O vento forte e congelante fazia as árvores se movimentarem freneticamente, de um lado para o outro, como em uma dança sincronizada. No céu, a lua brilhava, mas as nuvens que passavam por ela lançavam qualquer ser vivo presente ali na escuridão. Uma escuridão um tanto quanto assustadora.

Caroline Forbes não sabia exatamente como e nem porque se encontrava na floresta naquele momento. Ela havia simplesmente acordado ali, completamente confusa. Levantando-se devagar, olhou ao redor, tentando reconhecer o local. Aquela floresta não tinha nada haver com as de Mystic Falls. Plantas desconhecidas, árvores maiores do que o normal… Mas mesmo assim, havia algo familiar naquele ali

A loira fechou os olhos, tentando lembrar de como havia parado naquele lugar. Algumas lembranças fragmentadas começaram a aparecer em sua mente… Lembranças de Bonnie em sua casa, fazendo algum tipo de feitiço.

O feitiço. Alguma coisa deve ter dado errado com o maldito feitiço que ela havia pedido para sua melhor amiga fazer. A loira bateu de leve em sua própria testa, pensando consigo mesmo como podia ter sido tão idiota. No que será que ela havia se metido?!

                                                                                                                                                    K&C

- Caroline, você tem certeza absoluta disso? - Bonnie perguntou para sua amiga, em um tom um tanto quanto preocupado. Caroline olhou para a morena com um sorriso no rosto, assentindo de leve com a cabeça. A expressão preocupada da bruxa não mudou, fazendo com que ela suspirasse.

- Bonnie, eu tenho que fazer isso. Klaus não se abre, ele não me deixa entrar! Sinceramente, eu já tentei de tudo! Esse é o único jeito.  - Ela tentou explicar, frustrada. - Como ele espera que a gente tenha qualquer tipo de relacionamento, que eu dê uma chance a ele, se enquanto ele já sabe praticamente tudo sobre mim, eu não sei absolutamente nada sobre ele?! 

Bonnie encarou o chão por alguns momentos, pensativa. O silêncio tomou conta da sala, e Caroline percebeu a preocupação tomar conta do rosto de Bonnie em alguns segundos.

- Olha Bonnie, você não precisa concordar com o que é que esteja rolando entre Klaus e eu, ok? Só.. tente entender! - Caroline implorou. Bonnie revirou os olhos. - Eu realmente gosto dele - Ela adicionou, esperançosa. A morena levantou uma de suas sobrancelhas e bufou.

- Eu sei Care, ok? Eu estava lá quando você soltou a bomba! - Caroline deu uma leve risada - "Eu gosto do Klaus! Vou dar uma chance pra ele" - Bonnie disse, em um tom divertido, tentando imitar a voz de Caroline. O sorriso sumiu dos lábios da loira, um tom mais sério invadindo seu rosto. Caroline colocou as mão na cintura, tentando não rir da péssima imitação de sua amiga, mas Bonnie a conhecia muito bem e sabia que ela não estava realmente chateada. - Eu não te odeio ou te acho uma traidora por ter sentimentos pelo Klaus, Care, é só… Você tem certeza sobre sua decisão, Caroline? Você sabe que a última coisa que eu quero é ver minha melhor amiga magoada… Você tem certeza de que ele não vai te magoar? 

Caroline assentiu com a cabeça, segura de sua resposta. Toda vez que se encontrava com Bonnie, ela a perguntava aquilo, o que a deixava um pouco nervosa. Ah, mas por que culpa-la? Ela entendia que a morena estava preocupada, pois ela ficaria do mesmo jeito se estivesse na  mesmo situação que sua amiga.

 A verdade era que até um tempo atras, ela achava que Klaus era incapaz de sentimentos verdadeiros. Que a única coisa que ele se interessava era em construir um exercito de híbridos fies a ele... Mas com passar do tempo, conhecendo-o melhor, ela acabou percebendo que havia o julgado antecipadamente.  Quando estava com ela, ele não era aquele híbrido original famoso por seu coração de pedra e incompaixão. Ele agia de um modo completamente diferente. Ele mostrava amor, generosidade, piedade, e, o mais incrível, humanidade... Era como se ele fosse capaz de fazer tudo por ela, até mesmo deixar de lado seu orgulho, seu rancor, sua imensa vontade de vingança. Ele era especial, ele a fazia sentir-se especial. E aquilo já bastava. Ela realmente não precisava de mais nada. Então, depois de um ano de negação, tentando ignorar qualquer tipo de sentimento que ela poderia sentir por Klaus, ela finalmente decidiu "se entregar" e deixou ele a levar em um segundo encontro. O problema era: Caroline não esperava que depois que a noite tivesse acabado, e ele já a tivesse deixado em casa, ela só ficaria esperando por mais. Só ficaria esperando pelo momento em que ela pudesse vê-lo novamente. Ninguém nunca tinha feito ela se sentir assim logo no primeiro encontro.. Tão bem. Tão feliz. 

Claro, ela não havia esquecido de todas as coisas ruins que ele já havia feito, e sabia que nunca seria capaz de esquecer completamente. Mas ela sabia que ele era capaz de redenção, capaz de ser alguém melhor. Porque qualquer um que é capaz de amar, é capaz de ser salvo, e ela iria para lua e voltaria se isso significasse que conseguiria fazer dele um homem melhor.

Caroline deu um leve sorriso para Bonnie.

- Ele é tão danificado quanto qualquer outra pessoa, Bonnie… Eu acho que ele só quer alguém que o ame e seja leal a ele - Bonnie concordou, compreensiva - Então, não… Eu não acho que ele vai me magoar. Eu acho que é mais provável de eu magoar ele.

- Bem, se é assim… Eu só quero sua felicidade, Caroline, ok? Não me entenda mal... eu só me procupo com você - caroline sorriu para Bonnie, agradecida pelo ato da amiga - Enfim, chega de papo! Vamos a o que interessa. Você trouxe o que eu pedi?

Caroline assentiu, virando-se para sua bolsa e tirando de lá um camisa masculina, que com certeza um dia havia sido branca. Ela entrou-a a Bonnie, nervosa.

-Ok… O feitiço vai funcionar assim: com essa camiseta, vou conseguir extrair qualquer memória da cabeça de Klaus sobre a época em que ele a usou. Você vai segurar ela também, assim vou conseguir transferir essas memórias parar você. Vai ser como se você tivesse vivido cada lembrança que você tiver.

- Parece bom. Tudo bem, estou pronta.

Bonnie respirou fundo, entregando a Caroline uma parte da camiseta. Fechado os olhos, palavras estranhas que Caroline realmente não entendia começaram a sair da boca da bruxa, e as velas postas pela sala rapidamente foram acesas. Uma onda elétrica de magia tomou conta de Caroline, e uma claridade incrivelmente forte cegou seus olhos. A última coisa que a loira lembrava era escutar sua amiga gritando desesperadamente pelo seu nome.

                                                                                                                                                                K&C

Já havia amanhecido, e o Sol já estava a pico. Os pássaros cantavam nas árvores, e as nuvens dançavam no céu azul. Caroline andava pela floresta, tentando, em vão, achar algum sinal de vida, e quanto mais se locomovia, mais desesperada ficava, não achando nem ao menos alguma estrada por perto. 

Suas roupas - uma calça de jeans simples e uma blusa tomara-que-caia branca - estavam quase que completamente encardidas e cheias de folhas e galhos, que se recusavam a sair.

Caroline sentou no pé de uma árvore, do lado de uma de suas raízes. As lágrimas escorriam de seus olhos e, derrotada, percebeu que poderia nunca mais achar o caminho. Pensou em sua mãe, como ficaria chateada, como passaria o resto de sua vida procurando por sua filha. Pensou em seus amigos. Bonnie, Elena, Matt, Stefan e até mesmo Tyler, que ainda era seu amigo mesmo com o termino do namoro… E então pensou nele. Klaus. Pensou no seu sorriso adorável, que se abria toda vez que eles estavam juntos. Na sua risada contagiante. Seu sotaque irresistível. No jeito que ele era bom apenas quando estava com ela.. 

Logo, ela se viu implorando mentalmente para que alguém conseguisse a encontrar, ou para que ela achasse o caminho de casa, só para vê-lo mais uma vez. Para dizer para ele tudo aquilo que ela pensava. Dizer que ela deveria ter lhe dado uma chance muito antes. Que ela sentia muito por ter julgado ele antecipadamente. Que ele foi a melhor escolha que ela havia feito, e que ela nunca se arrependeria daqueles cinco meses que eles haviam passado juntos.

Ela também desejou ver Bonnie e dizer a ela que aquilo não era culpa da amiga, e sim dela mesma, pois havia pedido para ela fazer o maldito feitiço que havia a trazido para esse lugar desconhecido.

Com a vista embaçada de tanto chorar e ainda fungando, Caroline se levantou, decidindo continuar andando. Ela não podia desistir. Não agora.. Não daquela maneira. 

Ao dar um passo a frente, porem, ela tropeçou, desajeitadamente, na raiz da árvore que se encontrava ao seu lado, caindo meio que de lado e batendo a cabeça fortemente na árvore. A loira sentiu toda a força deixar seu corpo, sendo invadida por uma dor incrivelmente forte, e então ela percebeu algo que ela não havia notado antes. Ela percebeu o quanto estava fraca e cansada desde que havia acordado naquela floresta na noite passada. Como não havia sentido nenhuma vontade de beber sangue algum. 

Ali, deitada no meio da floresta, quase que inconsciente, Caroline percebeu algo antes de apagar completamente: ela era humana.