Gostaria de dizer que os dois dias seguintes foram tranqüilos, mas me diga: como alguém pode relaxar após um dragão jogar uma bomba daqueles e não dizer mais nada? Já é estranho você encontrar um dragão, falante e que está dentro de um aparelho eletrônico, e ainda ter de lidar com a surpresa de que alguém aparentemente não deveria “acordar” ou o que quer que fosse.

E apesar de tudo, durante esses dois dias ele não falou sequer uma palavra, por mais que eu ameaçasse jogá-lo de um prédio ou mergulhá-lo em uma piscina o máximo que ocorreu foi eu ter levado um choque no momento em quem me irritei e realmente ia jogá-lo de uma janela.

E por incrível que possa parecer eu havia decidido aceitar esses dois dias para não atrapalhar na escola, pois após esses dois dias teríamos as férias de verão e com isso não precisaríamos nos preocupar com notas, apenas em impedir que o mundo acabasse.

Nesse meio tempo, percebi que meus pais não voltariam, e uma coisa que nunca havia notado antes, aparentemente Dankan freqüentava a mesma escola que eu, mas aparentemente eu era um lembrete da loucura que estava acontecendo e que ele queria esquecer, pois sempre me olhava torto quando me via o que aparentemente a maioria das pessoas faziam.

Quando o prazo se passou, foi até o local do combinado, um templo antigo que ficava em minha cidade, uma cidadezinha do interior perto do litoral. Chegando lá vi que estava atrasado, ou eles estavam ridiculamente adiantados, pois Remna e Dankan estavam na porta conversando e assim que me aproximei eles me encararam.

- E então, por onde começamos?- disse Remna com um ar de inocência, porem depois de saber sobre suas previsões não a achei tão inocente, mas guardei isso pra mim.

- Acho que devemos começar pelas florestas perto de uma cachoeira próxima. Pois pelo que disse estávamos os três próximos a um rio, e a bussola aponta para lá. - peguei a bussola para dar mais ênfase ao que falei.

Pois posso dizer que nesse meio tempo aprendi que cada bussola separadamente indica o local de cada guardião correspondente e para a minha surpresa, ambas a branca e a roxa, o grifo e raijuu, apontavam na mesma direção.

- E então, como chegaremos lá?- Perguntou Dankan, e percebi que ele estava com a mesma roupa apesar de estar sem a moto, que por alguma razão achei que tinha algo a ver comigo.

- Se vamos para a cachoeira próxima a melhor forma e pegarmos um ônibus de excursão para lá. – disse Renma com um entusiasmo maior que eu teria dito. E ela parecia estar entusiasmada, com o mesmo vestido que usara a 2 dias, um vestido branco sem as mangas que ia até um pouco acima dos joelhos, mas ela estava, e... Digamos, descalça.

- Renma, p-porque está descalça? – devo ter soado um pouco incrédulo demais.

- Não gosto de sandália, nem sapatos. Gosto de sentir o chão onde piso. Sinto-me mais livre assim. – ela respondeu me olhando de uma forma que eu poderia achar que tentava ler meus pensamentos.

- Renma, poderia colocar os sapatos, por favor, antes que acabe machucando os pés?-ela não me respondeu apenas me encarou como se me desafiasse a colocá-los.

Quando a convenci a colocá-los, ela me disse que seria só enquanto andávamos pela cidade, fomos até o local em que poderíamos pegar o ônibus para seguir a viagem.

Chegando lá demos sorte, pois o ônibus estava de saída e só teria outro em 3h. E posso dizer que o fato de Ryujin não falar nada me intrigava ainda mais a cada momento que ficávamos perto do local combinado.

Chegando lá, subimos algumas pequenas montanhas e logo vimos que as agulhas da bussola começavam a brilhar.

- Devemos estar perto – disse confiante.

- Grande dedução, deveria virar detetive. – disse Dankan com um ar irônico demais para passar despercebido. Mas decidi ignorá-lo porque estava ansioso para encontrar os outros guardiões e tentar obter novas informações, algo em que Ryujin não me ajudava.

Porém um tempo depois as agulhas começavam apontar caminhos diferentes em uma bifurcação, de um lado a cachoeira e do outro uma carverna.

- E aqui estamos-disse Renma, nos olhando de uma maneira meio assustadora – Foi aqui que nos vi, nessa passagem, e caso  tenham esquecido devo ter dito algo sobre irmos em encontro ao grifo primeiro.

E lá estava, a mudança nas atitudes de Renma, algo com que eu ainda não me acostumará e nem sei se acostumaria. E me peguei lembra do que ela dissera  algo relacionado ao grifo e a continuarmos vivos.

- Então para a esquerda. – falei esperando que Dankan se opusesse a idéia, o que ele não fez.

- Vamos depressa. Quero encontrar meu Grifo logo. – disse Renma, novamente em um tom alegre, correndo em direção a cachoeira.

Assim que chegamos, notei que Renma já olhará em direção a uma estátua de um Grifo ao lado da cachoeira, e já se encaminhava em sua direção quando Dankan a segurou.

- Não vá tão depressa, você pode cair e acabar se afogando no rio. – Ele disse.

Sério? Dankan demonstrando cuidado com Renma? Ou ele achava que estava errado, ou ele já teria se apegado a Renma, como um protetor ou algo do tipo.

- Vão na frente, pode ser que aqueles tais de diástatikós estejam por perto e queiram atacar. – eu disse querendo soar com cuidado para não preocupá-los. (não pode me julgar por não gostar muito de Dankan, mas qual é deixar o cara morrer por isso seria demais).

Mas aparentemente eles não estavam por perto. E por algum motivo Renma chegou lá depressa demais, já tocando a estátua com seu dispositivo. E assim que ela o tocou a estátua parecia quebrar, mas sabia que era apenas uma camada e não a parte “viva”, e um tornado quase varreu Dankan e eu de lá.

Quando o vento cessou, vi um grifo bater suas asas e dizer:

- Sou Grifis, o Guardião dos céus e parceiro de Reni Mayu, estou honrado de conhecê-la menina, espero que juntos possamos nos entender e impedir a destruição eminente de seu mundo.

- Sim, prazer Grifis. Vamos lutar juntos. – disse Renma, que parecia feliz enquanto levantava seu dispositivo e esperava que Grifis vir em sua direção, como Ryujin e eu. Mas algo me incomodava no que ele disse, por algum motivo não gostei da parte de impedir a “destruição eminente de seu mundo”, pois para mim era algo como impedir o gol já feito. Não me soava muito confiante.

Assim que ele entrou no dispositivo de Renma, Ryujin começou a falar:

- Seja bem vindo, irmão Grifis. Vejo que ainda tem energia de sobra como antes apesar de todo esse tempo adormecido, não perdeu a forma. Lembro-me dos tempos que protegíamos perfeitamente o equilíbrio entre os mundos, de como éramos fortes na época.

Mas que filho dá... Falo com Ryujin por dois dias e ele não responde, ai aparece um grifo e ele vira um tagarela relembrando os velhos tempos, que pode ter ocorrido no inicio dos tempos.

- Ook, agora que se reencontraram, podemos seguir para a caverna encontrar o próximo guardião? – Eu disse tentando não soar como um mandão. Mas por incrível que pareça todos assentiram e podemos ir em direção a caverna.

Chegando à entrada vimos que não era uma caverna comum, ela possuía pedras azuis que pareciam magnetizadas e estalactites que eu temia que se caíssem poderiam nos matar instantaneamente. Mas Dankan não parecia se importar, ele apenas seguiu caverna adentro.

E chegando lá, havia uma estátua de um tigre imponente no centro dela. E Dankan apenas seguia em sua direção quando que por coincidência(ou não), uma estalactite caiu para onde ele seguia, e no mesmo momento Renma pulou para lá e arrebetou a estalactite com uma espécie de foice? Será que essa é a forma do grifo como arma? O que me restou foi apenas olhar para a situação sem a mínima reação, o que me frustou até ver Dankan dizer:

- Obrigado Renma, se não fosse você eu estaria morto agora. – E nesse mesmo momento pude ver uma sombra se mexendo ao fundo da caverna, mas decidi não comentar, poderia ser apenas minha imaginação me enganando.

Assim que recobrei a razão vi que Dankan já tocara a estátua e um tigre elétrico se mexia em seu lugar.

- Sou Byakko, guardião dos trovões e serei seu aliado nessa jornada. – Disse o tigre enquanto pulava em direção ao lugar onde achei ter visto sombra e logo em seguida ouvi um grito de uma garota.

Quando nos aproximamos vi que era realmente uma garota que estava sob o tigre que acabará de sair da sua forma de estátua.

- Alguem o tira de cima de mim? Não sou inimiga de vocês, isso é um mal entendido. – ela disse, e pude perceber que não mentia. Vamos lá quem mentiria com um tigre elétrico em cima de você? Pensando bem todos diriam isso, mas algo nela parecia confiável, ainda mais quando percebi que ela portava o mesmo dispositivo que nós três, mas ele era azul. E tinha uma gota desenhada atrás.

- Venha byakko! – Disse Dankan levantando seu dispositivo para o raijuu que o obedeceu, o que me lembrou aqueles domares de circo.

Após isso ajudamos a garota a se levantar. Mas com uma desconfiança, pensando que ela nos ajudaria ou nos mataria.

- Agora que estou livre posso me apresentar, Sou Ruby Swan, mas me chame de Red, tenho 17 anos e enquanto andava para cara essa coisa zoou até mim. – disse a garota segurando o dispositivo e abrindo um sorriso, que não pude diferenciar se era real ou falso numa tentativa de nos fazer baixar a guarda. Mas para mim era o suficiente, Ela tinha o dispositivo se pudesse nos atacar já o teria feito.

- Sou Emerson, estes são Renma e Dankan. – Nos apresentei ao que parecia uma nova aliada.

- Não se esqueça de nós. – Disse Ryujin enquanto me dava um leve choque no braço, o que me fez cogitar novamente em jogá-lo de um prédio. – Sou Ryujin, guardião Da luz, E também há Grifis o guardião dos céus com Renma, e já conhece Byakko o guardião dos trovões. E pelo que posso perceber você é a protetora da água.

- Pronto agora que já se apresentou. – Eu disse cortado Ryujin propositalmente. – Poderia nos contar o que fazia aqui?

- Me desculpe, mas eu os vi vindo para cá e indo em direção a cachoeira. Senti o Vento e percebi que possuíam coisas iguais a essa. – Ela disse tentando soar calma, mas percebi medo em sua voz. Ela tinha cabelos negros encaracolados e com duas mechas vermelhas e compridas,pele pálida e uma boca carnuda e rosada, era magra, cerca de 1,78 e olhos verde-azulado (não que eu tivesse notado) – Olha, não sei o que está acontecendo, mas parece importante e sério, então decidi perguntar a vocês que parecem saber.

Então decidi explicar, Mas antes que eu pudesse explicar escutei um estrondo vindo de fora da caverna e algo me dizia que a caverna começava a desabar, e então olhei para todos e eles me entenderam e começaram a correr em direção à saída.

Felizmente conseguimos sair da caverna, mas para o nosso azar estávamos cercados por um esquadrão maior de monstros do que eu vira no templo,cerca de 30 no chão e 15 voando,  e dessa vez eles queriam vingança.

Quando percebi que não tínhamos saída falei para Dankan e Renma:

- Acho que está na hora de testarmos nossos dispositivos mais uma vez. - falei para eles enquanto pegava meu dispositivo e completei. – Ryujin vamos lá, não me deixe na mão agora. D.A.S Ryujin, Guardião da luz modo arma.

E me vi segurando as duas espadas novamente sentindo o poder fluir em mim. E quando prestei atenção vi que Dankan tinha manoplas em sua mão no formato de cabeças de tigre, e Renma estava novamente com sua foice. E antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

- Renma fique na retaguarda enquanto Emerson e eu cuidamos dos monstros dos chão. -Dankan disse encarando os monstros, que se pareciam com os que eu havia enfrentado, homens acinzentados e cachorros demoníacos, mas esses pareciam diferentes. Os homens eram mais translúcidos e os cachorros tinham presas maiores, mas não eram só eles, haviam pássaros que tinham garras que poderiam me fatiar a qualquer momento.

- Eu também posso lutar, não sou uma criancinha indefesa!! – Protestou Renma encarando Dankan com um olhar tão raivoso que senti que ela iria atacá-lo primeiro.

Mas antes que qualquer um pudesse falar ou fazer alguma coisa, uma chuva de fragmentos negros começou a cair enquanto destruía os monstros. E ao fundo escondido em uma arvore vi de relance uma silhueta de uma pessoa com uma armadura negra junto com uma Katana. Mas desapareceu tão rápido quanto o vi. E mais uma vez fiquei frustrado por não fazer nada a não ser olhar.