The Union Game - Interativa escrita por Lervitrín8


Capítulo 8
Passagens, por Suzy Anvar e Kimberlli E.Finnigan


Notas iniciais do capítulo

Duas narrações separadas por um itálico.
Mandem sugestões, críticas ou o que quiserem =D



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– AAAAI! – Ava berrou, quando sentiu meu corpo cair por cima dela. Ela concluiu o berro de baixo da água salgada, na imensidão do mar. Emergi com facilidade. Caio estava um pouco distanciado, boiando e rindo de nós duas.

– Para nossa sorte estamos bem próximos à beira da praia. Vamos preguiçosas, usem esse corpinho que Deus deu a vocês. – ele estendeu os braços e com remadas longas, começou a nadar em direção à areia.

O esquilo de Caio estava entre sua cabeça e suas costas, segurei Cisco na mão e fui nadando de um jeito relativamente estranho e lento, evitando molhá-lo. Já Lupus, o lobo de Ava, bom... Ele conseguia se virar sozinho. Todos nós carregávamos algumas coisas. Não conseguimos pegar muitas, mas tenho certeza que boa parte delas se perderam na viagem ou na queda. Os dois chegaram antes de mim na areia, estavam sentados conversando quando eu me aproximei ofegante.

– Eu concordo contigo, Caio. – Ava respondeu.

– Sobre? – perguntei, sentando ao lado de Caio. Era estranho, Ava acabara se juntando a nós, mas, eu me sentia muito mais segura e confiante ao lado dela, do que ao lado de Anna que era nossa companheira de ex-continente.

– Não sei se você já reparou, gracinha, mas estamos numa praia que além da água salgada e areia, não há mais nada. – ele respondeu.

– Então, quando nossos suprimentos alimentares acabarem, nós estamos... – resmunguei.

– Isso, estamos a um passo de cozinhar Cisco, Lupus e Chooper para ter mais algumas horas de sobrevivência. – Caio brincou, enquanto Lupus se escondeu atrás de Ava e se encolheu. Ava acariciou seu pelo.

– Bom, não sei se vocês concordam comigo, mas, na hora que o labirinto sumiu, lá no Campo, além de nós três, tinham mais quatro pessoas, e outros três na montanha, certo? – Ava argumentou, pensativa, enquanto fazia números com o dedo na areia da praia.

– Sim... – Caio disse.

– Tirando a Anna, que... enfim, e a Sarah e o Matheus que acabaram morrendo também... – Ava tinha um pouco de dificuldade de falar sobre as mortes.

– Faltam cinco! – falei empolgada – Que provavelmente passaram pelo buraco. E se eles não estão aqui, quer dizer que o buraco leva a lugares diferentes. Ou... Viajei muito?


–Olhem! – gritei para os dois que estavam ao meu lado – Dois deles estão vindo atrás de nós.


– É o seguinte: – Rafael começou a falar rapidamente o que parecia ser um plano – São dois vindo em direção a nós, eu quero que Lumina sobrevoe e os atrapalhe, enquanto nós iremos nos dividir. Eu vou passar pelo meio deles enquanto cada uma de vocês passa por uma extremidade.

– Tá ok! – Annie concordou.

– Sim, mas, e depois? – questionei, afinal, os outros dois ainda estavam perto do banquete e do buraco.

– Passamos pelo banquete, pegamos o que conseguimos. Semp e Lumina podem tentar afastá-los de perto do buraco, e nós, nos jogamos.

– Eu espero que dê certo! – resmungou Annie, enquanto eu apenas assenti com a cabeça.

Tudo aconteceu muito rápido, quando eu vi eles já estavam praticamente em cima de nós. Sai correndo para passar pelo extremo direito, enquanto os outros tomavam suas posições. Lumina dava rasantes, bicando os daemons dos dois que nos seguiam, e vez por outra, também bicava os jogadores.

– Semp, vá na frente e tente se livrar dos dois. – falei ao meu guepardo.

Ele tomou cuidado para não se afastar muito e assim o fez, ele ameaçou morder ambos. Dulce, a menina que estava perto do buraco, desequilibrou-se, caindo em direção ao buraco. Seu companheiro foi muito ágil, e entendeu a mão rapidamente, segurando Dulce que estava praticamente dentro do buraco. Edward viu que seus outros colegas estavam a caminho, praticamente perto do banquete, e provavelmente, viu que teria mais chance de nos pegar se não perdesse tempo com a menina, e então, a soltou. Effy, a pantera de Dulce, se jogou logo atrás dela.

Peguei duas mochilas aleatórias perto do banquete. Olhei para trás e vi que Rafael estava quase alcançando a mesa do banquete, mas, não consegui encontrar Annie, talvez por conta do nervosismo. Semp percebeu que enquanto Rafa não chegasse, eu não iria, e então atacou Noovar, o leão de Edward, que estava se aproximando de mim. Vi Edward chegar cada vez mais perto, e eu sabia que nunca teria chances contra ele. O barulho da briga dos dois daemons era relativamente alto. Eu olhava procurando Annie. Eu olhava o buraco, e lembrava que precisava esperar pelo Rafa. Eu olhava Edward cada vez mais próximo de mim.


– Tenho certeza que por aqui há outro buraco daqueles. – falei aos dois, levantando-me. – Os organizadores não iriam fazer uma passagem pra cá, onde não tem nada, para nos deixar morrer de fome e sede.


– Eu estou faminta, não tive café da manhã – Ava disse.

– Acho que ninguém teve! – Caio respondeu. – Os organizadores nos querem magros e esbeltos.

– Acho que é hora de abrir nossas mochilas – sugeri.

Eu estava com três mochilas, Ava com duas e Caio com quatro. Na maioria delas havia comida. Em uma das minhas havia uma ficha valendo 50 pontos, mas, até o momento eu não tinha visto nenhuma cabine de pedidos. Também pegamos algumas facas, pequenos machados, anzóis, uma caixa de fósforos (molhada, vale ressaltar), uma lanterna, uma caixa de agulhas, cordas e dois sacos de dormir.

Nos alimentamos de algumas frutas e um bloco retangular que parecia barra de cereal, só que com um gosto diferente e estranho. Alimentamos nossos daemons com frutas também.

– Quem topa uma caça ao tesouro? – Caio brincou, erguendo-se.

– Nesse momento, prefiro encontrar um simples buraco, – falei – o tesouro deixamos para outro momento. Pode ser?

– Por mim, tudo bem! – Ava respondeu.

– Duas contra um. Perdi – Caio fez uma cara de derrotado, que nos fez rir.

– Incrível seu senso de humor uma hora dessas, Caio – falei, enquanto estendia minhas mãos para ele me ajudar a levantar. – Obrigada! – De imediato ele fez o mesmo para Ava e saiu caminhando a nossa frente.

– Suzy, obrigada! – Ava me disse baixinho, para que Caio não escutasse.

– Por? – questionei, embora já soubesse do que se tratava.

– Por ter me puxado para dentro do buraco quando viu que eles estavam se aproximando – Ava continuou – Eu estava tão distraída, teria sido alvo fácil deles.

– Não tens que agradecer, Ava.

– Te devo uma, Su! – Ela me envolveu com seus braços e me deu um abraço apertado.

– O casalzinho tem como andar e parar de se agarrar? – Caio disse enquanto caminhava a nossa frente. – Que cena, hein?! Eu me viro e vejo as duas no maior romance, e eu aqui, solitário...

Nós duas corremos em direção a ele, que saiu em disparada, nos deixando para trás.


Lumina começou a voar em cima de Noovar, tal fato nos ajudou muito, uma vez que Edward se desconcentrou com facilidade. Lumina dava leve mordidas nas costas do Leão, e Edward correu para ajuda-lo. Quando me dei conta, Rafael estava ao meu lado, segurando minha mão. Semp estava muito próximo a mim, para defender-me.


– Vamos! – Rafa falou ao meu ouvido.

– Onde? – perguntei a ele, confusa.

– Pra lá! – e apontou com a cabeça em direção ao buraco. – Temos que ser rápidos, Lumina não vai distraí-los por tanto tempo.

– Mas Lumina tem de vir conosco – argumentei. – E eu não vi mais a Annie.

– Não podemos esperar por ela, Kim. Temos que ir. Lumina nos alcançará.

E quando me vi, estava sendo puxada para dentro do buraco. Rafael foi o primeiro a ir, me puxando logo atrás. Semp se jogou em seguida, e ainda pude ver Lumina entrando por último dentro dele, seu bico estava repleto de sangue.

Nós quatro paramos numa pequena montanha, uma floresta talvez. Tivemos sorte: saímos do “escorregador” em silêncio. Logo ao sair da passagem escutamos gritos que vinham de algum lugar bem perto. Pelo o que me lembrava das vozes, parecia de uma das meninas da ex-Antardida. Ela parecia chorar, e no mesmo momento eu senti que havia morte por perto. Avistei ao longe uma garota correndo, só a reconheci pelo seu daemon: um urso polar. Era Samara.

– Kim, olhe lá! – Rafa apontou para a trilha que descia a cachoeira. A visibilidade era baixa, devido ao grande número de árvores que existiam ali.

– Parece uma perseguição. – falei baixo para Rafael – Você concorda?

– Sim, e acho que é melhor sairmos daqui o quanto antes.

– E de preferência, vamos pelo caminho contrário. Vamos subir.

Eu, Semp, Rafa e Lumina fomos caminhando em direção ao topo da montanha, que comparada ao cânion, era bem menor. Ao chegarmos ao topo resolvemos parar e abrir as mochilas que conseguimos pegar. Rafa conseguiu pegar uma a mais que eu, e resolveu abrir as suas primeiro. Havia dois torniquetes vazios, um tipo de rede de pesca, flechas, um sinalizador (é claro, será muito útil sinalizar onde estou para meus “amiguinhos”) e comida.

– Vou abrir a minha! – falei enquanto desamarrava as cordas que a fechavam. Uma delas era repleta de comida. Na outra, tinha um arco, um estilingue e duas facas bem pequenas. – Não estamos numa situação tão feia, não é?!

– Se você deseja sobreviver só mais um dia aqui, não, não estamos.

– Rafa, acho que devemos comer e caminhar mais um pouco. Creio que conhecer a área vai nos ajudar muito.

– Tudo bem, Kim.

Fizemos uma pausa de uns trinta minutos (eu acho), e depois resolvemos descer a montanha, pelo outro lado. Caminhamos devagar, observando cada lugar. Passamos por um imenso rio, árvores de vários tipos até que encontramos outra passagem.

– Esse Campo é repleto disso, Rafa. Podemos mudar de lugar agora mesmo.

– Acha que devemos? – Rafa questionou, parecia preocupado.

– Qualquer coisa nós damos um jeito de voltar. – afirmei. Semp tomou a iniciativa, e foi o primeiro a passar pela nova passagem.


– Não caminhamos tanto para já estar de noite – Ava argumentou, enquanto via poucas estrelas surgirem em um céu sem lua.


– Você sabe, eles controlam – respondi.

– Está escuro demais para o meu gosto! – ela reclamou, enquanto caminhava ao meu lado.

– Nem pense em ligar a lanterna! – Caio disse prontamente – Podemos precisar dela em algum momento.

– Acho inútil a gente continuar procurando outro buraco! – falei – Como iremos encontrar algo preto, numa escuridão dessas?

– Seria divertido dar um passo e não ter mais chão. – Caio falou – Cair sem notar.

– Que nervoso – disse Ava.

– Vamos parar para descansar então – sugeri – até o momento em que eles resolverem trazer o sol novamente.

– Ok.

Nos sentamos ali mesmo, onde estávamos Peguei a lanterna rapidamente só para pegarmos um pouco de comida, e logo a desliguei. Cisco estava dormindo em meu colo. As ondas da praia quebravam perto, o barulho me agradava.

– Escutem! – sussurrou Caio. Ficamos todos em silêncio e foi então que eu ouvi passos. Corridas. Uma respiração ofegante se aproximava cada vez mais de nós. Eu forçava meus olhos para tentar enxergar algo, olhando de um lado para o outro. Meus ouvidos não conseguiam identificar de onde vinha o som, que só se aproximava e me deixava mais apavorada. Me levantei rapidamente, e percebi que Ava, que estava ao meu lado, fez o mesmo. Identifiquei que o som vinha de encontro a nós, exatamente na nossa frente. Estendi meu braço para pegar na mão de Ava, mas senti que a mão dela estava ocupada com a lanterna. Um barulho estridente de animal veio em nossa direção, e eu pude sentir um salto, como uma cobra dando o bote. Ava, por fim, não resistiu e estendeu a lanterna para frente e iluminando o que estava exatamente a nossa frente: Dulce.


Voltamos ao ponto de início. Estávamos de volta ao topo do cânion, e de imediato meus olhos correram para o chão, onde antes se encontrava o labirinto.


– Não olhe! – Rafa me disse, pegando em meus ombros e virando-me de frente para ele.

– O que foi? – questionei, com receio de saber a resposta.

– Kim, você não deve olhar. Acredite em mim.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas, pela expressão dele eu já sabia o que era. Eu tinha certeza! Me virei lentamente e não fui impedida por Rafa. Ele sabia que eu precisava confirmar, e ele me respeitou. Lá do alto, avistei algo que fez meu coração apertar forte. Edward, Ally e Murilo estavam próximos à mesa do banquete cujos objetos restantes que antes a ocupavam, agora estavam no chão. Acorrentada sobre a mesa estava Annie e ao seu lado, Zenzo, seu coelho. Ela chorava, gritava, e eu sofria calada, incapaz de fazer algo para ajudar.

– Rafa, vamos voltar. – falei baixo, desesperadamente – Duas passagens e estamos lá, bem próximos à mesa! – Não esperei a resposta dele, voltei correndo com Semp em direção à passagem que acabamos de sair. Estava determinada a ajudar minha amiga! Rafa veio logo atrás, junto de Lumina. Subimos correndo a montanha, passando pelo local onde paramos para comer. Descemos até o local onde ouvimos os gritos, e avistamos a passagem!

– Está lá! – apontei para Rafael. Avancei em direção a passagem. Estava cambaleando, quando me aproximei me joguei com toda força. Escutei Rafa gritar, olhei para trás para ver se ele me seguia pelo transporte. Ele não estava lá. Eu iria enfrentar os três sozinha!


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Notas finais do capítulo

Maior capítulo até agora, own, que orgulho! HAHAHA.
Currrtiram?