Travelers escrita por sky_


Capítulo 2
Capítulo 2 -




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 Não tive coragem pra ligar pra ele. Havia se passado uma semana que eu havia encontrado o Diego. Não queria encher o saco dele. Os problemas iam só piorando, hoje meu dia estava um inferno. Resolvi sair pra andar de skate por aí (já que meu caderno havia acabado). Andei sem rumo por aí escutando música. Eu escutava músicas calmas pra não me agitar muito. Andava deslizando pelo asfalto rente à calçada. As ruas eram pouco movimentadas. Acabei me distraindo e dei com o skate em uma pedra, o que me fez cair de joelhos no chão. Como eu não usava joelheiras, capacete, etc., machuquei minha perna e não demorou muito pro jeans largo (e agora rasgado) que eu estava usando ficar com uma mancha de sangue. Realmente, eu tinha muita sorte. Voltei pra casa na mesma hora pra fazer um curativo. Chegando lá, abri a porta e me deparei com a minha mãe bebendo suco na cozinha. Ignorei sua presença e segui para o quarto dos fundos, onde ficavam as coisas de primeiros socorros.

- O que você quer aí dentro? – ela me perguntou com desprezo.
- Nada, só um curativo. – respondi indiferente.
- O que foi que você aprontou agora? – ela adorava me culpar de tudo.
- Nada, só me machuquei. – falei ao sair do quarto, já com o curativo simples (e bem mal-feito) no meu joelho.
- Meu Deus! – ela berrou apontando pra minha calça com uma gigantesca mancha vermelha.
- Que foi? – perguntei me dirigindo pro quarto, afinal eu precisava trocar de calça.
- “Que foi?” – ela repetiu com voz fina – Isso porque não é você quem lava!
- Não precisa lavar – dei de ombros – Não vai demorar muito pra eu ir embora daqui.
- Por que não vai agora então? – falou ao abrir a porta da rua.
- Porque ainda falta fazer algumas coisas.

 Ela me olhou com cara de impaciência. Ela sabia que não havia nada que me segurasse naquela casa além do meu medo de ir embora. Ela estava pouco se lixando. Antes ela me expulsava freqüentemente, mas, depois que comecei a vir pra casa só pra dormir, ela parou. Troquei de calça e saí andando mesmo, até porque meu joelho estava doendo muito. Cheguei em uma pracinha perto da minha casa que eu ia muito com meus amigos quando criança. Me sentei na grama e fiquei olhando para o céu. Nada me acalma mais do que olhar pro céu. Passei um bom tempo lá, apenas viajando nos meus pensamentos.

- Victória? - falou uma voz masculina muito familiar que fez com que eu me virasse para ver quem era.
- Pete?! – gritei como resposta e levantei correndo para abraçá-lo. Pete era meu melhor amigo, mas ele teve que ir embora para outra cidade. Acabamos perdendo contato quando perdi meu celular. Acabei perdendo o número de telefone dele e ele não teria mais onde me achar.  
- Como você não estava em casa e seu skate estava lá parado, deduzi que você estaria aqui. Como andam as coisas? – perguntou sorrindo.
- Normais... – menti tentando parecer natural – E você? O que faz aqui? Não vai me dizer que voltou?! – não pude esconder minha felicidade. Ele era o único que sabia de toda a minha vida e, ao mesmo tempo, o único que me apoiava.
- Ah, está tudo bem... Sabe como é, o interior é calmo. – riu levemente – Mas não, acho que não estou de volta. Já estou começando a trabalhar, você sabe que as coisas não são fáceis pra mim também. Vim procurar emprego por aqui. – pela primeira vez, vi um pouco de desânimo em seus olhos. Pete tinha uma banda que não fez muito sucesso, apesar de ele e seus amigos terem muito talento.
- Já vi que tivemos problemas... – comentei.
- É, as coisas andam muito difíceis. Resolvi desistir da música e arranjar um trabalho que preste. – esclareceu ele ao me abraçar. Eu sabia que ele estava me abraçando para que eu não percebesse sua cara de desapontamento.
- Você sabe que pode contar comigo para o que precisar, não é?
- Sei sim, mas não fique preocupada comigo. Agora tenho que ir, parece que tem algumas vagas pra atendente ali pelo centro da cidade. Amanhã te procuro, ok?

 Pete me deu um beijo na testa, trocamos telefones para retomar o contato e ele foi embora correndo para não perder o ônibus. Então era isso. As coisas estavam ficando cada vez piores e a única pessoa que podia me dar força estava na pior também. Minha vontade era de pegar Pete e arrastar ele pra bem longe, para vivermos em paz. Ele era um irmão para mim e eu nunca seria feliz o suficiente sem ele. Eu me sentia cada vez mais perdida no mundo. Pete era o único que poderia me ajudar. Certo, talvez não o único... Comecei a chorar num misto de desespero e vergonha. Sentei de novo na grama, disquei no meu celular o número de Diego e respirei fundo para não ficar com voz de choro. Ele atendeu sério e perguntou quem era. Quando respondi que era eu, ele me perguntou com alegria (e talvez um pouco de preocupação) como eu estava. Perguntei com franqueza se eu poderia encontrar ele mais tarde pra conversarmos.

- Claro! – ele me respondeu.
- Então... Que horas podemos nos ver? – meu constrangimento era mais do que visível.
- Olha, o ensaio da banda termina em meia hora, mas tenho que resolver umas coisas depois... Acho que lá pelas cinco eu já devo ter resolvido tudo. Pode me encontrar lá na frente do prédio! Ou, se preferir, posso te buscar! – ele disse, simpaticíssimo como sempre.
- Pode deixar, eu te vou até lá.
- Certo, te encontro lá em casa!

 Após a frase dele desliguei o celular. Me atirei de costas na grama e coloquei as mãos no rosto. Não acredito que fiz isso! Estava na hora de ir pra casa trocar de roupa, afinal eu estava com a calça toda suja de areia e a blusa com cheiro de grama. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D Próximo capítulo amanhã *-*



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