~Prólogo

O barulho alto e ensurdecedor da festa.

Pessoas gritando, dançando e se embebedando em um salão beira estrada. Diversas delas caídas ao chão colapsadas pelo álcool em suas veias, expelindo tudo o que tinham no estômago até aquele momento. As poças de bebidas e excrementos se espalhavam por todo o local levando a tombos e escorregões.

Pessoas dentro e fora do grande salão com beijos e ousadias, luxúria e prazeres misturados em meio a multidão extasiada. Brigas e discussões levando à violência física. Carros estacionados por todo o perímetro, desde usados a carros de marca.

Alguns acidentes pequenos causados pela bebedeira fazendo a polícia se apossar do local.Dentre os carros ali presentes, um deles saiu da festa rumo a rua escura e desértica.

Uma BMW de cor branca com 5 pessoas dentro desta incluindo o motorista. Todos embriagados. A neblina tomava conta de toda a estrada tornando a visão turva e imprecisa. As árvores altas e conjuntas e o barranco de pedras rondavam a estrada asfaltada e molhada pela chuva que passara tempos antes.

Os 5 riam, gritavam e brincavam com as garrafas em suas mãos, despreocupados e -supostamente- alegres. Uma forte luz apareceu ao fundo da rua, sem poder se ver o paradeiro desta, fazendo o  motorista encarar a luz por um momento antes de arregalar os olhos e retomar o volante com brutalidade na tentativa infame de desviar daquele imenso ser de ferro. Sem sucesso.

O caminhão arrastou o carro com força pelo asfalto negro jogando-os dentro da densa floresta. Desceram bruscamente o barranco arenoso batendo nas árvores, fazendo partes da ferragem se desprenderem do automóvel. As pessoas ali dentro gritavam de medo e dor, duas já se encontravam inconscientes. O carro não parava de descer, a menina do banco de trás segurava fortemente no rapaz de cabelos loiros a seu lado.

O mesmo lhe olha com um sorriso lhe proferindo algumas palavras antes de abrir a porta e jogá-la para fora do carro em movimento. A mesma bateu com tudo ao chão rolando pelo barranco até parar ao colidir com uma pedra. Cuspiu sangue com o impacto a fazendo fechar fortemente os olhos, a dor de seu corpo era imensa, não conseguia mexer suas pernas, não as sentia.

Encarou o arredor, com a visão turva, tentando descobrir o paradeiro do carro até o ver, mais abaixo, parado frente a uma enorme árvore agredida pela ferragem. Ela mexeu-se dolorosamente arrastando-se pelo chão para poder chegar até eles, até seus amigos.

Tentou levantar-se encarando as pernas que tremiam de medo. Não respondiam a seu pedido. Apertou a mão em punho gritando alto um nome, na esperança de ser ouvida. Em vão.

Novamente tentou se levantar mexendo as pernas amedrontadas. Voltou a colidir-se ao chão. As lágrimas já desciam por seu rosto enquanto se arrastou novamente pelo chão de terra. Gritou o mesmo nome outra vez. Sem resposta.

Desta vez conseguiu resultado de suas pernas se levantando e andando cambaleante até o carro, seu corpo doía, o sangue escorria por seus braços e pernas, sem contar o corte em sua cabeça - evidentemente profundo.

Caiu duas vezes antes de conseguir realmente aproximar do carro.

Novamente gritou um nome, desta vez foi ouvida. O rapaz abrira os olhos lentamente encarando a garota de cabelos róseos. Abriu um sorriso ao vê-la bem. Estava escorado no banco ao lado de fora do carro com o corpo ensanguentado, um dos olhos fechados enquanto este tentava manter a consciência.

Ela sorriu a ele esticando sua mão em sua direção para novamente começar a andar. Ao se aproximar mais um pouco o rapaz grita. A mesma para de medo ao ver a face de pânico do rapaz.

-NÃO SE APROXIME! - foi a ultima coisa que ele gritou antes da luz escaldante.

Uma explosão.

A menina foi arremessada longe batendo contra uma árvore caindo ao chão bruscamente. Seu corpo não se mexia. Seus olhos relutantes a abrir e, a ultima coisa que viu foi o carro em chamas devorando os corpos de seus amigos.

Desespero foi o ultimo sentimento que saboreou antes de perder a visão e entregar-se a escuridão.