Antes Do Amanhecer escrita por Jaque Morello


Capítulo 6
Fragmento Cinco - O destino manda o primeiro sinal


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora a história começa a esquentar.



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 - Como assim vai pra casa? - perguntou Bells brava. - Não, não, não. Eu planejei a noite toda e você não vai estragar tudo indo para casa.

  - É por isso que vou pra casa. Pra não estragar tudo.

  - Não Desirèe, você me deve essa por não querer trocar de horário comigo.

  - Ela não quer ir. - disse Jarede firmemente.

  - E você é o porta-voz dela por acaso? - perguntou Lucius.

  - Ela vai. Fim de papo. - disse Anabelle tão firme quanto Jarede.

  Ele respirou fundo.

  - Preciso ir pra casa. - disse ele pra mim. - Você vai ficar bem?

  - Vou. - eu disse em um suspiro.

 Vê-lo sair pela porta sozinho me deu um calafrio na espinha. Eu sei que isso vai parecer estranho, mas tinha algo me falando pra ir pra casa. Mesmo assim eu sabia que se eu fosse, Anabelle ia ficar muito chateada.

 Anabelle nos arrastou para uma balada subterrânea numa parte afastada de casa. O lugar tava lotado, e tinha um monte de gente estranha dançando junto. Infelizmente ela fez o que eu temia: sumiu com Lucius e deixou eu e os meninos sozinhos no meio da pista de dança. Thierry foi beber um drink, e Wally ficou dançando comigo, mas com a cabeça loooonge.

  - O que foi? - perguntei o olhando.

  - Fico com raiva dessas coisas! - resmungou ele de cenho franzido. - Sei que não tenho o direito, porque ela não é nada minha, mas poxa, ela se esfrega em qualquer um.

  - Em qualquer um que não seja você. - lembrei-lhe rindo.

  - Nossa, valeu hein Dee. Era tudo que eu queria ouvir agora.

  - Não fica bolado. Acha uma menina legal pra ficar, deve ter um monte por aqui.

  Ele olhou em volta as meninas dançando e bebendo.

  - Hm, não obrigado. - disse sério demais pra quem estava em uma balada.

  - Ai, deixa pra lá. - respondi brava. - Eu deveria ter ido pra casa mesmo. - e me afastei dele a passos largos, mas ele veio vindo atrás de mim. 

   Saí da balada para a rua, e procurava por um táxi quando reparei que ele estava me seguindo.

   - Onde vai? - perguntei a ele.

   - Pra casa também, não tenho nada pra fazer aqui. 

   - Não adianta ficar ranzinza falou? O que você tem que fazer é se declarar de uma vez por…

   - EEEEEEI!!! - berrou Thierry do outro lado da rua. - Onde estão indo?

   - Pra casa. - respondi, mas quando olhei Bells e Lucius estavam ao lado dele.

   - E de quem foi essa ideia idiota? - berrou Anabelle do outro lado.

   - Minha. - berrou Wally de volta.

   - Voltem pra cá. - disse Lucius chamando com a mão. - Parem com isso.

   - Não vou voltar.

   - Voltem pra cá. - repetiu ele e Wally paralisou na calçada olhando para o outro lado da rua.

   De repente o ar ficou meio denso, e um nevoeiro baixou. 

   - Voltem logo! - só se ouvia a voz de Lucius do outro lado.

   Olhei para frente e não vi mais o Wally.

   - Wallace!! Cadê você?

   - Gente o que ta rolando? - perguntou Anabelle, sua voz estava longe.

   - Wally?! - chamei andando em meio ao nevoeiro.

   - Desirèe?! - chamou ele em algum lugar no meio da névoa que eu não conseguia ver. - Vem aqui.

   - Onde exatamente é “aqui”? Não consigo ver nada!

  - É só vir reto Dee. - disse Lucius do outro lado. - Só atravessar a rua.

   - Tenta você seu esperto!! - berrei com raiva.

   - Vem Dee.

  Fui andando devagarzinho pela névoa, tentando achar Wallace no meio do nevoeiro, mas não conseguia ver quase nada. Foi então que vi um clarão e escutei um berro.

   - DESIRÈE!!! - era a voz de Wally. 

 Fui arremessada de volta para a calçada onde eu estava e um estrondo se ouviu. Bati a cabeça com força no chão.

  - Au! - disse com as mãos na cabeça, sentindo muita dor.

  - WALLACEEEEEEEEEEEEEEEE! - berrou a voz de Bells chorando. - Ai meu Deus! Ai meu Deus!

 Abri meus olhos e tentei me sentar. A névoa havia sumido, e Wally estava estendido no meio dos asfalto, sangrando.

 - Wally! - me levantei correndo e fui para perto dele.

  O motorista saiu de dentro do carro.

 - Ela… Ela apareceu de repente. Eu não… Não… - ele parecia confuso demais olhando a cena.

 - O que aconteceu? - perguntou Thierry correndo em nossa direção.

 - Vocês ficaram chamando a gente. Se tivessem deixado nós irmos embora nada disso teria acontecido.

 - Desirèe pelo amor de Deus, você que saiu igual uma doida sozinha. Wally ficou te chamando e você parecia estar sonambula ou sei lá. - disse Bells chorando desesperada. - Wally, a gente vai chamar a ambulância ta?

 Vi Lucius sair da boate e olhar surpreso para tudo aquilo.

 - Gente, o que aconteceu? - perguntou se aproximando. - Vocês todos saíram correndo e eu fiquei lá dentro sem entender nada.

 - MEU DEUS TO FALANDO SÉRIO GENTE, EU TAVA COM O WALLY, A GENTE IA PEGAR UM TÁXI PRA IR PRA CASA, E VOCÊS CHAMARAM A GENTE PRA VOLTAR.

 - Dee… - disse Wally com dificuldade. - Você enlouqueceu? Eu não tava contigo. Cheguei na rua a tempo de te empurrar pro carro não bater em você.

 Meu coração se descontrolou dentro do meu peito, e me deu uma vontade de chorar incontrolável. Passei as mãos no rosto desesperada. Não era possível! Não era possível eu ter tido uma alucinação, ter imaginado tudo aquilo. 

 - Me perdoa Wally. - eu disse chorando andando para trás. - Me perdoa. - e comecei a correr para longe deles.

 Corri até achar a entrada do metrô, entrei, achei um acento e respirei fundo caindo no choro. Eu estava ficando louca. Por que eu estava ficando louca? Isso me dava medo. Me dava muito medo. Antigamente minhas visões e alucinações só machucavam a mim mesma, mas agora começou a machucar outras pessoas também. E a culpa era minha. Era toda minha. Por que tudo estava piorando? E a pergunta que não quer calar é: E por que isso está acontecendo agora?


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