Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 25
Aprendendo


Notas iniciais do capítulo

E aí! Tudo bem com vocês? Não faço ideia se eu demorei ou não, eu nunca sei quando eu posto o capítulo, mas enfim, aqui está um capítulo novinho em folha que eu amei escrever. Quem gosta de criar um clima enquanto lê e consegue ler com música brasileira tocando pode escutar essa http://www.youtube.com/watch?v=aRt01E-bjso e quem não consegue com letra em português pode ouvir essa http://www.youtube.com/watch?v=Bag1gUxuU0g Quero agradecer à MsAbel que revisou pra mim e é isso. Espero que vocês gostem!



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Preciso espairecer. Por isso, retiro-me da caverna a fim de tomar algum ar fresco. Na hora, não me importo com Buscadores ou perigos do deserto. Necessito de algo que ajude a clarear meus pensamentos e talvez a brisa quente ajude nessa questão.

Sento-me na areia e encaro o céu pipocado de estrelas. Converso com elas, com cada uma, e chego até a procurar o Pequeno Príncipe da história. Meus olhos não conseguem conter a água salgada que ameaça inundá-los e afogá-los.

Não vejo, sequer sinto a aproximação. Peg chega silenciosamente e respeita meu momento, apenas se sentando ao meu lado. Ela segura minha mão entre as dela, entretanto não faço questão de olhar. Continuo encarando as estrelas, envergonhado pela maneira como vim tratando-a nos últimos tempos.

Sinto-me incapaz de me lembrar de bons momentos – ela me pedindo em casamento, nós dois jogando bola, nos desculpando ou nos unindo -, apenas os ruins – todas as brigas, todas as vezes que extrapolei os limites. E apesar de tudo isso, ela continua aqui. Apoiando-me, apesar de não fazer ideia do por que estou tão afligido.

Ela me acompanha com sua gentileza que, sinceramente, parte meu coração em um milhão de pedaços. O desespero embrulha meu estômago e faz meu corpo se sacudir à procura de algum jeito de ficar confortável. Não controlo meu lábio inferior – que treme penosamente -, muito menos as lágrimas que enchem meus olhos azuis.

Como uma criança, deito em seu colo. Lembro-me de quando era criança e chorava no colo de minha mãe por motivos muito melhores – alguém havia me batido ou me acertado uma bolada. A dor interna é um bilhão de vezes pior. É incontrolável, irreparável. Sinto-me despedaçado, destruído, inconsertável.

Peg acalenta minhas dores na calma do deserto mexendo em meu cabelo. Ela me faz carinho, me abraça, beija meu rosto, minha testa – minha alma. Preenche todo meu ser com sua amabilidade.

Finalmente, sinto-me seguro o suficiente para fechar meus olhos. Deixo-me ser consertado, reparado. Deixo ela me trazer de volta à vida.

– Ei – ela chama minha atenção fracamente, sem parar de mexer em meu cabelo. Continuo envergonhado e não consigo olhá-la. – Está tudo bem. Ficará tudo bem. Aconteça o que acontecer, eu nunca te abandonarei.

E alguma força sobrenatural me fez acreditar em suas palavras. Fez-me crer em cada letra, em cada sílaba e em cada palavra proferida. Ela não me abandonaria. Naquele momento, eu soube que não.

– Desculpe-me – solucei com a voz embargada, balançando todo meu corpo.

– Por que você está me pedindo desculpa, Ian? – ela estava seriamente curiosa questionando com sua voz de soprano.

Ela permanece com os carinhos, sem se importar com a nossa conversa ou com a minha situação. Ela sempre me confortará.

– Porque... por todas as coisas ruins que eu fiz. Por todas as vezes que eu levantei minha voz e te ofendi, ou que simplesmente te ignorei. Por cada...

– Ian, quieto – ela me para, levantando meu rosto inchado para cima, para eu conseguir olhá-la. Vejo somente uma sombra que é seu corpo, entretanto isso me contenta. – Não precisa se desculpar por nada. Você nunca me ofendeu; pelo contrário, apenas foi incrível. E tenho certeza que nada do que falou foi por querer. Ian, não precisa, não precisa. Apenas isso.

Ela se debruça sobre meu corpo e encosta nossos lábios com sua delicadeza singular. Toca em meu rosto com a ponta de seus dedos, desejando sentir minha barba por fazer, eu sei. Deixo-me afundar nos seus lábios cálidos, em seu amor incondicional e em sua alma que me preenche.

Não consigo acompanhar nossos movimentos, portanto não sei como eu me sentei e muito menos como ela foi parar em meu colo, beijando-me com seus dedos enroscados em meus fios escuros e cheios de nós. Prendo-a contra mim com as mãos passeando por suas costas, não querendo nenhum centímetro de distância entre nossos corpos que queimam.

O meu corpo queima por vários motivos. Por dor e por alívio. Por amor e por ódio. Pela falta que a culpa me faz. Pela minha proximidade com Peg. Pela raiva sólida que me faz querer voltar para aquele quarto e bater em Susan.

Minhas mãos se tornam rudes e eu freio por conta própria, separando meu rosto do de Peg com a respiração pesada e descontínua. Escondo minha face em seu pescoço, procurando parar o choro que voltou a subir pela minha garganta.

Ela faz carinho em meus cabelos novamente, não se cansando de me acalmar. E de repente eu me revolto: não consigo compreendê-la, não sei o que está acontecendo com a minha vida. Quero minha rotina novamente de simplesmente brigar com Kyle e amar Peg. Isso era suficiente.

Portanto, afasto-me dela como se um choque houvesse me atingido. Recuo como um cachorro com medo de seu próprio dono. Suas mãos cálidas não são capazes de me transformar em alguém melhor.

– O que você está fazendo? – sussurro com medo de minha própria voz rouca e embargada. Entretanto, não é isso que me assusta. A dor contida nela, a revolta, a rebeldia e o sofrimento, sim. É isso que torna minha voz assustadoramente estranha e diferente. – Por que você continua me apoiando, mesmo quando eu faço coisas terríveis com você? Mesmo quando eu a magoo, por que você continua acalentando minhas dores mesmo sem saber de suas origens?

Ela permanece em silêncio. Olha-me com benevolência, como se fosse incapaz de ouvir minhas palavras e minhas queixas. Ela espera por um longo tempo antes de responder a meus questionamentos e, assim que o faz, quebra meu coração novamente e me faz desabar mais uma vez.

– Ian, é muito fácil responder a tudo isso – ela sorri ternamente, ao passo que eu continuo a olhá-la com o cenho franzido. – É muito simples. Estou fazendo isso e apagando nosso passado por te amar, Ian. Eu te amo, simples assim.

Contudo, não consegui encontrar a simplicidade em sua fala. O amor era algo muito complexo, até onde eu conseguia compreendê-lo.

– Mas... como sabe que me ama? – a insegurança era tudo em minha voz, preenchendo-a por completo.

– Outra coisa muito simples. Consigo esquecer tudo somente para vir aqui te acalmar. Isso é um ato de amor.

– A pena é um ato de amor?

– A vida é um ato de amor.

Aquilo quebrou meu coração. Como ela conseguia simplesmente pensar nisso? É absolutamente genial a maneira como ela considera a vida. Sim, a vida é um ato de amor, mas isso é algo muito simples para se aceitar. A tendência do humano é complicar.

Entretanto, uma coisa eu consegui entender perfeitamente bem. Ela me ama. Agora eu conseguia acreditar em suas palavras.

Ela me beijou novamente, com a convicção de suas palavras preenchendo cada grão de areia do deserto e todo o ar que eu respirava. Correspondi, ainda triste e emocionalmente afetado. Contudo, ela sempre estaria comigo.

Uma pontada de medo me atingiu quando pensei que ela ficaria para sempre comigo. E se algo acontecesse e o destino nos separasse?

Felizmente, esqueci-a no segundo seguinte, quando Peg continuou me beijando.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu amei escrever ele s2 comentem pra eu saber o que vocês acharam, eu sei que eu tenho leitores fantasminhas s2 Qualquer coisa, me chamem pelo twitter @lenisemendes ou por MP :33 Até o próximo capítulo s2



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