Hospital Stay escrita por LilakeLikie


Capítulo 6
Visitas Inesperadas


Notas iniciais do capítulo

Tardo mas não falho!
Levo uma eternidade para atualizar, mas não abandono vocês.
Estava com saudades de escrever, principalmente Hospital Stay.
Well, estou pensando em mais pra frente atualizar com mais frequência, talvez até regularizar a postagem. Ainda não me decidi sobre nada, por enquanto, infelizmente, tenho outras prioridades além de HS.
Sentiram minha falta? ~faz de conta que sim~
Antes de qualquer susto, resolvi dar nomes mais decentes aos capítulos do que "capítulo x", "capítulo y". Espero que tenham gostado.
Bom, vamos ao que interessa. Capítulo que ficou meses parado, recebendo raras visitas da minha parte para tentativas falhas de criar coragem, reler e reescrever. Só modifiquei algumas coisas e adicionei outras. Me avisem sobre qualquer erro ou coisa do tipo, se gostaram ou não, etc...
Estou no aguardo. Espero que gostem! Boa leitura!



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Eu não sabia se simplesmente saía do elevador e conversava com Tyler, ou se seguia meu caminho normalmente com os outros pacientes ali dentro. As portas começaram a se fechar. Tive de pensar rápido.

Num salto, passei por dois internos e atravessei a fresta da porta que se fechava. Já fora do equipamento, comecei a correr entre os enfermeiros e os doentes em busca de Tyler. Não deveria ser uma busca tão difícil, entre vestimentas tão apagadas como os pijamas do hospital, sua camiseta esverdeada era destaque.
Olhei mais ao fundo, me equilibrando na ponta dos pés. Creio que estávamos no térreo, onde os atendimentos com as secretárias eram realizados e algumas enfermeiras caminhavam com os pacientes por onde iam, como se isso os curasse de alguma forma.

Notei a imagem do meu irmão em direção à porta e corri, corri tanto que pude sentir minhas veias arderem com a pulsação forte e pesada do meu coração bombeando sangue. Eu estava sofrendo, mas eu queria ver Tyler, eu precisava falar com ele.
Quando me aproximei dele, enfim aumentei o volume de minha voz e com o pouco fôlego que consegui tomar, gritei:

— Tyler!

Ele olhou para trás despreocupado em busca da voz fina que o havia chamado. Quando me notou, abriu um largo sorriso e eu parti correndo em sua direção para abraçá-lo.

— Kate! Onde você estava? Achei que havia sumido novamente… fui procurar em seu quarto, andei por todo o hospital mas não a vi… onde você estava?

— Na biblioteca dos residentes. Passei a noite lendo alguns livros médicos e acabei adormecendo ali mesmo. Você chegou muito cedo para o meu gosto. - notei suas bochechas enrusbecerem.

— É que… eu queria conversar com Gisele, mas o plantão dela já acabou. Ela tem cuidado tanto de você que papai e mamãe me pediram para agradecê-la.

— Entendo - disse após perceber o nervosismo em sua voz. - Vamos para o meu humilde leito de morte? Lá poderemos conversar melhor.

— Exagerada. - disse bagunçando meus cabelos.

— Ei! Não bagunce! Penteei ontem!

— Pois acho que deveria pentear novamente. O hospital que te deixou tão desleixada assim?

[...]

Entrei no quarto e me esparramei pela cama até então arrumada. Tyler se sentou na poltrona de couro falso ao lado e começou a puxar uma conversa que eu já conhecia bem.

— Alguém está ficando mais velha.

— É aqui que você se engana. Eu tenho um poder que desenvolvi após anos morando aqui; enquanto vocês, reles mortais, envelhecem a cada ano, eu vou ficando cada vez mais nova, assim vivendo para sempre.

— Muito bem, então alguém está ficando mais nova de novo. O que você quer de aniversário?

— Ir embora daqui.

— Não vai nem pensar um pouco antes de responder? Vamos lá Kate, dezessete anos de vida! Tem que ser algo legal.

— Não preciso pensar em algo que já tenho certeza. Estou aqui há praticamente cinco anos. Não aproveitei muita coisa neste meio tempo e nem vou aproveitar o tempo que perdi, que já se passou. E é algo muito legal ir embora de um lugar da qual você não é bem vinda, de um lugar que você odeia. Eu quero ir embora daqui.

Tyler deu um suspiro e começou a me encarar.

— Já conversamos sobre isso antes, Kate.

— E não precisamos conversar de novo. está tudo bem Tyler. Eu juro. - meu irmão se levantou da poltrona e deu alguns passos até mim.

— Todas as vezes que acredito no seu “eu juro” acabo me dando mal com nossos pais depois.

— Tenho a solução do seu problema.

— Você não seria a causa da maioria deles? - disse rindo - Diga baixinha. Qualquer coisa vinda de você é melhor do que os gritos histéricos da mamãe.

— Não conte mais nada a eles. Não irão mais te encher por um bom tempo. Ou também vão ficar te enchendo para que diga alguma coisa, mas em breve irão parar. Eu juro.

— Assim como eu disse - sentou-se na beirada da cama -, todas as vezes que acredito no “eu juro” que você diz, acabo me ferrando depois.

— Exagerado…

— Bem, direi ao papai e à mamãe que você está bem e que ainda não encontrei Gisele. Algum recado para eles?

— Diga que já nem me lembro do rosto deles. - Tyler sorriu.

— Direi que está com saudades. Agora tenho que ir.

— Tyler! Espere!

— O que houve?

— Não vai me falar nada sobre a garota que encontrou outro dia?

— Ah… não há muito o que dizer sobre ela…

— Te deu o bolo, não foi?

— Você e sua mania de ler meus pensamentos. Voltarei em breve, pequena.

— Tchau.

Tyler saiu e fechou a porta atrás de si. Eu estava cansada, mas ainda assim cheia de energia - se é que isso é possível. Levantei-me para dar mais alguns pontos nas meias que há pouco havia desistido de tricotar. Como era entediante viver em um hospital. Vez ou outra uma enfermeira aparecia para te enfurecer e desviar dos objetos arremessados contra ela. Por essas e outras, meus planos de jogar sopa quente demonstravam claramente algum sucesso. Afinal, sopa não é um objeto. É um líquido quente que pode ser capaz de queimar sua pele até deixá-la em carne viva.

Não gosto de pensar na carne de alguém exposta, exceto quando se trata da pele de enfermeiras más. Ah, aí sim que é bom.

Depois de tantos ponto-estrela falhos, desisti. Olhei o quarto ao meu redor. Tudo sempre tão igual, sem vida. As únicas coisas vivas que ficam em hospitais - e que convenhamos, nem sempre estão lá tão vivas - são os médicos, as enfermeiras e os pacientes. Não, não. As coisas mais vivas nos hospitais são os bebês recém-nascidos e seus pais. Vivos de alegria, armados com euforia, prestes a enfrentar todo o caos de se ter uma família, com todos os pontos altos e baixos.

Família. Palavra traiçoeira.

Como eu mesma já disse antes - ou pensei. Que seja. - se quiser saber quantos amigos tem, fique doente. de início, todos te visitam, todos te amam. Mas depois de um tempo, quando as visitas se tornam cada vez mais escassas, você percebe quem realmente é seu amigo. Ou que finge ser, e finge muito bem, eu garanto. Ninguém suportaria uma rotina como essa, todos os dias visitando um lugar tão chato e malévico ao mesmo tempo quanto um hospital.

Ficar em um hospital. Ficar. Continuar. Permanecer. Para sempre. Sempre?

Eu gostaria de poder quebrar a regra do sempre. O único problema, é que é uma das raras regras das quais não se podem ser quebradas. Se forem quebradas, deixam de ser regras. No caso da “Regra do Sempre”, quando você a quebra, ela deixa de ser um “sempre” e se torna outra coisa. Se transforma em um “as vezes” ou num “de vez em quando”. Até mesmo pode ser um “nunca”.

Talvez toda ação seja uma regra. Talvez a partir do momento em que uma ação é esboçada em uma palavra, ela se torne uma regra. Pois a partir do momento em que você faz o contrário do que a palavra ordena, você terá uma nova palavra em seu lugar, demonstrando o que você estava fazendo. Regras raramente são modificadas, assim como as palavras, que só se modificam quando adquirem ou perdem um prefixo - o que as deixa com um sentido completamente contrário ao inicial, apenas semelhante. - . Regras, quando quebradas, perdem o sentido e geram anarquia. O mesmo é válido para as palavras; quando perdem uma parte, se tornam apenas fragmentos de consoantes mistos com vogais, vulgarmente apelidados de reles sílabas.

Talvez eu pense demais; e tudo isso seja um exagero. Talvez eu nem pense e queira quebrar o paradoxo de viver. Talvez eu nem saiba a resposta. Não. Eu de fato não sei a resposta.

Eu precisava me desvencilhar de cada pensamento. Abri a janela do quarto e fiquei admirando a luz do sol que batia nas grades de segurança. Suspirei.

— Kate? - pude ouvir a porta se abrindo lentamente. Virei-me para poder ver o rapaz de cabelos escuros que segurava a maçaneta com uma certa dificuldade - Quer dar um passeio e conversar?


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Well, estou pensando no rumo dessa fic com cuidado. Há coisas que eu gostaria de ter acrescentado e quero prolongar um pouco mais cada fase. Só que estou completamente sem ideias --'
Outra coisa que tenho em mente, é de reescrever alguns capítulos. Nada sei ainda, são só suposições.
Vejo vocês em breve! *acena*



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