Entrei no refeitório e fui logo atrás de minha comida. Eu estava com muita fome. Peguei meu prato com a cozinheira, esperei que Jake  pegasse o dele e fomos atrás de uma mesa.

- Aqui... - eu disse apontando pra mesa mais proxima.

- Ok. - Jake disse, sentando-se o mais rápido possível na cadeira e começando a comer. Fiz o mesmo. - Aí cara, convidei a Victoria pra sair comigo sexta à noite. Nenhum problema, né?

- Nenhum. Victoria foi só por uma noite, cara.

     Fizemos silêncio e Jake começou a comer. Senti alguma coisa vibrar em meu bolso. Meu celular. Puxei ele do bolso, olhei no visor pra ver quem estava me ligando e coloquei-o proximo em meu ouvido.

- Oi Alice... - atendi, com má vontade. Por que ela tinha que me ligar agora? Não posso ter paz pelo menos na minha hora de almoço?

- Bebê. Onde você está e porque eu não estou te vendo?

     Passei minha vista naquele lugar, vendo se ela estava por lá e estava apenas brincando comigo. Não estava. Suspirei, aliviado. Sem chances de ela vir na minha direção e ficar querendo me dar beijos em público. Respirei fundo mais uma vez até que estivesse com paciência o suficiente para tornar a falar.

- Tô no refeitório e não sei porque você não tá me vendo.

     Jake olhou pra mim, fez uma cara de nojo que queria dizer: "Essa Alice é um saco". Ri.

- Você está comendo? O que? - ela perguntou. Me assustei com a pergunta. Não me lembro de Alice se preocupar com o que eu como ou se eu como.

- Não, não estou comendo. Tô falando no telefone com você agora. - respondi. Se fui grosseiro, nem percebi. A verdade é que já estava cheio disso. Toda hora meu celular tocando. Toda hora.

- Então tá, anjinho. Coma e depois me ligue.

- Ok. - disse e logo desliguei o celular.

- Não tá na hora de você dar o fora na Alice também? - Jake perguntou, arqueando a sobrancelha. - Sai dessa cara. Ela tá grudando muito no teu pé.

- Talvez você tenha razão... Talvez. - eu disse, confuso.

     Mexi minha colher na comida e pus em minha boca. Fiz isso mais umas duas vezes. Senti como se minha boca estivesse pegando fogo. Pensei em beber água, mas não tinha água perto de mim. Olhei ao redor. Nenhum sinal de um copo d'água. Meus olhos começaram a lacrimejar de tão quente que minha boca estava. PIMENTA! Colocaram pimenta em minha comida. Passei a mão em meus lábios, na tentativa de aliviar um pouco a dor. Não adiantou. Doeu mais. A cada segundo que passava, a dor aumentava.

     Levantei da cadeira, apoiando meus braços na mesa.

- O que foi, cara? - Jake me olhava assustado.

     Não respondi. Me apressei em procurar uma água o mais rápido possivel. Andei em direção a porta que dava entrada para o refeitório, por onde eu havia entrado, e tive a sorte de encontrar a cozinheira segurando uma bacia cheia de gelos. Sem pensar duas vezes, parei na sua frente, fazendo com que ela parasse também. Ela se assustou. Sem cerimônia, peguei os gelos da bacia que ela carregava e pus vários em minha boca.

     A reação de todos ali foi só me olharem assustados.

- O que foi? - a cozinheira perguntou.

- Vocês botaram pimenta nessa comida. - reclamei, em voz alta. Minha voz, por incrivel que pareça, começou a ficar fina, como se eu estivesse quase pra chorar.

- Hã? Não tem pimenta nenhuma. - a cozinheira ousou dizer.

- É, não tem mesmo. - Rosalie disse, numa mesa perto de mim, suspendendo o prato. - Quer provar?

- Não. - eu disse enfurecido.

     Sai dali furioso. Dia ruim. Dia muito ruim!