Eu não tenho medo de morrer. Depois disso não tem mais nada mesmo, pra mim não existe céu nem inferno e não, não sou ateia, e não tenho religião, pra mim isso é só mais uma coisa que atrapalharia minha vida.

Tinham me contratado para roubar uma caixa que estava no Hotel White Target, que estava no quarto 84.

Entrei no Hotel cautelosamente. Ele parecia bem antigo, e quase não tinha clientes nem funcionários.

Cheguei ao quarto 84, a porta estava destrancada, então eu a abri, não tinha ninguém lá, só a caixa, em cima de uma cama. "Está muito fácil" pensei "vou desistir, direi á mulher que me contratou uma desculpa qualquer, e tudo ficará bem"; aquele lugar, até cheiro de armadilha tinha. Provavelmente alguém estaria me esperando na porta dos fundos para me pegar, e, é claro, para não correr o risco, eu entrei no quarto mais próximo que estava com a porta destrancada e entrei. Lá não tinha ninguém nem nada; abri a janela, vi se dava para pular lá embaixo direto, e então eu pulei. Caí em pé, saí de lá bem rápido e fugi da armadilha.

...

De manhã arrumei as minhas coisas e arranjei passagens para o primeiro voo para NY, precisava descansar um pouco (já era meu 5º contrato para roubo naquela semana) e pensar quem  (dos meus muitos inimigos) fariam aquela armadilha só para tentarem me matar.

...

O avião tinha acabado de decolar, eu estava sentada em uma cadeira de frente para janela, quando recebi uma mensagem:

De: número restrito

Olá Elizabeth, boa viagem. P.S.: olhe pela janela

Recebido ás 15:17

18/05/2013

Eu, automaticamente, olhei pela janela, e vi alguém pulando do avião de paraquedas.

Mas eu logo depois me perguntei: quem foi que pulo? Quem me mandou a mensagem? Como sabiam que eu estava viajando?

Era óbvio: outra armadilha.

E então houve uma turbulência no avião.

– Senhores passageiros, – falou o piloto – estamos enfrentando um transtorno. Por favor, continuem em seus lugares e não se preocupem.

Eu não estava preocupada. Se eu fosse morrer, pelo menos poderia morrer vendo uma bela paisagem da janela do avião.

Acendi um cigarro.

– Senhora, – a aeromoça disse - por favor, apague o cigarro, é proibido fumar aqui.

– Dane-se eu vou morrer daqui á pouco mesmo.

–Senhora, eu não quero chamar o meu superior para resolver isso.

–Então não chame, ele está mesmo ocupado tentando salvar essas pessoas.

–Este foi meu último aviso senhora!

A aeromoça saiu nervosa, provavelmente iria tentar chamar o copiloto.

Peguei meu Ipod, botei na musica Two Fingers do Jake Bugg.

Outra turbulência.

Olhei para fora da janela; o céu estava lindo. Fechei os olhos e esperei tudo acontecer.

Via através de minhas pálpebras luzes piscando no avião, gritos ao fundo, pessoas rezando e outras se desesperando.

Acendi outro cigarro. A pessoa que sabia meu nome de verdade deveria estar feliz, eu iria morrer, ela tinha conseguido parabéns para ela.

"Como aviões demoram a cair" pensei comigo.

Botei em outra musica: Sky Fall da Adele. Uma boa musica para escutar enquanto morro em um avião.

Sky Fall – Adele

This is the end

Hold your breath and count to ten

Feel the Earth move and then

Hear my heart burst again

For this is the end

I've drowned and dreamt this moment

So overdue, I owe them

Swept away, I'm stolen

Let the sky fall

When it crumbles

We will stand tall

And face it all

Together

Let the sky fall

When it crumbles

We will stand tall

And face it all together

At skyfall

At skyfall

Skyfall is where we start

A thousand miles and poles apart

Where worlds collide and days are dark

E então um grande estrondo. E minha visão se escureceu completamente.