- Fudeu... - Jason sussurrou no meu ouvido e eu fiz uma careta.

- Eu te fiz uma pergunta, senhorita. - O velho perguntou de novo.

- Esse pirralho do capeta pegou meu celular e não queria devolver! - Ela disse apontando pra um menino que devia ter uns 8 anos.

- Sophie! - Jason berrou e fez sinal pra ela vim até a gente.

- Sabia que esse "pirralho" é meu neto? - O velho perguntou se aproximando também.

- Deveria educar melhor! - Eu vou matar essa menina!

- Cala a boca! - Disse pegando ela pelo braço e saindo do salão.

- Mas, mãe...

- Só entra no carro. - Ela entrou. - Se você sair, eu te caço até te achar. - Virei-me e entrei na festa de novo. Nem precisei falar pro Simon entrar no carro também. Me aproximei do Jason e do chefe dele, que graças a Deus parecia estar tranquilo.

- ...não vou despedir ninguém por um bolo. - Escutei ele dizer enquanto me aproximava.

- Desculpa mesmo, senhor Conor. - Disse me aproximando.

- Tudo bem.

- Bom... Vamos? - Perguntei pro Jason. Nos despedimos do chefe dele e fomos pro carro. Jason entrou sem falar nada, mas eu sabia que ele tava puto. Deixamos o Simon em casa e fomos pra nossa. Uma Sophie com a cara e o vestido cheios de bolo saiu do carro e entrou em casa.

- Ô, garota! -  Chamei quando ela fez menção de subir as escadas.

- Desculpa. - Ela disse.

- Você não pensa no que você faz, não?! - Jason disse e ela olhou pra baixo e não falou nada. - Do jeito que aquele velho é, foi mais do que sorte eu continuar com o meu emprego!

- Mas ainda tem o da mãe. E... Bom, daríamos um jeito que nem da outra vez, certo? - A outra vez foi quando a Sophie era pequena ainda. Eu não trabalhava e deu problema no trabalho do Jason, que foi despedido. A solução foi morar com a minha mãe.

- Sophie, eu não posso correr pra minha mãe como se tivesse a sua idade.

- Pelo menos dessa vez você trabalha. Não seria tão pior.

- To de aviso prévio.

- Que?!

- Sua mãe tá de aviso prévio. Mas enfim, isso não vem ao caso. Sabe o que é pior? O jeito que você falou com o meu chefe!

- Foi impulso! Desculpa...

- Não é pra mim que você tem que pedir desculpas.

- Tá, se quiser eu vou segunda lá. Posso subir agora? - Ela perguntou baixo.

- Pode. - Jason respondeu. - Mas tá de castigo.

- Mas eu pedi desculpas!

- E daí? Grande coisa. - Ele disse em tom de ironia e ela bufou subindo. Nos jogamos no sofá e ouvimos ela fechar a porta. - Não deixa ela saber que eu achei engraçado. - Ri.

(...)

Hoje o Jason acordou de mal humor. Assim como a Sophie. Ela achou um absurdo ficar sem celular e sem sair por duas semanas. Eu e o Jason apertamos a tecla "foda-se" pra não ouvir as reclamações dela. Bom, o motivo do mal humor do Jason é que hoje é o jantar com os pais do Lucas, apesar de ele falar que tá normal e do ingresso. E, como se não bastasse isso, ainda vou sentir dó do menino de novo porque a minha mãe resolveu aparecer com o Robert e com o Liam.

- Acho que daqui a algumas semanas o Jason para de reclamar do namoro da menina. - Minha mãe disse me ajudando a preparar a sobremesa.

- Duvido muito. - Murmurei. - Mãe... Eu to pensando em uma coisa.

- Se o menino é rico?

- Mãe! Não. Em outra coisa. O que acha de eu ter outro filho?

- Agora? - Olhei pra ela.

- Daqui a alguns meses. - Ela olhou com cara de quem diz "óbvio" pra mim.

- Ah, não sei, Jenny. Jason vai querer?

- É ele que quer.

- E você quer?

- Bom... As tentativas tão sendo boas. - Ela riu. - Mas, não sei. To me achando velha demais pra isso.

- Ah, cala a boca.

- Você não acha?

- Não. E falando em filho, Liam vai casar. - Mas, espera...

- O que uma coisa tem a ver com a outra?

- A Caroline tá grávida, demência.

- Jura?! Que lindos! Ela tá de quantos meses?

- Se não me engano, quase três.

- Esse safado nem me contou.

- Acho que ele ia falar depois. Que horas os pais do menino vão chegar? - Olhei no relógio.

- Daqui a uma hora. - Coloquei o doce na geladeira e fui tomar banho.

(...)

Ouvi a campainha tocar e mandei a Sophie ir atender.

- Se você não se comportar, você vai ver só quando eles saírem daqui! - Disse.

- Eles são pais do meu namorado. Lógico que vou ser um anjo. - Ela abriu a porta. Eles eram mais velhos que eu e o Jason, mas não parecia ser muitos anos. A mãe dele era meio esquisita. Tanto na cara quanto no jeito. E mediu a Sophie dos pés a cabeça. O pai do Lucas parecia ser legal, pelo menos. Pelo jeito, a mãe dele e o Jason poderiam dar as mãos e fazer o namoro dos coitados um inferno.

Nos cumprimentamos e ele é o John e ela a Claire. Cada vez que a mulher falava, minha mãe fazia uma careta pra mim.

- Para de fazer isso, pelo amor de Deus! - Disse pra ela quando estávamos longe dos outros.

- É, tia Kay, até o fim da noite é capaz dela voar em você. - Liam disse e ela olhou pra ele com cara de ofendida.

- Ela parece ser igual a sua avó era! - Minha mãe disse pra ele e eu ri.

- Pelo menos ela não parece ser tarada. - Disse.

- Mãe, acho que é melhor irmos jantar né? - Sophie disse e eu olhei no relógio.

- É. Me ajuda a colocar a mesa. - Olhei pra sala. Liam se juntou ao Jason, Robert, John e ao Lucas. Minha mãe sentou-se do lado da Claire e tentou uma social. - Acha que tá todo mundo se dando bem? - Perguntei quando eu e a Sophie chegamos na cozinha.

- O pai do Lucas sim. Mas ela parece ser... complicada, entende?

- Entendo.

- Ela ficou me medindo.

- Não vai responder a mulher!

- Lógico que não! Tenho amor a minha vida e ao Lucas também. - Ri. Assim que acabamos de colocar a mesa, chamei todo mundo e nos sentamos a mesa.

E como eu tinha dito, John era legal. Já ela, não abriu a boca a não ser pra interrogar a Sophie com perguntas do tipo:

"- Ele é seu primeiro namorado?"

"- Há quanto tempo vocês se conhecem?"

"- E como vão suas notas na escola?"

Nessa hora a Sophie parou o caminho do garfo até a boca e olhou pro Lucas.

- Ok, chega né, mãe. Enfim, onde vamos nos encontrar amanhã, senhor Turner? - Ele perguntou pro Jason.

- Vocês que sabem. Apesar que eu prefiro chegar cedo.

- Depois do almoço então? - John perguntou.

- Vocês vão no jogo dos Lakers? - Liam perguntou.

- Claro! Vai ser o melhor jogo do ano! - John respondeu.

- Nós iríamos também, mas não conseguimos ingresso. - Robert disse.

- Na próxima vamos todos. - John disse sorrindo e o Lucas sorriu também. Claire se mexeu desconfortável na cadeira e olhei pro seu prato. Ela só remexeu. Se mastigou três vezes, foi muito.

- Ela não gosta? - Perguntei pro Lucas.

- Frescura, senhora Turner. Relaxa. - Dei de ombros.

O resto do jantar correu tudo bem. Claro que minha mãe fez a Sophie pagar mico na frente do Lucas falando da infância dela.

- Me lembro como se fosse ontem dela entalada no lugar que coloca caixas de leite embaixo da pia. - Ela disse e eu ri. Foi hilário! Lucas riu e Sophie fez cara de brava pra ele.

- Não foi engraçado!

- Foi sim. Você vivia se entalando nos lugares. Ela conseguiu entalar a cabeça no portão várias vezes. - Disse e ele riu mais ainda.

- Que bom que o corpo todo cresceu, menos a cabeça. Se não, imagina como iria tá agora. - Ele disse e rimos. Menos ela, claro.

- Não teve graça, Lucas. - Ela disse com os braços cruzados.

- Teve sim. Sua mãe tá rindo ainda. - E de fato eu ainda estava.

- Vocês são muitos maus. - Ela disse choramingando.