Mary pôde dormir o quanto queria, uma vez que estavam flutuando no Universo em algum lugar no espaço-tempo que não importava. E quando acordou, sentindo-se bem melhor, era só assistir ao Doctor fazer sua mágica e estaria de volta a sua casa e a tempo para a escola.

— Chegamos, Rosemary! — Doctor disse, caminhando em direção à porta — A sua aconchegante e pacífica...

Mary ouviu o ranger da porta abrindo, mas Doctor logo a fechou novamente num sonoro estampido.

— ... Terra. — Doctor ofegava pelos lábios entreabertos e suas sobrancelhas se juntaram no centro da testa. Não era uma expressão nada boa, pelo que Mary avaliou.

— O que aconteceu?

— Não abra a porta, Rosemary. — ele disse e saiu correndo em direção ao painel — Estamos um pouco atrasados...

— O quão atrasados?! — ela perguntou com surpresa, terror e incredulidade na voz.

— Oh, oh... Rosemary, isso não é nada, nada bom. Nada bom mesmo. — ele mirava o visor do painel e dava pequenas batidas nele querendo que aquilo estivesse errado de alguma fora.

Mary correu até a porta e a abriu. Não podia acreditar no que estava vendo.

— Onde estamos, Doctor? — sua voz saiu fraca.

— Rosemary eu disse para não abrir a porta! — ele disse caminhando em sua direção.

Ela se virou aterrorizada.

— Onde estamos?!

Doctor pôs suas mãos sobre os ombros da menina e a encarou com uma sombra sobre os olhos e os lábios finos formando um arco para baixo.

— Na Terra.

Ela deixou um gemido agudo escapar dos lábios e mirou o lado de fora por cima dos ombros, porém cerrou os olhos em seguida, querendo negar o que via.

Tudo era o completo caos.

Havia fogo e destruição por todos os lados e várias criaturas que nunca vira na vida, espalhadas pela Terra, assustadas, outras morrendo. E eram muitas. O planeta parecia entupido de tanta “gente” enquanto uma guerra acontecia.

— Doctor... — sua voz estava embargada e ela ainda mantinha os olhos fechados — Quando estamos?

— Uma semana depois que nos conhecemos, Rosemary... — ele fechou a porta da TARDIS por trás dela.

— Precisamos voltar! E impedir que isso aconteça! — ela disse, desesperada.

— Não é tão simples... uma vez que chegamos aqui... Isso faz parte de nossa linha temporal, não seria certo... — Mary o encarou e a cada frase dita por ele, uma brasa ardia em seus olhos.

— Não seria certo?! O que eu acabei de ver que está bem errado! Você pode impedir isso, eu sei que pode!

Doctor deu as costas e caminhou até o painel. Seus dedos alisaram o console, havia amargura no olhar, prevendo suas próximas ações. O olhar de Rosemary queimava em sua nuca.

— Tempo... — ele disse numa voz baixa, quase inaudível — pode ser reescrito.