Capuz Vermelho escrita por Greensleeves


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

O Fim esta próximo!



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 Haskel cortava as cenouras em rodelas para por na panela, e apesar de estar na cozinham, seus pensamentos estavam em outro lugar. A noite passada tinha sido incrível, ele tentava se lembrar, nas suas sombrias lembranças, qual fora a ultima vez que se sentiu assim. A musica, os fogos...

 Ele despejou os legumes dentro da panela e mexeu com a colher. Batidas na porta tiraram sua atenção do fogão, ele foi até o toca disco o silenciou tirando a agulha. Quando abriu a porta, um dos homens que havia conhecido quando veio para Innsbruck olhou para ele. Seu nome era Horam, era um homem já velho, mas não tinha cara de muitos amigos. Haskel sabia que ele era problema.

  "O que quer?" -Haskel perguntou cruzando os braços.

  "Haskel, não achei que morava aqui." -Horam disse passando por Haskel e entrando.

  "Moro." -Haskel disse fechando a porta e olhando para Horam que sentou-se na cadeira e cruzou os braços- "O que quer?"

 Horam o olhou e deu de ombros.

  "Teria uma xícara de açúcar para o seu amigo aqui?" -Ele acariciou a longa barba branca.

 Haskel levantou uma sobrancelha e pegou uma xícara no armário.

  "E de todas as pessoas da rua, por que veio pedir a mim?"

 Horam riu.

  "Sabe Haskel, você anda muito por essa região, fazendo o que eu não sei, mas tem que tomar cuidado, sabe. As coisas estão perigosas por aqui."

  "Eu sei, não tenho medo nem problemas com isso." -Haskel pois a xícara com açúcar na mesa e olhou para Horam.

  "Eu sei que não tem, mas deve tomar cuidado com o seu amiguinho."

  "O que quer dizer com isso?"

  "O garoto é muito tolo por ficar andando por ai, você sabe disso."

 Haskel cerrou os punhos. 

  "Não mexa com Logam." -Ele disse.

 Horam riu. Uma risada alta e forte.

  "Não sou eu que deve temer. Os outros que estão começando a se incomodar com ele andando por ai?"

  "Ele só vai visitar a avó. Qual é o problema nisso?" 

  "Hey Haskel. Estou sendo seu amigo e te alertando, entende. Não quero o seu mal, sei que é um garoto bom... E Logam também."

  "Calhe a boca." -Haskel sussurrou se virando para o fogão.

  "Só tome cuidado quando sair com ele por ai. Não são todos que se sentem a vontade o vendo com o seu amiguinho." -Horam se levantou e pegou a xícara.

 Haskel se virou e olhou para o homem a sua frente.

  "Se encostar um dedo nele, prometo que arranco seus olhos com meus próprios dedos." -Haskel disse o encarando.

 Horam sorriu.

  "Como eu disse, só estou avisando." -Ele deu de ombros e foi até a porta.

 Quando abriu, Logam estava parado do lado de fora, os ver o Horam, se afastou e deixou o velho passar.

  "Até mais, Haskel. E lembre-se do que eu lhe disse." -Horam falou já de costas.

 Haskel puxou o braço de Logam para dentro e fechou a porta.

  "O que houve?" -Logam perguntou.

  "Nada." -Haskel disse olhando para a porta mesmo fechada.

  "Esta tudo bem?" 

 Haskel suspirou e o olhou.

  "Sim." -Ele sorriu- "Ele só queria uma xícara de açúcar." 

 Logam tirou o casaco vermelho e a bolsa e deixou no sofá.

  "Não sabia que se conheciam." -Ele comentou voltando para a cozinha.

  "Como assim?" -Haskel o olhou.

  "Eu já vi esse homem um dia na floresta um tempo atrás. Ele ficou dizendo umas bobagens mas eu nem dei ouvidos."

  "Sabia escolha. Horam não é uma boa companhia."

  "O que ele disse para você?" -Logam perguntou sentando na mesa e fazendo um montinho de açúcar derramado na mesa.

  "Umas coisas." -Haskel deu de ombros mexendo a sopa na panela- "Mas... O que faz aqui?" 

  "Eu estava sozinho em casa, achei que poderia vir aqui te fazer companhia."

 Haskel se virou para Logam e sorriu.

  "Ótima companhia." 

 Logam sorriu de volta e voltou a amontoar o açúcar.

  "Mas... Logam" -Haskel se virou- "Não sei se é uma boa ideia você ficar vindo aqui."

  "Por que?" -Logam o olhou.

  "Não é muito... seguro." 

  "Eu ando por essas florestas a anos."

  "Mas agora é diferente." -Haskel disse puxando a cadeira e sentando-se a sua frente- "Sabe, com tudo que esta acontecendo."

 Logam assentiu.

  "Você não se lembra daquela vez?" 

 Logam desviou o olhar e tentou se lembrar. Tudo ainda estava embaçado, suas memórias pareciam um quebra-cabeça, partes faltavam e outras estavam muito bem claras. Ele negou com a cabeça.

  "De nada?"

  "Lembro-me de Annita gritando comigo... De estar correndo de algo... De sentir medo, raiva." -Logam negou com a cabeça.

  "Acho que é melhor assim." -Haskel levantou e desligou o fogo.

  "Melhor?"

  "Melhor não ter lembranças, do que ter as quais não quer se lembrar." 

 Ele pegou dos pratos e os colocou na mesa com sopa. Logam agradeceu e pegou a colher.

  "Isso tem haver com o que houve?" 

  "O que houve?" -Haskel o olhou.

  "É..." -Logam deu de ombros- "Seu passado." 

 Haskel riu.

  "De novo com isso."

  "Eu não sei nada sobre você, nem ao menos seu sobrenome. Você é um completo estranho."

  "Não gosto do meu sobrenome, era do meu pai e ele não foi uma pessoa na qual eu tenho orgulho." -Haskel abaixou o olhar para sopa e a misturou com a colher.

  "Mas ele foi seu pai..." -Logam o olhou.

  "Não quero falar sobre isso."

  "Mas vai ter que falar um dia."

  "Um dia! Não hoje nem agora!" -Ele gritou batendo o punho na mesa.

  "Desculpe." -Logam disse. 

 Haskel suspirou e apoiou a mão na cabeça.

  "Que sopa gostosa." -Logam comentou.

 Haskel riu e olhou para ele.

  "Eu trouxe xadrez, podemos jogar depois."

  "Podemos." -Haskel disse sorrindo.

 Os dois terminaram de comer e foram para a sala. Logam pegou o xadrez na bolsa que havia trazido e arrumou o jogo no chão, Haskel colocou outro disco no toca disco e mais lenha da fogueira. 

  "Brancas ou pretas?" 

  "Tanto faz." -Haskel sentou-se no chão e cruzou as pernas.

  "Você começa." -Ele disse virando o tabuleiro e olhando para Haskel.

 Haskel olhou para o tabuleiro e moveu o pião.

  "Eu nasci em Gdynia, minha mãe era domestica em uma casa e meu pai era dono de um bar da rua. Eu morava com eles e com minha irmã mais nova, Isabejlla, linda garota de cabelos cacheados. Todos diziam que ela parecia um anjo."

 Logam sorriu e moveu o pião.

  "Mas um dia ela ficou muito doente e acabou falecendo. Por algum motivo meu pai culpou minha mãe por isso, disse que ela devia ter cuidado melhor da filha e não apenas ter trabalhado."

  "Nossa." 

 Haskel deu de ombros.

  "Depois disso, tudo mudou. Meu pai perdeu o bar em uma aposta e acabamos tendo que sobreviver com o salário da minha mãe. Quando completei treze anos, comecei a trabalhar em um mercado simples como entregador. Parecia que tudo estava voltando ao normal e as coisas estavam ficando melhores, mas minha mãe faleceu alguns meses depois e novamente meu pai me culpou por isso."

  "Agora entendo por que não gostava dele." -Logam disse.

  "Ele começou a beber ainda mais, quase nem dormia em casa e quando dormia, eu fugia para outro lugar para não acordar apanhando. " -Ele mexeu outro pião- "Um dia eu conhecia... Uma pessoa. Viramos grandes amigos e eu acabei gostando dela."

 Logam assentiu e moveu o cavalo.

  "Mas o pai dela não gostava de mim. Dizia que eu era um erro para ela e que, para ela crescer na vida, teria que me deixar. Ele contou para o meu pai que virou a noite me punindo por gostar de alguém. No dia seguinte eu estava decidido a fugir de casa."

 Isso explicava as cicatrizes na suas costas, Logam pensou.

  "Foi quando você conheceu o alemão?" -Ele perguntou.

 Haskel assentiu.

  "É sua vez." -Logam disse.

 Ele olhou para o tabuleiro e mexeu outro pião. 

  "Eu não devia ter te contado isso." -Haskel sussurrou e apoiou a cabeça na mão.

 Tudo parecia estar voltando. Cada cena do seu passado, cada dor e sentimento, ele estava revivendo o momento. Por que era tão difícil esquecer tudo isso?

  "Esta tudo bem?" 

 Ele sentiu algo no seu ombro e Logam o olhava.

  "Nunca vai voltar a ficar bem." -Ele disse olhando para o tabuleiro e mexendo outro pião.

 Logam suspirou e sentou-se.

  "Sinto muito." 

 Haskel o olhou.

  "A culpa não é sua. Eu sou o culpado aqui, acho que meu pai estava certo." 

  "Não diga isso." 

  "Você não me conhece, Logam. Não sabe sobre minha vida... Sobre o que eu fiz."

  "Todo mundo merece o perdão." -Logam o olhou e sorriu, mexendo em seguida o cavalo.

  "Como pode ser tão bom?" -Haskel riu.

  "Como pode ser tão duro com sigo mesmo?" 

 Ele negou com a cabeça e mexeu outro pião.

  "A minha tia esta pensando em ir para Viena no ano novo. Pensei se não gostaria de vir com a gente?"

 Haskel o olhou.

  "Para Viena?"

  "É... Já fui para lá ano passado e tem uma loja muito boa de disco, acho que você irá gostar e ficamos em um hotel perto de um parque muito bom."

  "Sua tia não se importará?" -Haskel perguntou.

  "Não, eu já falei com ela. Ela achou bom eu estar fazendo novos amigos."

  "Amigos?" -Haskel o olhou.

  "É... amigos." -Logam desviou o olhar.

 Haskel assentiu.

  "Seria legal." 

 Logam o olhou e sorriu.

  "É a sua vez." -Haskel disse apontando para o jogo.

 Logam mexeu o bispo e suspirou.

  "Ah." -Ele se levantou com o pulo- "Acabei de me lembrar, eu trouxe mais uma coisa." -Ele disse indo até a bolsa jogada no sofá, pegou um pacote enrolado no saco de pão e voltou a sentar-se ao lado de Haskel- "Minha tia fez biscoitos de nozes e mel, espero que goste."

 Ele abriu o saco e tirou um bisco em forma de estrela. Haskel pegou um e comeu.

  "Muito bom." -Ele disse pegando outro.

  "Pode ficar, sobrou muitos. Achei que iria gostar." -Logam sorriu.

  "Sua tia cozinha muito bem."

  "Ela também fez torta, mas não consegui achar um modo de trazer."

  "Não tem problema." -Haskel negou com a cabeça sorrindo.

 Logam pois o saco de lado e pegou um. 

  "De quem é a vez?" -Ele perguntou.

 Haskel deu de ombros.

 Logam pegou outro e ofereceu para Haskel, mas em vez dele pegar com a mão, ele se inclinou e o pegou com os dentes. Logam riu do gesto do amigo e fez de novo, mas dessa vez quando Haskel abriu a boca, ele afastou o biscoito, o fazendo morder o ar.

  "Engraçado." -Haskel disse fazendo uma careta.

 Logam riu e deu o biscoito.

  "Consegue pegar no ar?" -Logam perguntou pegando outro biscoito no saco.

  "Joga." -Haskel disse se afastando e ajoelhando.

 Logam jogou o biscoito e Haskel se levantou o pegando no ar com a boca. Logam riu e jogou outro, sendo mordido no ar novamente.

  "Minha vez." -Haskel disse pegando o saco e tirando um biscoito.

 Logam se afastou e olhou para o biscoito na mão do amigo. Quando o mesmo jogou, o biscoito bateu na sua testa e caiu no chão. Logam riu e caiu para trás. Haskel foi até ele e segurou o biscoito sobre sua cabeça.

  "Me sinto um cachorro." -Logam disse.

 Haskel riu e assentiu. Logam levantou a cabeça e mordeu o biscoito rindo também. Haskel suspirou para repor o ar e ajoelhou-se no chão.

  "Minha barriga esta doendo de tanto rir." -Logam disse respirando fundo.


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Notas finais do capítulo

kkk esse cap. foi tão grande, que a caixa de texto que eu escrevo travou no meio >.>
Vou tentar recuperar ai eu posto como continuação... (yn) me desejem sorte.

Nossa... agora eu percebi que os personagens da minha fic são sempre órfãos ... >.> Que perturbador...
Huum.. estou com projetos de uma nova fic... Vocês gostam de ficção?