Amor ou Amizade? escrita por Aki Nara


Capítulo 1
Capítulo 1 - Futuro




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Era como se Deus quisesse me recompensar de alguma forma pela minha solidão. Eu fui deixada à porta de um orfanato e nunca tive uma família, mas em compensação tenho esse dom.

Desde criança tocava de ouvido num velho piano desafinado transformando sentimentos em versos e sons em música até a irmã Nakamura descobrir minha habilidade e me deixasse tocar no órgão da igreja.

Tornei-me um verdadeiro gênio musical ganhando vários concursos e à medida que trabalhava em prol das crianças, o orfanato recebia parte dos fundos através dos prêmios que ganhava.

Eu arranhava no violão, era boa no violino, mas o piano era meu instrumento predileto. Porém, a comodidade me obrigava a andar sempre com um teclado às costas. E agora realizaria um sonho.

Do ônibus pude ver a arquitetura da Universidade, que parecia um TOFU*. Ri de mim mesma. Era impossível não pensar na comida. Afinal, vim de um lugar onde as crianças brigavam pelo que comer.

Finalmente entraria para a Tokyo Federal Art University, que foi criada para competir com a Juliard de Nova York e formar seus próprios universitários ligados a arte, música, teatro, dança e cultura japonesa.

Algumas companhias de teatro como o Kabuki e o Takarazuka ou mesmo empresas como a Sony Records se uniram a Universidade para difundir as expressões artísticas japonesas.

Fiz sinal e desci carregando uma mala com meus pertences pessoais, esperando que o resto tivesse chegado pelo correio. Estava deslumbrada com o tamanho daquele lugar. Fiquei com medo de estar no lugar errado e retirei o panfleto para me localizar.

É vergonhoso para mim, mas sou muito atrapalhada quando se trata de saber onde é o norte ou o sul, eu me perco com muita facilidade.

_ Aham! Então... É para aquela direção – disse apontando para dentro dos portões.

A propósito, eu me chamo Erika Amane, tenho dezenove anos, sou de touro e vim para dar adeus à erudição e estudar as técnicas necessárias para me aperfeiçoar. Mas o que realmente consegui foi me envolver numa tremenda enrascada.

Uma das causas dessa enrascada se chama Richard Kamioka, diferente de mim provavelmente ele chegaria à Universidade numa limusine.

Definitivamente era um “bad boy”, daqueles que nunca conseguiria evitar nem que quisesse. Para mim bastaria sua amizade, mas nada é bastante para ele...

***

Entediado, ele olhava para a paisagem através do vidro fumê. Era ridículo, mas sua mãe, a grande pianista Michie Kamioka insistia em ser superprotetora e sufocante.

Se quisesse poderia ter escolhido ir para Juliard, onde ficaria mais longe. Porém, ela jamais o deixaria sair de suas vistas, sem que pudesse acompanhá-lo.

_ Você é um virtuose, como seu pai. Deve cuidar para que suas mãos não toquem nada diferente além do violino – ela segurou as mãos do filho delicadamente como se fosse um tesouro magnífico e depois acrescentou sem deixar vão para uma réplica. – Vá de limusine.

_ Como quiser – era mais fácil se livrar da mãe aceitando prontamente.

Um alvoroço se formou na entrada da Universidade quando desceu carregando seu violino. Olhou ao redor para se situar quando distinguiu um diálogo dito mais alto que o burburinho.

_ Veja! É Kamioka! – Alguém disse empolgado. – Não é ele o garoto prodígio?

_ Jura que ele só tem quinze anos? – ouviu uma garota dizer.

Na verdade ele tinha a mesma idade, mas não era nenhuma novidade. Ele estava acostumado a ser uma celebridade e alvo de boatos. Ele recomeçou a caminhar quando uma garota o abordou.

_ Pode me dar seu autógrafo?

_ Claro – os olhos azuis dele eram extremamente cativantes e o sorriso não era genuíno, mas era perfeito.

Richard sabia que tinha uma personalidade cativante e conservava um ar misterioso em volta de si e tinha muita cautela para não demonstrar os sentimentos. Ele terminou de autografar seu mais recente CD e se afastou para ser recepcionado pela diretora Mamiyu Ootuska.

_ Céus!! Que gato.

***

E essa é a outra causa de minha enrascada. Bianca Monelli, minha melhor amiga e rival.

***

De tez macia e branca, olhos verde-água, cachos loiros e uma linda voz de soprano. Porém, mais que sua aparência física, a bondade e ingenuidade faziam-na parecer um anjo caído do céu.

Ela correu por toda a extensão do corredor que lhe parecia longo, pois estava atrasada para a aula de canto. Quem sabe a Sra. Kirie Kishimoto pudesse entender que não se recebia um garoto prodígio na Universidade todos os dias.

_ Desculpe-me, senhora – foi logo dizendo.

_ De novo atrasada? – a professora ergueu a sobrancelha.

_ Dessa vez não pude evitar. Foi difícil evitar o tumulto na entrada.

_ Sempre com uma desculpa... – a mulher se voltou de costa e ela aproveitou para imitar os trejeitos da professora silenciosamente – Talvez sua atitude seja o usual em Los Angeles, mas aqui...

A professora se virou de repente pegando-a no flagra.

_ O que é tão engraçado mocinha?

_ Desculpe, Kishimoto sensei – até a formatura estaria phd em se desculpar. Ultimamente parecia que era só o que fazia.

_ Monelli-san. Não percamos tempo. Comece pelas escalas. Oitava em Do Maior.

A professora tocou as notas no piano fazendo-a repetir as notas na tonalidade certa aumentando meio tom gradativamente. A lição seguiu exaustivamente até que a próxima aluna bateu à porta.

_ Desculpe-me, Kishimoto sensei. Pensei que já estivesse no meu horário.

_ Já terminamos por hoje, Monelli-san. Da próxima vez que se atrasar levará uma falta. Entendido? – a professora cruzou os braços.

_ Sim, senhora – ela disse num fio de voz e pegando suas coisas saiu deprimida.

***

Nem mesmo eu entendo como caímos nessa armadilha, só que quando percebemos estávamos todos na pior das situações, como escolher entre o amor e a amizade? Se fosse com você o que escolheria?


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