Depois Do Amor. escrita por Kelven Figueiredo


Capítulo 11
A ambição dos Jones.


Notas iniciais do capítulo

Só pra lembrar, isto ainda é um romance, confuso e mal feito,mas um romance. Boa leitura.



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A sensação de ter sido atropelado por vários caminhões me consumia, meus olhos custaram a abrir, e quando dei por mim estava no chão do meu quarto. Meu celular piscava ao lado, peguei-o e ao consultar as horas, foi como se uma bela dose de adrenalina tivesse sido injetada em mim, levantei num pulo, corri em direção ao banheiro, lavei o rosto só para garantir que eu não iria ser vencido pelo sono, escovei os dentes, dei uma última olhada no espelho, arrumei alguns fios rebeldes e corri até a cozinha, conferi o horário e não muito diferente do celular ali marcava ás 09h43. Era oficial, eu estava atrasado para a consulta com o doutor Scott. Apanhei as chaves e segui em direção ao elevador.

No estacionamento, corri em direção à única vespa preta que ali estava. Coloquei o capacete e acelerei em direção ao consultório. Àquela altura eu tinha no máximo uns dez minutos para chegar até o consultório.

Felizmente eram só cinco minutos de atraso, e a julgar pela sala de espera eu não era o único atrasado por ali.

Ao entrar no consultório a recepcionista confirmou nome, data e horário, logo após pediu-me para que eu aguardasse alguns minutos já que o doutor havia acabado de chegar, e assim o fiz.


Estava ali sentado em frente a recepção, implorando ao senhor tempo para que aqueles minutos infernais que separavam-me da consulta não passassem nunca, ou só demorassem mais um pouco para que eu aceitasse tudo aquilo. É um pouco difícil pra mim, ter de entrar novamente em um consultório psicológico depois de tanto tempo, era como se eu estivesse revivendo os meus tempos de adolescente rebelde e problemático mais uma vez... Pra ser franco aquilo tudo que eu sentia resumia-se em apenas uma palavra... Medo, medo de ser taxado como louco novamente, receio de viver todo aquele pesadelo outra vez.


– Senhor Kyle Vielmond, o doutor Scott o espera. – Disse-me uma bela morena que ainda caminhava pelo corredor e estampava um belo sorriso nos lábios.

Levantei ainda apreensivo e caminhei em direção à sala do médico. Ao passar pela bela morena soltei um:

– Obrigado. – quase que num sussurro.

Respirei fundo, e girei a maçaneta. Ao entrar na sala, eu quis voltar por onde havia entrado, mas a porta havia se fechado atrás de mim, e além do mais era mais do que tarde para desistir.

O tão falado doutor Scott me surpreendera logo de cara, ele era muito mais jovem do que esperava e a primeira impressão que tive foi de que ele não era tão atento quanto meu antigo psicólogo, afinal que tipo de psicólogo não percebe que alguém entrou em sua sala e permanece de cabeça baixa lendo o raio de uma pasta...

– Então você é Kyle? Sente-se, deite-se ou apenas ache uma posição confortável para que possamos conversar um pouco. – Disse ele sem levantar os olhos da pasta.

– S-Sim. – Deitei-me no divã e odiei ter que admitir que ele era ainda mais atento do que o antigo psicólogo que me acompanhava.

– Então eu sou Scott Jones, presumo que deva reconhecer este sobrenome. – Dizia num tom calmo e desta vez olhando em meus olhos, enquanto levantava-se de onde estava e caminhava até uma cadeira que ficava ao lado esquerdo do divã.

Jones aquele sobrenome pertencia ao meu antigo psicólogo, apesar de não fazer muito sentido, aquilo tudo podia ser só mais uma coincidência.

– Se você pensou em Brian Jones, seu antigo psicólogo, você tem uma memória boa, ele era meu pai, mas Deus resolveu leva-lo há alguns meses atrás.

– Sinto muito, doutor...

– Scott, me chame de Scott rapaz. – De repente ele chacoalhou a cabeça como se estivesse tentando afastar alguns pensamentos – Não sinta, a hora dele havia chegado e não há como fugir disso, mas não estamos aqui para falar de mim certo? – disse ele emendando sua pergunta num sorriso.

Sorri ainda que sem vontade, mas não pronunciei uma palavra sequer.

– Então me conte, pelo que sei não foi você quem marcou esta consulta certo?

– Certo, na verdade foram meus pais.

– Arriscaria um palpite sobre o motivo que os levou a esta atitude?

– Não, na verdade não faço ideia. – menti.

– Compreendo. Pelo que sei você consultava-se com meu pai frequentemente, e foi assim por boa parte da adolescência. Acha que seus pais estão com medo de que você esteja regredindo?

– Na verdade acho que eles estão exagerando.

– Exagerando? O que aconteceu de verdade?

– Prefiro não falar sobre isso.

– Tudo bem, eu respeito.

Scott voltou seus olhos para a pasta e antes que o silêncio perdurasse disse:

– Após a morte de meu pai eu herdei o consultório e consequentemente os arquivos de todos os pacientes, mas por motivos pessoais resolvi mudar de enderenço, e ao ler sua pasta vejo que em muitas de suas consultas você fala de alguns blecautes, visões do passado, e em algumas delas você até as descreve muito bem.

– Sim, esse foi um dos motivos que fizeram meus pais procurarem ajuda aquela época, mas eu era apenas um adolescente, e aquilo passou.

– E sobre o amor? Tenho informações sobre uma garota, acho que se chama Mellanie, o que poderia dizer-me sobre ela?

– Ela é só mais uma ex-namorada, mais um romance que não deu certo, nada de importante. – Menti outra vez.

– Não foi o que fiquei sabendo, pelo que sei, ela conheceu seus pais e segundo eles, isso é raro, e na real ela foi a única que eles conheceram.

– Aquilo foi uma estúpida coincidência, fruto de um dos meus caprichos, o qual consiste em não quebrar promessas.

– Fale mais sobre.

– Não quero falar mais disso, o que eu estou dizendo é que aquilo não foi planejado. – apesar de estar falando a verdade, tive dúvidas ao dizer isso, senti como se estivesse mentindo.

– Tem alguma coisa o incomodando? Algo que queira me contar?

– Não, como disse, estou ótimo, só concordei vir nesta consulta porque foi um pedido da minha mãe.

– Então você está liberado. Mas antes eu gostaria de lhe fazer um pedido.

– Como quiser. – fui me levantando enquanto as palavras saiam da minha boca sem emoção alguma.

– É que você foi de longe o paciente mais intrigante do meu pai, com tudo aquilo de blecautes e desmaios com sintomas de coma, tudo isso o fascinou, ele até o apelidou de “vidente do passado”, mas nunca conseguiu de fato achar um diagnóstico pra você.

– Desculpe-me doutor, mas eu não entendo aonde o senhor quer chegar com tudo isso.

– Eu ficaria muito grato se você realizasse o último deseja de meu pai.


Aquelas palavras acertaram meu peito como flechas, e tive de me segurar para não cair de volta no divã.

– Em seu leito de morte, ele pediu para que me chamasse e pediu para que eu, o único de seus filhos que resolveu seguir seus passos, desvendasse o mistério que o envolve.

– M-Mistério que me envolve? – tudo aquilo só podia ser uma pegadinha, e daquelas de muito mau gosto.

– Sim, e é diante deste pedido, que peço-lhe que venha para mais algumas consultas, eu abro todos os horários da minha agenda e trabalho de graça se for preciso, mas eu prometi isso a ele, e acho que você me entende.

Tudo aquilo era novo, tudo bem que toda essa história de blecautes, flash’s e tudo mais não eram comuns, mas também não eram nada de extraordinário. Eram só lembranças normais, mais intensas algumas vezes, mas ainda eram só lembranças...

Com toda aquela confusão eu só conseguir dizer:

– Eu não sei, me desculpe. – deixei a sala apressadamente.

Corri até o estacionamento, montei na minha vespa e dirigi até meu apartamento, onde aquele pesadelo nunca me encontraria.





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Notas finais do capítulo

Deixem sua opinião nos comentários, isso me motiva a escrever mais e mais. obrigado por ler até aqui.



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