Hymn To Love escrita por AprilandDawn


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Por favor, esta é a minha primeira fic publicada no site, então se você ler e quiser comentar, dar uma sugestão ou apenas a sua impressão... Ficarei muito feliz em ler. Isso vai ajudar a dar continuidade.



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1935, Paris.

Musain Cabaret: 05h00

É apenas mais uma noite, disse a si mesma ao sair daquele ambiente abafado, escuro e esfumaçado. Tudo girava em sua volta e não sabia ao certo se estava se equilibrando corretamente em seus pés. Ao se lembrar da noite deu uma risada, mesmo estando sozinha. Concluiu que apesar de tudo havia sido boa: o público a aplaudiu com empolgação e cantou junto com ela as velhas chansons francesas, ganhou alguns trocados e não teve muito tempo para conversar com Montparnasse e nem outros companheiros dele do milieu*¹.

Até que tropeçou em uma pedra, cambaleou e caiu no chão. Por sorte estava perto da parede, o que a fez encostar os ombros e a cabeça. Não tinha forças para levantar e, naquelas condições, não sabia se estava fazendo corretamente o caminho da pequena pensão em que se hospeda.

8h30

O Sol já aparecia no horizonte quando certa mão desconhecida alcançou seu braço. Abriu os olhos e, depois da visão se construir percebeu que não conhecia aquele homem. Abaixado, com uma longa capa, uma espécia de bolsa em couro cheia de papeis, que cruzava seu ombro , boina e um rosto de expressões fixas como as de um mármore, ele a sacudiu. Seu olhar tentava desvendar o que aquela menina fazia na rua.

- Está bem, mademoiselle?

- Sim. Merci, monsieur.

Ele levantou-se, com a expressão inalterada e tirou de seu bolso duas moedas. Jogou na boina dela que estava virada ao contrário na rua, lhe fazendo parecer uma pedinte de rua. Ao virar-se dela para seguir o seu caminho, percebeu o que aconteceu e reagiu quase de forma involuntária.

- Espere aí, bourgeous. - e levantou-se para encará-lo.

Ele retomou o olhar para ela, sem entender o que aquela moça, com vestido amassado e sapatos gastos queria.

- Não sou o que está pensando. Eu trabalho para ganhar isso.  E você vai me ouvir agora.

- Pardon? - respondeu o jovem estudante.

- Trabalho como chanteuse*².  Já que me deu esse dinheiro, tenho que cantar para você.

- Ah, não se preocupe.

- Pardon monsieur, você vai ter que me ouvir agora. Não foi uma pergunta.

Ele respirou fundo e olhou para o lado, reação de quem está atrasado, e a moça rapidamente percebeu, mas não se importou. Pelas vestes percebeu que ele era um estudante e, como estava próxima à Sorbonne, era mais que plausível.

- Está bem. E o que vai cantar?

- O que o monsieur pedir.

- Não tenho ideia alguma. Cante o que quiser. - o tom de impaciência em sua voz denotava que não aguentaria aquela conversa por muito tempo.

- Está bem. - Ela tossiu duas vezes, numa tentativa de limpar sua voz, se posicionou, respirou fundo e começou:

Allons enfants de la Patrie

Le jour de gloire est arrivé

Contre nous de la tyrannie

L'étendard sanglant est levé!

L'étendard sanglant est levé!

O olhar do jovem estudante mudou. Não podia negar que a voz dela era extremamente incomum e poderosa. Ao perceber que ela havia escolhido La Marseillaise, pensou que se fosse qualquer voz sairia naquele mesmo instante, afinal seria um desrespeito para ele e o seu país. Mas, verdade seja dita: ele estava apreciando. Aquela voz forte não poderia combinar melhor com o hino do país. Aos poucos, mais pessoas iam se aproximando deles e parando para ouví-la cantar. Inclusive seu único rosto conhecido da Sorbonne, o estudante Grantaire. Alguns iam jogando mais moedas e outros simplesmente sorriam.

Aux armes citoyens!

Formez vos bataillons!

Marchons, marchons

Qu'un sang impur abreuve nos sillons.

Ao terminar, todos a aplaudiram em uníssono. Menos aquele jovem. Ele fez acenou com a cabeça e ia seguindo seu caminho, até uma voz conhecida lhe chamar:

- Enjolras! Espere aí!

- Oh mon Dieu! - resmungou. Odiava encontrar com Grantaire fora da faculdade. Sempre acabava ouvindo dele que mantinha muito a cara nos livros, que isso pouco lhe ajudaria e precisava mais aproveitar a vida.

Grantaire foi em direção a menina, lhe deu um abraço e completou:

- Parfait, petit oiseau!*³

Frase que rendeu à menina um largo sorriso.

- Preciso ir, que um certo chato está me esperando. - disse, apontando sua cabeça à Enjolras. - Au revoir!

Ela apenas acenou ao Grantaire, e fez uma reverência ao outro jovem.

Ao se juntar ao amigo, e seguir em direção a universidade, Enjolras começou a ouvir o mesmo tema que sempre lhe irritava, e os mesmos convites que recusava. Para cortar o assunto, pensou em uma pergunta:

- Aquela menina que cantou lá fora, você já a conhecia?

- Sim, como você nunca a viu? Ela quase sempre fica aos arredores da universidade. Ah é, esqueci que você quase não tira os pés daqui. A voz da Éponine é incrível. Meu dia não é completo sem escutá-la.

Já cruzando os portões da universidade, Enjolras completou:

- Ah sim, o nome dela então é Éponine.

- Oui! - respondeu Grantaire.

*¹ - máfia francesa.

*² -  cantora.

*³ - perfeito, passarinho!


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