Everything Has Changed escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 3
All i know is a simple name... And everything has changed


Notas iniciais do capítulo

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O fim de semana passou tediosamente e o mais devagar possível. Eu devia estar ficando com TOC*; eu só pensava naquela conversa minúscula que tive com aquele garoto na sexta feira. Nem estudei pra maldita prova de geografia. No sábado novamente tive pesadelos, o que estava me deixando ainda mais paranoica. Nunca fui de ter muitos pesadelos, mas quando eu os tinha, eles eram realmente muito apavorantes. Fora isso eu só fazia pensar no maldito garoto que eu nem sabia o nome. Pensava na sua mudança de comportamento e em como ele sumiu do nada. Minha cabeça estava confusa e ansiosa para segunda-feira. Algo me dizia que ele iria estar lá, na aula de biologia.

É claro que eu também estava apavorada de medo por isso. E se ele estivesse mesmo? Iria fazer alguma diferença? Eu não iria falar com ele, de jeito nenhum. Não que eu fosse conseguir, de qualquer maneira. Mas e se ele falasse comigo? Eram tantas as possibilidades que a minha mente criava. Não consegui me distrair disso o final de semana inteiro. Como eu disse, TOC.

Finalmente, infelizmente ou não, o sol da manhã de segunda nasceu no horizonte, brilhante e mormacento. Arrumei-me tentando ignorar a ansiedade. Eu, ansiosa para escola. Quem diria. Minha mãe e eu comemos em silêncio, ela não percebeu minha mudança de comportamento e, como sempre, saiu antes de mim sem despedidas. Suspirei e segui para arrumar minha mochila e calçar os sapatos.

Verifiquei minha aparência no espelho e saí, trancando as portas. Andei pelas calçadas de New York num ritmo constante e logo cheguei ao colégio. Eu morava à três quadras do colégio. Ao que parecia, eu havia chegado cedo demais, os corredores ainda estavam meio vazios. Fui direto ao pátio, que tinha com uma grama bem conservada, árvores, mesas e bancos de pedra. Um bom lugar para esperar o sinal tocar sem ser incomodada.

Abri meu exemplar de O morro dos ventos uivantes, que por sinal eu já havia lido várias vezes, mais nunca cansava. Lia com atenção quando ouvi um barulho musical familiar, quando virei para meu lado esquerdo, Sam – garoto loiro, com olhos verdes da minha aula de matemática – estava sentado ao meu lado, segurando seu violão.

– Oi Bella – ele disse e voltou a tocar uma melodia que eu conhecia.

– Estou lendo – falei e ergui o livro para que ele se tocasse, e parasse de tocar.

– É por isso que eu estou aqui – ele cantou, mas claramente não fazia parte da música – vamos, Bella, me dê uma ajudinha, essa música é um dueto – ele falou, sorrindo.

– Não... – disse, mal humorada.

Então ele continuou a cantar, sem me deixar concentrar no livro, pois eu já cantava a música em minha mente involuntariamente. Que garoto idiota.

Coloquei as mãos nas cordas, o fazendo parar de tocar e puxei o violão de suas mãos.

– Eu toco melhor que você – justifiquei meu ato, Já começando a tocar a mesma música, que parecia muito mais limpa e uniforme tocada por mim.

Eu tocava piano e violão, por causa do meu irmão, que era musicista. Eu também cantava, mas essas não eram coisas que eu amava fazer. Eu até gostava, mas só fazia pelo meu irmão. Depois de sua morte eu não vi motivo nenhum para continuar com isso. Me lembrava dele. Mas, com o tempo, de um jeito ou de outro, fui obrigada a superar sua morte. Mesmo assim não voltei a tocar. Até agora.

Ele pegou rapidamente dois pedaços de galhos soltos das árvores no chão e começou a batucar na mesa á minha frente, no ritmo. Então ele começou a cantar, eu tinha que admitir que a sua voz era a minha preferida. Mas ele não participava dos musicais do colégio nem nada, eu só sabia que ele cantava por que ele fazia isso em todo lugar, a todo momento, mas mesmo depois de tanto escutar sua voz, eu não me enjoava dela.

Conforme me sentia mais confortável, acompanhei-o com minha voz baixinho, fazendo coro para ele. Ele sorriu e acenou com a cabeça, estimulando-me. Várias pessoas que passavam por ali nos olhavam, e outras que estavam paradas próximas a nós balançavam a cabeça no ritmo da música. A música então acabou e eu lhe devolvi seu violão.

– Tá vendo? Muito melhor que esse livro idiota – ele apontou para meu livro, já esquecido do lado de minha mochila.

– Cale a boca – disse e ri de sua expressão de falso choro. – a gente devia fazer isso mais vezes – eu disse, sincera. Eu tinha que admitir que eu sentia falta daquilo. Sentia falta de meu irmão.

Ele percebeu minha repentina pequena mudança de humor.

– O que foi, Bella? – perguntou-me.

– Nada, não – eu disse, e o sinal tocou, nos obrigando a levantar.

– Olhe, eu queria saber... Bom... Se er... – ele gaguejava.

– Fale logo Sam, temos que ir para aula – eu tentei parecer apressada, observando o resto dos alunos irem em direção as suas respectivas salas de aula. Não estava nenhum pouco ansiosa para ir para aula de geografia, afinal teria prova e eu não estudei. Mas eu meio que sabia o que o Sam queria me perguntar e eu não estava nenhum pouco afim de responder.

– Eu queria saber se você gostaria de ir ao baile comigo – ele tomou coragem, falando rapidamente.

Digamos que Jéssica tinha me dito que ele tinha dito a Mike que iria me pedir para ir ao baile. Como eu odeio fofoca, não acreditei. Mas agora eu queria ter acreditado e pensando numa resposta decente para não magoar o garoto.

– Desculpe, Sam...

– Eu já sei, já sei... Um não. Eu meio que esperava por isso.

– Desculpe – eu realmente não sabia o que dizer.

– Tudo bem, Bella. Vamos para aula – ele parecia desapontado. Talvez eu devesse ter aceitado. Ele era legal, mas eu não queria dar a impressão de que eu queria que a nossa relação fosse além da amizade.

Marchei em direção à aula de geografia, entrando numa sala já cheia, mas ainda sem professor. Vários alunos davam uma pequena revisão, antes da avaliação. Vi Ângela e me sentei ao seu lado.

– Por favor, me dá um resumo – cheguei já implorando por sua ajuda com o assunto.

– Bom, tem a rochas magmáticas, rochas sedimentares e-

Antes que ela pudesse sequer me passar uma informação útil, o professor chegou com as provas.

– Ângela se você me ajudar você ganha meu amor eterno – eu falei baixinho.

– Ok, só as primeiras cinco questões.

– Já é alguma coisa.

O professor então começou a entregar as provas, e quando pude, pedi as respostas a Ângela. Eu sei, colar é ridículo e errado, mas essa era uma situação rara entre nós. Eu não tinha estudado, o que eu podia fazer? Tudo menos tirar um zero. Se minha mãe soubesse que eu estava colando, eu levaria uma bronca colossal. Agora, se minha mãe soubesse que eu tirei zero, eu estaria morta e enterrada.

Bom, eu tentava zelar pela minha sobrevivência.

Como prometido, Ângela só me deu as cinco primeiras questões. Eu até implorei por outras mas ela não teve piedade da minha pessoa. Fiz as outras cinco no improviso, e só tinha certeza sobre uma questão. Ainda faltava muito tempo para o professor nos liberar para próxima aula, e eu já havia feito o que pude com a prova. Olhei ao redor, não para colar, mas por falta do que fazer.

Vi o garoto da aula de biologia na primeira cadeira da terceira fileira. Não mais o garoto da aula de biologia, agora ele era o garoto da aula de biologia e geografia. Que maravilha. Como eu não tinha o visto ali quando eu entrei? Ele estava bem na frente... Ele estava tão absorto em sua prova que eu pude observa-lo por muito tempo. Eu estava sentada na ultima fileira, por que eu costumava me sentar atrás. Isso não me fazia uma aluna ruim, eu só não queria ser o alvo de perguntas dos professores. E também queria poder tirar meus cochilos matinais nas aulas de História. Pelo que sei isso ainda não é crime.

Olhei-o absorta na beleza de suas costas bem contornadas e seu cabelo cor de bronze. Era injusto ser tão bonito até de costas. Mas me lembrei da raiva de seus olhos na primeira vez que o vi. Eu queria falar com ele, mas eu sentia que não devia fazê-lo.

Finalmente o sinal tocou, interrompendo meus pensamentos. O professor recolheu as provas e eu comecei a pegar meus materiais.

– Tenho certeza de que tirei dez. Tão fácil!

– Já eu tenho certeza de que tirei cinco. Custava me dar pelo menos sete?

– Que te mandou não estudar?

Balancei a cabeça em descontentamento, mas ela estava certa.

O garoto da aula de biologia e geografia foi o primeiro a sair da sala, quase correndo. Eu não poderia ficar chamando-o de o garoto para sempre. Perguntei à Ângela o nome dele, mas ela não sabia. Cheguei à conclusão que eu deveria perguntar o nome dele, afinal, isso não era nada. Só interação social com os novatos.

E então me deu um surto de coragem. Decidi realmente falar com ele. Talvez convidá-lo para o almoço. Perguntar sobre a festa de sábado, ou o jogo.

O tempo passou rapidamente, e já era hora da aula de biologia. Meu pequeno surto de coragem se esvaiu como água pelos meus dedos. A quem eu queria enganar? Eu só queria falar com ele por que ele era além de misterioso, lindo. Eu sempre julguei as pessoas por apenas pensarem na aparência, e olha eu aqui, fazendo o mesmo. E daí que ele era extremamente bonito? E daí que ele era tão misterioso para me deixar o final de semana inteiro com TOC?

Decidi que meu último ato seria perguntar seu nome. Somente. Dessa curiosidade eu não iria me privar.

Entrei na sala e ela estava cheia, novamente. O único lugar vazio era na primeira fileira, ao lado dele. É claro.

Eu iria perguntar o nome dele, não iria? Então não custava nada sentar ao lado dele. Não que eu tivesse outra opção. Me sentei rapidamente, e o professor ainda não estava na sala. Várias pessoas conversavam.

– Você está melhor? – ouvi uma voz grossa e suave, vindo do meu lado esquerdo.

– Ãh? – foi a única coisa que pude dizer. Virei meu rosto para olhá-lo e quase imediatamente me arrependi de tê-lo feito.

Seu rosto perfeito me encarava, suavemente, mas seu maxilar estava contraído. Seus olhos eram preocupados. Sua expressão era de total cordialidade. Eu podia sentir o seu cheiro de onde eu estava, e ele era embriagante. Percebi que ele esperava de mim uma resposta.

– Você não parecia muito bem na festa do sábado – ele explicou.

– Ah, sim – disse, minha voz soou um pouco desconcertada.

O professor entrou na sala, interrompendo todas as conversas paralelas.

Ele começou a explicar algo sobre fermentação, mas eu não escutava nenhuma palavra, pois meu batimento cardíaco ecoava nos meus ouvidos. Eu ainda podia ouvir algumas conversas na parte de trás da sala, mostrando que nem todo mundo estava prestando atenção.

– E então? – eu ouvi a voz do meu lado perguntar, acho que não tinha respondido sua pergunta, exatamente.

– Oi? – foi a única coisa que consegui dizer.

– Você está melhor? – ele repetiu, sorrindo. Perfeito, agora ele provavelmente achava que eu tinha problemas mentais.

– Sim, e-estou melhor – gaguejei.

O professor continuava com o assunto, e as conversas se acalmaram um pouco.

– ...Um processo que exige muito do organismo. Agora tenho uma surpresa para vocês. Todas as atividades do ano serão realizadas em duplas.

Ouvi aplausos e suspiros atrás de mim. Eu fui uma das que suspirei, pois não tinha nenhum amigo naquela aula.

– Silêncio, silêncio! – o professor tentava acalmar a turma, algumas pessoas já estavam escolhendo seus parceiros. – o parceiro de cara um de vocês será a pessoa que está sentada ao seu lado esquerdo.

Puxei o ar, nervosa. Eu bem sabia quem estava do meu lado esquerdo. Ouvi protestos de alguns alunos, e outros já tentavam mudar de lugar.

– Derek, volte para seu lugar! É assim que vai ser, de uma maneira ou de outra – o professor disse, rindo. Ele bem queria tirar uma com a cara da turma.

– Acho que seremos parceiros – o garoto disse, não consegui decifrar sua expressão.

Somente balancei a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa.

O professor saiu distribuindo folhas para as duplas, explicando a atividade.

– Quer começar? – o problema era que eu não tinha entendido uma palavra do professor.

– O que temos de fazer?

Ele riu.

– Só classificar segundo as fases da mitose e meiose.

Suspirei de alívio. Eu sabia aquele assunto.

Conseguimos fazer a atividade muito rapidamente, e o professor se surpreendeu.

– Você deveria deixar a Srta. Swan ajudar, Edward. Essa tarefa é em dupla. Não é por que suas notas são perfeitas que você deve ser tão exibido – eu tinha certeza de que o professor tinha ido longe demais ao falar isso.

– Na verdade senhor, Bella fez metade das questões – ele respondeu. Espera um pouco. Como ele sabia meu apelido?

O professor me avaliou e saiu com uma cara de taxo.

– Como você sabe meu nome? – deixei escapar, minha voz num tom acusador demais.

– Eu...

O sinal tocou, interrompendo-o.

– Eu tenho que ir – falou, e saiu tão rapidamente que não tenho certeza se testemunhei o ato.

Edward. Esse era o nome dele.











*TOC: Transtorno obsessivo-compulsivo, pra quem não sabe :)












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