Mudar de cidade é uma droga. Definitivamente.

Eu fiquei três horas trancada dentro de um carro ouvindo Prim cantar -de modo muito desafinado- uma música da banda Paramore, The only exeption e meus tios discutirem sobre qual lugar da casa era mais aconchegante. Sim, isso é estranho.

Quando finalmente chegamos à casa nova, fui atropelada por Prim que correu direto para a porta, eufórica.

A casa era grande, com dois andares.
Uma fachada bonita, com tons neutros, como branco e cinza.
Havia uma varanda, com uma pequena escada e algumas cadeiras ali. Ao redor da casa haviam algumas árvores e flores.

Assim que entrei na casa a primeira coisa que notei foi que a sala de estar era completamente em tons neutros, com uma decoração simples, se comparado com o que minha tia gostava.

Ela foi para algum outro cômodo, que depois eu constatei ser a cozinha, e eu fui atrás. Ela era também em tons neutros, até bem normal, se comparada com a cozinha toda colorida da nossa antiga casa. Quem em sã consciecia pinta o armário da cozinha de pink? Só minha tia.

Fui para a sala de jantar, que era em tons claros. Ok, onde foram parar as cores dessa casa? Só tinha cor clara?
Eu queria algo mais colorido, não só branco.

Fui para uma outra porta e me surpreendi com o que vi. Uma biblioteca, um verdadeiro tesouro para mim. Havia um sofá que parecia confortável e vários livros. Isso, definitivamente, era demais!
Andei perto de uma das estantes, passando a mão pelos livros.

Sai da biblioteca e fui para onde ficavam os quartos. Ao que eu sabia, cada quarto tinha um banheiro. Tinha uma placa com o nome da pessoa a quem pertencia o quarto, um era meu, outro de Prim, outro dos meus tios e um de hóspedes.

Como Prim estava no quintal, resolvi dar uma espiada no quarto dela. Me surpreendi ao perceber que o quarto dela não era rosa e sim azul claro. Ao que parece, ela deixara de lado a idolatria que tinha por rosa.
Graças a Deus, eu não aguentava mais entrar no quarto dela e sentir meus olhos doerem por tanto rosa.
O local era cheio de frufrus, como ela gostava, com coisinhas fofas e cheio de coraçõesinhos.

Andei pelo corredor, indo para o quarto dos meus tios, como era curiosa, queria ver a decoração.
Era um quarto grande, com uma cama de casal e na frente dela um televisão. Inteiro em tons claros e com uma espécie de desenho em duas paredes. Ok, simples e normal.

Sai do quarto e fui para o meu, me surpreendendo quando vi o tanto de rosa que tinha. Será que eles estão me achando com cara de menininha de oito anos?
Eu iria logo logo mudar a decoração.
A cama era rosa, o quadro perto dela era uma flor rosa, a cortina da janela era rosa, o criado mudo era rosa e um dos tapetes era rosa.
Rosa demais para o meu gosto.

Sai do quarto e andei calmamente pela casa, indo para o jardim do qual minha tia tanto havia comentado. Era bem fofinho, bonito.
Estava dividido em duas partes, uma com muitas plantas e outra com um banco de madeira acolchoado com almofadas e uma mesa também de madeira. Ali parecia um ótimo lugar para ler.

Percebi que havia também uma piscina grande.
Ótimo, muita água em um lugar enorme e aparentemente fundo. Realmente ótimo.

Voltei para dentro de casa e fui para o meu quarto, percebendo que havia alguém ali.
Buttercup, o gato chato de Prim. Me perguntei como aquele bicho tinha entrado ali. Eu e ele nos detestávamos mutuamente.

-Sai! Se manda, bicho chato!

Ele me soprou e saiu bufando.

Deitei em minha cama, jogando os sapatos para cima e os vando cair em frente a cama.
Rolei pela cama, entrando embaixo da colcha e me enrolando nela. Consegui tirar a calça jeans que usava, com preguiça de colocar pijama fiquei apenas de camiseta e calcinha.

Acabei dormindo mais rápido do que eu pensava, estava cansada da viagem. Muito cansada, já que não tive sonho nenhum.