Por acaso, você não quer que eu me case? - Majo perguntou se fazendo de desentendida - Está com raiva?

Maria Joaquina Medsen estava tendo seu longo cabelo dourado com mechas escuras, arrumado por Marcelina Guerra, sua "melhor amiga".A garota de estatura baixa estava tendo um caso com Daniel, noivo de Majo.A noiva soube disso há uma semana, por conta própria, e agora, tinha uma enorme dificuldade em não dar um tapa em Marcelina e desentalar tudo que estava em sua garganta. Mas, essa noite, ela se livraria de tudo e de todos.Fugir era uma atitude de covarde, mas era o único jeito, já que o casamento era arranjado e ela já estava na flor da idade com seus dezessete anos.E agora, Marcelina estava quase arrancando os cabelos da loira.De raiva, claro.

-Eu? - Marce revirou os olhos - Claro que não!Me desculpe se está doendo.É a primeira vez que eu arrumo uma noiva!

-Claro... - Majo suspirou triste.Nem uma amiga de verdade ela tinha!

Quinze minutos se passaram.Marcelina não puxava assunto, apenas falava algumas frases sobre como Maria Joaquina estava ficando.

"Quero ver sua cara quando olhar o vestido!"

"Está uma Cinderela da vida real!"

"Quero ver a cara da Beatriz quando você entrar na igreja!"

Majo despertou com o último comentário.

-Quem é Beatriz?

-O quê? - Marce precisou de três segundos para relembrar o que falou - Ah, tá.É uma nerd da escola que quer ser igual à você.

Majo suspirou mais uma vez.Essa tal de Beatriz...Conhecida mais como Bibi...Poderia ter sido uma amiga "de verdade" que nunca teve.Ou quem sabe até uma melhor amiga...

-Pronto! - Marce exclamou, cortando os pensamentos de Majo - Pode se virar!

Maria Joaquina girou na cadeira e se virou, ficando de frente com o espelho.

Seu cabelo estava em um coque alto.A franja solta e reta dava um ar de boneca para os seus olhos verdes.O vestido era tomara - que - caia, justo na parte do peito, quadril e cintura e era tão longo que ninguém via as sapatilhas.

-Eu...Estou linda... - e uma lágrima percorreu pelo seu rosto.
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A porta da igreja se abriu.Suas pernas estavam moles e seus braços estavam segurando um buquê e o braço de seu pai.

Miguel era um homem bondoso e inteligente, apesar de ser pobre.Ele e Clara precisaram fazer um trato com Roberto Zapata, pai de Daniel.Trato: a mão de Maria Joaquina Medsen em troca de dois empregos muito bons.

Pelo caminho do altar, Majo reconheceu várias pessoas, que com certeza sorriam falsamente para ela.Suas primas; Anne e Melissa, sua vizinha;Carmen Carrilho, entre outros.Em um banco próximo doaltar, encontrava-se a única pessoa em que Majo confiava ali: Cirilo Rivera.

Chegou o momento.Foi tudo tão devagar: o pai se soltou dela e ela se foi, ficando do lado de Daniel Zapata.

-Vamos começar a cerimôn... - o Padre ia falando, mas Daniel o interrompeu.

-Er...Podemos pular para a parte do 'sim"?

-Ah...Claro - o Padre disse, entre arrumar folhas e tentar escutar alguns burburinhos da platéia - Daniel Medeiros Zapata, aceita se casar com Maria Joaquina Medsen?

-Sim! - ele respondeu prontamente.

-E você, Maria Joaquina Medsen, aceita se casar com Daniel Medeiros Zapata?

Maria joaquina ficou em silêncio.Os convidados começaram à fofocar em voz baixa.Daniel cutucou Majo.

-E então? - o Padre refez a pergunta.

-Não! - Majo gritou ficando de frente com Daniel - Vocês sabiam que esse noivo, o meu noivo, me traí com aquela ali?

Todos se viraram para olhar Marcelina.Já esta, estava pálida e encolhida no meio das madrinhas.Majo pegou Marce pelos cabelos e a arrastou até Daniel.Ela tirou o próprio véu e colocou em Marcelina.

Maria se virou para os convidados, empinou o nariz e desfilou pela igreja.

-Felicidades ao casal! - gritou bem alto, antes de sair e fechar a porta da igreja.

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Jaime estava caminhando por uma estaçaõ de trem de São Paulo por volta de uma hora da manhã.Eu sei o que você está pensando, mas fazer o quê?Era normal para ele!

Até que ele avista uma noiva loira sentada em um banco, cercada por uma bando de garotos de dez, doze anos.

-Saiam daqui, pirralhos! - Jaime ordenou, tendo efeito.

-Quem é você para expulsar crianças? - Majo perguntou indignada

-Eu devo ser um louco, não é? - Majo assentiu com a cabeça - Mas eu não sou.Aliás, meu nome é Jaime Palilo.

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