereditária da família de Dean. Depois lembrou-se do casaco do amigo sobre seu corpo, e seu coração encheu-se de ternura. Lembrou-se do primeiro beijo, das carícias... e sentiu como se estivesse nos céus, pisando sobre nuvens. Mas como ficaria a sua relação com Dean agora? Um frio subiu por sua espinha, trazendo nervosismo, ansiedade e possivelmente até medo.

Sam não se sentia em condições de comparecer as aulas aquele dia. Estava exausto, principalmente emocionalmente. Terminado o banho, colocou um pijama e devorou os biscoitos e chocolates que tinha no quarto. Deitou-se na cama e tentou dormir. Foi em vão. Virava-se de um lado para outro sentindo milhões de coisas ao mesmo tempo. Desejou voltar a ser uma criança pequena, preocupada apenas com bolas e pipas, mas a adolescência chegara e com ela toda aquela agonia. Teve vontade de chorar.

Queria ir ao encontro de Dean e decretar que o amava. Queria ter certeza de que era correspondido, e de que Dean queria o mesmo que ele. Mas o louro devia estar dormindo, e além disso não queria parecer desesperado demais. Tinha que se acalmar e deixar as coisas acontecerem naturalmente. Acabou por decidir que iria até a biblioteca, tentar resolver outra coisa que o afligia. Precisava pesquisar sobre doenças hereditárias e descobrir que desgraça de doença era aquela que matara a mãe e o irmão de Dean. Só conseguiria sossegar quando se certificasse de que as chances que louro tinha de contraí-la eram mínimas.

A biblioteca era enorme, escura e sombria. Sam notou como parecia antiga, de uma forma majestosa. Mesas e cadeiras pesadas, de madeira trabalhada, ocupavam quase todo o primeiro andar. Escadarias enormes levavam ao andar superior que exibia estantes que iam até o teto, abarrotadas de livros.

Sam procurou a seção que falava de medicina e saúde. Achou livros muito, muito antigos... Deu uma folheada, mas logo percebeu que não tinha informação suficiente para prosseguir com sua pesquisa. Teria que descobrir mais detalhes, como o tratamento e os sintomas da doença... Olhou no relógio. Meio dia. Decidiu ir almoçar com os outros alunos e assistir às aulas da tarde, não queria que seus amigos desconfiassem de alguma coisa. Apesar de aparentemente estarem engolindo suas desculpas, ele precisava ser cuidadoso. Disse que havia perdido a hora e dormido até mais tarde.

Quando as aulas terminaram, Sam despistou a todos como de costume. Estava na hora de se encontrar com Dean. Chovia forte, e isso significava que o encontro seria no quarto do louro. O menino estava nervoso, pois não sabia como se portar... Deveria tratá-lo como um "namorado"? Falar palavras de amor? Dizer o quanto seus olhos eram belos? Ou simplesmente beijá-lo e envolvê-lo em seus braços?
Bateu na porta. Dean abriu, deixando-lhe entrar.

- Que chuva, hein? – o louro comentou, displicente, como se falar do tempo fosse algo aceitável em uma situação como aquelas.

O moreno permaneceu calado. Suava frio. Aparentemente, entretanto, para Dean falar do tempo parecia apropriado...

- Quem diria... O tempo parecia tão firme hoje de manhã, não é mesmo? Mas tudo bem, estou mesmo cansado para ir a praia hoje... Vamos brincar com o Ben?

Sam balançou a cabeça afirmativamente, um pouco decepcionado com o rumo que as coisas estavam tomando. Então Dean fingiria que nada havia acontecido?

O louro pegou o camundongo e colocou-o sobre a cama. Ofereceu-lhe um pedacinho de queijo e sorriu ao vê-lo segurar o petisco com as mãozinhas e roê-lo.

- Ele não é lindo? – perguntou o louro olhando para o roedor carinhosamente.

"Não tão lindo quanto você..." – Sam pensou em falar, mas apenas suspirou. Pelo jeito Dean não queria levar aquela amizade a outro nível. Tinha que engolir seus sentimentos e a vontade de chorar.

- Quer jogar xadrez? – Dean perguntou, tirando Sam de seus pensamentos.

- Não... Estou com sono... Vou perder feio... – O moreno respondeu, fingindo um sorriso que saiu demasiadamente discreto.

- Vou tocar piano então, pode ser?

- Pode... – respondeu sem muito entusiasmo.

Dean começou a tocar uma música animada, o que desanimou Sam ainda mais. "Nem mesmo tocar música romântica ele toca...", praguejou em pensamento.

Assim que o louro terminou de tocar, e fez menção de iniciar uma nova canção, Sam decidiu que era hora de saber mais sobre a tal doença hereditária. Já que aquele encontro falhara miseravelmente no quesito romantismo, que pelo menos servisse para trazer-lhe as informações que necessitava.

- Dean? – chamou o moreno. – Me diz uma coisa... Essa doença que a sua mãe e seu irmão tiveram... Quais eram os sintomas, hein?

O louro parou o que estava fazendo e olhou para ele arregalado. Empalideceu.

- Por que está perguntando isso? – disse com a voz fraca.

- Curiosidade... – respondeu Sam, já se arrependendo de ter feito a pergunta. Não pretendia aborrecer o amigo, nem trazer-lhe recordações infelizes. Talvez a irritação que sentia o houvesse levado a agir com tão pouco tato.

Dean se afastou do piano. Sentou-se próximo a Sam, e disse encarando o chão.

- Febre alta, calafrios, dores, tosse, perda de peso...

"Só isso?" Perguntou-se Sam. Aqueles sintomas pareciam de gripe! Como podia uma doença dessas não ter cura? Doenças incuráveis geralmente eram aquelas horrorosas, degenerativas... Talvez o pai tivesse escondido muitas coisas de Dean para poupá-lo do sofrimento... Aquela informação não o havia ajudado em nada, tinha que descobrir alguma coisa...

- E o tratamento?

Dean olhou para ele, novamente pego de surpresa. Sam pensou que o louro fosse questionar a sua curiosidade mórbida, ou simplesmente se recusar a falar, dada a expressão de pânico que tomou conta de seu rosto. O menino, entretanto, engoliu em seco e respondeu com a voz trêmula.

- O tratamento é sofrido... Jejum quase absoluto, sangramento provocado por cortes ou sanguessugas. Para a febre o médico usava cobertores para provocar suores, ou as vezes banhos com gelo...

Sam arregalou os olhos e ficou boquiaberto. De que Dean estava falando? Pela sua descrição o médico de sua família era um druida do século passado... Será que o louro estava mentindo para ele? Por que motivo faria isso? Ou será que ele era doido de pedra, e acreditava em tudo o que dizia? Depois teve certeza de que era apenas uma brincadeira e que Dean iria começar a rir a qualquer momento por tê-lo enganado. Sam então se arriscou a perguntar, em parte testando se era uma brincadeira ou não.

- E não existe um tratamento mais moderno? – Disse em um tom intermediário entre o gozo e a compaixão.

O louro continuou olhando para baixo, com uma expressão triste. Sua resposta foi simplesmente "não".

Confuso o moreno ficou sem ação. Sentia vontade de contestar aquela informação sem sentido, mas Dean parecia acreditar no que estava dizendo. Achou por bem não perguntar mais. O clima no quarto já estava pesado o suficiente.

- Estou cansado – Dean então disse, cortando o silêncio. Aquela era a deixa para Sam deixá-lo em paz e voltar para seu quarto.

Sam se despediu com o coração apertado. Aquele encontro com Dean havia sido um desastre em todos os aspectos. O romance entre eles não havia prosperado, e Sam acabara inclusive aborrecendo Dean com perguntas cujas respostas só serviram para deixá-lo ainda mais confuso.

O moreno voltou para o quarto arrastando os pés e enxugando uma ou outra lágrima que rolavam em seu rosto sem pedir licença. Sentia-se perdido, completamente perdido...

Assim que abriu a porta de seu quarto, chocou-se com a cena que viu. Lá estavam seus amigos, Oliver, Clark e Castiel, sentados em sua cama. Os meninos o encararam, e Sam teve vontade de sair correndo dali.


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Notas finais do capítulo

Passarei a atualizar essa história todas as terças-feiras!



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