[Pov. Edward]

     Jake e eu havíamos chegado cedo na escola. Exceto as mulheres que continuavam na minha cola, todos os homens estavam idolatrando “Bella, a sedutora do pole dance”. Bufei, impaciente, vendo ela se exibindo em sorrisos a cada cara que a cumprimentava com um beijo na mão ou então sussurrava algo em seu ouvido. É, papai... Eu precisava fazer alguma coisa urgentemente pra parar aquilo. Cada dia ela ficava mais imprevisível. Como podia ser aquilo? Um dia ela ia numa festa e me provocava, no dia seguinte fingia que não me conhecia e quando “lembrava” de onde me conhecia, me dava um beijo na testa na porta de sua sala. Alguns dias depois eu encontro ela na praia, compro uma coca pra ela e mesmo assim aquilo parece não ser o suficiente para um beijo. No dia seguinte, ela invadia o banheiro e me beija, nesse mesmo dia ela beija meu próprio irmão e mais tarde se torna a rainha do pole dance e razão da masturbação de vários caras e quando isso tudo termina, ainda na mesma noite, mais um beijo nosso. E no dia seguinte, simplesmente finge que não me conhece e nem sequer olha em minha direção ou então pra porta, pra ver se eu passo por ali. Eu precisava fazer alguma coisa urgentemente.

- Isso não tá certo, cara. - Jake falou ao mesmo tempo em que mastigava um pedaço de maçã. - Você vai ter que fazer alguma coisa pra ela cair de vez na sua. - ele deu outra mordida na maçã.

- Pensei em tipo coloca-la em perigo e depois aparecer como o principe que tira a mocinha do perigo. - peguei a maçã de suas mãos e mordi-a também.

- Eeei... - ele reclamou quando percebeu que eu não a devolveria. - Hmm... Sabe o cara do terceiro ano? Ele é barra pesada. E faz uns serviços ai de vez em quando quanto o dinheiro que pagam é considerável...

- Deixa eu entender... - mordi meus lábios, pensando no que ele acabava de me falar.  - Você acha que eu devo contratar os serviços dele?
- É... Bota ela em perigo, aparece pra salvar, banca o herói e ela é tua em questão de segundos.

     Permaneci sentado na mesa, pensando mais um pouco na idéia que Jake havia me dado... Idéia que há dias atrás tinha passado em minha mente, mas que eu não tinha dado tanta fé assim e que de uma hora pra outra, começou a consumir minha mente de uma maneira enlouquecedora. Eu estava precisando fazer aquilo e urgente... “Droga”, pensei assim que o sinal bateu. Hora de entrar pra sala!

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     Uma semana se passou e cada vez mais eu, Jacob e o tal cara do terceiro ano bolávamos todo o plano. Aproveitaríamos um dia em que Bella saísse tarde de noite da escola... Seria um plano perfeito; sem nenhum rastro, nenhuma suspeita. Nenhuma.

- E aí, pronto pra hoje? - perguntou Jake, entrando na cozinha depois de um dia inteiro na escola. Um dia inteiro, que por sinal, eu havia perdido. Estava tão ocupado em meus pensamentos que não conseguiria me concentrar o suficiente pra prestar atenção nas aulas e nem nos treinos de que duraram até o inicio da noite.

- Prontíssimo! - respondi, enquanto me levantava da cadeira e me espreguiçava e ia andando em direção a porta.

- Só mais meia hora e a hora do ataque começa! - Jake falou de boca cheia; provavelmente já estava jogando na boca tudo que via dentro da geladeira.

     Subi até o banheiro, apressado e tomei um banho bem rápido, mas suficiente pra que completasse totalmente a higiene. Fui pro meu quarto me vestir. Coloquei a primeira camisa preta que achei no guarda-roupa e com muita luta, achei minha tão querida calça preta e vesti. Botei um all star preto e então terminei de me arrumar colocando um perfume. Desci as escadas com a mesma pressa com que eu as tinha subido e fui até a garagem, onde Jake já estava me esperando - dentro do carro. Abri a porta do carro e entrei, rapidamente me sentando ao seu lado no banco-carona. Acionei o botão que fechava o portão automaticamente e logo, ele acelerou o carro e saímos daquela rua cantando pneu. A adrenalina parecia correr cada vez mais por nossas veias. 100, 120, 150, 200... Essa era a velocidade que o carro estava. Cliquei no minúsculo botão e em questão de segundos, o vidro desceu, fazendo com que meu cabelo se bagunçasse todo.

- Vou ligar pra ele. - anunciei pra Jake, enquanto tirava meu celular do bolso e discava os números na pressa.

- Edward Cullen? Senhor está tudo pronto. Tô na porta já. Ela tá conversando com umas amigas aqui. - ele disse, do outro lado da linha.

- Obrigado, Aro. - agradeci. - Estamos chegando aí num minuto.

     Não quis saber. Desliguei o telefone na mesma hora antes que ele pudesse responder alguma coisa. Jake acelerou mais ainda, ficando com a velocidade em 220. Cada segundo que passava eu ficava mais ansioso... Tão ansioso a ponto de minhas mãos começarem a suar...

- Calma. Só mais uma esquina. - ele disse isso e girou o volante bruscamente, entrando em outra rua e parando atrás do carro no segundo em que Aro e mais três homens amarravam um pano em sua boca para abafar os gritos.

     Liguei novamente pra Aro, antes que Bella entrasse no carro. Por sorte, ele atendeu logo na primeira vez que chamou.

- Não machuque Bella, Aro. Vá com calma. - ordenei gentilmente e mais uma vez antes que ele pudesse falar, desliguei o telefone enquanto Jake ligava o som do carro [link_seguro:http://tiny.cc/Ir8Ty /musica] 

     Só deu o tempo de eu me distrair um pouco enquanto tentava acertar meu bolso e botar o celular dentro dele e quando voltei a olhar na direção do carro, Jacob acelerou e saiu novamente cantando pneu. O vento que entrava pela janela só fazia meu rosto congelar a cada minuto e cada segundo que passava, Jake acelerava mais ainda o carro. É, definitivamente estavamos iguais a carros de corrida. Mais uma acelerada e Jake ficou quase tirando o fino dos dois carros na frente que interrompiam nossa passagem e dificultava que chegássemos ao carro de Aro. Jacob começou a jogar luz alta e ficar buzinando insistentemente, até que, com muita luta, os dois carros afastaram-se na pista, praticamente colando no meio fio, dando passagem para que nós acelerássemos mais. Aro deveria estar na mesma velocidade que nós no carro à frente, mas duvidava muito que ele não tivesse acelerado algumas vezes, nos deixando mais atrás, mas Jake, louco por corrida assim como eu, não ficou pra trás. A cada acelerada que Aro dava, ele seguia, não deixando ficar muita distancia assim.

     Jake ia tão depressa que olhando para os lados, as únicas coisas que eu podia ver eram os vultos das cores dos carros, das arvores inclinadas para o lado por causa da ventania, das pessoas que ficavam no meio fio, esperando pra atravessarem e chegarem ao outro lado e de outras coisas que eu não consegui definir direito.

[Pov. Bella]

     Meus olhos já estavam cheios de lágrimas. Eu tentava, em todo momento, fazer alguma coisa, mas tava tecnicamente, visivelmente, decididamente, perdidamente IMPOSSÍVEL. Meus pulsos presos com um pano em volta deles e minha boca amordaçada com um pano. É, isso me impedia que eu fizesse alguma coisa pra me tirar rápido o suficiente dali. Fora isso, tinha também o medo de que eles fizessem algo contra mim caso eu, num ato involuntário, inconsciente e impulsivo eu gritasse por socorro mesmo com o pano me impossibilitando de falar frases compreensíveis. Mas a única coisa que eu pedia mentalmente pra era que aquilo tudo não passasse de mais um dos sonhos malucos de ação que eu costumava ter. Fechava os olhos constantemente, feito uma idiota, esperando que meu maldito despertador tocasse e eu despertasse desse inferno.

     Era em vão! Eu sabia. Aquilo era real. E todos que eram ligados a mim pareciam estar distantes agora, à medida que o carro ia se distanciando. Eu não sabia o que passava na mente daqueles malditos seqüestradores pra eles quererem levar justo a MIM. Eu... Isabella Swan. Em que eu poderia me destacar a ponto de me tornar alvo principal de seqüestradores? Eu não sabia... E foi tudo passando em minha mente. Renné, minha tão sonhadora mãe, Charlie, meu preocupado e durão pai, Angela e os conselhos dela sobre as meninas, Alice, minha tão louca e segunda amiga confiável, Mike, meu ex melhor amigo e Edward... Droga... Eu estava nas mãos daqueles bandidos e essa era uma péssima hora pra pensar em Edward e no quanto eu estava precisando dele agora... comigo.

      Respirei fundo, enquanto outra lágrima caia em meu rosto.

[POV. Edward]

     Viramos o canto, ainda seguindo Aro e tudo depois ali pareceu acontecer em camera lenta: Mesmo de longe, estava na cara que Aro havia girado o volante com muita força, fazendo com que o carro escorregasse por cima da pista que por alguma razão estava molhada. O carro girou de forma circular duas vezes, cada vez mais se descontrolado e quando achei que aquilo tudo não poderia ficar pior, o carro capotou de todos os lados possíveis naquela imensa pista. Nenhum carro vinha na pista contraria e isso evitou que a capotagem fosse mais grave. Evitou que tantas coisas acontecessem ali, menos a minha reação perante aquilo...

- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO! - eu gritei perdendo o controle enquanto o carro ainda capotava.

     Tentei, de todas as formas destravar a porta, mas meu nervosismo atrapalhou tudo... Como sempre!

     Não, eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Bella, minha Bella estava naquele carro e talvez nem estivesse mais viva agora e tudo isso por minha culpa. Eu poderia ter agido com mais calma e até mais cauteloso. Só que minha vontade de ter ela era maior...

- Caaaaaaaaaaaaaaalma, Edward. Tá maluco? Tu não pode sair daqui agora. - Jake berrou, tentando segurar minhas mãos pra que eu não saísse dali.

     Mas não, eu não podia perder um tempo sequer ali. E se esse tempo que eu perdesse resultasse na morte de Bella? Eu não podia perde-la assim. Eu não podia deixar que aquilo acontecesse com ela, que aquilo a machucasse. Eu não podia simplesmente perde-la. Machucar Bella me machucava e só agora eu percebia isso. Só de pensar que ela podia estar sofrendo, se machucando ou até mesmo morrendo lá dentro, já me deixava sufocado.

- Eu tenho que ir. É Bella que está ali. Não vou por Aro, não vou pelos outros. Vou por Bella. - cobri meu rosto com as mãos, inquieto, ainda não acreditando naquilo tudo que estava acontecendo.

- Cara, se tu pelo menos tocar nessa garota, tuas impressões digitais vão ficar gravadas ali e depois, caso eles quisessem procurar quem o culpado, iam correndo atrás de você. - os olhos dele pareciam que iam dilatar a qualquer instante, de tão nervoso que ele tava.

- Eu não me importo. - tentei me soltar dele. - Eu só quero salvar Bella agora.

- Para, cara. Ela é só uma garota, deixa ela morrer. Vão vir outras, amigão. - ele abriu um sorriso, tentando SE acalmar e me acalmar.

- Cara, tu já amou alguém? Já amou alguém como agora eu vejo que amo Bella? Eu preciso dela VIVA!

     Finalmente consegui abrir a porta e sair daquele carro. Minhas pernas pareciam curtas e não me deixavam correr mais rápido. Eu estava nervoso demais. Tanto que não consegui nem ao menos tirar meu celular de dentro do bolso de minha calça. Senti a linha da calça ferir meu dedo asperamente.

- Droga.

     Continuava correndo em direção ao carro enquanto puxava o celular com força. Consegui tira-lo! Disquei rapidamente o número da ambulância.

- Alô? - uma mulher disse, do outro lado da linha.

- M-manda uma... uma... uma ambulância pra cá agora. - eu não conseguia pensar em nada direito...

     Consegui finalmente chegar até o carro parado no meio da rua, todo amassado.

- Onde você está, querido?

     Expliquei a ela o endereço, enquanto colocava uma mão na cabeça, desesperado.

     Não demorou muito e ouvi o som gritando da sirene das quatro ambulâncias. Olhei na direção certa e vi a poucos centimetros de mim a ambulância parar proximo ao carro onde Bella estava. Eles conseguiram a retirar dali depois de abrirem a porta do lado em que ela estava, com muito cuidado. Me agachei no chão, atordoado, me culpando em meus pensamentos por ter feito aquilo com ela. Eu não devia...

     Quando voltei de meus devaneios, percebi que eles já estavam puxando as portas da ambulância que ela estava. Corri até lá.

- Posso ir com vocês?

     Os quatro que se encarregaram de socorrê-la trocaram um olhar preocupado.

- Eu sou o namorado dela... - me apressei em informá-los.

- Ah... Sendo assim, você pode. Mas muito cuidado pra não ficar muito em cima dela. Pode ser prejudicial nesse momento. - uma das enfermeiras me disse.

     Ela abriu um pouco a porta e logo fechou, depois que eu entrei. Sentei-me no chão da ambulância, perto de Bella. Não me importava com mais nada e nem se eles reclamariam caso eu fizesse algo errado. Eu só queria poder cuidar dela...

     Me amargurei vendo o rosto de Bella todo machucado, sangue escorrendo de sua cabeça e descendo por seu rosto. Subi mais a vista e vi vários aparelhos ligados nela. Mesmo com o balão de oxigênio, ela ainda respirava com certa dificuldade. Num ato de total impulso, levei minha mão até a dela e segurei firme.

- Bella... - minha voz falhou um pouco. - Bella por favor não me deixa agora... - aproximei meus lábios de sua mão e pressionei-os ali.

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     [Música simbolizando tecnicamente o fim desse capitulo, como acontecem nas novelas :D]