“Mason,

Se está lendo isso é porque é necessário,sei que deve estar confuso,eu também estaria.Nesta carta contém toda a verdade sobre nós e nossos pais. É importante que esteja escondida em lugar seguro,nossos pais podem tentar colocar coisas em nossas mentes para esconder a verdade, de novo.

Patch não é o único anjo existente, eu vi com meus próprios olhos outros anjos,e sim posso confirmar que eram anjos porque eles voavam.Mason,preste atenção,seria bem ridículo papai ser o único anjo existente,fiz minhas pesquisas e encontrei coisas sobrenaturais.

Nosso pai é um anjo caído,ele foi jogado para Terra por ter cometido algo de errado,algo que eu não sei o que é,no Céu há outros anjos. Há também os nefilins,filhos de anjos caídos com humanas, nossa mãe é uma nefilim.

Existe tantas coisas para se contar,como o dia de possessão no Cheshvan ,sobre como um anjo caído possui o corpo de um nefilim nesse dia e sobre como um anjo caído pode ganhar um corpo para sempre se matar um descendente de nefilim. Mas vou ter que deixar a tarefa de descobrir sobre tudo isso para você.

Sei que parece confuso mas confie em mim é a mais pura verdade. Você deve se perguntar o que nós somos? Bem nem eu sei claramente,somos uma espécie de híbridos , nunca existiu nada como nós.

E talvez não possamos existir. Mason,peço que a partir de agora tenha cuidado com o que vai acontecer,não confie em ninguém,nossas vidas estão em perigo. Somos uma coisa que ninguém nunca,jamais,viu e nossas cabeças podem estar valendo.

Procure ,ache informações e se salve. Eu não sei o que vai acontecer. Vou tirar satisfações com nossos pais e tentar ver o que descubro e esse é o motivo para o qual deixo essa carta. Se eles tentarem apagar minha memória, a sua ainda estará intacta, precisamos nos unir , Mason. Juntos temos uma chance de vencer o que quer que esteja vindo contra nós. Eu sinto que vem algo contra nós. E você mais do que ninguém sabe que quando sinto algo é pra valer.

Apesar de nossas diferenças,devemos estar juntos e você também sabe disso. Não faça mais nenhuma besteira.

A vovó não sabe de nada em relação ao que realmente somos e nem o que nossos pais ou o que tem acima de nós,ela é só mais uma sem vontade própria. Não conte nada a ela,é melhor deixa-la sã dessa história.

Sobre esse remédio que eles nos dão e que dizem que ajuda a nos esconder de humanos,sinto que é para nos esconder dos outros anjos e sei que eles já sabem de nossa existência. Não sei o que é esse remédio mas pretendo descobrir.

Espero que você entenda tudo o que eu disse e que cumpra seu papel nessa história.

De seu irmão,Harry.”

A carta escrita com a letra de meu irmão se encontrava embaixo do meu travesseiro. Ele sabia que era um hábito meu dormir com a mão embaixo do objeto e que seria fácil de encontra-la.

Após codificar a carta codificada, resultou nisso. Apesar de saber que meu irmão falava a verdade, eu a temia.

É claro que,desde cedo, desconfiávamos desses tipos de coisas relacionados aos nossos pais. Mas sempre foram teorias, em meu ver, ridículas.

Eu acreditava em meus pais,apesar de tudo, eu não imaginava que um dia eles poderiam mentir para os próprios filhos. Até agora.

Sim , eu entendia os motivos deles para fazerem isso mas ainda assim me sentia traído. Não ter meus pais vivendo comigo já era uma dor, saber que eles mentiam para mim era outra maior ainda.

Em meio a tantos pensamentos sobre minha família e o que fazer sobre ela, ainda tinha Marie. A única coisa que ainda me fazia ver luz no meio de tanta escuridão. Eu me sentia clichê e gay ao pensar essas coisas, mas não conseguia evitar. Ela causava esses tipos de coisas em mim.

Queria poder dizer que me envergonhava e me sentia mal por ter beijado a quase namorada do meu irmão, mas seria mentira. Eu não me arrependia ao todo, não me arrependia de ter a beijado. Me arrependia ,apenas, de ter me apaixonado pela mesma garota que meu irmão.

Se já éramos desunidos antes,agora seria mil vezes pior. Eu sabia que Harry amava ela, também sabia que ela sentia algo muito forte por ele. E doía. Doía muito relembrar . Mas a verdade dói e aquela,principalmente, fazia meu coração sangrar.

Depois do acontecido na casa de Marie me afastei dela, queria deixar ela pensar nessa baita confusão em que se envolvia com os Cipriano. Mas cada passo que ela dava era visto por mim. Não a deixava longe da minha vista.

E começava a odiar o fato dela estar recebendo cartas de um “admirador secreto” . Após a primeira carta, comecei a chegar mais cedo na escola e ler a carta que ela recebia.

Eu havia que admitir, as cartas eram boas, mas o que me deixava com mais raiva era o fato do “admirador secreto” não deixar pistas de quem era.

Só consegui descobrir que era meu irmão porque em um dos dias em que ele levava a carta, ele fez muito barulho. O que acabou, me acordando e, me fazendo seguir ele.

Eu lia cada palavra que ele escrevia e tomava cuidado para que não notasse minha presença. Era difícil porque ele era muito cuidadoso,então eu tinha que entrar depois que ele saísse .

E ai é que estava o problema: eu não tinha chave. Depois de roubar a chave do zelador ,e fazer uma cópia para mim, consegui entrar bem mais fácil.

No entanto naquele dia, eu fui surpreendido. Acabei vendo Marie deixar uma carta em seu armário. E decidi lê-la depois que todos fossem embora.

O pequeno papel,dobrado delicadamente, o papel branco com detalhes dourados era bonito,principalmente com a caligrafia caprichada de Marie.

Deus, estou me sentindo um gay falando desse jeito.

Após ler a carta, me senti mal porque a hipótese foi confirmada. Harry amava Marie, e era recíproco. Apesar dela não saber que era ele.

Mas com a carta me veio uma ideia. Eu podia me passar pelo admirador secreto. Se ele não desconfiava de quem era seria fácil.

Eu só precisava prever quando e onde Harry iria se revelar para ela e chegar antes. E me passar por ele.

Eu sabia que era jogo sujo. Mas a vida é um jogo sujo. E temos que jogar sujo para sobreviver nele.

Depois das malditas aulas, fui para a detenção. Maldita escola, malditos professores. Eles não tinham provas de que fui eu que havia quebrado a sala dos professores. Mesmo tendo sido. Foi o argumento que Patch usou .

Ele acusou a escola por injustiça por me incriminar de um ato de vandalismo sem ter provas. Eu adorava o jeito que meu pai mentia descaradamente e manipulava as pessoas. E ,eu não podia negar, eu amava ter herdado isso dele.

Eu odiava cada pessoa daquela escola, tirando meu irmão( que eu ,obviamente, não odiava) , e Marie. Odiava aqueles panacas, mauricinhos , que se achavam os rebeldes e andavam comigo pelas coisas que eu fazia e não por quem eu era.

Eu aturava eles pelo simples fatos de serem capachos. Manipulados , mesmo sem eu usar o meu poder da mente.

Eu ria de alguma coisa idiota, que um dos babacas havia falado, até meu irmão chegar e começar a me deixar nervoso.

–Ora, ora o que meu irmãozinho nerd faz aqui? –Eu disse para irritá-lo, apesar de amar irritar Harry, fazia isso mais como uma obrigação. Por ele ser nerd e eu valentão.

–Isso não vem ao caso ,Mason. Precisamos conversar.- Harry diminuiu o tom de voz, fazendo com que somente eu pudesse ouvi-lo- E nem tente dar uma de machão agora. O assunto é sério. Envolve o que somos e o nosso futuro. –Eu sabia que deveria estar pálido.Toda vez que ficava nervoso isso acontecia. Apesar de tudo eu tinha medo de quando Harry falava sério dessa forma.Porque eu sabia que era algo sobre o que somos. E eu odiava ser o que eu era.

–Bem, então conte.- Sussurrei de volta para ele.

Harry me contou tudo. Desde a parte de ter visto os anjos no Delphic, apesar de eu achar,ou ter certeza,de que ele escondia algo, até a conversa com Patch pelo telefone. Eu me sentia enjoado com toda aquela história.

Parecia um filme de ficção científica onde nós éramos os extraterrestres e a qualquer momento poderiam nos capturar.

Pensamento ridículo, mas não achava outra coisa para pensar.

Depois de sair daquela maldita sala,vulgo detenção, eu e Harry fomos até a floresta de ColdWater para fazer o que Patch havia nos mandado fazer. Treinar. Lutar. Nos tornar mais fortes. Aprimorar nossas habilidades.

Começamos com a parte física. Patch insistiu que devíamos pensar em algo que nos fazia odiar um ao outro.

Pensei no fato de Marie amar ele e ele amar ela. O sangue ferveu. Eu explodi e começamos a brigar.

Investi um soco nele que o segurou com a mão. Ele tentou socar minha barriga mas desviei. Comecei a dar chutes e golpes que nem sabia existir, acertando sua parte do tórax. Harry pulou pra trás e depois para frente ficando atrás de mim e me acertando nas costas. Eu caí de joelhos e a partir dali nossa briga foi praticamente toda no chão.

No final, nos encontrávamos ensanguentados,soados,cansados,feridos,porém sabendo lutar mais.

Patch também disse ser necessário testar nossa força. Mandou a gente socar árvores, arrancá-las de suas raízes, jogá-las longe. Também deveríamos testar nossa rapidez, marcando nosso tempo como uma competição de corrida.

Nas primeiras tentativas Harry ganhou, o que o fazia sorrir cinicamente, mas depois da terceira até a décima ganhei dele em disparada.

Ele não se sentia bem com o fato de eu ser melhor na parte física. E eu não me sentia bem com o fato dele se sair bem melhor na parte mental.

Pare ele derrubar minhas barreiras mentais não era muito difícil. Já para mim parecia um desafio entrar em sua cabeça e fazê-lo ver ou sentir o que eu quisesse.

Relatamos essas coisas para Patch e ele acreditava ser coisas do gene. Ele dizia que eu havia puxado sua força e Harry a incrível habilidade de Nora na parte mental. Ele também queria que ajudássemos um ao outro no que éramos ruim. No caso, Harry me ajudar com a parte mental e eu o ajuda-lo com a parte física.

No começo não funcionou muito bem, mas depois começou a fazer efeito e começamos a ficar nos mesmos níveis.

Depois de algumas semanas eu me sentia invencível , porém Patch insistia em dizer que devíamos continuar treinando mais e mais.

Patch e Nora não diziam quando iriam voltar, só nos comunicavam que estavam indo bem em investigar o tal Alexander Parker.

Eu esperava que eles se saíssem bem e descobrissem o que aquele cara quis dizer no livro. Apesar de ter medo do que aquilo significasse.

Naquela manhã,a escola convocou a minha turma para a educação física,como de costume. Só que com uma diferença. Havia uma aluna nova.

Não era uma aluna qualquer, não era uma menina comum. Você via,e no meu caso sentia também,de longe. Além da beleza que ela possuía,ela exalava poder. Emanava dela. Talvez fosse uma nefilim. Ou talvez eu estivesse delirando com tanta beleza. Ela não parecia ser nada disso. Talvez fosse ideias minhas.

Ela tinha a pele morena e longos cabelos escuros lisos, grandes lábios e parecia ser...meiga? Talvez, mas ainda não entendia porque queria descobrir tanto sobre ela. Eu nem sabia seu nome!

Foi quando o professor decidiu aliviar minha angústia e anunciar para turma quem era a nova aluna.

–Alunos! Essa é Emily Volkmer, ela veio de Vancouver e passará o resto do ano conosco. Espero que a tratem bem e a deixem se enturmar . Bom, vamos aos jogos. – O treinador começou a falar algo sobre os jogos e times que eu não prestei atenção. Ela era de fato muito bonita. Mas eu ainda não entendia porque era hipnotizado por ela.

Vi ela conversando com Marie e me senti mais aflito ainda. Não sei o porquê do sentimento, mas ali estava ele.

Apesar de não saber muita coisa, de uma eu tinha certeza. Após a chegada de Emily Volkmer nada seria igual a antes.