Você desliga o celular, furioso. É claro que você e seu pai não podem ter uma conversa civilizada. É claro que sim. Você não sabe o que estava esperando ao dizer uma coisa dessas, mas não era isso. Jamais isso.

Então, ele sai do café e te encontra reclinado contra a parede. Ele pergunta se está tudo bem, e você não quer contar, mas quando ele toca seu braço, levemente, você começa a chorar. Ele parece assustado, e você o entende. Faz anos que você não perde o controle assim. Ele te abraça, e você se deixa ser abraçado, e ele não diz nada, e as coisas não ficam melhores, mas os dedos dele percorrendo seus cabelos são reconfortantes.

Você não sabe se vai ficar tudo bem, e você não acha que vai ficar, mas pelo seus amigos estão com você.

Quando você se acalma, você conta pra ele.

-Ele me ligou por causa da foto do jornal de ontem, de todos nós no protesto a favor dos direitos LGBT. Ele me perguntou o que eu estava fazendo lá, e então... Eu contei pra ele, R, eu falei que eu... e ele me disse que...

Ele te abraça de novo quando sua voz falha, e te diz que seu pai vai voltar atrás, que você ainda é filho dele e que ele ainda te ama.

Você quase acredita.