Manhattan- Eua.

5a.Avenida.

Edifício Blue Palace. Andar 24.

Sala 16.

–Suze, posso entrar?- perguntou a secretária, batendo na porta.

–Claro.

–Senhor Ramires quer falar com você.

–Oh, eu já informei que entregarei as relatórios na sexta. -Trabalhar na agência não era fácil. Investigações, relatórios e prazos. Tudo precisava ser feito em menos tempo possível.

–Não me parece que seja este o assunto do qual ele quer falar. Esteja na sala dele as 07:45 amanhã.

–Okay, obrigada.

–Só estou fazendo o meu trabalho...- disse indo em direção a porta.

–Hey, Jas!

–O que?

–Como andam as coisas com o Jack?-perguntei.

Jasmine era a única amiga que eu tinha dentro daquele lugar, todas as outras pessoas educadas, mas muito sérias.  Talvez, anos investigando mortes fizesse isso com as pessoas.

–O..o..que? - a baixinha corou-O que tem ele?

–Qual é! Todo mundo do prédio já sabe que você é afim do cara da correspondência.

–Ah, nós vamos almoçar juntos hoje.- sussurrou um com sorriso tímido.

–Aleluia! Pensei que nunca fosse acontecer!

A ruiva soltou uma gargalhada, e seus olhos verdes brilharam.

–Só você mesmo, pra falar uma coisa dessas.

–Fazer o que né? eu sou assim. Mas enfim, boa sorte com o Jack, quem sabe ele te presenteia com selos.- brinquei.

–Você não presta mesmo né Suzannah?-deu um último sorriso e saiu da sala.

Depois de alguns relatórios, organizei os papéis sobre a mesa, chequei a caixa de e-mail em direção a sala do investigador.

–Olá John.

–Suze, A que devo a honra de sua visita?.- deu seu melhor sorriso galanteador.

–Não tenho tempo para conversas tolas.- pode parecer meio grosso, mas era assim que se tratava John Carter, se deixasse uma brecha e já estaria dando em cima de você.- Preciso de algumas informações sobre o caso de Anne McCurdy.

–Bom, esse caso não foi solucionado. Encerrado na metade do processo, e guardado na gaveta.

–Hm...Não solucionado, é?

–Não encontraram provas suficientes para incriminar Edward White, seu namorado e principal suspeito.

–Que tragédia, o próprio namorado....Mas enfim, onde posso encontrar os arquivos?

–Por que está tão interessada neste caso em particular?

–Por que Anne McCurdy era minha amiga.

O rosto de John ficou ruborizado, seu olhos azuis ficaram sérios .E sua expressão mudou de descontraída para  preocupada. Muito preocupada.

–Se está pensando em vingança...Suze, depois de tantos anos trabalhando neste lugar você sabe, que combater o mal com mal é errado. Nosso dever é apenas fazer justiça, e neste caso não temos provas o suficiente para...

–Mê dê o caso. Confie em mim. - insisti.

–Os agentes Mason e Ray, tentaram mas não conseguiram.

–Você sabe que eu não vou falhar.- afirmei.

–Eu sei, e é por isso que me preocupo. Você irá matá-lo.

–Bom, cada agente com seu modo de trabalho.

–Não podemos sair exterminando criminosos.- contrariou.

–Mas John.. exterminar criminosos é fazer justiça. Eles merecem pagar pelo que fizeram.

–Não é nosso dever decidir entre a vida e a morte.

–Pare de me dizer o que é certo ou errado! por que você não sai dessa cadeira e vê como é cruel o mundo fora do seu escritório ein?

–Oh você acha que eu não sei como é!-exclamou irritado.

–Não me parece que saiba, pela maneira como age.- retruquei.

–Você não me conhece. Eu perdia agentes, amigos mortos por esses cretinos e ninguém nunca fez nada. Por que você acha que eu estou aqui? .

–Eu...eu....- tentei me justificar.

–Ah você não sabia! Ninguém sabe, ninguém liga! O que você acha que um cara de 25 anos faz dentro de um escritório, tendo tido tantos treinamentos? Por que não o querem em trabalho de campo, acham que passou por coisas demais, e iria descontar sua raiva matando outros. Você acha que eu não quero vingança?

–Não foi isso...

–Ah eu quero sim! E como quero. Você acha que eu não tenho pesadelos? Que eu não sinto falta dos meus amigos?- John estava falando alto, assim como eu tinha falado com ele. Apenas o encarei, seus olhos deixavam transparecer a dor que sentia. Sentou em sua cadeira, fechou os olhos e respirou fundo. Algumas lágrimas rolavam pelas suas bochechas,as quais ele tentava secar.

Me ajoelhei do lado de sua cadeira, peguei um lenço e enxuguei seu rosto.Com este entre as mãos, soluçava.

–Me desculpe, sinto muito. -sussurrei, com uma mão em suas costas.

–O que eu devo fazer? - disse num suspiro.

–Me dê o caso.

–Não posso Suze...

–Me dê o caso Carter...E seja meu parceiro.