Lá estávamos nós, andando na direção da praia e com roupas incrivelmente iguais. Sabe, nenhum de nós sabia o que vestir. Então se nós estivéssemos errados, todos estariam. Pagando mico em conjunto.

 Mas eu logo relaxei quando eu vi que todos estavam parecidos com nós. Copos coloridos na mão, flores nos cabelos e todos dançavam loucamente com a música que saia de vários carros de som.

Bianca me puxou e nós fomos até um dos quiosques. Tão simples, mas tão mágicos, com todas aquelas luzes e vidros de bebidas coloridos. Além de tudo, quem os administrava àquelas horas eram barmen. E gatos, gastíssimos.

A água, naquelas horas, tinha uma coloração preta. Ou parecia preta. As ondas batiam não tão fortes, nos pés de quem estava lá, pulando-as.

Bianca pegou uma batidinha de morango e nós combinamos de que nos iríamos dividir. Sério, uma noite perfeita precisa ser lembrada.

Começou á tocar 22, da Taylor Swift. Puxei Bianca para a multidão e começamos a dançar. Ninguém conhecido á vista. A areia começava á entrar na minha rasteirinha, mas eu estava tentando não ligar.

-Annie – ela disse, praticamente gritando no meu ouvido. É sério que, com três goles, ela já estava bêbada? Pois parecia.

-Diga!

-Sabe o irmão do namorado da Clarisse?

-Jake?

Ela pareceu pensar um pouco.

-Hum, acho que é. – ela deu mais um gole. – Então, ele é gatinho né?

-Aonde você quer chegar Bianca? – eu a encarei. – E o Leo?

-Ele nem dá bola pra mim, Annie. – ela fez cara de choro.

Revirei os olhos. Tá, ela realmente estava mal.

Puxei-a e nós fomos para um lugar mais reservado e com menos barulho. Nós sentamos na areia, apesar das nossas roupas serem tão fáceis de sujar, e a encarei.

-Você já está bêbada?

-Não, não! – ela exclamou, como se eu estivesse a acusando. Ok, então ela estava mais ou menos.

Ah, pronto. Ela vai chorar.

-Me conta o porquê.

-Semana passada, na quinta-feira, enquanto eu saía do anfiteatro, ele veio falar comigo. Disse que gostava muito de mim, mas... – ela fez uma pausa. – Ele não podia ficar comigo.

Então ela chorou. Chorou até o rosto de ela ficar vermelho e um pouco inchado, até a sua maquiagem borrar um pouco. E eu deixei. Porque eu sei como é quando você precisa chorar, só que segura.

Depois de umas três musica ela se recompôs.

-Vem, vamos dançar – eu disse pra ela, puxando sua mão. – Não vamos deixá-lo estragar sua noite.

-Não vamos? – ela sorriu.

-Não! – eu exclamei.

Puxei o copo da mão dela e joguei na lixeira mais próxima. Ela nem viu, ou nem ligou. Agora ela se ajeitava olhando no reflexo do celular.

Estava tocando All Eyes, do Imagine Dragons. Que estranho! É minha banda favorita, mas eu nunca havia visto tocar em nenhum lugar – além do meu quarto.

Encontramos Percy e Luke conversando perto de um dos quiosques – barzinhos – conversando com um garoto. O irmão do Chris. Bianca foi andando rápido na direção deles.

Deixe-a, eu pensei.

Ela puxou Jake para dançar. Ele não hesitou, apenas puxou-a pela mão e eles foram para a pista.

Percy franziu a sobrancelha.

-Onde vocês estavam? – ele perguntou, me puxando para perto.

-Andando... – eu respondi, observando-os. – Vamos dançar?

-Vamos – ele fez uma pausa. – Ei, Luke, porque você não chama a Thalia?

Ele suspirou.

-Ela está me evitando.

-Te evitando? – eu perguntei. – Mas por quê?

-Sei lá. – ele deu de ombros. – Mas vou procurar ela de novo.

Então ele saiu.

-Ele está um pouco bêbado. – anunciou Percy.

-Ainda bem né. – eu exclamei. – Se não ele ia continuar aqui. E a Thalia lá.

-Então, já que nós resolvemos esse problema...

Eu sorri.

-Sim?

Ele sorriu, e foi me puxando até a multidão e eu não precisei dizer nada.

E como se fosse mágica, o DJ – um dos – avisou que iria desacelerar um pouco o ritmo, e que a balada voltava á meia noite. É claro que muitas pessoas não gostaram, mas quem tinha um namorado tão incrível como o meu, adoraram.

Começou á tocar I Miss You, do The Henningsens. Essa música é perfeita. Olhei para várias direções procurando a Bianca, mas não a achei. Ela deveria estar longe, e eu fiquei com uma pontada de preocupação, e esperava que Jake estivesse cuidando dela. Ou ela de si mesma.

Abracei Percy e nós ficamos dançando assim. Eu sentindo o calor de seu corpo e a sua respiração no meu pescoço. Uma das frases que eu mais digo, e vou dizer de novo: uma das melhores coisas do mundo.

Antes que tudo pudesse ficar mais perfeito ainda, ouvi alguém chamar o meu nome. Começou bem fraquinho. Procurei por todos os lados, mas não achei.

Deve ser a Bianca me procurando, eu pensei.

Continuamos dançando e logo eu esqueci. A balada voltou e eu dancei tanto com Percy que meus pés começaram á doer. Mas valeu a pena.

Mas depois que "os bêbados" começaram á se reunir as coisas ficaram um pouco tensas. Houve bastante desentendimento, então eu e Percy nos distanciamos, indo em direção ao mar. Tirei minha rasteirinha e fiquei segurando-as na mão, e Percy fez o mesmo com o chinelo.

Coloquei o pé direito na água. Fria.

-Você quer entrar? – eu perguntei, sorrindo. Mas é claro que ele queria; Percy é um peixinho. Onde tem água é onde ele está.

-Só se você entrar comigo – ele disse, me puxando para perto.

Entro ou não?, Pensei.

Mas depois de analisá-lo melhor, eu vi que valia a pena correr o risco – mesmo que isso significasse sentir alguma coisa picando o meu pé ou morrer afogada.

Sabe qual foi a melhor coisa que eu já fiz? Jogar a minha rasteirinha na areia. E sabe qual foi a outra? Ter combinado com as outras meninas de ter colocado biquíni por baixo da roupa. Joguei minha blusa perto da minha rasteirinha. Amo meu namorado, mas não sou burra; aquela blusa foi cara.

Isso não soa tão ridículo porque nós não éramos os únicos na água com roupas de banho. O que foi um alívio.

Comecei á avançar até a água bater nos meus joelhos. Percy continuava me observando, com um sorriso travesso no rosto.

-Você não vem? – eu perguntei, rindo.

Ele fez o mesmo que eu e foi até mim. Nós avançamos um pouco, até a água bater na nossa cintura.

-Não passo daqui – eu avisei, segurando firme sua mão.

Ele assentiu.

O som de Say You’re Just A Friend, do Austin Mahone. Mas eu estava tão concentrada com o que estava acontecendo no momento, que toda a agitação na praia soava abafada.

Percy se aproximou de mim. Mas, antes que ele pudesse me beijar, uma onda bateu em nós. Mas não foi uma onda fraca, e nem pequena. Era uma onda grande, que nos molhou por inteiro.

Eu não pude fazer outra coisa se não rir. Olhei para Percy, que estava fazendo o mesmo. Agora ele muda o status de namorado para meu melhor amigo.

Nós começamos uma guerra de água, e mais ondas chegavam e nos molhavam. Teve uma hora que nós até caímos.

Quando a agitação parou e o cansaço nos dominou, nós fomos sentar perto das nossas coisas.

-Finalmente eu achei vocês – exclamou Bianca. Ela estava descalça e com um copo na mão.

-Onde você estava? – eu perguntei, um pouco preocupada.

-Eu estava com o Jake, mas ele teve que ir embora. – ela fez uma pausa. – Então eu achei a Silena, e nós dançamos um pouco. Aí eu perdi ela e achei vocês. Aliás, porque vocês estão molhados?

-Nós estávamos no mar – disse Percy.

-Ah tá. – ela deu um gole na bebida. – Não é por nada não mais... Quero dizer, não sei se eu estou vendo coisas. Mas é que eu vi a Thalia e o Luke ali, e eles estavam tipo...

-Fala logo! – eu exclamei.

-Tá tá – ela revirou os olhos. – Eles estavam se beijando.  

-Aonde? – eu perguntei, animada.

-Nem lembro. – ela fez uma pausa. – Vou dançar, tchau.

Então ela foi, antes que eu ou Percy pudéssemos impedir.

Eu olhei para Percy. Que noite incrível.

(Continua...)