Begin Again. escrita por taysheeran


Capítulo 2
Meu passado.


Notas iniciais do capítulo

Olá! primeiramente queria dizer que fiquei MUITO feliz com os quatro comentários de ontem. Pensei que ninguém ia gostar, então... Obrigada! ♥



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Depois do café da tarde - biscoitos e chá - nós fomos tirar as malas do carro e colocar no meu quarto. Minha mãe só iria passar uma noite, então só trouxe uma muda e as deixou no banco de trás do carro.

 Eu tinha: duas malas de viagem, três de mão e mais quatro caixas com as minhas coisas. Não que eu tivesse um closet ou coisas do tipo. É que eu resolvi separá-las por categorias para ser mais fácil de guardar.

Nós as colocamos no meu novo quarto, perto da cama. Já eram cinco horas da tarde e alguns minutos, e eu estava cansada demais para arrumá-las, então resolvi deixar para fazer isso no dia seguinte, quando eu estivesse mais disposta e com determinação de arrumar tudo que estivesse na minha frente.

-O que você colocou nessas caixas? - resmungou Percy, depois de colocar a última no chão.

Eu ri, porque eu sabia que estava pesado.

-Livros - eu disse, rindo da careta dele.

-Livros não pesam tanto assim - ele disse, analisando as caixas. - Né?

-Lógico que sim - eu disse, protestando.

-Sei - ele disse, agora olhando para mim. - São sobre o quê?

-Sobre várias coisas - mas, depois de ver a cara de "você não sabe explicar" que ele fez, eu resolvi completar a frase. – Romances e biografias... Todo tipo! Menos policial.

-Todas as caixas são de livros? - ele disse, impressionado.

-Não! Duas são de livros, uma de filmes e séries e a outra com alguns CDS e o meu rádio.

Ele deu um sorriso, como se estivesse zombando.

-Que é? - eu disse, franzindo a sobrancelha.

-Você é muito diferente das garotas que eu conheço.

-Só porque eu tenho um rádio? - eu disse, quase rindo daquela conversa.

-E porque você lê biografias. E tem CDS. E séries.

-Qual é o problema?

-Ninguém mais faz isso - ele disse, rindo.

-Cala a boca - eu disse, rindo, e logo em seguida pegando o ursinho de pelúcia mais próximo e jogando nele, o que o fez rir um pouco mais.

Nessas poucas horas perto dele eu percebi que ele é o tipo de garoto que vai te irritar até o ponto que você vai ter vontade de lhe dar um soco na cara. Mas que, em geral, ele é legal e é uma ótima companhia.

Depois de trocar mais “frases carinhosas” um para o outro, eu e Percy fomos para a sala, assistir um pouco de televisão com a minha vó e a minha mãe, que não paravam de conversar por um minuto. Estava passando a novela das 7 horas. Eu não sou muito chegada em novelas, mas se eu quisesse ter um pouco a mais de assunto com a minha vó eu teria que começar a assistir.

Meia hora mais tarde nós ouvimos a porta da garagem se abrir, e o barulho da caminhonete Chevy do meu vô estacionar. Ele demorou um pouco para entrar - provavelmente porque estava arrumando as varas de pescar, as iscas e tudo mais -, o que me pareceu uma eternidade, porque eu estava morrendo de saudades dele.

-Eliza - chamou meu vô, limpando o pé no pano da porta do quintal. - Tem um carro estacionado aqui na frente.

-Ethan, é o carro da Atena - disse ela, um pouco impaciente. - Não se lembra de que elas viriam antes?

-Você não me disse nada - ele disse, entrando na casa e vindo até nós.

Ele, primeiramente, foi dar um grande abraço na minha mãe e dizer que sentia falta dela. Logo depois, foi a minha vez.

-Annie, minha querida - disse ele, vindo para um longo abraço. Para você pode parecer ruim, mas meu vô cheirava a peixe, e eu nem ligava. Queria recordar esse cheiro para sempre.

-Vô - eu disse, retribuindo o abraço. Minha voz saiu manhosa, como se eu ainda estivesse com quatro anos, voltando da escola depois de um longo dia de desenhos no papel reciclado.

-Você está ficando alta, hein? - ele disse, bagunçando o meu cabelo.

Eu sorri e me afastei um pouco. Ele conseguia me deixar feliz, mesmo nos momentos de mais angústia, afinal, ele sempre foi o meu modelo de "herói".

Meu pai foi embora quando eu tinha 15 dias de vida. Ele ficou com medo da responsabilidade e nos largou, sem nem ao menos dizer adeus ou deixar um pouco de dinheiro na minha poupança. Minha mãe nunca mais quis saber dele, mas eu ao menos queria um pedido de desculpas, que eu sabia que jamais viria.

Então, desde então eu me acostumei ao ver meu vô como o pai que eu sempre quis. Ele sempre me ajudou a fazer o dever de casa ou a escovar os dentes, além de me ensinar a estratégia do coelho para amarrar os cadarços do meu tênis.

Ele se sentou e começou a assistir a novela, também, apesar de ás vezes querer mudar de canal e colocar na ESPN.

Logo que acabou a novela, minha vó e minha mãe foram para a cozinha, preparar algo para a janta. Meu vô foi tomar banho e ler um pouco um dos livros de pesca que ele comprou há poucas horas, o que deixou o controle remoto em minhas mãos e nas do Percy.

Nós concordamos em colocar na Warner Chanel, um canal que eu e ele gostamos em comum. Estava passando Go On, cujo "Chandler" de Friends fazia. Eu nunca havia assistido essa série, e, apesar de já não ser mais tão nova, parecia legal. Apesar de já estar no final, nós demos boas risadas.

O próximo foi The Big Bang Theory. Sou viciada nessa série, e ele também.

Depois de um longo tempo o jantar já estava pronto. Seria torta de frango, minha favorita. Comi dois pedaços e o milho que a minha vó não colocou no recheio, o que me fez passar mal, porque eu não como tanto assim. Mas hoje era exceção.

Logo depois de terminarmos, Percy teve de ir embora. Eu tinha que admitir que eu tivera um dia divertido com ele e que ele era um menino legal, diferente dos idiotas da minha antiga cidade.

Mas apesar de toda essa gentileza, eu sabia que eu ainda iria encontrar garotos chatos e mesquinhas na cidade.

-Tente não sentir minha falta até amanhã - eu disse, esperando que ele voltasse.

-Vou tentar não chorar - ele disse, fingindo uma voz de choro.

Eu ri e fechei a porta.

Em seguida fui para o meu novo quarto. Meu celular começou a vibrar e, quando eu vi, tinha 5 mensagens novas.

Eu as abri e, logo me lembrei de uma coisa.

Eu até poderia sair da minha antiga cidade. Mas eu ainda tinha uma história lá, e que não seria tão fácil concertar os meus erros.


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