A mansão era legal por fora, mas por dentro era incrível, tinham coisas egípcias por todos os lados, eu teria observado mais detalhes se não estivesse tão nervosa, o homem de terno subiu a escada e desapareceu, ficamos sozinhos na grande sala, nós e um babuíno estanho vestindo uma camisa de jogador de futebol americano, ele pulava e quicava a bola no chão olhando pra nós, talvez estivesse esperando que fossemos jogar, bem isso não iria acontecer, provavelmente.

 Então o homem de terno desceu as escadas, dessa vez, acompanhado pelas pessoas da minha visão. Tenho que dizer que, o garoto era bem mais bonito pessoalmente.

- Meu nome é Amós Kane. – o homem de terno falou. – Fiquem a vontade, apesar de não serem uma ameaça não deveriam estar aqui, falei com Quíron e entendo seus motivos, enfim conversem.

 Amós era bem direto, ele falou e depois nos deixou sozinhos com o garoto e a garota.

- Eu sou... – o garoto começou a falar.

- Carter Kane, eu sei, sonhei com você... e a garota, claro. – eu disse.

- Estranho. – Sadie comentou. – Então sabem quem nós somos, agora digam que vocês são.

- Semideuses, precisamos da ajuda de vocês para resolver uma profecia. – Annabeth falou.

- Espere, semideus é uma pessoa metade deus, certo? – Sadie perguntou.

- Não exatamente gênio, semideus é um filho de um humano com um deus. – Carter falou, Sadie apenas fez uma careta.

 Sentamos no sofá enquanto Percy explicava sobre a profecia, nossos poderes, as visões, sonhos.

 Os egípcios pareciam não acreditar, Sadie ficou de boca aberta a maior parte do tempo, tive medo que seu maxilar pudesse cair.

- Certo, muita informação. – Sadie falou.

- O que exatamente temo que fazer? – Carter perguntou.

- Quíron nosso líder, disse que vocês reconheceriam o final da profecia “O Caos e a destruição, dois mundos colidirão, a terra e a serpente.” – eu disse, Carter olhou para Sadie que pareceu ter levado uma tapa depois do que eu disse.

- Não pode ser... a serpente Carter não pode ser o que eu acho que é. – Sadie falou.

- Talvez possa, eu não contei antes, mas em uma das viagens do meu ba...

- Seu o que? – Thalia perguntou.

- ...meu ba, é minha alma, enfim em uma das viagens, eu vi a serpente de Apófis emergindo lentamente da terra, o que é estranho, e a serpente parecia conversar com um rosto de terra, o que faz menos sentido ainda. – Carter falou, imediatamente me ocorreu que aquela era a mesma mulher de meus sonhos, um arrepio percorreu meu corpo.

- É a mesma mulher de terra dos meus sonhos! – eu disse.

- Apófis é um deus tecnicamente, mas ele está preso no Duat, ele não pode se erguer sem a ajuda de outro deus. – Sadie falou.

- Não, não, não pode ser... – Nico falou.

- O que? – perguntei.

- Só existe uma “mulher” de terra, é a deusa que criou os gigantes, a mãe terra, como era chamada antigamente. – Nico explicou.

- Gaia. – Annabeth completou. – Mas ela está presa em um sono eterno.

- Na minha visão ela parecia bem acordada. – Carter disse.

- Apófis estaria se unindo a uma deusa grega? Isso não é possível, é? – Sadie perguntou.

- Apófis quer o Caos, qualquer um com o mesmo interesse pode se unir a ele. – Carter disse.

- E o que acontece se esse Apófis se erguer? – perguntei olhando para Carter.

- Acredite você não vai querer estar viva para descobrir. – ele disse.

 Já havia escurecido quando terminamos nossa conversa, foi um pouco mais longa que o esperado, então Amós nos convidou para dormir lá.

 Conhecemos Bastet a deusa gato, gente fina. Depois que comemos fomos para nossos quartos, era estranho ter o quarto só pra mim já que eu passava tanto tempo dividindo meu chalé com Thalia.

 O quarto era perfeito, uma cama enorme, um aparelho de som muito bom, televisão, uma varanda grande e com ótima vista.

 Me deitei na cama mas não consegui dormir, talvez porque eu estivesse com medo de sonhar com aquela deusa de novo, toda essa história era confusa. Me levantei e fui até a varanda, o Brooklyn não era o lugar mais bonito de New York mas era legal, da varanda eu também pude ver Manhattan e os limites do acampamento.

- Sem sono? – uma voz falou ao meu lado, instantaneamente abri a mão e uma pequena bola brilhante formada de pequenos aios se ascendeu na palma da minha mão, antes que eu pudesse arremessá-la, Carter falou.

- Calma! – Carter disse da varanda ao lado da minha.

 Fechei a mão e a esfera de raios desapareceu.

- Você me assustou! – falei.

- Desculpe, é que também não estou conseguindo dormir. – ele disse.

- Não quero dormir e sonhar com deuses se unindo para nos matar. – eu falei.

- Nem eu. Vocês tem algum cavalo preto voador?

- Temos, é Blackjack é do Percy.

- Graças a Deus, não estou maluco.

- O que? – perguntei.

- Nada. Ser filha de Zeus parece ser legal. – Carter disse olhando pra mim.

- Nem tanto, os deuses gregos são complicados.

- Então tente passar meses com um deus falando besteiras dentro da sua cabeça. – Carter falou, nós dois rimos.

- Boa noite. – Carter falou.

- Boa noite Kane. – retribui, não pude deixar de notar um pequeno sorriso no rosto de Carter enquanto ele saia da varanda.

  [...]

 Na manhã seguinte eu acordei feliz pois não tive nenhum sonho desagradável com deuses ou algo assim.

 Quando desci as escadas, na mesa da varanda da sala, Annabeth, Nico, Thalia, Carter, Bastet e Amós estavam comendo, ah e o babuíno estava pendurado na varanda com a boca cheia de farelos de alguma comida vermelha.

- Onde está... – comecei a falar mas fui interrompida por Percy descendo as escadas como um louco, de pijamas de linho, cabelos bagunçados e o rosto cheio de baba, ele correu até nós e começou a falar rápido.

- Sonho... eu sei como derrotar os deuses... fome – Percy falou.