The Union Game - Interativa escrita por Lervitrín8


Capítulo 9
O Reencontro, por Samanny O'Donnel


Notas iniciais do capítulo

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Talvez o ato mais corajoso de minha vida tenha sido ver aquela flecha indo em direção a Adrian e me jogar, impulsivamente, na frente dele com o intuito de tirá-lo do caminho. Não pensamos muito bem nessas horas, só agimos, e foi isso que eu fiz. A hipótese de eu ser a nova mira da flecha só passou pela minha cabeça um tempo depois. Pude ver a cara de espanto de Larissa, ao ver que eu havia acabado com os planos dela, de eliminar a pessoa que eu mais me aproximei nos jogos. Claro, eu não havia pensado nas consequências dos meus atos, mas elas vieram bem rapidamente.

Larissa rapidamente se preparou para pegar outra flecha e dessa vez o alvo não era mais Adrian, mas eu! (Realmente, virei a nova mira das flechas, ou melhor, de Larissa). A flecha disparou com velocidade e força, eu estava caída e não havia muito que fazer, só esperei ser atingida e dar adeus aos meus sonhos de sair desse jogo viva. Mas Kishan corajosamente correu em direção a flecha, tentando abocanhá-la no ar para evitar que me pegasse. Infelizmente ele não teve sucesso, e a flecha acabou machucando-o em uma das patas traseiras. Ao olhar para o lado, reparei que Seere (o tigre de Adrian) e Aslan (o leão de Larissa) estavam lutando ferozmente. Kishan chorava de dor, mas eu tive que deixa-lo por alguns instantes. Levantei-me rapidamente do chão e corri em direção ao estoque de armas e peguei a primeira coisa que vi: uma espécie de espada, só que menor.

Larissa agora estava ocupada, lutando corporalmente com Adrian, enquanto seus daemons faziam o mesmo. Jason apareceu repentinamente e segurou meus cabelos soltou com força, puxando-os em sua direção. Eu me rebatia, tentando corta-lo com meu novo objeto. Usava minhas pernas para tentar acerta-lo com um chute, mas não estava obtendo sucesso nisso. Me virei, mesmo sentindo uma dor terrível. Peguei em suas mãos e cravei minhas unhas nelas, arrastando-as pela extensão do braço, e logo pude vê-lo sangrar. Kishan, mesmo ferido se aproximou de Jason e abocanhou suas pernas algumas vezes. Jason me empurrou com força e eu cai no chão, desajeitada. O impacto me deixou um pouco tonta, até o momento que percebi que Bumba, o macaco de Jason se aproximava de mim, sorrateiramente. Olhei para o lado tentando encontrar Jason, mas não o avistei. Claro que ele não estava muito longe, a julgar pela movimentação de Bumba. Certamente havia se escondido atrás de alguma árvore ou pedra. Quando Bumba estava bem perto de mim, virei rapidamente e ergui a espada para acertá-lo, enquanto ele pulava para cima de mim. Eu não contava com aquele pulo e logicamente, não direcionei meu ataque para um animal no ar, por isso, acertei apenas a mão esquerda do macaco, e notei que havia cortado um de seus dedos. O macaco saiu correndo pelo meio da mata, aos gritos, deixando sangue por onde passava. Vi uma movimentação logo atrás dele, de Jason, certamente.

Voltei minha atenção para Adrian e Larissa. Ela estava deitada no chão, e ele sentado em cima da barriga dela, enchendo-a de socos no rosto. Aquela cena era um tanto forte pra mim, mas não falei e nem fiz nada para evitar aquilo. Há pouco ela queria nos matar, nada mais justo que ela morrer, mesmo ela sendo do meu ex-continente. Adrian levantou-se e começou a chutar Larissa na barriga e nas costas, enquanto o sangue escorria pelo seu corpo. Percebi que Aslan estava tão fraco quando sua dona, que já estava desacordada. Seere não dava trégua e avançava constantemente para cima do leão. Dono e daemons lutando por sua vida. Kishan se aproximou de mim, mancando, e deitou-se aos meus pés, ele sabia que eu não teria coragem de fazer nada. Permaneci sentada no chão, imóvel e sem reação. A espadinha suja de sangue estava em meu colo, não consegui tira-la dali.

Seere abocanhou o pescoço de Aslan que caiu, sem forças no chão. A respiração de Larissa cada vez ficava mais fraca e com menos frequência. Adrian começou a chutar a cabeça da garota. Fechei meus olhos para não ver aquela cena, tudo era demais pra mim. Fiquei o restante do tempo daquela forma, de olhos fechados, também tampei meus ouvidos para evitar escutar o barulho das agressões, dos gemidos inconscientes de Larissa, e do ranger da luta dos daemons. Senti que alguém se aproximou de mim e pegou algo que estava em meu colo. Permaneci parada, sem ver e tentando bloquear qualquer tipo de som. Só soube que tudo teve fim quando Adrian se aproximou de mim e me deu um abraço forte. Ele estava fatigado. Olhei de relance para o corpo de Larissa, com a espada cravada em seu coração, que sumia na terra, enquanto sua imagem aparecia no céu do Campo, indicando que mais um participante havia deixado a competição.

- Está tudo bem com você? – Adrian me questionou, enquanto acariciava meu rosto.

- Estou atordoada e com dores pelo corpo – respondi, baixinho.

- Desculpa por não ter te ajudado com o Jason, mas... – o interrompi, colocando o dedo indicador em seus lábios.

- Eu sei e entendo! – falei – Jason fugiu pela floresta e depois disso não consegui fazer mais nada.

- Acho que os jogos começaram pra nós, Samanny.

- Acho que começou para todos, Adrian.

O dia estava claro, o sol estava exatamente no mesmo lugar desde a hora que chegamos e pelo jeito, ficaria lá por um bom tempo. Seere estava deitado sobre uma pedra, descansando, enquanto Kishan ainda estava resmungando de dor. Olhei para o lado e percebi que os objetos e comidas que o grupo pegou estavam todos ali.

- Adrian, vamos pegar tudo o que acharmos necessário, colocar em menos mochilas e sair daqui.

- Mas Samanny, – Adrian reclamou – aqui é um ótimo lugar, vamos permanecer aqui por um tempo!

- Um ótimo lugar para Jason voltar e nos matar quando menos esperarmos!

- Nisso eu tenho que concordar com você! – ele cedeu.

Arrumamos todas as coisas em duas mochilas, duas com comidas e as outras duas com armas e outros objetos. Adrian fez questão de carregar as mais pesadas, ainda bem, pois eu estava extremamente acabada e cansada. Saímos os quatro da gruta e retornamos à montanha, próximo à passagem que leva ao Campo inicial. Ouvimos alguns barulhos estranhos do outro lado da colina, mas resolvemos não conferir, até mesmo porque fomos interrompidos por um barulho maior que veio acompanhado da foto de mais um jogador eliminado, ilustrada no céu do Campo. 

- Acho que devemos seguir caminho descendo. – Adrian sugeriu – O que você acha?

- Por mim tudo bem, desde que saíamos daqui!

Kishan mancava ao meu lado, eu sentia a dor dele. Precisava urgentemente encontrar algum meio de curá-lo. Talvez pudesse trocar meus pontos em algum remédio para meu cão, só precisava saber onde fazer essa troca.

Não tenho noção de quanto tempo caminhamos, durante o trajeto paramos uma vez para nos alimentar e várias para alguns minutos de descanso. Embora estivéssemos descendo, o caminho não era dos melhores e sempre tínhamos que tomar bastante cuidado, ainda mais com Kishan na situação que estava. Adrian se ofereceu para levar minhas mochilas várias vezes e embora eu quisesse muito que ele as carregasse, falei que não. A caminhada foi calma, não encontramos ninguém pelo caminho. O sol ainda estava parado, feito uma estátua, fazendo-nos suar mais. 

Paramos para descansar mais uma vez, larguei minhas mochilas no chão e Adrian fez o mesmo. Nesse instante, outra imagem apareceu no céu, indicando o fim de mais um jogador e daemon, isso me dava calafrios. Kishan e Serre deitaram-se perto um do outro, repousando. Peguei uma barrica de água, pois minha garganta estava seca. Adrian se aproximou levemente de mim.

- Samanny, obrigado por estar do meu lado! – Adrian comentou, baixinho.

- O que você disse? – eu havia escutado, mas queria ouvi-lo falar novamente.

- Agradeci por você estar comigo! – ele estava envergonhado – Você tinha todos os movimentos para ficar com as pessoas do seu ex-continente. Você sabe, eles eram mais fortes e vocês juntos tinham grandes chances de chegar ao final do jogo... Mas você escolheu estar comigo, do meu lado!

- Adrian, desde o começo me apeguei muito a você, ainda mais na prova em dupla, antes dos jogos iniciarem. Eu sei que nós dois não poderemos sair vivos juntos daqui, mas, enquanto não chega essa hora, quero aproveitar o máximo de tempo ao seu lado.

- Eu também! Queria que o tempo parasse aqui, agora, pra eu ficar junto de ti.

- E ele está parado, Adrian... Olhe para o sol. Estátua.

Adrian passou a mão em meus cabelos. Eu estava nervosa, não sabia se tinha certeza do que ele iria fazer, e se ele deveria fazer, até mesmo porque sempre soube que existe mais do que amizade entre Adrian e Sam. Ele aproximou seus lábios dos meus, e vagarosamente me beijou.

- Bom... É, acho que temos que ir! – Me afastei rapidamente de Adrian e peguei as mochilas que estava no chão. Segui caminho, sem espera-lo. Pobre Kishan, levantou-se rapidamente para me acompanhar. Até havia me esquecido dele. Estava encabulada.

Seguimos por cerca de vinte minutos, até encontrarmos um grupo de árvores que formavam uma bela sombra. Olhei curiosa, sabendo que aquele era um ótimo lugar para ficar durante um tempo.

- Escute! – Adrian falou aos meus ouvidos. Eu conseguia ouvir baixinho, uma respiração ofegante, um choro talvez.

- Acha que devemos... – apontei para as árvores com a cabeça.

- Eu vou primeiro! – ele se ofereceu, caminhando lentamente em direção ao meio das árvores. Eu fui o seguindo de perto, ouvindo o barulho cada vez mais alto devido à proximidade.

- Sam? – escutei Adrian dizer, em tom de empolgação. Então o barulho era da garota que saíra correndo da gruta quando estávamos ameaçados. Boa companheira, ela! – Sam! Que bom te rever! – Adrian saiu correndo para abraçar a garota de seu ex-continente que esta encolhida junto de seu urso, perto do tronco de uma grande árvore.

Samara ficou extremamente contente em ver Adrian, os dois já se conheciam antes de entrarem nos jogos, na verdade, eu acredito que eles já tiveram algo a mais. Samara levantou-se rapidamente e o abraçou com força, apertando bem suas costas e eu podia ver que Adrian fazia o mesmo, enquanto eu estava ali, parada, olhando e com... ciúmes.

- Que bom que você está bem! – Adrian falava rapidamente, tocando Samara na cabeça, nos ombros, braços... – Alguém machucou você? Que bom que você saiu na hora mais perigosa e não precisou ver aquilo tudo, o que aconteceu não era cena para meninas como você presenciarem.

“OOOOI? O que é que foi? Meninas como ela presenciarem? Ah ok, e eu? Eu que olhei aquilo tudo e estou aqui, inteira (chocada e aterrorizada, mas inteira), como é que fico? Que tipo de menina que eu sou, então? Porque que a “Sam” não poderia presenciar algo que EU presenciei? Qual a diferença?”.

Eu estava realmente irritada com toda aquela atenção que ele estava dedicando a ela, e ainda mais com o último comentário que ele fez. Peguei uma das minhas mochilas de comida e sai de dentro das árvores, deixando os dois sozinhos. Kishan me acompanhava. Próximo à pequena floresta haviam grandes pedras, sentei-me em uma delas, ajudando meu cão a subir também. Abri a mochila, procurando por alguma fruta. Pequei a primeira maçã que vi e comecei a devorá-la, enquanto olhava o vasto campo verde e o morro que acabamos de descer. Eu podia ouvir os sussurros de conversa dos dois e isso me deixava cada vez mais irritada. Terminei de comer minha maçã e resolvi abrir a mochila para procurar outra fruta quando um som estranho ecoou pela montanha. De princípio achei que o som vinha de Kishan, reclamando mais uma vez de dor, mas me enganei. Forcei meus olhos para enxergar o que estava acontecendo, olhando em todas as direções, quando então percebi que haviam dois rapazes descendo a montanha, correndo, em nossa direção.

Voltei correndo o mais rápido possível (para mim e Kishan) ao meio das árvores e encontrei Adrian beijando Samara, da mesma forma que vez há pouco tempo comigo. Embora minha vontade fosse deixa-los ali e receberem uma bela surpresa, não tive coragem de dar as costas para os dois.

- Hm... Oi! – falei, não querendo atrapalhar. Adrian olhou para mim assustado, ele sabia exatamente o que eu estava pensando sobre aquela cena – Teremos visitas, em breve!

Uma grande imagem aparece no céu, e uma voz ecoa de algum lugar, anunciando: Banquete e troca de pontos em quatro horas, no antigo labirinto!


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Notas finais do capítulo

A partir de hoje vou tentar escrever história com apenas um narrador, caso eu perceba que está difícil, retorno ao joguinho de dois narradores.
Acho que vocês entenderam a ideia... Nesse capítulo mostrou o que aconteceu no tempo X nesse Campo, os próximos mostrarão o mesmo tempo X nos demais. Hm, entendeu? KK
Acho que é isso! Próximo capítulo na semana que vem =)