~Ato II - Sentimentos - 7º Capítulo

O teatro era imenso. Os estofados todos em vermelho vinho — igualmente as cortinas devidamente fechadas — se dispunham por todo o local trazendo a ele um ar sério e aconchegante. Separado em andares, o salão se dividia entre o térreo, o segundo andar e as salas vips, as quais presenciavam a melhor visão do palco.

Aos poucos, o teatro se enchia de pessoas bem vestidas com roupas de grife e acessórios de marca ocupando seus devidos assentos.

Passando pela porta de entrada, Sakura se deslumbrava com a visão que tinha rolando seus olhos pela cúpula que formava o teto com detalhes em um dourado vivo.

Subindo as escadas que davam ao segundo andar, Sakura segurava no braço de Gaara para não se perder em meio a multidão ao redor; sentando-se na primeira fileira de frente ao corrimão dourado para sustentação das pessoas que passavam na beirada, Gaara sentou-se entre Temari e Sakura sentadas uma na esquerda e outra na direita respectivamente.

Na ultima poltrona do corredor, Sakura vislumbrava o enorme palco ainda vedado pelas grossas cortinas se estender imensamente de um canto a outro; acima, os holofotes se adequavam automaticamente dando uns rápidos flashs de calibragem; ao lado delas, uma caixa de luz e som se sustentava bem no centro da armação elétrica.

Tudo milimetricamente ajustado.

–Isso tudo é lindo demais. - disse Sakura deslumbrada.

–É - afirmou Gaara: - Lindo. - afirmou ele sorrindo para a menina. Impossível identificar se falava do local ou dela.

–Espero que a peça seja tão boa quanto imagino. - ralhou Temari: - Gastei uma fortuna com Tickets daquela lanchonete para ganhar esses ingressos - encerrou ela cruzando as pernas.

–Será, Tema-chan. - disse Sakura entusiasmada.

–Tickets de Lanchonete? - perguntou Gaara confuso: - Você não disse que havia ganhado?

–E ganhei, mas foi de um concurso de tickets. - dando de ombros, Temari assentiu. O rapaz suspirou indignado.

–Mas isso não é ganhar, é praticamente comprar pagando quase o dobro do preço. - cuspiu Gaara.

–Dane-se. - respondeu irritada a mais velha descruzando as pernas trocando de lado.

As luzes começaram a se apagar, deixando somente o grande palco iluminado.

–Vai começar! - exclamou Sakura à Gaara.

As cortinas se abriram, dando espaço para os artistas estrelarem no palco.

*~*~*~*~*

–TRUCO! - gritou Ino esticando os braços ao ar: - Tomem seus otários! - vangloriou-se. Todo o resto suspirou irritado.

–Ino, pela milhonéssima vez, isso não é truco! - gritou Tenten.

–Idaí? Se eu tinha a carta numero seis, obviamente eu tinha que gritar truco. - disse a loira com se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

–Claro que tinha, se estivéssemos jogando truco! - trovejou Neji irritado.

–E estamos jogando o que? - perguntou desinteressada Ino.

–TABULEIRO! - disseram todos em uníssono.

–Mas tabuleiro é chato. - emburrou a loira cruzando os braços.

–Concordo. - resmungou Hinata.

–Hinata-sama não de trela. - advertiu Neji.

–Não estou dando trela, só estou concordando com o fato de que sem a Tema-chan isso aqui ficou insuportável. Não sabemos fazer nada de útil sem ela? - comentou bronqueando a todos.

–Não esta insuportável. - advertiu Shikamaru.

–Cara, o Sasuke tá dormindo, e você ainda diz que não está insuportável? - cupiu Ino apontando ao moreno debruçado sobre o braço do sofá dormindo profundamente.

–Ele é quieto mesmo, nada a ver. - defendeu Tenten.

–Mas nunca dormiu. - emendou Hinata.

Suspirando, Neji se levantou:

–É, acho que tem razão, Hinata-sama. - assumiu Neji: - Então, o que nos sugere? - perguntou.

–Bom - interveio Ino: - Eu sugiro que façamos o jogo da roleta. - promoveu.

–Vai ser meio difícil. - comentou Tenten: - As bebidas mais fortes se encontram todas na casa da Temari, e nem ela e nem o Gaara estão lá. - cruzando os braços, Hinata concordou.

–Eu tenho a chave da casa dela. - anunciou Shikamaru mostrando-lhes a chave pendurada em seu dedo indicador.

–Você é nosso salvador! - gritou Ino agarrando-o pelo pescoço.

–Ok, você me ama, mas pode me soltar. - resmungou o moreno.

–Ingrato. - cuspiu Ino o soltando.

–Problemática.

–Bem - Neji chamou a atenção: -, quem vai acordar a bela adormecida? - perguntou apontando para Sasuke no sofá.

–Ah, mas ele está todo fofinho dormindo assim. - admitiu Hinata.

–Vamos deixar ele ai então? - propôs Shikamaru.

–Amei a ideia. Deixem o Emo ai, quando voltarmos ele ainda estará aqui. - concluiu por fim Ino se levantando: - Quem dirige?

–Você que não! - Ralharam todos em uníssono levantando e caminhando até a saída.

–Isso é complô. - Trovejou ela seguindo-os.

Ao saírem pela porta de entrada, Sasuke abriu os olhos fitando o nada. Em momento algum ele havia de fato dormido, somente se distanciou um pouco a fim de pensar.

Ajeitou sua coluna ficando ereto no sofá; passou a mão pelos cabelos negros enquanto levava seus pensamentos até a rosada. Nunca foi de pensar em mulheres, muito menos em alguma por mais do que um dia. Sempre tinha relações rápidas que duravam uma noite e — as vezes — outras mais; entretanto, se pegar pensando em Sakura realmente foi uma grande surpresa para ele.

Já estava mais do que na cara seu interesse para com ela, além dos beijos distribuídos ao longo daqueles dois meses, dava para se notar certa paixonite nascendo dentro dele.

Ele não podia negar que já se apaixonou. Infelizmente se apaixonar por uma professora não deu certo; digamos que Kurenai era uma mulher que não apoiava sair com crianças, ainda mais sendo quase dez anos mais velha; possivelmente isso criou uma espécie de bloqueio em Sasuke, mas nada além de suposições pré-datadas.

–Isso é irritante demais. - resmungou fechando os olhos e erguendo a cabeça: - qual o seu problema, Sasuke? Para de pensar nela. - martirizou-se resolvendo se levantar: - Acho que vou beber algo.

*~*~*~*~*

–Nossa, foi incrível. - exclamou Sakura durante o intervalo da peça: - O cenário foi incrível, além dos atores serem um dos melhores que já vi. - falava eufórica Sakura em meio a extasia pela qual passava em presenciar um teatro ao vivo.

–Sim, foi incrível, né Aneue? - perguntou Gaara se virando a Temari. Esta estava semi deitada na cadeira dormindo profundamente: - Aneue! - resmungou Gaara envergonhado pelos olhares ao redor fitando a garota que quase roncava de tão profundo que era seu sono.

–Como alguém dorme em uma peça como essas? - indagou Sakura.

–Temari dorme até em filme de terror. - afirmou este se ajeitando na cadeira.

–Não seria bom acordarmos ela? - propôs a garota.

–Quer arriscar? Da ultima vez quase perdi um dente. - disse ele relembrando de algum dia macabro pelo tom de voz que usara.

–Agora eu to com medo. - admitiu envergonhada.

–Vamos tacar pipoca nela, quem sabe ela não engasga e acorda. - ralhou Gaara com um sorrisinho no rosto.

–Gaa-kun! - repreendeu Sakura dando-lhe um tapa no ombro.

–Desculpe. - pediu: - Mas olhe pelo lado bom, ela não teria sido acordada por nós e sim pela pipoca. - insistiu ela recebendo um olhar reprovador dela: - Ok, sem pipoca. - concluiu decepcionado.

–Bom. - se levantando da cadeira, Sakura caminhou até Temari se agachando em sua frente: -Tema-chan? - chamou ela sacudindo suas pernas.

–O-Oe, cerejinha. - sibilou Gaara preocupado: - Sai daí.

–Tema-ch- Antes mesmo que terminasse, Temari desferiu um soco em direção ao rosto de Sakura por puro instinto.

Abrindo os olhos devagar, a loira encara sua frente curiosa antes de se assustar pelo que viu. Sakura segurava seu soco com somente sua mão direita a qual prensava com força os dedos fechados de Temari que começavam a doer pelo aperto.

–Saky-chan... - balbuciou inconformada a tirando de seu transe e caindo sentada no chão.

–Sakura! - Gaara chega à seu lado segurando seus ombros trêmulos.

–Pequenina, eu machuquei você? - perguntou esta, mesmo sabendo bem quem havia se machucado ao constatar o estado de sua própria mão.

–N-Não. - afirmou esta se levantado: - somente me assustei, nada de mais. - mexendo em uma mecha de cabelo, a mesma se dispõe de pé.

–Que bom. Nunca mais me acorde, eu poderia ter arrancado um dente seu se não... - antes de continuar pensou bem no que diria. Provavelmente ela não se deu conta de que parara o soco de Temari, portanto não poderia enfiar mais coisas na mente da garota: - ... se não tivesse errado. - Emendou desviando o olhar de Gaara.

–Que bom então. - afirmou ela.

–É... Que bom. - repetiu Gaara encarando Temari curioso.

–Bom, a peça já acabou? - perguntou a mais velha.

–Não, Aneue, está no intervalo. - respondeu Gaara recebendo uma bufada de desgosto da irmã.

–Eu vou lá fora, depois volto. - se levantando, Temari se retirou do Teatro.

–Será que ela ficou brava comigo? - murmurou Sakura encarando suas pernas.

–Não. Ela só ficou preocupada. Pensou ter te machucado. - concluiu ele.

–Ah. Menos mau.

Ficou um pequeno silêncio entre eles. O Teatro se encontrava cheio de burburinhos e gritos, provavelmente das crianças bem visíveis correndo pelo corredor entre as cadeiras do térreo, fora umas que insistiam em subir no palco, sendo retiradas a força por seus pais irritados.

Olhando Sakura de soslaio, Gaara resolve adiantar um assunto pendente para ele.

–Sakura... - chamou Gaara se virando a ela. A rosada o olhou virando o rosto em sua direção.

Gaara continha seu rosto perto do dela ficando seus olhos esmeraldas que o encaravam surpresos. Se aproximando vagarosamente, o rapaz oscilava seu olhar entre seus olhos e seus lábios grossos e entreabertos.

Sakura sentia seu coração palpitar quase a sair pela boca. Se aproximando também, semicerrou os olhos sentindo seus lábios sendo prensados pelos de Gaara.

O beijo começou bem calmo, como um roçar simples antes de tomar força. Gaara era delicado, mantendo o beijo em sua mais simples pureza, sem brutalidade ou luxúria, somente um doce roçar apaixonante.

Se separando dela, o rapaz encarou o rosto rosado da garota ainda de olhos fechados. Quando ia chamá-la senti seus lábios serem prensados pelos da rosada o fazendo se surpreender pelo feito, mas obviamente respondendo na mesma intensidade.

Um pouco distante do deles, um flash se foi visto em direção ao pequeno casal, além de um sorriso curioso surgindo no rosto da garota de cabelos ruivos.

–Interessante.

*~*~*~*~*

Temari fitava sua mão com curiosidade. Nunca, em todo o seu tempo de escola, alguém conseguiu parar algum soco ou chute seu, nem ao menos revidar; lutava com rapazes, marmanjos, maloqueiras, gangues e sequer perdera.

Ninguém além de uma pessoa.

Ela se lembrava bem de uma briga que tivera com uma veterana de Muay Thai, a única que conseguiu nocautear ela e, ainda que não se lembrasse bem da sua Senpai, sentiu algo de familiar quando Sakura parou seu soco.

Já havia sentido aquilo antes. Aquele toque, aquela facilidade em se defender e aqueles olhos. Nunca conseguiu se esquecer daqueles olhos sérios e focados; grandes olhos verde esmeraldas.

Temari arregalou os olhos naquele momento. Tapando a boca com uma das mãos ela ligou uns pontos pautados.

–Como eu pude esquecer. - disse transtornada: - A dois anos,- dizia esta em choque: - a tragédia que parou a escola, o luto do time de Muai Tai. Como eu não me toquei antes. - martirizou-se a loira fitando o céu estrelado mordendo o lábio inferior.

–A Sakura era a minha Senpai.

*~*~*~*~*~*

Sentado na mesa da cozinha, Sasuke fitava a única garrafa de cerveja da casa dançando seus olhos pelo rótulo avermelhado. Suspirou pesado dando outro gole caprichado no líquido amarelado.

Estava perdendo o juízo. Ainda que não tivesse bebido nem metade da garrafa, sabia bem que estava transtornado. Louco, débil, insano.

Por Deus, ele não acreditava no que pensava, no que sua mente o levava. Fazia um tempo que não sentia aquilo; muito tempo que não sentia aquele sentimento tão caloroso em seu peito.

Ele sorriu bobo. Já tinha achado sua resposta a tempos, só não queria admitir. Acreditava fielmente ainda estar preso em seu antigo amor, naquela linda mulher de cabelos negros e olhos avermelhados pelas lentes de contato que sempre usava.

O corpo de mulher, a voz doce, a fineza com a qual se comunicava com a sala, e seus lábios que um dia teve o prazer de sentir. Mesmo depois de se sentir traído ao saber do noivado de Kurenai com Asuma, não pode deixar de sentir a mesma ardência pela mulher.

Ainda que ela dissesse não sentir atração por ele, era inútil negar que a mais velha já não teve contato físico com o moreno, passando de um simples beijo; mas, ainda sim, ela se casou e se mudou para outra cidade.

Agora ele estava ali, ainda preso no Titanic, sem se tocar que ele já havia afundado e Rose já se casara e tivera filhos. Estava se sentindo um tolo.

Seu coração palpita perto da rosa, sua mente sempre chegava a ela quando abria os olhos pela manhã e quando os fechava a noite. Ele sabia bem o que significava aquilo, e agora se martirizava em ter permitido a mesma sair com Gaara.

Levantando o olhar para o relógio viu o horário. A peça já acabara e dez minutos, o que significa que Sakura estaria regressando à casa a qualquer momento.

–Melhor eu parar de agir que nem idiota. - se levantando com tudo, pegou sua jaqueta no sofá e se dirigiu a porta de saída.

–Shikamaru - chamou Ino na calçada da casa de Tenten: - Tem certeza que a Temari não liga de você entrar assim na casa dela? - perguntou.

–Esta preocupada? - provocou Tenten.

–Claro que não. Aquela Baranga não me assusta. - afirmou a loira empinando o nariz fino.

–Bom que pense isso, porque ela não ligue que eu entre na casa dela, mas ela sabe quando mexem em suas bebidas. - concluiu ele deixando todos estáticos.

–COMO? - vociferaram todos em uníssono.

Saindo à mil pela porta de entrada, Sasuke passa por eles totalmente avoado indo diretamente à sua moto.

–Sasuke? - chamou Ino ao vê-lo sair correndo com a moto desaparecendo na rua deserta.

– Onde ele foi? - perguntou Neji.

– Finalmente ele se tocou. - concluiu Shikamaru voltando a andar até a porta.

–Como? - insistiu Neji alienado ao assunto.

Todos o seguiram, menos Hinata que fitava o horizonte por onde o moreno sumira.

–Tomara que não seja tarde demais.

*~*~*~*~*

–Ande logo seu Filho da Puta. - gritou Temari travando sua mão na buzina do volante: - Tem carro pra que se não sabe andar? Vai a pé. - provocou a mesma sem tirar a mão da buzina.

–Aneue não provoca. - pediu Gaara a seu lado irritado.

–Como não provoca, o cara não sabe andar. Eu quero chegar em casa hoje e não quinta. - gritou ela colocando a cabeça para fora e buzinando ritmado.

O homem do carro da frente colocou a cabeça para fora mostrando-lhe o dedo do meio.

–Vai dar, sua puta arrombada. - cuspiu o homem.

Sakura arregalou os olhos igualmente Gaara.

–Não, Aneue! - insistiu o garoto, mas não deu tempo, Temari já saia do carro e arrancara o homem pela janela do carro.

Segurando-o pela gola a mesma começou:

–Com quem você pensa que esta falando seu viado, filho de uma puta? - gritava a mesma: - Arrombada é a biscate da sua mãe que já deu pra todo mundo, até eu já comi ela. - cuspia mais e mais apertando a gola do homem o sufocando.

–Sakura, vamos sair daqui antes que ela nos meta na briga. - falou ele soltando cinto e abrindo a porta.

–Hai.

–Você é só uma mulher de língua afiada. Cachorra que ladra não morde. - falou ele se gabando.

–Esse cara ta fudido. - afirmou Gaara pegando na mão de Sakura e correndo rua a fora.

–Se prepare - disse Temari o soltando e estalando os dedos das mãos: - Para morrer.

–Não tenho medo de Vadi- antes de terminar, leva um chute no meio da face quebrando seu nariz em duas partes arrancando sangue e espirrando para todo lado.

–Continua a me xingar. - dizia se aproximando do homem ensanguentado: - Eu vou escrever o discurso do Imperador com o seu sangue.

*~*~*~*~*

Caminhando de mãos dadas, Gaara e Sakura voltavam do Teatro a pé após a briga no transito que Temari instigou. Ambos estavam bem radiantes, um pelo teatro e outro pelo beijo ocorrido na peça. Cada um com um motivo que lhes tirava um riso bobo do rosto.

Estavam silenciosos, mas era um silêncio bom, sem constrangimento ou vergonha, era mais como um conforto a presença de um para o outro.

Chegando em frente a casa da Senjou, Gaara encara a rosada de soslaio apertando sua mão levemente a fim de ter sua atenção para si:

–Sakura. - chamou ele. A mesma se virou ainda com um sorriso no rosto: - Posso te perguntar uma coisa? - indagou ele recebendo um aceno positivo dela.

–O que quiser, só não sei se saberei responder. - afirmou ela ainda radiante.

–Você está séria com o Sasuke? - perguntou curioso ele a fazendo arquear a sobrancelha.

–Não sei ao certo. - começou colocando o dedo indicador no lábio inferior: - Ele me beijou, disse que eu entenderia quando tivéssemos algo sério, mas eu não compreendo bem o que ele quer dizer com isso. - Afirmou ela envergonhada encolhendo os ombros.

Gaara sorriu de canto:

–Pelo visto ele esqueceu que você não é uma expert em sentimentos. - Zombou o ruivo recebendo um tapa de leve no ombro: - Ai! - gemeu ele. Sakura sorriu:

–Bom, - falou a Haruno: - Eu poderia saber qual o motivo da pergunta? - disse Sakura curiosamente.

Gaara a encarou nos olhos por alguns instantes antes de desviá-los para o céu negro pontilhado pelas estrelas, um sorriso brotou em seu rosto:

–Porque, eu quero ter algo sério com você. - afirmou ele abobado. Sakura não evitou de corar.

–Co-Como assim? - perguntou o obvio.

–O Sasuke pode não ser claro, mas eu serei. - ao dizer isso, levou uma de suas mãos até seu rosto alvo acariciando-o com o polegar: - Eu gosto de você, Sakura. Muito. - disse com um enorme sorriso estampado no rosto: - Você, quer namorar comigo? - perguntou por fim a fazendo arregalar os olhos levemente.

–Você gosta de... - Repetiu ela encanando seus olhos antes de sorrir: ... de mim! - encerrou apertando forte a mão do rapaz em seu rosto: - Nem acredito nisso. Nunca suspeitei. - afirmou ela tirando um riso deveras alto de Gaara.

–Não me surpreende. - falou: - Depois do acidente você não experimentou nada disso, não tinha como saber. Mas fico feliz em ser o primeiro que lhe deu esse toque. - comentou ele piscando para a pequena que corou, e muito.

–Entendo. - afirmou ela: - Mas, esse namoro seria igual ao dos filmes? - perguntou curiosa e exaltada. Esse aquiesceu:

–Idêntico. Cheio de beijos, doces, filmes, parques de diversões e o que mais existem nesses filmes melosos. - disse ele a fazendo torcer a boca zombeteira.

–Não são melosos, são românticos, lindos, que nos tiram suspiros de tanta emoção. - comentou ela soltando as mãos de Gaara re rodopiando no lugar. Este sorriu:

–Mas então, você não respondeu a minha pergunta. - insistiu ele pegando em sua mão novamente.

Olhando-o nos olhos Sakura abriu um sorriso:

–Eu quero! - aceitou ela pulando em seu pescoço enquanto Gaara enlaçava sua cintura.

Aquele momento pareceu mágico aos olhos de Sakura. Poderia não ter sido um pedido do estilo dos filmes com fogos de artifícios ao fundo, mas o tanto de borboletas no estômago que voavam atiçadas pelo momento a levava as nuvens.

Se desfizeram do abraço se encarando olho no olho. Aproximando-se vagarosamente, Gaara sela seus lábios aos de Sakura colocando uma pitada de magia ao momento. O beijo era bem calmo, mantendo-se desse modo até a falta de ar se fazer presente.

Segurando-a pela cintura, Gaara sibilou:

–É melhor você entrar, está tarde. - advertiu ele encostando sua testa na dela.

–Eu sei. - afirmou: - Eu só queria dizer uma coisa. - começou ela com um leve rubor no rosto: - Seu beijo é mais calmo que o do Sasuke. Eu meio que gostei. - disse ela aumentando o tom de rosa em seu rosto para vermelho vivo.

Gaara não evitou de corar levemente também.

–Uou! - exclamou ele: - Obrigado pelo elogio, eu acho. - ponderou Gaara.

–Bom, vou indo então. Até. - assim, Sakura sai de perto de Gaara indo até a porta de entrada.

Entrando na casa, Gaara retorna seu caminhar sorrindo de forma abobada. Aquele dia havia terminado exatamente como ele imaginava; uma noite inteiramente perfeita.

*~*~*

–Puta merda, Tayuya, o que você faz aqui em casa a uma hora dessas? - perguntou Karin encostada no batente da porta de entrada da casa.

–Tenho algo importante a lhe dizer. E nem é tão tarde assim. - zombou a ruiva impaciente: - Posso entrar? - perguntou por fim recebendo um aceno positivo da Uzumaki.

–Com licença. - disse ela ao passar pela porta retirando seus sapatos.

No Japão, é costume entrar na casa - seja a sua ou não - retirar os sapatos e anunciar sua chegada. Isso demonstra educação e respeito.

Caminhando até a sala, ambas sentaram-se no sofá uma de frente para a outra.

–Bom, o que é tão importante assim para nem me ligar antes? - indagou curiosa Karin cruzando suas pernas na posição de lótus.

–Como você bem sabe, hoje eu fui ao Teatro com o Kidomaru assistir a peça João e Maria. -começou: - E eu vi lá algo que me intrigou muito...

–O que foi? - insistiu Karin aproximando-se mais da amiga.

–Sakura e Gaara se beijando. - disse ela por fim.

Um pequeno silêncio se estabeleceu na sala. Karin nem mesmo piscava naquele momento tamanho o choque.

–Vo-Você está me dizendo que o-o Ga-Gaara beijou a Sakura? - repetiu ela a fim de confirmar.

–Exatamente o que eu disse. Está ficando surda é? - ridicularizou Tayuya: - Bom, faça bom proveito dessa informação e, Ah! - exclamou ela pegando seu celular da bolsa: - Tirei uma foto, faça suas maldades, não me importo realmente. - ao dizer isso pegou o celular de Karin que ainda se mantinha alienada e passou a imagem do beijo.

Não era próxima a imagem, mas era o suficiente para identificá-los; provavelmente Tayuya estava em sua diagonal no segundo andar.

–Isso é magnífico Tayuya. - afirmou ela ao pegar seu celular: - Eu sei exatamente como fazer essa imagem impactar do modo que quero. - comentou esta se ajeitando na almofada.

–Pode dizer, não nego que estou curiosa, mas seja rápida, Kidomaru está esperando no carro. - advertiu esta recebendo um aceno de Karin.

–A Sakura começou a namorar ainda pouco com o Sasuke-kun certo? - comentou Karin recebendo um aceno negativo da amiga.

–Não, eles nem sequer firmaram algo. Acho que ele só esta brincando com ela na medida do possível, ainda mais com uma mulher-macho como guarda costas de Sakura. - respondeu séria.

–Sim, mas mesmo que esse seja o caso eles ainda possuíam um tipo de ligação, entende? - dizia Karin gesticulando com as mãos: - Então, isso pode ser muito bem visto como um bom par de chifres na cabeça do Sasuke-kun, e o melhor é o fato de Gaara, seu amigo de infância, roubar sua mulher. - concluiu ponderando alguns pontos.

–Acho que sei aonde você quer chegar. - comentou pensativa: - Mas isso só funcionará para o lado do cabelo de ouriço, mas e para o foguinho? Do que adiantará se ele não for abatido? - perguntou Tayuya com certa verdade em suas palavras.

Uma coisa é fazer a Sakura se sentir péssima e acabar de vez com sua pose de santinha e com o possível relacionamento entre ela e Sasuke, mas e no caso de Gaara? As chances dele estragar ou simplesmente ignorar o escândalo são imensas.

–Tem razão, mas nisso eu já possuo uma carta trunfo. - relembrou esta pegando em seu celular uma pasta de fotos bloqueada com senha. Clicando na primeira imagem, mostra à Tayuya.

–Por que você tem fotos da Yamanaka? - perguntou curiosamente.

–Porque a Yamanaka gosta do Gaara. - ao dizer isso Tayuya cai na gargalhada: - Por que está rindo? - perguntou irritada.

–Ora, todo mundo sabe que ela é loucamente apaixonada pelo ouriço, então convenhamos né. - zombou a ruiva.

–Eu também pensava isso, mas descobri que ela deixou de gostar dele no ano passado no incidente da cachoeira. - comentou Karin convicta.

–É, aquele incidente foi bem desastroso. - comentou para si mesma do caso que ocorrera a um ano atrás.

–Enfim, eu sei muito bem que ela gosta do nosso ruivinho, eu a observei. - olhando a tela do celular, mexeu as imagens mostrando várias imagens de Ino fissurada pelo rapaz, ou simplesmente corada; coisas bobas.

–Por isso que você tem várias pastas de imagens bloqueadas no seu celular, você é uma Stalker. - confirmou Tayuya cruzando os braços.

–Não sou Stalker, sou informada. - murmurou ela bloqueando a tela do celular.

–Claro, claro. - resmungou rolando os olhos: - Mas essas imagens não provam que ela realmente gosta do Gaara. As chances dela ainda ser apaixonada pelo ouriço é alta. - disse Tayuya.

–Hm, é verdade. - concordou: - Então, acredito que posso usar outra pessoa. - concluiu ela pensativa.

–Quem? - perguntou curiosa.

–Não precisa saber ainda. Só observe o desenvolvimento. - disse por fim dando de ombros.

–Ok então. Mas essa sua cabecinha endiabrada está planejando o que exatamente? - perguntou curiosamente a amiga.

–Como eu disse, somente observe. - ao dizer isso, Karin pegou seu celular novamente selecionando a imagem enviada por Tayuya.

Indo até as mensagens escreveu um simples: "Novo casalzinho da escola. Quantos chifres o Sasuke tem?"; em seguida colocou dois números e enviou como privado.

–Para quem você enviou? - indagou.

–Para duas pessoas que vão ser cruciais para a minha trama. - disse empolgada: - Que os jogos comecem. - Ralhou ansiosa com as milhões de ideias que apareceram em sua mente.

Naquela madrugada, dois celulares tocaram em sincronia. A imagem chegou de modo rapido e com ótima qualidade; ainda que o numero fosse restrito lá no fundo eles sabiam quem havia lhes enviado isso, mas não importava. Naquele momento só importava uma coisa:

Quem traiu quem?