Triz terminava de fazer os pontos na perna de Maryanne. Vinte e três pontos no total. O corte fora profundo e doía como o inferno, por isso a ruiva demorou para chegar ao acampamento. Grunhiu de dor quando Triz começou a fazer o vigésimo quarto ponto no ferimento.

Havia chegado com duas mochilas e uma sacola. Sacola esta, que a ruiva não havia desgrudado desde que chegara. Ela estava cheia de hematomas e cortes pequenos. Dois cortes eram profundos. O primeiro, do ombro até o meio das costas, já havia sido devidamente tratado. Vinte e sete pontos.

– Pronto - anunciou Triz - 27 nas costas e 24 na perna, o que totaliza 51 pontos gerais. Vou explicar o que aconteceu?

Maryanne coçou os olhos, como quem está cansada e fez que sim com a cabeça. Colocou a sacola no ombro bom e mancou para fora da barraca de Triz. Todos estavam sentados, almoçando. Olharam para ela assim que a ruiva pisou para fora. Foi saudada com aplausos, e assobios. Maryanne ficou da cor de seus cabelos e sentou-se ao lado de Jason, o único lugar vago.

– Então, Mary - começou Cristina, sorrindo ao lado de Damien. Maryanne sorriu para os dois e apontou para o seu próprio cotovelo, fazendo Damien revirar os olhos e rir um pouco - O que diabos você foi fazer e como diabos você saiu de Atlanta viva?

Maryanne colocou as mãos no coração, com uma expressão ofendida.

– Cade a sua fé me mim, Christie? Assim eu até fico magoada...

O grupo soltou risadas.

– Mas enfim... - continuou a ruiva - Voltei porque, no caminho pra loja de armamentos, eu vi uma farmácia. Ela ficava de frente pro supermercado então só dei uma passadinha por lá, por via das duvidas. Passei também numa loja de caminhada e roubei essa mochilas enormes.

Todos assentiram.

– Ta, mas o que aconteceu? - perguntou Jason - Quer dizer... Ah, por favor! Você esta pior que o próprio Gaspar!

O grupo gargalhou ainda mais. Até mesmo Lucie, que havia saido nos braços do major apenas para comer, se permitiu uma risada. Gaspar apenas revirou os olhos.

Maryanne parou de rir.

– Então, eu praticamente pulei em cima dos errantes que estavam perseguindo a gente... Eu tive que escalar uma das lojas e não deu muito certo. Então eu tentei o mais fácil:quebrar o vidro da janela do térreo. Quando eu passei pra dentro, dois pedaços de vidro rasgaram a minha pele, a das costas e a da perna. Sim, eu sou imbecil nesse nivel. Mas eu tinha que entrar rápido, então...

Todos fizeram que sim com a cabeça.

Todos estavam sentados na frente da fogueira, ainda acesa para esquentar comida. Clear ao lado de Harry e Kath. Ao lado de Kath, Derick. Logo depois vinham Katrina e Andrew, Cristina e Damien, Gaspar e Lucie e Maryanne e Jason.

– Ahn... - murmurou Kath - E essa sacola? É o que?

Maryanne sorriu.

– Isso? - ela apontou para sua preciosa sacola - Ah! É um negócio que o Gaspar pediu pra eu buscar se eu conseguisse.

Gaspar arregalou os olhos. "Ela se lembrou!", ele pensou.

A ruiva meteu a mão na sacola e puxou alguma coisa de lá. Rapidamente, jogou nas mãos do major.

– Harry - chamou Gaspar - Vem cá.

O loiro não entendeu o que seu pai queria. Levantou devagar e foi na direção de seu pai. Gaspar estendeu a mão e entregou ao filho o objeto que a ruiva havia lhe trazido.

– Feliz aniversário... - murmurou o pai.

Harry pegou o objeto de couro da mão de Gaspar. Um cinto! não um cinto qualquer. Era um cinto com suporte pra pistolas! Harry sorriu e começou a colocar o cinto em sua cintura.

– Eu adorei pai! - exclamou Harry - Eu adorei... Pai...

Harry repetiu a frase como se fossem novas palavras em sua boca. Depois sorriu ainda mais e deu um abraço caloroso em Gaspar, que retribuiu, alegre.

O grupo cantou um "Parabéns pra você!" animado, porém baixinho, enquanto Maryanne jogava balas de morango, chocolate e creme pra todos os lados. Pela primeira vez, as coisas pareciam estar certas.

– Ficou um pouco largo - disse Harry.

– Fique tranquilo - disse Lucie - Daqui alguns anos, vai caber certinho em você.

Ela estendeu os braços para arrumar o cinto em Harry, então lembrou que o braço esquerdo ia apenas até o cotovelo. Abaixou o braço envergonhada e ajustou o cinto apenas com a mão direita.

Harry se abaixou e deu um abraço em Lucie, que retribuiu, surpresa.

– Você, em algum momento, transformou meu pai em pai - disse Harry no ouvido de Lucie, de modo que apenas ela ouvisse - Tudo bem se quiser ser minha nova mãe.

Lucie sorriu, da cor dos cabelos de Maryanne.

E então o grupo festejou, comeu balinhas até não poder mais. Clear chegou perto de Harry e lhe deu um rápido beijo nos lábios. Os dois ficaram vermelhos como dois pimentões.

– F-feliz aniversário... - murmurou a pequena.

Harry sorriu.

– Está com vergonha, Clear? - perguntou o loiro maliciosamente.

Clear respondeu a sua malicia com 5 tapas bem dados nas costas do loiro. Ele ria enquanto Clear tentava acertar-lhe mais vezes, murmurando "Muleque pervertido!".

Derick, Kath e Andrew foram dar um abraço em Lucie, que ainda sorria. Ela retribuiu os abraços na medida do possivel.

– Ficamos preocupados com você - disse Kath.

– Não precisavam - respondeu a líder - Estou bem, veem?

Todos fizeram que sim com a cabeça.

– E eu fiquei sabendo de você e a Katrina - disse Lucie, sorrindo para Andrew, que ficou muito vermelho - Acho bom trata-la como ela merece. Meu filho ou não, você vai ter que ser homem pra trata-la como mulher, entendeu?

Andrew fez que sim com a cabeça e foi de encontro com Katrina.

– E vocês dois - disse Lucie para Kath e Derick - Também têm a minha benção.

Os dois ficaram vermelhos e passaram a protestar contra Lucie e a lider revirou os olhos.

As coisas se encaixavam, enfim.

De uma vez por todas.