Eternamente Adormecida escrita por Aphroditte Glabes


Capítulo 2
Eduardo


Notas iniciais do capítulo

Bom, digamos que eu não estava esperando continuar essa história. Era para ser uma one, mas como a inspiração surgiu. Aqui vai. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/361554/chapter/2

Minha mãe era louca, tão louca que chegou em um ponto que achou que eu havia morrido. Meu avós, com quem ela não falava, intercederam e me adotaram quando ela morreu.

Quando ela se matou, mais exatamente. Eu tinha apenas alguns meses de vida. Foi encontrada no jardim do prédio onde morava com os pulsos cortados, banhada em sangue e segurando uma lâmina na mão.

Tudo porque ela achou que eu estava morto.

Meus avós nunca me contaram os detalhes, mas eu pesquisei bem a fundo sobre a morte ela. Falei com conhecidos de faculdade e até tentei localizar meu pai, mas sem sucesso. 

Nunca fui uma pessoa sociável e isso preocupava meus avós, pois minha mãe também era assim. Eles se acalmaram um pouco quando apresentei a eles minha namorada.

Minha mãe era linda. Tinha cabelos castanhos compridos e olhos azuis. Suas maçãs do rosto eram altas, seus olhos eram meio puxados e seu nariz era arrebitado.

Eu sou bem diferente. Meu cabelo loiro me leva a crer que meu pai também era loiro. Os cachos de alguns anos atrás se alisaram naturalmente e agora meu cabelo é apenas ondulado. Meu rosto não é parecido com o de minha mãe, e meus avós dizem que sou bem mais alto que meu pai. 

Eles o conheceram, mas não querem me contar nada sobre ele.

Mariana respirou profundamente e se aconchegou mais ainda contra meu pai. Mariana, minha namorada, havia dormido na minha casa essa noite. Os pais dela não gostavam de mim, achavam que ela havia ido dormir na casa de uma amiga.

Mari tem cabelos ruivos. Eles são lisos e compridos, muito compridos. Seus olhos são verdes e seus lábios são macios. Ela é bem baixa comparada a mim. Pelo menos uns vinte centímetros.

-Bom dia dorminhoca - sussurrei em seu ouvido.

Ela riu baixinho.

-Bom dia, meu madrugador - disse e levantou o rosto para me dar um beijo de bom dia.

-Já está na hora de acordar - falei - Temos que fazer o café da manhã e ainda tomar banho antes de ir para a aula.

-Eu sei, eu sei - ela disse enquanto levantava da cama.

Mariana estava apenas de calcinha e sutiã de renda preta em contraste a sua pele branca. Enquanto ela caminhava em direção ao banheiro, acompanhei seus movimentos. As pernas torneadas após longos anos de práticas diárias de balé eram perfeitas. Sua cintura era fina e sua barriga, chapada. Ela nunca fez nenhuma dieta.

Levantei da cama e me espreguicei. Havia dormido apenas com uma cueca, mas como estávamos sozinhos em casa não me importei em andar meio vestido pela casa.

Abri a geladeira e tirei a caixinha de suco de uva de lá. Assim que coloquei sobre a mesa, fui procurar algo para comer. Alguns pães franceses, queijo e mortadela. Peguei também a tigela de frutas.

Subi correndo a escada e entrei no banheiro no momento em que Mari estava se enrolando na toalha.

-Fica mais bonita sem - falei a puxando pela cintura e lhe dando um beijo demorado na boca.

-Engraçadinho - disse olhando em meus olhos - Agora vai tomar um banho.

-Tudo bem, madame - falei enquanto despia a única peça de roupa e entrava debaixo do chuveiro.

A água quente queimou contra a minha pele e eu me afastei instintivamente do jato. Abri mais o registro e testei a água com a mão até finalmente entrar debaixo dela.

-Fresco - ouvi Mari dizer antes de fechar a porta do banheiro.

Terminei o banho rapidamente e fui me vestir. Calça jeans, camiseta e moletom. O de sempre. Baguncei um pouco os cabelos e desci para tomar café.

Mari já havia feito meu sanduíche, servido o suco e separado uma maçã. Ela sabia o que eu gostava e já deixava arrumado pois sabíamos que de algum jeito iríamos nos atrasar. Ela já estava comendo quando sentei na mesa.

-Quando seus avós voltam? - perguntou Mariana enquanto estávamos lavando a louça e arrumando a mesa.

-De meio dia. Vai querer ficar para o almoço?

-Não vou poder, meus pais querem que eu almoce em casa.

-Tudo bem - falei.

Meus avós adoravam Mariana, mas os pais dela não gostavam de mim. Perguntei para minha namorada o porquê, mas ela não soube me responder. Seus pais nunca tinham lhe dado qualquer justificativa.

-Vamos escovar os dentes - ela disse quando terminamos.

Quando chegamos no banheiro ela me puxou para si e me beijou. Sorrindo, envolvi sua cintura com os braços e a puxei para mais perto. Eu a amava. Nos beijamos por um tempo até que falei:

-Vamos logo, não queremos nos atrasar, não é?

Ela sorriu maliciosa, mas escovou os dentes. Assim que terminamos ela desceu e eu fui pegar nossas mochilas. Cheguei onde ela estava e, em silêncio, entreguei para ela.

-Vamos lá, pronto para outro dia?

-Não - respondi nervoso - Detesto a escola.

-Vou estar do seu lado, você sabe - ela disse sorrindo e apertando a minha mão.

-Sei, mas...

-Mas nada - me interrompeu - Vamos logo estudar, porque o tempo voa na escola. Tenho que dançar a tarde toda, então quero aproveitar o tempo que tenho com você.

-Tudo bem - falei, apertando sua mão de volta.

Saímos de casa e fomos caminhando até a escola. Um vento frio de outono passou por nós, mas eu adorava frio. A escola me preocupava.

-Tira esses pensamentos da sua cabeça - Mariana disse, me encarando - Sei o que você está pensando. Não pense. Apenas esqueça tudo. Esqueça tudo, menos que eu te amo, Eduardo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eternamente Adormecida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.