[P.D.V - Bella Swan]

     Segurei minha respiração. O que eu tinha acabado de falar? Certas coisas eu devia guardar só para mim, certas coisas eu não podia deixar transparecer. Não devia ser assim...

     Imagino como Edward agora vibrava por dentro por ter-me feito e continuar fazendo-me de idiota.

- Bella... - ele pausou.

- Ah, que lindo. Edward aqui tirando satisfações com Isabella Swan. Não é maravilhoso?

     Ela então surgiu, girando em torno dele e cumprimentando-o com um beijo

- Atrapalhei? - ela perguntou, limpando com os dedos qualquer vestígio de seu batom vermelho na boca de Edward. - Ou Bella ainda precisa contar mais mentiras pra você?

     Os olhos dele, então, mudaram completamente. Para quem eu achava que estava me explicando e percebia que estava me entendendo, agora já não me entendia mais. A máscara cobrira seu rosto novamente. Seria sonhar demais que teríamos paz. A esse momento, Rosalie já devia ter dito sua versão falsa pra Edward. E talvez fosse melhor ele realmente acreditar no que ela estava dizendo. Edward nunca fora o homem a minha altura. Ou talvez o certo fosse dizer que eu nunca fora à sua altura. Alguém popular, que causasse inveja nas líderes de torcida pelo corpo e rosto perfeito.

- Chega por hoje, não é Bella? Guarde suas mentiras para o dia primeiro de abril. - e, virando-se novamente para Edward: - Quer mesmo ouvir o que ela tem a dizer?

     Não sei onde, mas achei força o suficiente para encará-lo e novamente só vi ódio e tristeza. “Respire fundo, Bella”, mentalizei.

- Não. Você tem razão, chega por hoje. - ele suspirou e desviou seu olhar do meu.

     Prendi a respiração. Não. Eu sou forte. Eu sou... Focalizei o chão e ouvi ele sussurrar algo como “Só vou ao toalete, Rose” e com um beijo no alto de sua cabeça, despediu-se. Rosalie, sem nem sequer olhar para mim, saiu pela mesma porta de onde havia entrado.

     Fechei os olhos e só senti a quentura de minhas lágrimas descendo.

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[P.D.V - Edward Cullen]

 - Aceitas essa humilde maçã como.... - parei assim que Bella teve uma crise de riso. Fiquei frustrado.

- Continue, Edward. - apesar da claridade do sol, pude ver como ela estava feliz.

- ...prova do meu amor, para te amar, te respeitar, até o ultimo dia de nossas vidas? Quer se casar comigo, Isabella Swan?

     Dei três socos no meu travesseiro. Que droga! Depois de tudo o que eu descobri, como eu ainda poderia sonhar com ela? Com aquela tarde? Fechei os olhos no momento exato em meu celular tocou. Fui pulando minha mão pela cama até finalmente achar meu celular escondido por baixo das cobertas. Olhei no visor rapidamente... Ah, droga!

- Rosalie... - falei seu nome, pondo um tom de animação falsa. Que droga é essa? São 5:00 da manhã e Rose já me ligando?

- Meu amor. - ela falou tão alto e com tanta animação, que precisei desgrudar o telefone do ouvido antes que Rose me deixasse surdo. - Sabe de uma coisa? Acho que você está ficando sedentário. Que tal botar uma roupa e aparecer aqui na sua porta? Estou esperando por você. Não demora, xuxuzinho.

- Desço em um minuto. - pulei da cama na mesma hora e desliguei o celular. Isso era perfeito. Eu realmente precisava ocupar minha mente e excluir Bella do meu pensamento matinal.

     Corri para o chuveiro e me joguei na água gelada. Sim! Isso era só o começo pra que eu pudesse expulsar de vez todo o sono que eu ainda sentia. Hoje meu dia seria dedicado inteiramente a Rosalie. Não era lá tão dificil gostar dela, as suas curvas ajudavam e não era pouco. O fato de Rosalie gostar de mim era um fator importante também e o de ela nunca ter mentido por mim também, mas principalmente o fato de eu não gostar dela. É mais fácil relacionamento assim. Se acontecer algo, eu não me importo. Ela pode ter outros e que eu não importo, desde que os outros não saibam e eu não fique com fama de corno. Ela pode viajar, sumir, passar um ano sem noticias, que se exploda, eu vou continuar despreocupado e sem pensar se ela vai me dar noticias, se ela está com outra pessoa, se ela não gosta mais de mim, se ela está mentindo pra mim ou qualquer outra dúvida, que antes com Bella eu sentia. Isso não existiria mais pelo simples fato de eu não estar mais com Bella e sim com Rosalie, alguém que nunca iria me fazer sentir tudo o que eu senti com Bella e, honestamente, eu sentia um alívio por isso. Pra que eu vou querer sentir todas essas coisas idiotas com uma só mulher se eu podia me divertir com quantas outras garotas eu quisesse sem precisar sentir nada disso? A resposta estava óbvia... Elas não passavam de garotas e Bella... era uma mulher! Mas isso não vinha mais ao caso, já que nós não estavamos mais juntos. E no fim das contas, até que isso tinha um lado bom.

     Desliguei o chuveiro (...)

     Tranquei a porta e Rosalie já estava me esperando. Uau! Que arraso de mulher. Ela estava com uma daquelas calças próprias para academia de cor azul e uma blusa regata branca.

- Nossa, Rosalie. - segurei na ponta de seus dedos. ergui seu braço até o topo de sua cabeça e a girei, observando atentamente seu corpo. Assoviei. - Que perfeita!

     Rosalie abriu um largo sorriso e logo me puxou para um beijo de tirar o fôlego e impróprio para aquela hora e principalmente para quem estivesse por perto. Suas mãos inconseqüentes puxavam meu cabelo com tamanha força e sua boca sugava minha língua com tanta ferocidade que não me admiraria nada se eu saísse de lá com a boca roxa e com uma dor no pescoço daquelas... Por fim, ela finalizou um beijo com uma mordida no meu lábio inferior.

- Vamos!

     “Certo! Hoje você manda, Rosalie. E suas ordens até que são bem vantajosas e atraentes para mim, já que você não é a única beneficiada.”, pensei comigo mesmo.

     Pus-me ao seu lado e começamos a correr. Ficamos assim durante uns cinco minutos. Rosalie até que era boa... quando queria ser boa, ou seja, quando estava em silêncio ou me beijava. O problema não era exatamente quando ela abria a boca, mas por falar demais e por ser tão grudenta. Eu gostava dela. Até que eu realmente gostava. Mas era mais atração do que qualquer outra coisa. E esse gostar variava. No tempo em que ficávamos - e ela levava aquilo como um namoro -, havia dias em que eu a queria mais do que qualquer coisa... e dias que eu a queria também, claro, mas bem longe de mim. Era algo inconstante e isso ia passar, no dia em que eu cansasse dessa contradição e decidisse elimina-la de vez da minha vida.

     Rosalie jamais seria uma mulher que eu poderia apresentar a meus pais e ter orgulho do que termo “namorada” a cada vez que me direcionasse a ela para eles ou para algum amigo meu. Ela era competitiva demais, a ponto de só desistir quando conseguisse o que quer que ela tinha em mente de conseguir. Era também uma companhia só pra horas boas, já que seu egocentrismo não deixava com que seu lado “compreensiva” ou “ouvinte” transparecesse. Eu queria algo mais. Mas espera. Não, eu não queria uma namorada. Só alguém cujo meu relacionamento não fosse só sexo e beijos, como sempre foi com Rosalie. Era algo apenas para alimentar meu corpo e meu ego. Parei um pouco para pensar em como seria estranho namorar com ela. Seria uma das coisas mais bizarras que eu já teria feito.

- Edward? - Rosalie perguntou e então me dei conta de que nós já estávamos na praça mais freqüentada da cidade, que ficava apenas duas ruas antes da nossa escola.

- Oi... - só então percebi o quanto eu estava cansado: tanto de correr quanto de pensar, mesmo que eu não estivesse atento enquanto andava, estava correndo... e todo o cansaço veio a tona quando eu parei. Arfei.

- Me ajuda aqui.

     Rosalie levou o braço flexionado para trás da cabeça e com a outra mão, puxou-o para o outro lado, enquanto eu puxava sua mão com força para que seu pulso conseguisse chegar até o ombro.

- Nossa, Edward. Que mãos firmes. - ela provocou.

- Você ainda não viu nada. - maliciei, encostando meu corpo por trás do dela e segurando firme minhas mãos em torno da sua cintura.

- Aaai, Ed... - ela sussurrou.

     Dei um sorriso malicioso e me afastei, segurando apenas sua mão agora.

- Vamos tomar um café da manhã.

     Ela apenas balançou a cabeça e me guiou até o Cybercafé que ficava logo no canto da rua da praça. Entramos ali e para minha surpresa, encontrei Bella sentada na mesa central acompanhada de Mike Newton... Os dois rindo como duas crianças. A diversão ali estava mais óbvia do que o fato do céu ser azul.

- Que foi agora? - o tom de irritação de Rose estava meio óbvio para que eu ainda perguntasse se ela estava brava.

- Não, é que... - minha voz foi sumindo até que eu ficasse completamente calado. Meus olhos simplesmente congelaram na direção de Bella se divertindo com Mike como se eu nunca tivesse existido em sua vida... Como se ela não sentisse minha falta como eu sentia, ou melhor, relutava em sentir.

     Rosalie acompanhou meu olhar e percebeu o motivo de meu silêncio. Balancei a cabeça rapidamente e consegui observar seu rosto se abaixando e ficando assim por algum tempo e logo depois, seus olhos se levantando e me encarando... Um pouco vermelhos, como se ela estivesse segurando o choro. E sorriu... um sorriso um pouco desanimado.

- Ainda quer...?

- Quero! - ela olhou novamente na direção de Bella e Mike e depois olhou pra mim, diferente agora. Como se quisesse enfrentar algo de tanta raiva.

- Tem certeza? - arqueei a sobrancelha.

- Edward? O que foi? Tem algum motivo para você não querer entrar mais? - ela aumentou um pouco o tom de voz e de canto de olho eu pude ver que Mike procurou o lugar de onde vinha essa pequena “confusão”, até que nos percebeu parados na porta e virou o rosto, voltando a dar atenção a Bella.

- Claro que não. - botei a mesma firmeza em minha voz que Rosalie havia botado na dela. Na verdade, era algo que eu precisava encarar e ela estava me ajudando bastante a fazer isso. Escancarei um pouco mais a porta e entrei. Ouvi aquele barulhinho de campainha tocando, indicando a chegada de novos clientes.

- Vamos sentar aqui.

     Ela me puxou para um daqueles bancos que ficavam agarrados no balcão, duas mesas distantes da que Bella estava sentada. Rosalie pegou rapidamente o cardápio e, sem demorar muito, fez nosso pedido.

     Comecei a batucar distraido na mesa de mármore carrara enquanto esperava nosso pedido chegar e quando pensei em puxar um assunto com Rosalie, a atenção dela estava para o casal que estava passando por nós naquele momento.

- Ah, oi, Mike. - ela sorriu para ele.

- Oi? - ele respondeu assustado, como se não estivesse acreditando de que Rosalie estava falando com ele. Com razão... Desde quando Rosalie e Mike se falavam? Nunca nem havia passado em minha cabeça a hipótese de que eles se conheciam.

- Uau, você resolveu trazer a namorada pra visitar aqui o Cybercafé mais popular da cidade? - ela perguntou, com mais animação ainda. Revirei os olhos.

- Ah, não, não... Bella não...

- Ah, Mike. Conta outra, vai! - ela brincou.

     Foi então que resolvi virar completamente e ficar de frente com ele e Bella. Assim como eu, Bella parecia pouco a vontade com aquela situação, seus olhos concentrados no copo d’agua em sua mão mais do que qualquer outra coisa. Em momento algum, nossos olhos se encontraram. E quando tinham a intenção de se encontrar, voltavam atrás e se desencontravam.

- E você, Bella? Como está? Devia seguir carreira de escritora de farsas. Por que você tem uma mente pra criar histórias que, Meu Deus, é incrível. - ela continuou sorrindo, mas eu pude perceber um pouco de seriedade naquilo, como se a qualquer momento aquela brincadeira fosse se tornar uma discussão. Mas eu estava tranqüilo! Bella era centrada e não iria revidar, claro. Bella era calma, entendia todo mundo, nunca revidava.

- Ah, é? E você devia tentar teatro, já que você é tão boa atriz. E, sabe, Edward. - ela então virou para mim e cruzou os braços. - Você seria um bom telespectador. Aliás, você nem ia precisar saber que era teatro, já que você é acostumado a acreditar com facilidade em tudo o que dizem.

- Bella… - Mike a chamou, receoso...

     QUE? O QUE ACONTECEU COM A MINHA BELLA, A TODA CERTINHA?

- Você não fala assim comigo, ouviu? - Rosalie levantou da cadeira e apontou o dedo no olho de Bella e quando dei por mim, ela já havia dado um tapa em Bella.

- E você... não faça isso comigo com essa idéia babaca de me corrigir, porque você não é minha mãe para me bater. - Bella jogou a metade de água que ainda tinha em seu copo. - Aqui... - ela deu o dinheiro para a mesma moça que havia nos atendido e saiu.

     Rosalie ficou ali parada, as mãos nas pontas de seu cabelo e seu olhar tão assustado como o de uma criança quando se perde de seu responsável, boquiaberta. Provavelmente como eu. No que Bella tinha se transformado?

(...)