(Além dos Limites, O Rei Obscuro)

Dez anos se passaram. Vi meu “amigo” crescer; conseguir se tornar um arcanjo, antes do que a maioria; ser reverenciado; ser feliz e se tornar parte de um Grande Orgulho. Eu passei este tempo sob a sombra de um grande e poderoso ser, havia sempre alguém esperando algo de mim (bando de interesseiros), sempre sendo cobrado, sempre um semblante de indiferença, desapontamento, raiva, e logo fui largado e esquecido.

Enquanto Gabriel teve suas grandes conquistas e o reconhecimento eu consegui com que as pessoas pensassem que eu era só mais um aprendiz, que conseguiu por sorte chamar atenção, mas não tinha tanto poder quanto esperavam.

Se eu tinha agora inveja de Gabriel ? É claro que sim, mas aquele sentimento que eu nutria por ele a dez anos atrás ainda existia. Nós nos encontrávamos pouco, e dessas, poucas vezes estávamos sozinhos, mas ele não dizia mais que me amava como eu dizia ou como falava antes, não olhava para mim com os olhos que eu estava acostumado, nem seus beijos, que antes era frequentes, agora eu recebia.

Comecei a perceber sua mudança tarde de mais.

—Lúcifer, eu já me decidi – Falou-me sério e indiferente enquanto andávamos em direção ao pátio do G.O. 6. Estávamos sozinhos e por poucos dos que passávamos eu via um olhar com certa luxuria e me senti enojado (Mesmo sendo um dos poucos povos considerados divinos estamos corrompidos.), não olhava para Gabriel e já sabia sobre o que ele falava mesmo nunca tendo conversado sobre isso.

—Não precisa se dar ao trabalho – Lhe disse com a cabeça erguida – Já sei sobre o que fala, mesmo não querendo apoio sua decisão.

—Mesmo que não apoiasse não haveria nada que pudesse fazer para eu voltar atrás – Disse ele ríspido e frio. - Não há nada que um mero aprendiz possa fazer, mesmo em sua posição. - E assim ele foi embora, não me magoou nem me deixou feliz, eu era agora como eu sempre fui durante esse dez anos a diferença é que agora eu não tinha me preocupar em não atrair atenção na hora errada.

Cerca de dois anos se passaram desde aquele acontecimento e eu me tornara cada vez mais fechado, menosprezado, e no fundo um ressentimento misturado com raiva crescia se tornando cada vez mais forte. Meu tempo como aprendiz do Senhor se mostrou “bem gasto” para o mentor que se demonstrava satisfeito com cada novo poder que eu aprendia a controlar, mas acada um que eu aprendia me sentia inútil e fraco.

“Não há nada que um mero aprendiz possa fazer”

Sim. Esta fala não havia realmente passado em branco. Continuei com meu aprendizado que começou com a minha forma de orgulho e agora chegou a uma grande ambição da qual, creio eu , nem mesmo o senhor sabe ao certo qual é. Deixar de ser um simples aprendiz, superar a todos e ao mestre ou apenas era uma pequena vingança que eu planejava. Será que era só isso mesmo que eu queria? Não , essa era a minha resposta.

Eu queria mudar. Mudar tudo o que o ser mais poderoso uma vez criou. Concertar os erros que Ele cometeu, o universo, os cosmos, como queira ser chamado. Tudo estava podre, estragado, corrompido. E eu conseguiria um modo de acabar com tudo.

Os humanos são seres egocêntricos falam que seu precioso Deus os fez sua imagem e semelhança, eu começaria por eles pois não mereceriam ser comparados nem com a sujeira que tenta entrar nos aposentos Dele.

Mas há seres que estão em um patamar diferente, demônios? Não eles são só reles anomalias que surgiram através dos milênios e tentam ser reconhecidos, por esses eu até nutro um certo respeito surgiram exatamente do nada e evoluíram se tornaram racionais aprenderam a desenvolver poderes algo que nem os humanos aprenderam como fazer. Eu quero começar com o Céu. Seus habitantes foram de todos os agraciados com a companhia do criador e mesmo assim desprezam tudo se entregando ao mal. Doze anos se mostram uteis por enquanto mas eu quero mais e eu vou conseguir.

—Parabéns Lúcifer, seus poderes estão crescendo rapidamente durante estes tempos – Falava-me o idoso que me ensinava, eu estava com um semblante sério não demonstrava qualquer motivo para comemoração, não deveria. Eu ainda era fraco e ponto.

Após um tempo certas ideias começaram a passar por minha mente, os demônios agora eram seres poderosos e perigosos, várias pessoas influentes tentaram convencer o Senhor a exterminar estes “vermes” e não conseguiram, mas graças a teimosia Dele eu sabia um modo de aumentar meu poder e me tornar tão forte ou até mais que o Senhor.

Os poderes desses seres eram diferentes, ninguém sabia como era possível eles existirem, eram a minha chave de entrada para uma nova era. Se eu conseguisse dominar tais poderes junto com os que o próprio Senhor me ensinava conseguiria algo novo e único. A Partir de agora veremos o que eu o “mero aprendiz” poderá fazer.

- Lúcifer está tudo bem com você? - Perguntou-me preocupado, dei os ombros e me foquei nas lições a minha frente – Ultimamente você anda meio afastado, aconteceu algo?

- Não é algo com o que o Senhor deva se preocupar - “Por enquanto” acrescentei mentalmente e deixei que um sorriso se formasse em meu rosto.

Após várias tentativas falhas consegui “domar” um demônio e o fazer me ensinar suas magias, assim o meu treinamento começou consegui entender o motivo de suas magias serem desconhecidas e perigosas, ninguém que conseguia fazer com que algo aparecesse do além pensaria em usar a si mesmo, um ser ou um objeto já existente para algo.

Meus treinamentos acabaram, ao fim desses quinze longos anos eu me libertei e comecei o meu plano de mudança simplesmente iria ao Submundo que agora parara de querer reconhecimento e vinha atrás do poder assim como eu. Conseguira com facilidade matar o velho Bile e assim demonstrei quase metade do meu poder, me tornei o Rei Obscuro que tramava contra tudo e todos além de comandar os demônios, trouxe a guerra para o Céu assim como a todos os mundos que continham uma falsa pacificidade.

Não medi esforços ao explicar aos meus, agora, subordinado que só queria por enquanto destruição e uma prévia do que podíamos fazer. Durante meus treinamentos um mísero segundo consegui ter o dom do oráculo e ver um grande triunfo para mim, porém, este estava longe de chegar mas eu esperaria pacientemente e iria evoluindo junto com meus companheiros até este dia chegar, faria tudo o que fosse preciso para conseguir e não iria me explicar a ninguém do mesmo modo como ninguém iria me atrapalhar.