Rachel

Eu abri os olhos de vagar e olhei para o relógio. Já eram duas da tarde.

Respirei fundo e levantei.

Já fazia quase um mês desde a briga com o meu pai e eu vinha dormindo muito desde aquele dia – não que eu achasse que uma coisa tinha a ver com a outra.

Depois de me arrumar, desci para comer alguma coisa.

- Bom dia – eu disse quando encontrei todos na cozinha almoçando.

- Bom dia – eles responderam.

- O que temos para comer?

- Comida. – a Santana respondeu.

- Jura? – perguntei sarcástica.

 Nós estávamos comendo, conversando e rindo quando ouvimos um barulho na porta.

No mesmo segundo eu peguei a arma presa em baixo da mesa.

- Mas o q... – a Demi ia falar, mas eu a interrompi.

- Qualquer coisa se abaixem e se escondam.

Assim que eu ouvi alguém na porta da cozinha me virei, pronta para atirar em quem quer que fosse.

- Vai com calma Rach! – meu tio disse.

- Você me assustou. – eu respondi guardando a arma.

- Onde mais tem arma dentro dessa casa? – a Quinn perguntou.

- Pelo menos uma em cada cômodo. – respondi.

- Caramba! – a Brittany disse.

- Então tio, achou algum medico confiável? – perguntei.

- Acho que ele achou. – um velha amiga meu, Kurt, disse aparecendo do nada.

- Kurt! – eu disse correndo até ele.

- Senti sua falta. – ele disse me abraçando.

- Quando você voltou?

- Cheguei ontem.

- Também seguiu a carreira dos seus pais?

- Não. Fiz faculdade de medicina.

- Se você fez medicina...

- Exatamente! Sou eu quem vai cuidar de você e desse bebezinho aqui. – ele disse com a mão na minha barriga – E acho uma boa começarmos hoje.

- Hei! Vão me ignorar mesmo? – o Blaine perguntou aparecendo de trás do meu tio.

- Anderson. O que você ta fazendo aqui? – a Quinn perguntou, obviamente com ciúme, indo ate o Blaine.

- Você deve ser a Quinn. – o Blaine disse.

- A própria. – a Quinn respondeu.

- Pode relaxar. A minha história com a Rach nunca passou e nem vai passar de amizade. – ele disse e estendeu a mão para a Quinn – Amigos?

- Tenta alguma coisa com ela e isso acaba. – a Quinn respondeu apertando a mão dele.

- E ela sabe que ele é gay. – sussurrei para o Kurt que arqueou as sobrancelhas.

- Eu não sabia que você era. – ele murmurou.

- Bom, eu só vim trazer os dois, então já vou indo. – o tio Will disse.

- Espera ai tio. – eu disse – O Blaine também vai ficar?

- Tem algum problema Rachel? – o Blaine perguntou aparentemente ofendido.

- Não. – eu respondi – Eu só quero saber por quê.

- Você não pode proteger você e mais seis pessoas sozinha. Sete se contar a criança que você ta esperando.

- Vai faltar quarto. – o Sam comentou.

- A Quinn pode dormir comigo. – eu disse.

- Sem problema. – ela concordou.

- Eu já contei isso. – o Sam falou – Os quartos deram certinho pra gente. Eu com a Demi e você, a Quinn, a Santana e a Britt um em cada quarto. Se a Quinn for dormir com você, ainda assim vai faltar quarto para um deles.

- A Britt pode dormir com a Santana. – eu disse e só depois percebi a besteira que tinha feito.

- Rachel! – as duas falaram juntas.

- Juro que foi sem querer. – eu disse.

- Alguém pode me explicar o porquê dessa sugestão? – o Sam quis saber.

- Bom, a gente ta namorando. – a Britt disse, meio sem graça.

- E porque eu não to sabendo disso? – a Demi perguntou.

- Porque a gente não quis contar. – a Santana disse abraçando a Brittany e dando um selinho nela.

- E porque a Rach sabe? – a Quinn perguntou.

- Porque não sabe bater. – a Santana disse, brava.

- Eu entrei no quarto da Sant e vi as duas se beijando. – eu expliquei melhor.

- To começando a ficar com raiva dos Fabrays. – o tio Will disse, encostado na parede, e todos rimos – Bom, eu já vou. E se alguém se importa com a minha opinião, não gostei da divisão dos quartos. E não foi piada. – ele disse quando começamos a rir, e nós paramos no mesmo segundo – Se precisar de qualquer coisa é só me chamar Kurt.

- Pode deixar.

- Tchau gente.

- Tchau. – assim que meu tio saiu todos olharam para mim.

- Bem, Blaine, Kurt, esse são a Brittany, a Santana, a Demi – eu disse apontando para cada um – o Sam e a Quinn. Pessoal, esses são o Kurt e o Blaine, que vocês já conhecem um pouco.

- Sejam bem-vindos. – a Santana disse, mas soou como uma pergunta.

- Obrigada. – o Kurt respondeu.

- Querem almoçar? – a Demi perguntou.

- Não. Obrigada, mas eu já comi. – o Kurt disse.

- Vocês almoçam às duas e meia da tarde? – o Blaine perguntou – Não é um pouco tarde?

- Isso não é nada. A Rachel acabou de acordar. – a Santana disse rindo e a Quinn e a Britt começaram a tirar as coisas da mesa enquanto a Demi se preparava para lavar a louça.

- Ta brincando né? – o Kurt disse.

- Faz meia hora. – eu disse e dei de ombros.

- Não acha muito tarde?

- Não papai. Ou prefere mamãe? – brinquei – Deixa de ser chato vai Kurt!

- Eu não sou chato. E prefiro papai. – ele riu.

- Eu vou mudar minhas coisas de quarto. – a Quinn disse indo em direção as escadas.

- Eu vou também. – a Britt disse e olhou para a Santana que balançou a cabeça positivamente.

- Não precisam se incomodar. – o Blaine disse.

- Não é incomodo nenhum. – a Quinn disse e subiu com a Brittany.

- É sério, quero todos os detalhes da história com a perfeição. – o Kurt falou quando a Quinn e a Britt estavam longe.

- E eu quero saber tudo sobre o Brasil e do porque de você ter voltado.

- Vocês parecem ser bem próximos. – a Demi comentou.

- O Kurt é como o irmão que eu nunca tive. – eu disse e me arrependi no mesmo segundo.

- Obrigada pela consideração Barbra. – a Santana disse.

- Não Sant. Eu me expressei mal.

- Tanto faz.

- Desculpa San. – eu disse e fui até ela, que ainda estava sentada e a abracei por trás – Eu não quis dizer isso. É que eu e o Kurt...

- Eu entendi sua boba. – ela disse e me deu um beijo na bochecha.

- Boiei. – o Kurt disse.

- Lembra da minha irmã gêmea que morreu no parto? Na verdade ela não morreu. Foi trocada na maternidade.

- Tudo bem, você definitivamente tem muita coisa para me contar senhorita Berry.

- Vem. Vou mostrar os quartos e lá em cima a gente conversa. – eu disse subindo e o Blaine e o Kurt me seguiram.