Se Essa Rua Fosse Minha escrita por Krieger


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Olá! Desculpe-me pela demora D: Ontem eu ia postar porém minha internet caiu. Bem, tomara que que gostem~
Qualquer erro, avise-me!



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A garota andava ao meu lado, segurando minha mão direita. Novamente fazia frio, porém Kanri ainda usava aquele vestido. Eu estava com um casaco e a outra mão que Kanri não segurava eu colocava dentro do bolso para aquecê-la.

- O que vamos fazer na delegacia? –Kanri perguntou.

- Vou te fazer algumas perguntas, tudo bem?

- Sim. E depois, para onde eu vou?

- Até agora, em um orfanato. Eu sinto muito.

- Não, tudo bem, eu não me importo. Porém, este primeiro dia, não poderia ficar contigo?

- Hmm... Sim, acredito que poderá. Adoraria cuidar de ti. –sorri.

- Obrigada. –ela sorriu de volta. – E me desculpe por não ajudar o suficiente na busca, eu não podia dedurar meus pais se não eles me bateriam. A única coisa que pude foi falar aquilo, e tenho certeza que mesmo assim eles ficaram bravos.

- Eles não vão poder fazer nada com você agora. Sua ajuda foi ótima, obrigada!

Ela sorriu mais uma vez, era um sorriso encantador. A garota segurava firme seu ursinho, sempre estava com ele. De repente ela começou a cantarolar baixinho que logo foi aumentando o tom de sua voz.

-Se essa rua, se erra rua fosse minha... Eu mandava, eu mandava ladrilhar...

- Com pedrinhas, com pedrinhas bem brilhantes, só pra ver, só pra ver meu bem passar... – continuei cantando junto com ela.

Ela levantou a cabeça e olhou pra mim, sorrindo. Ela apertou mais forte minha mão que já estava quente mesmo fora do bolso. Em poucos minutos já havíamos chegado à delegacia.

Passamos por Kamila que estava lendo alguns papeis sobre o caso, a cumprimentamos e fomos direto para o interrogatório.

- Kanri, quero saber como seus pais te tratavam. –comecei.

- Quanto eu era pequena e éramos uma família pobre, éramos super unidos. Íamos ao bosque, cantávamos, brincávamos... –ela fez uma pausa e suspirou. – Depois eles tiveram aquela ideia macabra de assassinato quando quase tivemos que morar na rua por causa do aluguel da nossa antiga casa pobre.

- E depois disso, como foi sua relação com eles?

- Não tinha nenhuma. Ninguém se importava em me dar amor, eles apenas me alimentavam e davam roupas e às vezes brinquedos, ou se não eu mesma achava brinquedos na rua. Às vezes a Sra. Sandra me dava alguns de aniversario. Eles me obrigavam a carregar os corpos mortos do bosque até a nossa casa.

- Eles matavam e abriam os corpos na sua frente?

- Sim, muitas vezes. Eu tentava sair de perto, mas eles não deixavam, achavam que eu ia os dedurar. Eles me ameaçavam muito...

- E por que não a abandonaram?

- Por que... Se eles ficassem pobres de novo, eu seria a primeira “doadora” de órgãos para eles. Ou até mesmo iriam vender meu corpo.

Arregalei os olhos diante daquela situação maldosa.

- Eles que te disseram?

- Não, eu mesma descobri.

- Certo... Kanri, querida, agora preciso que você responde essa pergunta com a maior sinceridade do mundo. É a mais importante.

- Não se preocupe, irei responder com sinceridade. –ela sorriu.

- Foram seus pais que mataram Joon?

Ela ficou um pouco em silêncio, parecia triste por ter que se lembrar de Joon.

- Não, não foram eles. –por fim, ela respondeu.

- Obrigada, Kanri. Prometo que tudo vai ficar bem, ok?

- Ok! –ela sorriu, não parecia tão triste assim.

Sorri de volta.

Kamila entrou na sala e Kanri saiu logo em seguida para a sala de espera. Ela saiu cantando aquela música que sempre cantava, Se Essa Rua Fosse Minha.

- Que obsessão por essa música! –Kamila comentou.

- Sim, mas eu também gosto dessa música.

- Eu também! Mas, e então, o que descobriu?

- Os pais a odiavam, eles não a abandonaram por que iriam vender seu corpo quando ficarem pobres de novo. Um absurdo...

- E eram eles os assassinos de Joon?

- Não. Ela prometeu que me responderia com sinceridade.

- E você acredita nela?

- Claro! Os pais estão presos, ela não tem o que mais o que temer.

- Certo... –Kamila sentou na cadeira a minha frente. – Precisamos ligar os fatos para conseguirmos mais algumas pistas.

Concordei com a cabeça e então começamos a ler os papeis onde escrevemos os fatos que sabíamos até agora. No meio dos papeis de Kamila encontrei a letra da música que Kanri cantava.

- Por que você tem isso?

- Ah, eu peguei para ler e tentar ver se nos ajudava. Eu te disse que acho essa música macabra!

- Isso não faz sentido. –ri. – É uma letra normal que Kanri gosta de cantar, nada mais que isso.

Comecei a ler e cantarolava em minha mente. Franzi o cenho ao ler a ultima parte.

- Espera... Essa música... Parece ter algumas coisas do caso.

- Coincidência?

- Não sei...

- Cante!

Comecei a cantar:

Se essa rua
Se essa rua fosse minha 
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Só pra ver
Só pra ver meu bem passar

Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração

Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Foi porque
Só porque te quero bem

- A rua deve ser a Rua 12... – Kamila começou a falar e ligar as pistas. – O bosque deve ser o bosque abandonado da rua, de tão vazio que ele é, pode ser chamado de Bosque da Solidão. Dentro dele mora um anjo, que roubou meu coração... Foi no bosque que começaram os assassinatos.

- Mas e a ultima estrofe...

- Talvez o assassino que roubou o coração de Joon queria fazer algo bom para ele, diferente dos Ladrões de Órgãos que vendiam. Quem era a pessoa que mais amava Joon?

- Kanri... Impossível, Kamila.

- Isso faz sentido, Helena! Você não encontrou o corpo de Joon no bosque? E quem estava por perto? Kanri não levava os corpos do bosque para a casa? Ela pode estar fazendo o inverso dos pais!

- Mas por que ela roubaria o coração de Joon? Se o amava, por que o mataria? Ela estava tão triste com a morte dele... Por que fazer o bem para o garoto, o matando?

- Não sei... Isso ela vai responder! –Kamila saiu em disparada da sala.

- Não, Kamila, espere! –gritei, mas a jovem já tinha saído.

Suspirei, isso não fazia nenhum sentido para mim... Kanri nunca iria fazer isso. Além do mais, ela é uma criança.

- Helena! Kanri sumiu! –Kamila voltou para a sala, desesperada.

- Como assim?! –fiquei desesperada junto com ela.

- Sumiu! Simplesmente sumiu! Nenhum policial a viu!

- Meu Deus... E se ela foi sequestrada por ter dedurado os pais? Pelo assassino verdadeiro de Joon!

- Eu não sei, Helena...

Kamila sentou novamente em minha frente e ficamos discutindo para saber onde a garota poderia estar. Pegamos os papeis para ler novamente.

- Não... –terminei de ler novamente a canção.

- O que?

- Se eu roubei, se eu roubei teu coração, tu roubaste, tu roubaste o meu também...

- O ultimo parágrafo parece estar na primeira pessoa, como se o assassino estivesse cantando... E se for ela mesmo que roubou o coração de Joon...  Meu Deus! Não pode ser!

- Sim, exatamente. Suicídio.

Saímos correndo da delegacia, quase tropeçando e caindo. O primeiro lugar que pensamos em ir foi o bosque. Corríamos pela rua sem nos preocupar com nada, apenas com Kanri.

Eu não quero deixar mais ninguém morrer nessa historia! Principalmente Kanri! Prometi a ela que tudo ficaria bem!


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Notas finais do capítulo

Até mais~



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