Ultimamente, deixei de acreditar em algumas coisas. Sabe quando chega a hora que uma criança deixa de acreditar em Papai Noel, Fada do dente e Coelhinho da Páscoa? Mais ou menos quando completa uns 7 anos de idade.

Quando completam uns 10 anos, aprendem de onde vêm os bebês e deixam de acreditar em cegonha (se é que uma criança consegue ser tão burra a ponto de acreditar em cegonha até os 10 anos).

Quando eu cheguei à adolescência, deixei de acreditar em livre arbítrio. A teoria do livre arbítrio consiste que cada um tem o direito de fazer suas próprias escolhas e seguir o caminho que quiser.

Isso não é verdade, pelo menos até você se tornar maior de idade. Antes disso, os pais têm total poder sobre os filhos.

Veja por exemplo: Se um filho quer ter estilo rockeiro e os pais não gostam, ele não pode. De alguma forma, os pais dão um jeito de impedir. Nesse caso, eles impediriam não comprando suas roupas e sempre que o virem vestido com esse estilo, o mandam tirar.

Se um filho quiser fazer aula de Karatê, se os pais não gostam, não vão pagar aulas para ele.

Se um filho quer escrever sobre um estilo que os pais não aprovam, também é impedido, tendo seus meios de transmitir suas palavras confiscados.

A questão é que, nós, menores, somos dependente dos pais, pois é contra a lei trabalhar, e não temos como nos sustentar. Tornando então, os pais os seres que controlam a nossa vida.

Dizem também que vivemos em um país livre, que podemos expressão nossa opinião. Não com os pais.

Uma vez minha mãe me perguntou: “Filha, você gostou da nova decoração da casa?” Minha resposta, obviamente, foi “sim”, mas o que eu realmente pensei foi:

“Não, não gostei, mas vai fazer diferença se eu falar? Não vai adiantar nada. Você não vai mudar a decoração só porque eu não gostei. Além de que, falando minha verdadeira opinião, só vai causar briga. O que você faria, provavelmente, me olharia com desprezo e falaria: ‘Você tem alguma ideia melhor por acaso? Eu entendo disso, eu sou profissional, e você não! Você só gosta de preto! Assim fica feio! aprende a ser mais aberta!’ E eu prefiro evitar isso”

Mas sabe, não só os pais têm o poder. Quem tem irmão criança sabe como é. Por exemplo: Se eu estou comendo um chocolate, e meu irmão começa a chorar, espernear e dar pirraça querendo meu chocolate, meus pais, já impacientes, diriam: “Dá logo esse chocolate pra ele!”

Ou seja, os mais novos têm poder sobre os mais velhos, que têm poder sobre nós, fazendo assim, o adolescente o ser mais inferior possível.

A adolescência é realmente um inferno. Os pais dizem que só fazem o melhor para os filhos. Melhor para os filhos? Ou melhor para eles?

Nenhum pai pode negar que às vezes domina o filho de acordo com seus desejos. Talvez eles queiram que nós sejamos como eles foram, ou talvez como eles gostariam de ter sido. Mas eles não querem aceitar, que cada um é diferente, e que os filhos podem querer seguir um caminho diferente do que eles querem.

Mas mesmo assim, mesmo quando formos maiores, ainda não poderemos fazer o que desejamos. Este é um mundo limitado. Você pode querer alguma coisa, mas sempre tem algo ou alguém para te impedir. Tem coisas, que mesmo que você corra atrás, são impossíveis.

Bem, por enquanto, deixarei eles terem poder sobre mim, pois um dia, me livrarei das correntes que me impedem de voar, e baterei asas em direção aos meus sonhos.

Acontece, que eles não me libertam agora, com medo de eu voar alto de mais e acabar caindo. Eles não entendem, que eu tenho juízo, e sei até onde posso voar.

Eu me rebaixarei, mas nunca deixarei meu orgulho.

Cabeça baixa?  Sim.

Rabo entre as pernas? Nunca.