Memórias - ABANDONADA escrita por Bibelo


Capítulo 22
Ato II - Sentimentos - 11º Capítulo


Notas iniciais do capítulo

MEU DEUS COGUMELOS LINDOS!

Estou atrasada dois meses e seis dias. Desculpem mesmo! Mas esse capítulo foi chatinho de escrever por não ter nada tão diferente do que teve no capítulo passado, então sinto muitooo!!

Por favor me perdoem, e não me crucifiquem!

Agradeço a todos pelos comentários lindos e maravilhosos. Vocês são os melhores do mundo :3

Bom, não vou mais enrolar pra vocês.

Boa leitura.



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Ato II - Sentimentos - 11º capítulo


Mikoto saiu com o carro calmamente; sem correr, sem pressa. A noite estava estrelada, e isso chamou a atenção de Sakura que não retirou os olhos do céu contando mentalmente quantas estrelas conseguia ver sem ficar zonza.

Foram somente quinze estrelas, das quais ela não soube dizer quantas foram repetidas.

A casa de Sakura era muito próxima da residência Uchiha, por isso, quando Mikoto estacionou na frente da casa da garota resolveu que a conversa teria de acontecer ali mesmo.

Sakura virou-se curiosa à mulher que mantinha ambas mãos no volante, na sequência colocou o carro em ponto morto puxando o freio de mão. Desligou-o para encarar a garota de frente.

— Sakura, querida. — pronunciou Mikoto sorrindo: — Queria ter uma conversa com você, espero que não se importe de chegar um pouco atrasada.

A rosada deu uma rápida olhada na casa apagada, Tsunade ainda não havia retornado.

— Tudo bem! — afirmou ela. Afinal de contas, entre ficar na presença de Mikoto e sozinha na casa, a primeira era uma forte opção.

— Eu sei que você e o Sasuke tiveram uma pequena briguinha. — começou a mulher em um tom manso: — Não me meto nos problemas de meus filhos, por isso eu acabo por deduzindo alguns pontos em questão.

Sakura se pronunciou:

— A senhora deseja saber o motivo da briga? — perguntou ela na inocência, ainda que sua pergunta tenha saído arrogante demais para o gosto de Mikoto.

— Não preciso, pois já sei sobre o que se trata, querida. — repeliu a mulher: — Só quero que você preste um pouco mais de atenção ao redor. Por mais que você tenha perdido suas memórias, isso não a torna incapaz de perceber as coisas, não é mesmo.

Sakura concordou aguardando a continuação.

— Por isso, eu gostaria muito que você começasse a prestar um pouco mais de atenção no que acontece entre você e seus amigos. — pediu Mikoto: — Sei que pode não parecer, mas tem coisas acontecendo das quais até mesmo eu já sei do que se trata. Respeito seu tempo, seus medos e ignorâncias, mas não são todos que o fazem.

— Aonde a senhora quer chegar? — indagou Sakura não entendendo mais nada daquela conversa. Ela deveria prestar atenção em tudo, mas necessariamente no que?

— Quero chegar aqui. — respondeu Mikoto encostando a ponta de seus dedos entre os seios da rosada: — O que você tem ai dentro? Ou melhor, quem está ai dentro?

Sakura assustou-se com o gesto, mas não mais do que com as palavras. Quem está em seu coração?

— No momento sei que está namorando. E não estou pedindo para quebrar laços já criados, só peço pra que abra seus olhos e veja mais do que é possível ver. — complementou retornando sua mão ao colo: — Por mais que você um dia tenha certeza do que quer, lembre-se que nem tudo é o que parece. Observe, não veja as coisas tão superficiais. — pediu: — Pode parecer rude de minha parte, mas eu estou lhe fazendo esse pedido não como mãe do Sasuke, mas como uma mãe faria à uma filha! Não se machuque e principalmente não machuque os outros.

Mikoto terminou de falar parando como se analisasse tudo o que dissera até o momento.

A garota inspirou fundo. Ela realmente não sabia onde Mikoto queria chegar, mas algo dentro dela dizia que se continuasse a indagar-lhe coisas seria devorada viva por seus olhos tão idênticos aos de Sasuke. Havia acabado de perceber que não conseguia lidar com o jeito Uchiha de ser da senhora Mikoto.

— Vou tentar. Obrigada por suas palavras, tia Mikoto. — agradeceu Sakura sendo retribuída pelo mais belo dos sorrisos daquela mulher misteriosa.

A cada dia que se passava, Sakura se surpreendia ainda mais com a família Uchiha.

Despediu-se da mulher entrando em sua casa escura e silenciosa. Deixou seu corpo escorregar pela porta apoiando a cabeça nela.

A questão toda daquela noite era: "O que a dona Mikoto quis dizer com tudo aquilo?"

*~*~*~*~*

O dia começou chuvoso e nublado. Se não fosse dia de ensaio Sakura provavelmente teria sido vencida pelo cansaço de ter passado a noite em claro raciocinando as palavras enigmáticas de Mikoto; (para ela, ao menos).

Vestiu um agasalho, o cachecol mais quentinho que achou e — depois de tantas saias e vestidos —, uma calça jeans acabou lhe caindo bem.

Desceu as escadas devagar sentando-se a mesa totalmente sozinha. Se Tsunade havia chego ou não, naquele momento estava fora de novo.

Espreguiçou-se pegando um pouco de cereal e descendo garganta abaixo sem muita fome. Pegou a bolsa e sentou-se no sofá aguardando a buzina de Gaara.

*~*~*~*

— Tudo bem, Sakura? — perguntou Gaara à menina a seu lado.

— Estou sim, Gaa-kun. — respondeu ela num sorriso forçado: — Só um pouco cansada.

— Ficou até tarde ensaiando? — comentou divertido imaginando a menina na madrugada ensaiando ordens de decapitação. Um tanto quanto bizarro para um bairro de família.

— Mais ou menos. — disse ajeitando o cachecol que pinicava seu pescoço: — Mas ensaiei também, claro. Só realmente não tive muito sono essa noite.

Gaara a olhou de canto enquanto virava a esquina da escola:

— Quando quiser me contar o que a aflige, estou aqui. — afirmou com um pequeno sorriso instaurando o silêncio.

"Desculpe", pensou Sakura levando os olhos para a janela preocupada.

Ficaram quietos por alguns minutos. Gaara parou seu carro depois de rodar umas três vezes no estacionamento, mas sem destravar as portas. Sakura o encarou curiosa obtendo um beijo roubado do rapaz ruivo.

Se ficou ou não surpresa com o gesto, nada influenciou para que não sorrisse de verdade naquela manhã.

— Gaa-kun... — chamou Sakura ainda esbanjando seu sorriso: — Você ainda está brigado com o Sasuke-kun? — perguntou curiosa.

Ela não pode perceber o desanimo no olhar de Gaara, mas talvez tenha percebido algo de errado quando não recebeu a resposta à pergunta.

— Vamos entrar? — ambos saíram do carro e caminharam até a sala de aula. Teriam dois tempos antes dos ensaios diários.

*~*~*~*

— Bom dia, Saky-chan. — falou Ino abraçando-a por trás: — Desculpe por ontem, estava um pouco fora de mim. — comentou a loira num muxoxo.

Sakura riu: — Tudo bem, Ino-chan.

— Que bom, pois eu já estava me martirizando. — aliviou-se Ino soltando-a do abraço de urso: — Mas me diga, como foi o encontro com o Gaara?

— Foi divertido. Ele experimentou sorvete de Kiwi. — comentou ela rindo ao lembrar do momento: — Ao menos ele gostou!

— Entendo. — resmungou Ino: — Mas não era essa parte do encontro que eu queria saber... Sabe, algo mais hot~ — zombou a garota entre risos maliciosos.

— Hm, nesse caso somente alguns beijos. — comentou zombeteira.

— Só?

— Ino, pare com os pensamentos sujos, sua pervertida. — ralhou Hinata chegando perto das garotas.

— Chega no meio da conversa, mas já vem nas pedradas. — comentou Ino desgostosa.

— Bom dia, Sakura-chan. — cumprimentou a Hyuga ignorando os resmungos da loira.

— Bom dia.

— Bom, como fui interrompida... Quero saber se já chegaram na fase dois do relacionamento. — representando o numero com os dedos, Ino perguntou seriamente à rosada.

— Fase dois? — indagou Sakura risonha.

— A fase um são os beijos, obviamente. — explicou Ino: — A fase dois são as mãosinhas bobas pelo corpo, por baixo de roupas aqui, outra ali. — continuou ela fazendo movimentos obsenos com as mãos: — A fase três é o finalmente. O ponto chave de um relacionamento sério, ou seja a transa! — concluiu a explicação com sorrisos sapecas: — Então, em qual fase estão? Espero que entrando na terceira.

Se Sakura pudesse ser definida por uma cor, talvez fosse roxa. Aquela vergonha que sentia era tamanha que sequer conseguiu formular uma resposta; para sua felicidade Hinata estava somente um pouco vermelha:

— I-Ino! — repreendeu Hinata irritada, mas vermelha: — Que explicação absurda!!

— Está errada? — perguntou.

— Como vou saber? — esbaforiu Hinata incrédula: — Não há fundamento nisso, cada um tem seu tempo, não existem fases ou regras a serem seguidas.

— Talvez não, mas é interessante pegar marinheiras de primeira viagem em conversas assim. — comentou risonha insinuando Sakura e Hinata.

— Marinheiras? Com "s"? — indagou curiosa a Hyuga.

— Por que? Em que fase você já chegou? — continuou Ino gargalhando.

— Terceira. — a resposta foi seca, mas fora o suficiente para calar a loira de vez. Já Sakura se alienou da conversa.

— Terceira?!?! — gritou Ino bem mais alto do que deveria chamando a atenção da sala.

— I-Inoooo! — resmungou envergonhada Hinata afundando seu rosto na carteira.

*~*~*~*

— Sério, não vai me dizer o que significou aquele "terceira" que você gritou? — indagou pela décima vez Gaara.

— Já disse, são as fases da transa. — respondeu Ino irritada: — O que mais quer saber?

— O que é a terceira parte. — falou ele: — Afinal de contas não lembro de ter fases a se seguir.

— Não mesmo, é tipo encaixar e pimba. — exclamou Temari com um pirulito vermelho na boca.

— Que conversa mais vergonhosa. — comentou Tenten um pouco vermelha.

— Carne fraca pode se retirar da conversa. — disse Temari apontando o pirulito à Hinata, Sakura e Tenten.

— Nem todas são carne fraca. — comentou Ino sapeca recebendo um olhar fumegante de Hinata.

— Hm... Então temos uma aventureira entre as três. — comentou Temari malandra.

— Vai começar. — resmungou Neji inconformado: — Realmente, esse assunto começou como?

— Com a Ino gritando "terceira" na sala. — Gaara respondeu o obvio.

— Dá para desencanar, cabeça de fósforo? — cuspiu Ino alterada.

— Já fazem dois meses que não ouço isso. Achei que sua mente havia evoluído. — comentou o rapaz decepcionado.

— Loiras não... — Shikamaru interrompeu-se recebendo um olhar um tanto quanto assassino de Temari: — ... digievoluem?

— Elas são digimons agora? — perguntou Neji entrando na onda do Nara.

— Preferia ser o Pikachu. — comentou Ino enfatizando.

— Claro, tudo com pika pra você é bom! — cuspiu Temari.

— Como é?

— Ah, céus!! — resmungou Gaara.

— Voltei à escola pra isso? — comentou Sasuke até então calado.

— Pra isso o que? — perguntou Sakura curiosa.

— Não prestou atenção na conversa, cerejinha? — perguntou Temari docemente.

— Parei no pimba tentando entender o que é! — respondeu ela envergonhada.

Todos riram desta vez.

— Carne fraca retire-se!!! — ordenou Temari apontando-lhe o pirulito.

— Ok, chega dessa conversa maluca. — pediu Hinata: — Que tal nos concentrarmos na peça que teremos de encenar na semana que vem? Lembraram?

— Lembrar lembramos, mas o saco é ter de participar dela. — resmungou Temari.

— Mas você queria participar. — afirmou Ino apontando-lhe o óbvio.

— Sim, mas é pelo mesmo motivo de sua frase estar no passado, eu queria, e não quero! — respondeu entediada: — Sabe, no calor do momento nós queremos fazer as coisas, mas depois bate um arrependimento.

— Concordo. — disse Shikamaru. Neji acenou concordando.

— Mas será legal! — comentou Sakura: — Todos encenando juntos será bem divertido.

— Talvez, mas não é certeza. — comentou Shikamaru.

— Que bom que eu vou dançar, e não atuar! — cantarolou Tenten zombeteira.

—Tanto faz — resmungou Ino: — De toda forma nós precisamos ir ao Anfiteatro, antes que a Tsuna devore nossos intestinos.

— Nem estamos atrasados. — disse Hinata encarando as horas pelo celular.

— Ainda... — proferiu Ino rindo na sequência: — Tudo bem, então eu e a Sakurinha vamos na frente. Certo? — falou enlaçando o pescoço de Sakura com seu braço direito.

— Claro!

— ótimo, vamos! — Assim, Ino e Sakura saíram de perto do grupo e dirigiram-se até o local de ensaio.

Ino soltou-se de Sakura esticando os braços ao alto folgadamente.

— Hey, testudinha. — chamou fazendo a garota olhá-la curiosa.

— Sim?

— Desculpe. — Pediu Ino abaixando o olhar: — Acho que exagerei ontem.

Sakura sorriu forçadamente:

— Não tem problema. — afirmou: — Deve ser um pouco incomum meu cabelo, porque o Gaara disse basicamente a mesma coisa que você.

Ino parou de andar:

— Ele falou exatamente o que? — indagou horrorizada: — Ah, mas se ele brigou com você juro que—

— Não, ele não brigou comigo. — interrompeu Sakura rapidamente antes que Ino criasse conclusões sem nexo: — Ele somente comentou o quão bom seria se pudesse ver meu cabelo em seu tom natural.

— Ah! — exclamou Ino mais calma: — Então ele deu um fora. — riu Ino alto puxando Sakura pelo braço e recomeçando a andar.

— Diria que sim, mas não tem problema. — respondeu a rosada retirando seu braço dos de Ino: — Afinal de contas eu realmente nunca vi outra pessoa com a mesma cor de cabelo que o meu.

Sakura continuou andando como se não houvesse percebido que Ino parara de andar. Como Sakura não fez menção de esperar ela, e sequer esboçou um sorriso durante a conversa, ela prontamente concluiu que a amiga estava chateada, e talvez demais.

Suspirou fundo praguejando uma, duas vezes aos céus por sua infame ignorância — e a de Gaara — para depois seguir até o Anfiteatro.

*~*~*~*

O ensaio correu barulhento com Temari e Ino discutindo por cada frase do script. Não houve muito progresso no trabalho em equipe, o que iria penalizar e muito na apresentação verdadeira; e — por incrível que pareça —, a menos animada foi Sakura.

Não focou-se completamente errando falas que outrora ela dizia de cor e salteado. Algumas pessoas perceberam sua inquietação, dentre elas o próprio Sasori.

Assim que o ensaio acabou, Sakura saiu sozinha do Anfiteatro em direção ao jardim.

— A Sakura está agindo estranho. — comentou Gaara preocupado saindo com o grupo.

— Sério? Nem percebi. — comentou Ino ironicamente.

— Em todo caso — emendou Hinata: — Ela agiu estranho durante todo o ensaio, nem parecia ela.

— Sobre o que vocês conversaram, Ino? — perguntou Shikamaru curioso.

— Como assim? — indagou a loira.

— Ela estava bem antes de vir com você para cá. — complementou Shikamaru calmamente: — Falou algo idiota para ela?

Ino encarou ele aquiescendo:

— Talvez. — resmungou ela recebendo um olhar severo de Gaara: — Você também contribuiu para isso! — Apontou-lhe isso.

— Eu? — perguntou Gaara: — E eu fiz o que?

— Disse que o cabelo dela não é rosa. — soltou Ino já irritada.

— Mas não é. — falou Neji como se fosse óbvio.

— Na verdade é. — contradisse Hinata.

— É claro que não é! — Rebateu Temari: — Pelo amor de Deus, vocês tem quantos anos?

— Essa é a questão! — esbravejou Ino: — Eu perguntei a Tsunade e ela me confirmou. O cabelo da Sakura É rosa.

— Espera ai. — exclamou Gaara: — Conte isso desde o início.

Com certo descontentamento, Ino cedeu e contou-lhes tudo.

*~*~*~*

Sakura sentou-se debaixo da cerejeira reclinando-se no tronco gélido. Ainda se sentia bem chateada sobre seu cabelo, claro estava agindo infantilmente, mas para alguém que sempre acreditou em algo, ser contestada e vencida foi doloroso.

Não teve a coragem de perguntar nada a sua tia com medo dela estar realmente errada sobre a cor de seu cabelo. Parece ser um problema tão bobo, mas era muito mais que uma simples coisa; era sua palavra contra a de seus amigos.

Suspirou mais uma vez encarando o céu nublado e pesado, provavelmente aquela tarde seria chuvosa. Desceu o olhar fitando Sasori aproximando-se dela com duas bebidas quentes.

Sakura sorriu pegando da mão do rapaz aquele líquido de Deus.

— Então, como está? — perguntou Sasori bebendo do chá que comprara.

— Normal, Sasori-senpai. — respondeu Sakura apertando a latinha quente em suas mãos.

— Normal como? — insistiu ele recostando a cabeça no tronco semi úmido da cerejeira.

— Desculpe, não sei como te explicar. — comentou ela tomando o primeiro gole de seu chá: — Você me acharia infantil.

Ele riu: — Tente.

Retribuindo-o, Sakura inspirou fundo resumindo a história desde a discussão com Ino até o pedido de desculpas e o ensaio. Sasori ficou quieto a ouvindo atentamente. Assim que ela terminou a mini-história, o rapaz pôs-se a sibilar:

— Bom, se isso mata a sua dúvida, seu cabelo é sim rosa. — respondeu sem rodeios: — Agora eles acreditarem ou não dependerá de cada um.

— Eu sei, Sasori-senpai. — disse ela virando-se de frente para o rapaz: — Mas eu queria muito que acreditassem em mim, eu não minto, sabia. — Sasori soltou uma risada curta, em seguida concordou com ela: — E é exatamente por isso que eu não mentiria pela cor do meu cabelo.

— Então você está triste porque não acreditaram em você, e não por dizerem que seu cabelo não é rosa. — concluiu o Akasuna soltando o ar quente de sua boca vendo-o condensando pelo tempo frio.

— Sim! — exclamou ela terminando a bebida sentindo-se aquecida.

— Então eles vão entender. — afirmou Sasori por fim levantando-se: — Tenho mais um tempo antes de ir embora, melhor eu me apressar.

— Claro. — falou Sakura levantando-se também: — Sasori-senpai... — chamou ela com um sorriso de canto a canto: — Obrigada!

Sasori desviou o olhar sorrindo: — Não se meta em encrenca! — avisou ele entrando no corredor da escola. Sakura acenou para ele até o perder de vista no amontoado de alunos na transição de aula.

Resolveu por fim ir falar com Ino, afinal de contas Sasori tinha razão; melhor ele sempre teve.

*~*~*~*

Ino terminou de contar a pequena história sobre os pais da Sakura. Diferente do que ela havia imaginado, não houve espanto, ou descrença, somente o silêncio do choque.

— Sinceramente, isso é chocante. — comentou Temari seriamente.

— Você não sabia sobre isso, Shikamaru? — perguntou Neji.

— Não. — respondeu calmamente: — Sakura nunca foi de falar sobre si mesma, o que dirá dos seus pais problemáticos. — explicou o Nara ao recordar-se de alguns fatos.

— Problemáticos? — questionou Hinata curiosa.

— Sim. Eles não se davam bem, nunca se deram. — Shikamaru olhou para ambos os lados antes de prosseguir: — Sakura era uma encrenqueira, fazia tudo errado e as avessas para humilhar seus pais. — emendou ele tenso: — Haviam rumores de que seus pais não a aceitavam como filha, ainda que isso não fosse comprovado.

— Que horror! — exclamou Ino abismada.

— Com certeza eram rumores — afirmou Gaara: —, nunca que um pai não consideraria um filho.

— Existem casos e casos, Gaara. — disse Hinata cabisbaixa: — Tem pais que não aceitam seus filhos por os acharem incapazes de herdar o que construíram. Alguns são somente pais no papel. — Dava para sentir um aperto em sua voz, como se fosse algo conhecido para ela.

Sasuke a olhou de canto preocupado.

— Desculpe, mas para mim é um pouco surreal. — continuou Gaara: — Ainda que eu somente tenha uma ideologia de amor paterno ou materno.

— Sabemos bem. — disse Tenten afagando-lhe o ombro acolhedora.

— Bom, vamos então parar de falar sobre isso com ela. — concluiu Ino: — Ela não gostou nem um pouco de ser questionada.

— Com razão. — salientou Neji.

— Acho melhor reformular minhas desculpas. — disparou Ino entusiasmada.

— Sua chance está logo atrás de você. — falou Sasuke fazendo Ino virar-se lentamente, tensa.

Aproximando-se, Sakura vinha andando de encontro ao grupo abraçando o próprio corpo pelo frio. Ino sentiu um embrulho intenso na barriga.

— Cheguei. — avisou a garota sentando-se ao lado de Gaara: — Estava conversando com o Sasori-senpai.

— Legal. — exclamou o Sabaku entrelaçando seus dedos nos dela. Pode sentir pelo toque que a garota estava congelando de frio.

Ele soltou um pequeno sorriso soltando sua mão e enlaçando-a pelo ombro. Ela aconchegou-se em seu peitoral, um pouco mais quente e ruborizada.

— Ainda está chateada comigo? — perguntou Ino num baixo e fraco muxoxo.

Sakura a fitou momentaneamente para lhe dar um belo sorriso: — Estou bem Ino. Juro! Só não estava muito confortável hoje de manhã.

— Então estou perdoada? — insistiu Ino curiosa.

— Não tenho o que perdoar. — Sakura lhe piscou o olho sapeca.

— Hm, ta aprendendo como funciona a vida, não é mesmo? — zombou Temari risonha.

— Como assim? — indagou confusamente a rosada.

— Esqueça. — murmurou Tenten rindo na sequência: — Ignore ela.

— Hey, Pucca! — bradou Temari irritada: — Não me provoque que hoje não estou para brincadeiras.

Eles riram, deixando aquele dia mais radiante depois da turbulenta manhã.

*~*~*~*~*

Diferente do tempo fúnebre na escola, o céu que se via daquele edifício tinha o mais belo azul das ultimas semanas; céu limpo, o sol apontando bem no centro do quadro azulado, e vários outros edifícios refletindo de seus vidros o calor do dia.

No ultimo andar, uma grande mesa estava disposta verticalmente na sala. Um mesa ocupada por vinte membros importantes de um comitê internacional de pesquisas. Com a sede principal em Nova Jersey, todos os membros debatiam sobre as ultimas descobertas e inventos no mundo nuclear.

Dispunham-se à mesa doze homens e oito mulheres, todos de grande renome. A diversidade nacional ali era impressionante.

Do lado esquerdo dela, uma mulher escrevia em seu tablet todos os pontos cruciais da conversa sobre gás mostarda, e a possibilidade de transformá-la em bomba atômica.

Seu celular vibrou em seu colo a fazendo deixar de escrever e encará-lo.

Pegou o mesmo abrindo a mensagem nem um pouco amistosa. Franziu o cenho cutucando o homem à seu lado entregando-lhe o aparelho.

Ele o pega lendo o pequeno texto acusador:

"Mais um dia, e vocês fingindo que não há nada de errado.

Ela já acordou, e acho que o mínimo que vocês deveriam fazer é aparecer e lhe dar as boas vindas.

Poderiam ser pais mais sensatos alguma vez na vida não acham? Acredito que ela gostaria disso, a de agora e a de antes.

Mas, como sempre, o trabalho é mais importante que ela. Espero que estejam se divertindo com tantas inovações de como matar pessoas com novos tipos de bomba, porque aqui estamos atolados de provas.

Não precisam se preocupar, eu estou cuidando dela. Como sempre fiz, e sempre farei.

Tenham uma ótima semana!

Com carinho,

Sasori"

Kizashi apertou os olhos irritado com a audácia do rapaz, mesmo que ela não fosse novidade nenhuma para eles. Mebuki pegou o celular começando a digitar a resposta.

"Ela é problema seu, sempre foi e sempre será!

Cuidamos dela do nosso modo, se está incomodado feche os olhos e finja que não vê nada. Tente se manter no lugar certo, Akasuna, pois não toleraremos suas audácias por muito tempo.

Os Uzumaki não o protegerão para sempre, uma hora ficará desprotegido, e Sakura vai perder mais do que só os pais na vida dela.

Tenha uma boa semana de provas. Tire boas notas.

Com amor,

Mebuki."

*~*~*~*~*

Sakura esticou-se até a prateleira para pegar o creme de leite e o açúcar. Ela e sua tia estavam fazendo bolo de morango decorado, e precisavam de creme de leite para o chantili.

— Tiaaa! — choramingou Sakura sem conseguir alcançar os ingredientes. Tsunade riu.

— Deixe que eu pego. — avisou a mulher: — Enquanto isso retire as folhas dos morangos, depois os lave. — pediu ela deixando a fruta na bancada.

— Sim! — respondeu ela trocando de lugar com sua tia. Começou a retirar as pequenas folhinhas cantarolando animada.

Tsunade misturou os ingredientes para o chantili e o deixou misturando na batedeira. Foi até a pia e começou a lavar os utensílios usados para fazer todas as partes do bolo.

— Será que vai ficar bom? — perguntou Sakura curiosa.

— Espero que sim, os morangos estavam caros. — resmungou Tsunade arrancando risadas da sobrinha.

— Se não ficar bom retiramos os morangos da cobertura. — propôs a garota: — Perdidos que não vão ficar.

Tsunade sorriu.

— Tem razão. — disse ela fechando a torneira e dando uma olhada o chantili.

— Como você sabe que está pronto? — perguntou ela aproximando-se da tia.

— Quanto ele fica com uma consistência boa o suficiente para não cair da tigela. — falou a mulher desligando a batedeira. Retirou a tigela virando-a de ponta cabeça.

Sakura soltou um gritinho pelo susto, achando que iria espalhar chantili pelo chão.

— Viu? — exclamou Tsunade: — Não caiu. Está no ponto certo.

A garota ficou impressionada, na sequência riu gostosamente.

— Os doces e seus segredos.

— Só se for para você. — Tsunade zombou divertida.

— Fato.

Elas terminaram de ajeitar o bolo e o colocaram na geladeira por uma meia hora antes de provarem aquela iguaria que a muito tempo Tsunade não saboreava.

Assim, as duas aproveitaram a tarde e noite livre da diretora para se divertirem.

E realmente ambas precisavam muito de distração. Cada uma com um problema, mas ambos de arrancar os cabelos.

— Como vai o ensaio? — perguntou curiosamente Tsunade sentada no sofá ao lado da sobrinha.

— Legal. Bagunçado, mas legal. — falou ela entusiasmada.

— Que bom, então. — disse por fim a mulher exalando um imenso cansaço por sua voz.

— Está tarde. — disse a garota rindo baixo: — Vamos dormir. — propôs Sakura. Sua tia aceitou de prontidão.

Ambas se despediram, cada uma seguindo para o seu quarto.

Descansadas e preparadas para um novo dia.



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Notas finais do capítulo

TIA MIKOTO EM AÇÃO!!! urherheurehruehreu Gosto muito dela, serião!

A Sakura e seus cabelos rosa-radioativo -q Por causa dessa briguinha que eu empaquei. Não sabia como desbrigar essa porcaria ¬¬' Finalmente descobri, e escrevi hoje de madrugada duas mil palavras :'D

Os pais da Sakura são uns vermes miseráveis. Juro, vocês vão odiar tanto eles daqui para frente, vocês bem tem noção!!!!

Bom, espero que tenham gostado!

Até o próximo.

Beijos e mordidas



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