Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 9
Arrependido


Notas iniciais do capítulo

Miiiiiil desculpas pela demora!Estava cheia de tarefas, não tinha tempo nem de respirar! Mas aqui está! Quero mandar um obrigado superespecial pra Wanderer que me ajudou quando eu não tinha ideia nenhuma e pra MsAbel que revisou de novo. Obrigada meninas ♥Não sei se tá bom, mas espero que gostem! Nos vemos lá embaixo :*



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– Isso se parece um pouco 500 dias com ela, não acha? - perguntou-me ela, dando um giro.

– Isso o que? - perguntei andando calmamente em seu lado.

– Esse cenário - explicou-me ela. - Sabe, esse banco, esses prédios, esse clima. Tudo isso parece parte de alguma cena de filme.

– Hm - disse e então me sentei no banco. - Não acho. As circunstâncias não são as mesmas - ela se sentou ao meu lado, relaxada e sorrindo. Mas parecia um sorriso errado. Não se encaixava com as coisas que eu podia ver em seus olhos. - Ou você veio aqui para me falar que encontrou outra pessoa, e que agora acredita no amor e vai me deixar? - perguntei em um tom brincalhão. Ela desviou os olhos.

– Não, claro que não - murmurou sem muita convicção.

Seguiu-se um silêncio. Não era aquela espécie agradável, para curtir o momento. Era cheio de tensão. Toda a alegria se fora. De repente tudo estava muito intenso.

– Eu... - comecei e então me vi sendo incapaz de continuar.

– Sim - incentivou-me.

Algo na ansiedade que seus olhos demonstravam fez-me dizer o que ficou preso por tantos meses em minha garganta.

– Eu gosto de você - disse em uma voz pouco mais alta que um sussurro.

Estávamos muito perto. Perigosamente perto. Ela estava nervosa, eu podia ver.

– É mesmo? - ela olhou para suas mãos que preenchiam o espaço entre nossos corpos e piscou as pestanas. Talvez fosse algum tipo de joguinho. Não me importei.

– É - confirmei.

Toda a vergonha e nervosismo que partiam dela desapareceram. Nunca vi seu rosto tão obstinado, seu olhar tão intenso. Ela esticou seu braço e o colocou em meu rosto, juntando nossos lábios. Não tive muito tempo para pensar. Coloquei uma de minhas mãos em sua cintura e correspondi ao beijo. Foi um selinho, na verdade. Um selinho que foi esticado e seguido por outros mais delicados, não tão desesperados. Ela se afastou e me olhou novamente com aquele sorriso deslocado, errado. E então uma decisão passou por seu rosto. Não consegui ver direito o que era. O sorriso desapareceu e sua boca se abriu, como se ela fosse falar alguma coisa, mas ficou somente como um peixinho fofo. Finalmente ela se levantou e saiu andando em passos apressados e firmes.

Quis segui-la, mas estava chocado demais para fazê-lo. A cada passo ela ficava mais distante e meu coração apertava mais. Subitamente ela parou e deu uma última olhadela para trás. Alguma coisa cintilou em seu rosto. Uma lágrima, compreendi horrorizado, ela está chorando. Levantei-me em um salto. Fiz menção para segui-la, mas ela fez um gesto que só podia significar duas coisas: ou que ela não queria que eu a seguisse, ou que ela estava se despedindo de verdade. Suspeitei que fosse as duas. Um espasmo agitou seu corpo. Um soluço. Ela deu alguns passos vacilantes para trás e se virou novamente, correndo, fugindo.

– Fique - sussurrei sem forças para gritar. - Não me abandone - disse de maneira mais fraca ainda. Juntei minhas forças para segui-la, mas na verdade, cambaleei um passo para trás antes de cair sentado no banco de praça. - Não - minha voz nem saiu nessa última vez. Deixei meu rosto cair nas minhas mãos que estavam sendo apoiadas pelos meus joelhos. - Não - gemi mais uma vez, cheio de dor.

Estavam me deixando. Mais uma vez. Eu não sabia se podia suportar. Ela não significava tanto para mim, mas significava alguma coisa e resolveu me abandonar, como todos sempre fazem. Qual o sentido de tudo isso se em cada esquina alguém vai te dizer "adeus"?

Eu queria chorar. Não tanto por ela, mas pelas coisas que ela me fez recordar. Senti que meus olhos começaram a pinicar. Respirei fundo e me endireitei, me recostando no banco. Fechei meus olhos e passei minha mão pelo meu peito, sentindo uma dor forte no meu coração. Quando achei alguma coisa. No bolso externo de minha blusa estava uma coisa dura e quadrada. Meus olhos se abriram de súbito. Tateei o bolso novamente antes de decidir pegar o papel e abri-lo. Ele havia sido dobrado várias vezes antes de ser posto no bolso de meu casaco.

A letra era dela.

"Queria poder saber o que aconteceu de antemão. Tudo bem, eu posso explicar. Escrevi isso antes de sair com você, então não sei o que aconteceu em nosso encontro. Mas não é hora de ficar te questionando sobre isso, até porque eu não vou poder ouvir e quando você estiver lendo isso daqui, eu já vou ter descoberto. Então é inútil perguntar.

Primeiramente (embora não tenha sido a primeira coisa que eu disse), me desculpa. Eu não tive escolha. Nunca tive. Desejei ter, protestei, mas na verdade não tinha muita coisa que eu pudesse ter feito. Eu explicarei, prometo. Bom, meus pais decidiram ir embora. Assim, de uma hora para outra. Fiquei sabendo hoje. Minha mãe já havia arrumado minhas coisas e quando eu acordei só tinha minha cama e meu guarda-roupa vazio em meu quarto. Ela me deu uma hora para me despedir de todos. Decidi que você seria o primeiro porque eu te devia isso. Então gastei uns bons minutos só escrevendo essa carta para me justificar.

Não sei se você vai ficar sabendo dessa notícia por meio disso. Talvez você ligue para minha casa para descobrir que ninguém se encontra lá. Ou talvez você pergunte para minha amiga, presumindo que é com ela que eu desabafo. Só queria te falar que eu gosto (gostava, eu não sei) muito de você. Posso dizer que te amo. É claro que sim. Eu amo você, meu amigo, Ian. E eu gosto de você, o cara por quem eu tenho uma queda. Não sei o que você sente por mim, mas não quero que fique triste com minha partida. Esse não é o fim do mundo e sejamos francos, eu não me casaria com você e não teríamos filhos. Talvez tenhamos algum dia, creio que o futuro continua incerto. Mas, por ora, quero que você fique bem, porque sei que você vai encontrar muitas outras pessoas que possam te fazer feliz e que os pais não os obriguem a ir embora. Espero de todo o coração que você não fique muito mal com isso.

Com carinho, Claire. "

– Você devia ter paciência... - uma voz me despertou de meus devaneios.

– Hein? - perguntei, me sentindo perdido e desorientado.

– Com Susan. Você deveria ter paciência com ela - Peg tornou a falar.

– Ah, isso - disse percebendo o quanto tinha fugido do mundo real.

Tinha voltado para o primeiro beijo que eu tinha desejado de verdade, onde me deixaram plantado. Era a primeira vez que eu realmente queria sentir o encontro dos lábios, não simplesmente... eu não sei, fazer isso por diversão. Suspirei. Apesar da carta, eu ainda não entendia. Será que Claire já tinha sido tomada? Quase certeza, mas ela era tão forte, enfrentava tudo e todos. Nada a intimidava, inicialmente foi por isso que eu comecei a gostar dela. Onde ela estaria? Para onde ela foi quando me deixou?

Eu ainda segurava Peg. Estávamos deitados em nossa cama, eu com um braço em sua cintura e ela desenhando caminhos aleatórios em meu peito que subia e descia de acordo com minha respiração. Minha mão também afagava o ponto de contato que eu tinha com a pele de Peg, mas eu fazia isso sem perceber. Já estava acostumado a fazer isso.

Ela levantou a cabeça e se apoiou no meu peito, para ter uma visão melhor de meu rosto.

– O que aconteceu? Você parece meio confuso - comentou ela. A carinha que fez era realmente engraçada. Confusão e aborrecimento. Aborrecimento porque eu não dera a mínima para as coisas que ela me disse e confusão para espelhar a minha cara.

– Desculpa - pedi envergonhado. - Eu... estava em outro lugar, em outro tempo... - disse cheio de nostalgia e melancolia. Ela resolveu não perguntar por causa do toque de tristeza que coloriu minha voz. Meus olhos vaguearam pelo quarto, sem focalizar nada, com o passado voltando novamente. Várias picadas de agulha me atingiram junto com as lembranças.

– Tudo bem - disse suspirando e voltando à sua posição de deitada em meu peito.

– O que você estava dizendo? - perguntei delicadamente, dirigindo toda a minha atenção para ela. Coloquei minha mão em seu cabelo louro e o afaguei com afeto e amor.

– Que você devia dar um tempo para Susan - repetiu suavemente.

Sinceramente? Eu não queria falar sobre Susan. Ela já tinha atrapalhado minha vida bastante, eu queria deixá-la de lado pelo menos enquanto estava com Peg. Mas Peg insistia em voltar nesse assunto sempre. Não, não apenas ela. Todos insistiam em voltar nesse assunto sempre.

É só uma fase, prometi para mim mesmo, tentando me convencer, eles irão superar e então você poderá ter sua vida normal novamente.

Mantendo esse pensamento eu respondi obedientemente.

– É difícil - comentei.

– Mas por quê? - ela tornou a se apoiar em meu peito e a me encarar questionando. - Todos têm essa reação! Isso é muito recente, até você está assustado.

– Eu não estou assustado – discordei.

– Está – teimou ela.

Já disse que não gosto de falar sobre Susan? Ela sempre causa brigas. Primeiro, com Jared no carro. Depois, com Kyle, embora eu tenha defendido a mim. E por último, Peg. Não era exatamente uma briga, mas era uma discussão, pelo menos.

– Eu não me assusto com você, pelo amor de Deus! – o que ela estava falando? Era como se quisesse dizer que ainda tínhamos medo dela.

– Se assusta sim. Isso é novo para todos! Faz quanto tempo que estou aqui? Um ano e alguns meses? Isso é tão recente para vocês quanto para ela! – ela continuava a defender Susan. Ela se sentou na cama e eu também. Estávamos separados agora, sem nenhum ponto de contato. Nós estamos brigando? É isso? Pensei que fosse apreciar mais esse acontecimento.

– Não me assusto. Poucos se assustam. Todos confiam em você. Você acha que me intimida pelo fato de ser uma alma? Peg, eu te amo, você não ouviu nada do que eu te disse alguns minutos atrás? – eu estava com raiva. Por que ela trouxe o assunto da humana à baila? Ela não podia guardar seus pensamentos para si?

– Você nem percebe mais – ela continuou a contra argumentar, parecendo acreditar de verdade no que dizia. – Você está acostumado a se assustar. Eu te surpreendo ainda, não? – quis responder, mas não adiantaria, ela não entenderia. Sim, ela sempre está me surpreendendo. Sua força, sua coragem, todo o amor que ela carrega com si. Ela está sempre surpreendendo a todos, mas ela distorceria isso como se fosse pelo fato de ela ser uma alma. – Então. Há pouco tempo encontramos Cal e Nate e eles nos surpreenderam também, não?

– Sim – a interrompi. – Mas foi porque não sabíamos que existia...

– Outras almas vivendo com humanos – ela completou. – É exatamente nisso que eu quero chegar. Nas almas com os humanos. Ela nunca ouviu falar em nada como isso. A dê algum tempo.

– Peg – disse de uma maneira calma, encontrando também o argumento perfeito. -, se você queria chegar nisso, nessa parte do “dê um tempo a ela”, por que começou a falar o quanto tudo isso ainda é novo para nós? – perguntei. Ela parou, não encontrando a resposta. – É Susan que faz isso. Acredite em mim. Essa coisa de discutir, brigar... Agora, responda-me outra coisa: quando discutimos por qualquer outro assunto?

– Quando... – a voz dela minguou, mas não porque ela estava sem uma resposta, mas porque não queria falar. – Quando eu quase te deixei – ela estava certa, em partes. Mas uma discussão sem envolver um elemento muito emocional, quis dizer. Eu não gosto de lembrar-me de quando ela pensou em me deixar, me faz recordar um passado muito distante, muito triste, que ainda me faz sofrer.

– É diferente – resmunguei. – Quero dizer – disse com uma voz um pouco mais forte. – Eu “briguei”, embora não tenha sido uma briga, com Jared quando o mandei segui-la. Briguei com Kyle quando cheguei aqui. Estou brigando com você agora. A única explicação que eu consigo achar para tudo isso é que Susan é a grande culpada. Será que foi certo quando eu a salvei? Talvez eu tenha feito tudo errado...

– Ian! – repreendeu-me Peg.

Percebi o que eu tinha dito. Minha mente tinha voado, saído desse quarto, voltado para o momento em que eu pulei para fora do carro para salvar a garota. Pensei alto que estava arrependido e Peg escutou e agora está com raiva de mim.

– Você se... arrepende? – sua voz estava fraca, incrédula.

Eu não mentiria para ela.

– Às vezes – dei de ombros no final, tentando enfatizar o fato de eu não dar a mínima, mas a verdade era que eu me importava, me importava por estar decepcionando Peg com meus pensamentos insensíveis.

– Mas... você foi tão corajoso e... – a voz dela minguou.

– Eu sei, eu fui – explodi. Minha voz subiu de volume. – Mas eu não sou perfeito, poxa! Às vezes eu penso que nunca deveríamos tê-la visto, ou que eu nunca tivesse insistido para segui-la talvez, eu não sei! Eu só queria que... que aquela briga que eu tive com Kyle nunca tivesse existido, que eu e você nunca estivéssemos discutindo, eu só queria a vida nessas cavernas voltasse a ser normal, eu só queria... – voltar no tempo. Ter minha casa, meu quarto, meus amigos. – Não ter encontrado ela.

– Ian – Peg estava horrorizada. Seria por meu tom? Ou por minhas palavras? – Eu... tenho que ir – murmurou meio desnorteada. Ela se levantou e se dirigiu para a porta. Não tive palavras para fazê-la voltar e me escutar. Quando ela tirou a porta do caminho uma surpresa.

Susan estava parada. Seus olhos azuis arregalados em minha direção.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Me falem a opinião de vocês, é super importante pra saber no que eu tenho que melhorar! Rezem pra que semana que vem eu não tenha tanta tarefa pra poder escrever mais. Deixem reviews! Até o próximo capítulo :*



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